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domingo, 3 de março de 2024

WEC - Vitória para a Porsche, drama para a Peugeot em Losail

 

Um grande inicio para a Porsche no WEC
(Foto: Andrew Hall/ Dailysportscar)

Sabemos que testes de pré-temporada sempre nos pregam algumas peças, mas desta vez, os que foram realizados em Losail, visando a abertura da temporada 2024 do World Endurance Championship, confirmou para esta primeira etapa, realizada na mesma Losail, que a Porsche está num nível muito acima do que vimos no ano de 2023 quando os LMDh foram inseridos no certame mundial. E não apenas os carros alemães, como também os curiosos Peugeot 9X8, estiveram muito bem nessa etapa de abertura.

Fosse com a Penske, fosse com o JOTA, a Porsche sempre esteve com ótimas condições de conquistar a etapa de abertura deste mundial e a principio não teria um rival a altura, mesmo que de última hora a Toyota tenha aparecido com um ótima segunda posição na qualificação através de Nicky De Vries, que estreou na equipe japonesa, e levou o GR010 #7 à primeira fila. Mas isso acabaria sendo apenas um sonho bem curto, já que na largada acabaria sendo engolido pelo pelotão e ficaria, por toda a prova, flutuando entre o oitavo e terceiro lugar. 

A Porsche ainda teria um pequeno desafio quando a Peugeot, com o 9X8 #93, conseguiu ascender à liderança com um ritmo alucinante imposto por Nico Müller que conseguiu assumir a ponta no final da primeira hora de corrida sobre uma também surpreendente Ferrari, que teve uma bela ascenção à ponta da corrida com Miguel Molina no comando do 499P #50 na primeira meia hora, mas com a mancada de ter queimando a linha branca da saída de box, jogou por terra uma chance da equipe italiana ter brigado pela vitória. Aliando isso ao fato do #51 também ter sofrido com problemas com a parte traseira que se soltou inteira, depois que a presilha quebrou proveniente de um toque com um LMGT3 quando James Calado estava em seu turno. O outro Ferrari 499P de #83, nas cores amarelo e vermelho - usando o inverso dos dois oficiais - e que estará cuidados da AF Corse - a parte semi-oficial da Ferrari - esteve muito bem com o trio formado por Robert Kubica/ Robert Shwartzman/ Yefei Ye e seria um dos bons canditados a pegar o pódio se não fosse problemas, também, com a parte traseira do protótipo. Enquanto que os carros oficiais fecharam em 7º e 14º (#50 e #51), o #83 foi o melhor dos italianos ao terminar em quinto com uma volta de atraso para o vencedor. 

A Cadillac também esteve numa boa jornada, ainda que seu início tenha sido em atribulado quando Alex Lynn, no comando  do V.Series.R #2, acertou o Peugeot #94 na primeira curva após a largada - ainda que houvesse uma suspeita de que ele tenha sido tocado pelo Porsche #38 da Hertz JOTA que, dessa forma, teria desestabilizado para este toque no Peugeot. Isso acabou os levando a troca a dianteira e tirando deles uma boa oportunidade, mas o ritmo mostrado por Lynn/ Sebastian Bourdais/ Earl Bamber para a recuperação do carro americano, deixou uma impressão do que eles poderiam ter feito em condições normais. 

No campo dos estreantes, além do Ferrari da AF Corse que conseguiu um ótimo quinto lugar, tivemos a BMW com seus dois M Hybrid V8, a Lamborghini com o SC63, Alpine com os seu A424 e a Isotta Fraschini com o Tipo-6C. A Alpine fechou em oitavo com o #35 e em 12º com o #36 e apesar do cenário não ser dos mais encorajadores, os carros franceses tiveram ritmo decente, inclusive conseguindo um brilhareco ao chegarem aos primeiros lugares com as paradas de boxes. Philippe Sinault, chefe da Signatec Alpine, destacou a importância em fechar com os dois carros: “Fizemos uma corrida limpa e terminar com os nossos dois carros, incluindo um entre os dez primeiros, é uma boa conquista. Demos mais um passo em frente, mas sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer. Devemos continuar a aprender e adquirir conhecimento e experiência em todas as áreas.”

A BMW fechou com o #20 na 11ª posição, enquanto que o #15 teve problemas já na parte final da corrida, o relegando para o 15ª lugar. Lamborghini e Isotta Fraschini tiveram desempenhos bem discretos, sendo que o SC63 #63 da Iron Lynx tenha fechado em 14º na corrida, com cinco voltas de atraso para o vencedor, e o Isotta Fraschini #11 conseguiu se sustentar até a volta 157 quando aconteceu o abandono - isso sem contar numa punição de 200 segundos por conta de uma infração. 

O duelo entre Porsche e Peugeot

Foi uma jornada positiva da Peugeot em Losail, até a falta de combustível acabar com todo trabalho
(Foto: Peugeot Sport/ X)


O desafio que a Peugeot impôs aos Porsche foi algo impressionante, já que vimos bem como foi a temporada dos franceses em 2023 - ainda que eles tivessem uma boa velocidade de reta que foi demonstrada algumas vezes, especialmente em Le Mans. Mas desta vez, foi uma disputa que terminou quando o mesmo Nico Müller, que havia dado à Peugeot a oportunidade de entrar na briga, acabou errando a primeira curva e proporcionando o Porsche #6 do Team Penske a chance de assumir a liderança, que era perdida apenas nas paradas de boxes.

Ainda que o que carro alemão estivesse na liderança, o Peugeot #93 não esteve longe em toda a sua jornada, dando o indicativo que qualquer que fosse o vacilo do Porsche 963 #6 da Penske desse, eles estariam prontos para assumir a dianteira. Mas o Peugeot #93 quando estava prestes a conquistar a segunda posição, acabou sofrendo uma perda de potência na abertura da penúltima volta e isso facilitou bastante a vida do outros dois Porsche 963 do Hertz Team JOTA #12 que duelava ferozmente com o da Porsche Penske #5 pela terceira posição. Foi um grande desaire para a fabricante francesa, que estava prestes a conquistar o seu melhor resultado no WEC - Jean Eric Vergne, que estava no comando do #93, ainda conseguiu fechar em sétimo, mas seria desclassificado já que não conseguiu retornar aos boxes (e consequentemente ao parque fechado) por condições próprias, já que havia usado o motor elétrico na tentativa de completar a corrida. 

Para a Porsche, foi um início absurdamente positivo, juntando esta vitória na abertura do WEC a conquista recente nas 24 Horas de Daytona. Para não dizer que a Porsche Penske não sofreu algo, tiveram um bom susto quando houve um contato do #6com o Lexus da classe LMGT3 quando a corrida já estava próxima do encerramento. Houve uma quebra considerável do lado esquerdo do Porsche, na altura do número luminoso, e isso passou a dificultar a pilotagem de Kevin Estre. “O contato foi lado a lado em uma curva de alta velocidade e o controle da corrida julgou que era culpa do carro GT. Tivemos que reagir e decidir o que queríamos fazer. Todos estiveram à altura da ocasião” disse Jonathan Diuguid que é diretor administrativo da equipe Penske. O carro foi levado aos boxes para uma rápida parada de box para que fosse recolocado o adesivo com o #6. Kevin Estre destacou este momento tenso para eles, assim como o ótimo trabalho da equipe e também o bom momento neste inicio de temporada: “Foi um pouco louco, para ser sincero. Tive um grande impacto com o Lexus, tivemos muita vibração depois disso e nenhuma aderência. Tornou-o picante até o fim. Mas toda a equipe fez um trabalho incrível, sem problemas. Estou muito feliz com onde estamos hoje em comparação com onde começamos no ano passado”

Por outro lado, além da adoção do BOP, onde os carros da Porsche, Cadillac e da Peugeot eram mais leves frente aos da Toyota e Ferrari e conseguiram otimizar esse fator num circuito com pista extremamente plana (sem ondulações), o que ajudou, também, na conservação dos pneus - algo que deu uma bela dor de cabeça à Toyota, por exemplo - e fluidez na aerodinâmica dos dois principais carros desta etapa inicial, acabaram dando a eles uma vantagem considerável que provavelmente possa cair já na etapa seguinte, nas 6 Horas de Ímola. 

Na estréia da nova classe LMGT3, a Porsche venceu também através do 911 LMGT3 R 992 #92 da Manthey Pure Rxcing que foi pilotado por Alex Malykhin/ Joel Sturm/ Klaus Bachler depois de uma batalha bem interessante contra o Aston Martin Vantage AMR LMGT3 2024 #26 da Heart Of Racing pilotado por Ian James/ Daniel Mancinelli/ Alex Riberas e em tercerio o outro Aston Martin #777 da D'Station Racing.


A Manthey Pure Rxcing teve a primazia de ser a primeira vencedora da nova classe LMGT3
(Foto: Andrew Hall/ Dailysportscar)

domingo, 12 de novembro de 2023

4 Horas do Velopark - Problemas, chuva e vitória para Xandinho e Gomes

 

O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark
(Foto: Bruno Terena)

As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado, principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.

O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara, foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/ Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/ Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam na sexta posição na geral e em terceiro na P1.

Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11 começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o #444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.

Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos boxes.

Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da forte tempestade.

A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns, foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”. Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora, vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”

Mercedes e Mustang vencem nos GTs

 

O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3
(Foto: Bruno Terena)

A GT3 teve um bom cenário desde o início quando viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/ Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) entrassem numa enorme batalha.

O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três, com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os dois Mercedes do Team RC.

Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota, de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR #99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do #99.

Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o #27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche #55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”

Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15 da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8 décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e uma redução de 10kg.

A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr
vencedores da GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.

Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.

O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi #5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível. Estamos muito felizes”

A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.

domingo, 22 de outubro de 2023

37ª Cascavel de Ouro - A melhor prova até aqui do Império Endurance Brasil

A largada da 37ª Cascavel de Ouro, válida pela sexta etapa do Império Endurance Brasil
(Foto: Rodrigo Ruiz)

Tenho um apreço por corridas tradicionais de Endurance fazendo parte do calendário de grandes categorias da modalidade. Quando soube que a esta 37ª Edição da Cascavel de Ouro, que teve a sua primeira edição em 1967, faria parte do calendário do Império Endurance Brasil, fiquei bastante satisfeito. Acaba sendo um resgate importante de quando corridas tradicionais dessa disciplina eram frequentadas por grandes protótipos e carros esportivos, trazendo o que tinha de melhor destas provas que normalmente reúnem a paixão e tecnologia em volta. 

Esta edição de 2023 da tradicional prova do automobilismo paranaense e brasileiro, fez justamente isso: reuniu o que há de melhor na engenharia do do nosso automobilismo, colocando à prova os nosso protótipos nacionais (AJR e Sigma) para enfrentar a tecnologia e força do que há de melhor entre os protótipos europeus (Ligier), isso sem contar com a grande batalha deflagrada entre tradicionais GT3 em sua categoria, assim como os GT4. 

Essa prova tornou-se uma das melhores da disciplina em anos com muitas variáveis, seja no quebra-cabeça que foi para achar o melhor consumo de combustível sem ter que prejudicar o desempenho - já que esta foi a primeira aparição da categoria em Cascavel - e ainda por cima, tiveram que lidar com a surpresa dos pneus que tiveram uma série de furos - uma combinção bem explosiva entre asfalto abrasivo e uma curva sensacional como a do Bacião - que resultaram em reviravoltas. 

É um sonho bem distante - e difícil - , mas seria legal ver o calendário da categoria composta, pelo menos, com mais duas corridas tradicionais.


Uma aula de pilotagem e vitória do Box99

A festa de Leandro Romera, Ricardo Rodrigues e Pietro Rimbano
(Foto: Bruno Terena)

A expectativa pela batalha entre as três fabricantes de protótipos era esperado. Os treinos livres deram aos Sigma os melhores tempos - principalmente a melhor média da história do circuito cascavelense, atingindo os 205km/h de média através do #444 da Motorcar com Vitor Genz chegando a marca de 54''022 - mas nas melhores médias das qualificações, foi o AJR #28 da JLM, conduzido por Gustavo Martins/ Sarin Carlesso que ficou com a pole. 

A corrida teve um inicio vertiginoso e vale destacar a partir daqui, o trabalho impressionante da dupla do Ligier #9 da Andreas Mattheis formado por Xandinho Negrão/ Marcos Gomes que estiveram desde os primeiros minutos um ritmo bem forte e enfrentando a maior potência dos AJR e Sigma, e também do AJR #35 da JLM Racing de David Muffato/ Pedro Queirolo que largaram do final do grid e subiram para segundo ainda na primeira hora de corrida - formando uma dobradinha momentânea com o AJR #28. 

Os problemas para essa turma iniciou com a pane seca do Ligier #9, mas para a sorte deles acabou sendo na entrada de box; o AJR #28 apresentou problemas e foi logo limado da liderança da prova que acabou caindo no colo do outro AJR da equipe JLM pilotado por Muffato/ Queirolo, mas estes também teriam um pneu furado quando estavam absolutos na liderança ao final da segunda hora. O mesmo aconteceria com o Ligier #9 - este algumas voltas antes do AJR #35 - e também para os Sigmas, que tiveram, além de pneus furados, problemas no eixo traseiro direito. 

Essa série de problemas para os principais carros deu ao AJR #99 da Box99 pilotado por Leandro Romera/ Pietro Rimbano/ Ricardo Rodrigues a oportunidade de assumirem a liderança. A partir deste momento passamos a acompanhar um dos melhores momentos da categoria neste ano, com duas verdadeiras aulas de pilotagem proporcionadas por Leandro Romera e Marcos Gomes. 

A liderança muito bem construída pelo trio do AJR #99 nas duas horas finais, foi posta em jogo quando Marcos Gomes iniciou uma caçada alucinante pela vitória: ele precisava abrir uma vantagem de duas voltas para que pudesse fazer o Splash & Go e tentar, no mínimo, voltar próximo do AJR #99 e tentar no final um bote. O drama para a Box99 residia num problema de superaquecimento que atrasava bastante o andamento de Leandro Romera, que precisou fazer voltas bem mais lentas do que o normal para preservar o equipamento.

Com voltas em média três segundos mais veloz, Gomes conseguiu abrir essa vantagem de duas voltas quando faltavam vinte minutos para o final e quando fez o seu Splash & Go de dois minutos - lembrando que as voltas em Cascavel eram em média 1 minuto - ele entrou nos boxes faltando dezessete minutos para o fim e saiu faltando quinze, já em segundo e com 18 segundos de atraso. Mas o problema do motor no AJR #35 e em seguida o estouro de pneu do Porsche #55 em plena reta dos boxes, que forçou a parada do GT e consequentemente influenciou na entrada do SC.

Faltando 4 minutos para o final, o SC saiu e o duelo entre o AJR #99 e o Ligier #9 se deu com Marcos Gomes tentando o impossivel o miolo do circuito para assumir a liderança e Leandro Romera se defendendo bem, principalmente com o uso da asa móvel nas retas. Apenas na volta final é que houve um vislumbre real, mas não deu tempo para a dupla do Ligier chegar à liderança e a vitória ficou para o AJR #99 com a mísera vantagem de 116 centésimos. A terceira posição ficou para o Ligier #117 da BTZ, que contou com a presença de André Moraes que substituiu Henrique Bonatti que sofreu um acidente na qualificação e ficou de fora por recomendações médicas. Dessa forma, ele fez a dula com Gaetano Di Mauro no Ligier e ainda dividiu o trabalho na condução do Mustang da Autlog na GT4.

“Foi a vitória de uma estratégia perfeita. Tanto de combustível, como de consumo de combustível e divisão dos stints. O Romera guiou demais nas voltas finais. O Safety Car saiu faltando cinco voltas para a corrida acabar e segurar o Marquinhos com um carro que poderia sofrer uma pane a qualquer momento não é fácil. Foi emocionante. Uma vitória histórica” declarou Pietro Rimbano, que junto de seus companheiros Ricardo Rodrigues e Leandro Romera, assim como a equipe Box99, chegaram a primeira vitória após alguns desaires em provas anteriores. 

Marcos Gomes comentou sobre a prova da equipe: “Na última entrada do Safety Car, acho que sujei muito os pneus e o carro começou a sair de frente.Tivemos um pouco de azar com o furo de pneu e com a entrada do Safety Car no final que atrapalhou nossa estratégia. Faltou uma volta para conseguir vencer. Os nossos adversários estão de parabéns pela vitória”. Xandinho Negrão não poupou elogios ao seu parceiro de Ligier e toda equipe: “A corrida foi emocionante. Queria dar parabéns em especial ao Marcos, que acelerou muito, assim como toda a nossa equipe que fez um grande trabalho”

Foram duas aulas de pilotagem, com Marcos Gomes extraindo tudo que podia do Ligier para que pudesse disputar a vitória no últimos 50 minutos e do Leandro Romera, precisando administrar todo o problema de aquecimento do AJR e ainda lidar com a ansiedade de conquistar a primeira vitória. 


Vitória para BMW e Porsche nos GTs

O BMW M4 GT3 da EMS Racing/ Pole Motorsport que venceu na classe GT3
(Foto: Pole Motorsport/ Instagram)


Não foi muito diferente as disputas entre os GT3, sendo que todos ali tinham ótimas chances de vencer na classe. Do mesmo que os carros da P1, os desta classe também sofreram com furos nos pneus, principalmente o Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que tiveram dois furos num curto espaço de tempo justamente quando estavam entre os três primeiros e com boas chances de disputarem diretamente a vitória. 

A corrida acabou ficando restrita ao BMW #15 de Leo Sanchez/ Átila Abreu, o Mercedes #8 de Guilherme Figueroa/ Julio Campos e o Mclaren #16 de Marcelo Hahn/ Allann Khodair. Foi um drama os minutos finais para a equipe EMS Racing que precisou se apegar a entrada de um Safety Car que durasse ao menos três voltas para que não precisassem realizar o Splash & Go, caso contrário jogaria a chance de vitória por terra. As preces foram atendidas por conta dos problemas com o AJR #35 e Porsche #55 que forçaram a entrada do SC, mas após a saída deste ainda precisaram lidar com  o assédio do Mercedes #8 nos minutos finais. 

Após tanta tensão, o BMW #15 acabou por vencer após terem o drama de um pneu estourado e também uma rodada, que poderiam muito bem ter colocado tudo a perder. Após a conquista, Átila Abreu comentou sobre essa emocionante vitória: “Estávamos no limite do combustível, mas o safety também permitiu ao Julio Campos colar em mim a poucas voltas da bandeirada e foi difícil segurar a posição. Eu não podia tirar tudo do carro, porque os pneus já estavam muito desgastados. Parecia que poderia estourar a qualquer momento e aí tudo estaria perdido. Mas consegui levar o carro até o final mantendo a liderança e trazer a vitória para casa”.

As demais posições no pódio foram completadas pelo Mercedes #8 de Figueroa/ Campos e o Mclaren #16 de Hahn/ Khodair - algumas horas depois, BlauMotorsports, do Mclaren #16, chegou a entrar com um protesto contra os dois primeiros, mas acabou dando em nada. 

Os vencedores na GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 tivemos uma boa disputa e foi esta foi a classe que passou incólume aos problemas em
Cascavel. O Audi #5 de Marco Túlio/ Lorenzo Massaro/ Henry Visconde estiveram muito bem, chegando a liderar a classe, mas não tinham o ritmo suficiente para bater de frente com o duo da Porsche com os #21 e #718 que ficaram confortavelmente bem nas horas finais e conseguiram cruzar a linha em primeiro e segundo, com o Danilo Dirani/ Jacques Quartiero (#21) e Tom Filho/ Marçal Muller/ Luiz Landi (#718) e em terceiro ficou o Audi #5 da MC Tubarão. Essa prova contou com a ausência do Mercedes #22 da Autlog, que sofreu um acidente nos treinos e não pode ser utilizada. Renan Guerra e Marco Pisani acabaram escalados no  Mustang junto de André Moraes/ Leandro Ferrari.

Jacques Quartiero comentou sobre a vitória: “Voltamos a vencer depois de duas corridas que não foram boas para nós em Goiânia e isso é muito importante para o campeonato. Não foi uma corrida fácil, a primeira metade da prova foi bem complicada, mas depois a equipe conseguiu melhorar o acerto do carro e a durabilidade da Porsche fez a diferença no final”.

O calendário do Império Endurance Brasil foi atualizado, com a confirmações das 4 Horas do Velopark em 11 de novembro e as 4 Horas de Velo Cittá em 9 de dezembro, que vai encerrar a temporada. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

3 Horas de Goiânia – Novamente, Ligier

 

O Ligier #9 liderando o pelotão na saída do único SC desta prova: foi a primeira conquista da dupla Xandinho Negrão/ Marcos Gomes com o novo protótipo
(Foto: Bruno Terena)

“O Velopark é totalmente atípico, sobretudo se você comparar os autódromos brasileiros com os europeus. Goiânia se aproxima muito mais do padrão europeu do que o Velopark e o carro foi desenvolvido pensando nessas pistas maiores, com retas maiores, curvas com velocidades um pouco mais altas. Então esperamos que a performance e a acomodação do carro aqui sejam melhores do que no Velopark”. Essa é a declaração do engenheiro Guilherme Gonçalves, que trabalha diretamente no Ligier JS P320 #9 da equipe Mattheis que é conduzido por Xandinho Negrão e Marcos Gomes no certame do Império Endurance Brasil, destacando que esta pista de Goiânia se torna perfeita para extrair todo potencial do LMP3 francês. Todas as provas realizadas no Autodromo Internacional Ayrton Senna desde maio de 2022, quando o primeiro modelo da marca fundada por Guy Ligier chegou por aqui pelas mãos da equipe BTZ, foram vencidas pela própria equipe com este carro. E hoje, num final de semana onde a categoria realizará a sua rodada dupla – para compensar a etapa cancelada em Interlagos no mês de julho – a BTZ não fugiu da regra e cravou mais uma conquista.

Essa 4ª etapa viu a estreia de mais um modelo do Sigma P1 G5 através da Motorcar, que já estava trabalhando com este modelo desde o inicio desta temporada com o trio formado por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Henrique Bonatti no número #444: Emilio Padron/ Fernando Ohasi/ Arthur Gama pilotaram o multicolorido Sigma #11 e logo de imediato cravaram a pole aproveitando-se muito bem da já experiência do time com o protótipo gaúcho – aliás, foi um ótima qualificação para os Sigmas, já que o #444 fez o terceiro tempo e o #2 da Tech Force conseguiu o quarto tempo. A sequência foi quebrada pela segunda posição conquistada pelo AJR #28 da JLM Racing  pilotado por Gustavo Martins/ Sarin Carlesso.

O inicio avassalador dos dois Sigmas da equipe Motorcar foi logo visto com uma largada segura de Emilio Padron no #11 e uma saída agressiva do #444 com Vicente Orige no comando. Na primeira meia hora de corrida, os dois pareciam intocáveis, mas problemas na bomba de combustivel do #444 logo o alijou da briga pela vitória após ficar duas voltas para os reparos. Eles chegaram retornar, mas o contratempo acabou intensificando e eles abandonaram. O #11 ainda ficou na pista, mas a queda de rendimento frente os Ligier acabou relegando-os ao terceiro lugar – uma ótima posição para eles nessa estreia com o novo Sigma.

A Ligier ascendeu ao protagonismo no exato momento em que os Sigmas começaram a cair - #2 da Tech Force também apresentou problemas e abandonou na volta 48. O #9 pilotado por Negrão/ Gomes assumiu a liderança ao ultrapassar o Sigma #11 e estava muito bem na liderança quando o terceiro Ligier, o de #18 da FTR Motorsport pilotado por Claudio Ricci/ Fernando Poeta/ Andersom Toso, rodou na parte mista e o carro apagou. Isso forçou na única entrada do Safety Car da prova, que acabou sendo decisiva: com o reagrupamento do pelotão, Gaetano Di Mauro, no comando do Ligier #117 da BTZ Motorsport, partiu para o ataque sobre o Ligier #9 que estava sob os cuidados de Marcos Gomes. O piloto da equipe AMattheis segurou como pôde os ataques, até seria ultrapassado na reta dos boxes após um pequeno erro na entrada – e que no decorrer da prova descobriria que ele estava com problemas na direção. Com este cenário, ficou cômodo para que Di Mauro chegasse a mais uma vitória da BTZ e da Ligier em Goiânia, seguidos pelo Ligier #9 de Negrão/ Gomes e a terceira posição ficando para o Sigma #11 de Padron/ Ohashi/ Gama, nesta que foi uma ótima estreia do novo carro.

Os AJR tiveram no #28 da JLM o seu melhor representante por largar em segundo e ter conseguido um bom ritmo no decorrer da prova, mas um vazamento do lado esquerdo do protótipo fez com que tivessem uma queda de performance e forçasse o abandono na volta 85. O melhor dos AJR foi o #35 da própria JLM com Pedro Queirolo/ David Muffato que ficaram em quarto após uma prova bem discreta da dupla – que provavelmente cuidaram bastante do equipamento visando a 5ª etapa deste sábado que terá, também, três horas de duração.

Adendo: Horas após o término da prova, como resultado da vistoria técnica realizada, o Ligier #117 da BTZ Motorsport acabou sendo desclassificado por estar baixo do peso total do carro sem o piloto que é de 963kg – o Ligier se encontrava com 960Kg. Dessa forma, a vitória passou para o outro Ligier #9 de Negrão/ Gomes, com o Sigam #11 subindo para segundo e o AJR #35 de Queirolo/ Muffato para terceiro.

Mesmo assim, a invencibilidade do Ligier em Goiânia continua intacta até amanhã.

Nos GTs, Porsche e Mercedes saem vencedoras

 

Mais uma para a conta da Stuttgart Motorsport
(Foto: Bruno Terena)

Na classe GT3 a disputa foi acirradíssima, mas o inicio apontava para uma tarde promissora ao BMW M4 GT3 #15 de Átila Abreu/ Leo Sanchez com Abreu fazendo um começo fortíssimo. Mas o jogo viraria nas horas seguintes quando os pilotos profissionais de cada equipe começaram a assumir o comando de seus respectivos carros. Dessa forma, o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport de Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller tratou de aumentar o ritmo e assumir a liderança quando faltava menos de uma hora para o fim ao ultrapassar no BMW #15 e partir para uma vitória importantíssima. A segunda posição ficou para o Mercedes #27 do Team RC pilotado por Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que herdou a segunda posição assim que o BMW perdeu o primeiro posto. A terceira posição foi do outro Mercedes AMG GT3 #3 da equipe BOAT M3/ KTF pilotado por Alexandre Auler/ Guilherme Salas que estiveram muito bem, inclusive chegando a liderar algumas partes desta etapa. Foi uma tremenda pena o Mclaren 720S GT3 #16 da equipe Blau Motorsports – pilotado por Marcelo Hahn/ Allan Khodair que teve um pneu furado bem na hora da largada, forçando a ida aos boxes quando o pelotão já estava partindo. A recuperação foi muito boa, sugerindo que poderiam ter lutado pela vitória nessa classe.

O BMW #15 acabaria por ser penalizado algumas horas depois quando foi foi verificado que o tempo guiado por Leo Sanchez foi inferior a 72 minutos – ele pilotou um total de 61 minutos (1 hora 1 minuto 2 segundos e 653 milésimos, precisamente) – e com isso a dupla foi penalizada em 21 minutos em sua totalidade (21 minutos, 14 segundos e 694 milésimos). Com isso, caíram de quinto para sexto na classificação da GT3.

O Mercedes da Autlog venceu a batalha contra os Porsches na GT4
(Foto: Bruno Terena)

Na GT4 o cenário era bem promissor para os dois Porsche 718 Cayman de números #21 e #718, mas o melhor ritmo do trio do Mercedes #31 da Autolog formado por Renan Guerra/ André Moraes Jr/ Marco Pisani surpreendeu os Porsche e levou a prova desta classe que foi bastante esvaziada – o outro GT4 presente, o BMW GT4 #64 da MC Tubarão com Victor Foresti/ Lucas Foresti/ Marco Tulio/ Henry Visconde, abandonou com apenas 14 voltas de prova. Eles ainda lutavam com a falta de ritmo de um carro que ficou um bom tempo parado por conta da falta de peças, ainda recorrente do acidente no Velopark. As segundas e terceiras posições nesta classe ficaram para os Porsche #21 e #718.

Amanhã acontecerá a 5ª etapa do Império Endurance Brasil, com mais uma prova de 3 Horas no forte calor de Goiânia.

sábado, 24 de junho de 2023

3 Horas do Velopark - Vitória da Motorcar com o Sigma

 

(Foto: Motorcar/ Instagram)


Esta etapa, a 3ª do Império Endurance Brasil, trouxe um ótimo cenário para um campeonato que tem sido bem equilibrado. A presença de três diferentes protótipos tendo dado as etapas uma certa imprevisibilidade e isso tira um pouco do centro o histórico favoritismo do protótipo AJR, que tem dominado o campeonato de forma ampla desde 2019. A presença dos Sigma e dos Ligier elevou a disputa a um bom patamar e isso foi bem visto nesta corrida.

O início desta indicava que o domínio poderia ter sido do Sigma #444 de Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, que fez a pole e quebrou o recorde do curto autódromo do Velopark, quando conseguiu manter a ponta (numa largada feita em linha indiana, por questões de segurança que foi pedido pelos pilotos) e fez um bom início, mas cairia estranhamente para quarto após algumas voltas, possibilitando que o AJR #35 de Pedro Queirolo/ David Muffato assumissem a liderança - infelizmente, para eles, este seria o único momento de brilhantismo, já que sofreram com problemas no motor e sairiam da briga após a primeira janela de pit-stops.

Essa saída do AJR #35 deu ao novo Ligier JSP320 #9 da equipe Mattheis, conduzido por Xandinho Negrão/ Marcos Gomes, a oportunidade de brilhar logo na estréia deles no protótipo. Foi uma liderança sólida até que encontrassem no Sigma #444 um oponente a altura, travando um duelo espetacular quando Gomes defendeu como pôde a liderança o Sigma pilotado por Vicente Orige. Uma punição por atrapalhar um dos GT3 na sua primeira parada de box e mais tarde um disco de freio rachado, tirou o Ligier da disputa pela vitória. Foi uma estreia interessante para Xandinho e Gomes e assim que possível, com o Ligier bem ajeitado, certamente estarão na disputa. E o cartão de visitas foi bem dado.

Após assumir a liderança, o Sigma #444 conseguiu abrir uma grande vantagem e apenas administrou a diferença para o segundo colocado, especialmente para o Ligier #117 (Gaetano Di Mauro/ Guilherme Bottura) quando Di Mauro conseguiu subir para segundo e tentou alcançar o Sigma. O tráfego intenso, que torna-se natural por conta do traçado curto do Velopark, possibilitou que houvesse poucas oscilações entre os dois primeiros colocados, culminando numa importante vitória do Sigma da equipe Motorcar - para a fabricante foi um ótimo dia no Velopark, já que o Sigma #2 (Aldo Piedade/ Jindra Kraucher/ Sérgio Jimenez/ Marcelo Vianna) conseguiu subir para terceiro nos minutos finais após superar o AJR #35. Essa foi a segunda vitória do Sigma no Endurance Brasil e a terceira da história da marca.

Foi também uma das raras vezes onde não teve um AJR entre os três primeiros, já que o Ligier #117 terminou em segundo, mostrando uma nova - e competitiva - fase da Classe P1 que teve a sua terceira marca diferente a vencer nesta classe.


GT3 e GT4

(Foto: Império Endurance Brasil/ Instagram)


Foi aqui onde a disputa esteve extremamente acirrada. Houve uma situação onde o Mclaren #16 ( Marcelo Hahn/ Allan Khodair) apareceram bem, conseguindo liderar a prova por algum tempo. Porém, um problema em uma das portas os tiraram da briga da vitória.

Automaticamente essa disputa passou a ser entre os Mercedes #8 (Guilherme Figueroa _ Júlio Campos) e #27 (Ricardo Baptista/ Cacá Bueno) e o Porsche #55 (Ricardo Maurício/ Marçal Müller/ Marcel Visconde) - neste momento, a disputa estava acirrada a ponto de acontecer um toque entre o #55 e o #8, dando a chance ao #27 assumir a liderança. Mais tarde o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport se saiu melhor depois que Ricardo Maurício assumiu a ponta sobre o Mercedes #27 no trecho final da prova, seguindo assim até a bandeirada.

Guilherme Figueroa e Júlio Campos terminaram em segundo, mas após a prova acabaram desclassificados por conta do acidente do BMW M2 #64 (Victor Foresti/ Lucas Foresti) quando houve um toque entre os dois carros em plena reta oposta. O BMW escapou forte, indo para a barreira de pneus e capotando, o que gerou a interrupção da prova com uma bandeira vermelha. Victor Foresti, que estava ao volante, saiu bem.

A desclassificação do Mercedes #8 fez o Mercedes #27 subir para segundo e o Mclaren #16 para terceiro.

O BMW #15 de Léo Sanchez/ Átila Abreu teve o radiador furado logo no início da corrida, forçando o abandono após 22 voltas.

Na GT4 a vitória também ficou para a Porsche com Tom Filho/ Marçal Müller vencendo com o #718 e na segunda posição o outro Porsche de #21 de Jacques Quartiero e Danilo Dirani - que estiveram na liderança da classe por um bom tempo.

Homenagem a Xandy Negrão

(Foto: Império Endurance Brasil/ Instagram)


Antes que prova tivesse seu início, teve uma bela homenagem à memória de Xandy Negrão que faleceu recentemente. O Mercedes que ele utilizou na campanha de 2019, onde foi campeão junto de seu filho, foi pintado com as cores de seu capacete e puxou o grid dessas 3 Horas do Velopark por duas voltas.

A corrida também foi batizada de GP Xandy Negrão.

Uma bela homenagem a um dos grandes nomes do nosso automobilismo.

A quarta e quinta etapa do Império Endurance Brasil voltará em setembro, com a rodada dupla em Goiânia com provas de 3 Horas e 4 Horas.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Le Mans em vermelho, 58 anos depois

 

(Foto: GT Report/ Twitter)


Quando o hino italiano ecoou pelos altos falantes durante o pódio em Le Mans, muitas lembranças foram revividas. Muitas delas, e principalmente, de uma época de ouro onde a Ferrari era a rainha absoluta das provas de Endurance no mundo, construindo um legado tão forte quanto o que a Scuderia italiana viria ter na Fórmula-1 nas décadas seguintes. Foi um período onde o nome Ferrari conseguiu se impor como o maior expoente do esporte a motor, contribuindo para que a paixão avassaladora de seus fiéis Tiffosi durasse até os dias atuais, sobrevivendo a inúmeros desgostos e saboreado eternamente os sucessos quando apareciam.

A Ferrari nunca se afastou de fato das provas de Endurance. Esteve sempre ali representada nos seus inúmeros modelos de GT e também por uma cria que ganhou um importante espaço no coração de seus torcedores que foi o 333SP que ainda carregava o coração V12, que leva todas as honrarias por ser a definição máxima de um tradicional motor Ferrari. Mas neste período, a falta de uma presença maciça da Rossa na classe principal, era sentida.

Talvez assistir a sua rival de longa data, a Porsche, construir um legado brilhante no solo de La Sarthe, tenha mexido com os sentimentos dos italianos, mas o compromisso com a Fórmula-1 complicava o seu retorno à classe principal. E claro, retornar por retornar, não seria o mais correto e quando os astros se alinharam, com a Fórmula-1 adotando o teto de gastos e a ACO adotando a plataforma Hypercar, o sonho de retornar às provas de Endurance no mais alto nível passou a ser palpável. Quando o 499P ganhou a pista em 2022 para realizar seus primeiros quilômetros, era certo que o sonho de ver a Ferrari no Mundial de Endurance e, claro, em Le Mans, estava próximo.

A presença da Ferrari com seus dois 499P foi um sucesso absoluto e quando ganharam a pista de Sebring, para realização das Mil Milhas, ficava claro que a Scuderia estava de volta ao mundo do Endurance de forma definitiva. A velocidade pura dos 499P foi logo vista e celebrada como aquela que poderia fazer frente ao poderio da Toyota.

Apesar da reconhecida velocidade, que foi convertida em pole na pista de Sebring e que deveria ter conquistado a da 6 Horas de Spa, ainda faltava ritmo de prova para enfrentar o duo de Toyota GR010. Le Mans, no seu Centenário, foi o local perfeito para que embate acontecesse.

Apesar do uso do BOP que conseguiu igualar a contenda, o cenário para esta batalha entre Toyota vs Ferrari foi bem vindo e nos brindou com uma edição comemorativa de primeira classe. Nos pequenos detalhes que tão fazem parte deste tipo de corrida, entremeada com dramas e percalços que deixam todos com o coração na boca, a Ferrari conseguiu sobreviver e vencer pela décima vez as 24 Horas de Le Mans, algo que não acontecia desde 1965 quando a marca, através da sua subsidiária NART, venceu com o comando de Masten Gregory e Jochen Rindt na 250LM. O pódio também não acontecia desde 1973 depois que Arturo Merzario e José Carlos Pace levaram o 312PB ao segundo lugar naquela edição.

Até mesmo para aqueles que não torcem para a Ferrari, a conquista dos italianos foi festejada brindando um retorno marcante daquela que já reinou intensamente no lendário circuito de Le Mans.


Uma batalha titânica nos Hypercar

(Foto: Italian Endurance/ Twitter)


Era consenso de que esta edição, a 91ª das 24 Horas de Le Mans, que também completa seu Centenário, era a mais esperada não apenas por ser festiva, mas também pelo contingente que estaria presente. Além da Toyota, Peugeot e Glickenhaus, a presença da Ferrari, Porsche, Cadillac e Vanwall, traria uma nova possibilidade para que esta corrida de 2023 entrasse para a história. Infelizmente, a Alpine desceu para a LMP2 nesta edição, mas já tem o seu projeto pronto para voltar a principal em 2024.

As mexidas da ACO para que houvesse um equilíbrio, já que a Toyota dominara as três primeiras corridas deste ano, surtiu efeito e trouxe até possibilidade de que as demais fabricantes pudessem entrar na briga pela taça desta Centenária 24 Horas de Le Mans.

De certa forma, isso foi atingido já que as principais fabricantes conseguiram liderar por alguns minutos, pelo menos, esta edição. Foi uma ótima oportunidade para a Peugeot, que claramente era a mais "fraca" dessa turma de gigantes, ascender com chances de conseguir um resultado de respeito quando liderou algumas partes do período noturno e início da madrugada, aproveitando-se das intervenções das Slow Zones, Full Course Yellow e Safety Car. Infelizmente problemas e um breve acidente do #94, que era o melhor classificado dos dois 9x8, eliminar as chances de um resultado muito bom para eles, que retornavam à Sarthe depois de doze anos. De todo modo, perto das baixas expectativas que permeavam o desempenho dos 9x8, foi uma corrida positiva para a Peugeot que claramente ganhará um impulso para continuar desenvolver os carros - algo a se levar em conta foi o bom desempenho de reta deles, conseguindo dar conta do recado. É um bom presságio para as 6 Horas de Monza, próxima etapa, exatamente onde voltaram em 2022.

Essa oportunidade também foi vista para a Cadillac, mas problemas mecânicos, enroscos e acidentes limitaram o andamento dos carros americanos. O que serve de consolo, foi a ida do Cadillac #2 da Cadillac Racing, conduzido por Earl Bamber/ Alex Lynn/ Richard Westbrook - o que também teve um doce sabor por parte de Chip Ganassi, que teve a sua equipe chegando à frente de seu grande rival Roger Penske.

O outro Cadillac, o #311 da Action Express, teve uma corrida muito atribulada desde a primeira volta quando Jack Aitken (que dividiu o comando com Pipo Derani e Alexander Sims) perdeu o controle na pista úmida e bateu na saída da primeira chincane da Hunaudieres, danificando seriamente a suspensão dianteira esquerda e de imediato dando adeus a qualquer chance, já que perderiam muitas voltas para o reparo. Apesar de outros contratempos que aconteceram após o retorno, fecharam a corrida em décimo

Aproveitando o embalo, os Porsche da equipe Penske não tiveram um grande desfecho, ainda que pese o bom andamento do 963 #75 pilotado por Felipe Nasr/ Mathieu Jaminet/ Nick Tandy que estava entre os primeiros, mas abandonaria na sétima hora por falta de pressão na bomba de combustível quando o carro ficou parado na Tertre Rouge. Os outros dois Porsche da equipe, #5 e #6, foram até o final - terminando em nono e décimo primeiro, respectivamente- mas de forma claudicante, já que enfrentaram inúmeros problemas.

Este retorno da Porsche, que comemora seus 75 anos de existência, ainda contava com o 963 #38 que estava aos cuidados do Hertz Team Jota que contou com a formação Antonio Félix Da Costa/ Will Stevens/ Yiefei Ye e que vinha como o melhor dos Porsche, chegando liderar a prova quando teve a primeira pancada de chuva que instalou um certo caos no trecho que antecede a Porsche Curve. Infelizmente, na 5ª hora, quando estavam liderando na classe, o acidente exatamente nas curvas que levam o nome da marca alemã, tirou a possibilidade da simpática equipe conseguir algo melhor. Yiefei Ye conseguiu levar o carro aos boxes, mas as voltas perdidas para os reparos foram cruciais para saíssem da briga.

Glickenhaus e Vanwall não teriam grande chance contra as demais. Os dois carros da equipe de Jim Glickenhaus conseguiram completar a prova em bons quinto e sexto lugares, aproveitando-se dos problemas que os demais foram apresentando, mas eles não ficaram alheios a problemas já tiveram algumas escapadas e pequenos incidentes que atrapalharam o desempenho. Mesmo sem muita chance, estes incidentes atrasaram um pouco e poderiam até ter colocado pelo menos um dos carros na quarta colocação - já que o #708 pilotado por Romain Dumas/ Ryan Briscoe/ Olivier Pla fecharam com duas voltas de desvantagem para o Ferrari 499P #50.

O Vanwall fez apenas figuração com Tom Dillman/ Esteban Guerrieri/ Esteban Gutierrez e acabariam por abandonar na hora 16 após problemas no motor - o que acabou sendo surpreendente, já que é um carro que costuma apresentar bastante problemas mecânicos.

Ferrari vs Toyota


(Foto: Racer/ Twitter)


Apesar dos demais contendores terem tido algumas aparições entre os três primeiros, não se pode negar que todas as atenções estavam voltadas para a disputa direta entre Toyota e Ferrari. Por mais que as duas tenham sido as mais afetadas pelo BOP, o desempenho de seus carros se sobrepuseram aos dos rivais e com o passar das horas ficou claro que a vitória ficaria para uma das duas.

A Toyota, apesar de suas reclamações em relação ao BOP - já que levavam 13kg a mais que os Ferrari (37kg - 24kg) -, tinham uma estratégia bem definida que era contar com o #7 (Kamui Kobayashi/ Mike Conway/ José Maria Lopez) flutuando entre a segunda e quinta posição e o #8 (Sebastién Buemi/ Brendon Hartley/ Ryo Hirakawa) sempre entre quarto e sexto, entregavam que a qualquer momento poderiam subir forte na classificação para assumir as duas primeiras posições e, claro, travar uma futura disputa ferrenha com a Ferrari.

Os dois carros italianos também estavam numa situação parecida com o dos japoneses, esperando que mais a frente houvesse este embate. Ou seja: uma batalha a quatro carros era esperado.

Porém, o velho pesadelo da Toyota começou a dar as caras quando eles perderam o #7 na abertura da nona hora depois que Kamui Kobayashi esteve envolvido num acidente com o #66 da JMW Motorsport e um dos Alpine na Tertre Rouge, levando pancada na lateral (Ferrari) e traseira (Alpine). Apesar dos esforços de Kobayashi e de seu engenheiro, o GR010 #7 não conseguiu funcionar e acabou abandonando. Um golpe bem forte para a Toyota que parecia ter uma formação poderosa para enfrentar as Ferrari.

A Ferrari também teve seus percalços e com uma boa dose de sorte, conseguiu sobreviver com seus dois carros: o #50 (Antonio Fuoco/ Miguel Molina/ Nicklas Nielsen) foi para a garagem na décima hora para resolver um problema de vazamento, que os deixariam de fora da disputa - eles ainda levariam um susto quando Alessandro Pierguidi ficou preso na brita da Mulsanne quando desviou de um possivel acidente com um GT. Agora a disputa seria direta entre o Ferrari 499P #51 (Antonio Giovinazzi/ Alessandro Pierguidi/ James Calado) e o Toyota #8 GR010 (Sebastién Buemi/ Brendon Hartley/ Ryo Hirakawa).

Da madrugada ao amanhecer presenciamos pilotagens de primeiríssima qualidade dos dois carros, porém foi neste período onde a corrida passou a pender para os italianos: Brendon Hartley e Sebastién Buemi fizeram seus stints de forma primorosa, conseguindo manter uma ótima diferença para o Ferrari #51, mas depois foi a vez dos italianos responderem com um mega trabalho de Alessandro Pierguidi e Antonio Giovinazzi para descontar a diferença para o #8.

Os sustos acabariam por definir o destino à favor da Ferrari: Hirakawa teve que trocar a dianteira após atropelar um... esquilo! Perdeu um certo tempo e a Ferrari #51 assumiria a liderança para não perder mais. O próprio Hirakawa ainda teria um tremendo sufoco quando o freio do #8, já problemático, travou e o jogou contra as barreiras do final da Mulsanne, danificando a dianteira e traseira do protótipo japonês. Claramente, a sua forçada ida aos boxes tirou qualquer chance que existia, já que naquela altura a sua desvantagem para a Ferrari era de 20 segundos - e com o carro italiano começando a enfrentar problemas na direção.

Essa dramaticidade não ficou restrita à Toyota: o Ferrari #51 teve dois apagões durante suas derradeiras paradas, onde o motor elétrico custou a funcionar e deixou todos com um tremendo frio na espinha. Mais adiante teriam problemas na direção, mas com o #8 longe depois do incidente, deu uma certa tranquilidade para eles - foi uma bela jogada da Ferrari que usou o #50 para tentar incomodar o Toyota #8 em algumas situações.

Essa grande disputa, marcada até mesmo nas paradas de box, só valorizou a grande conquista da Ferrari neste seu retorno à Sarthe. Do mesmo modo para a Toyota, que lutou bravamente para conquistar a sua sexta vitória que seria consecutiva e, talvez, não fossem os problemas, poderiam ter chegado a este número.

Acabou por ser uma 91ª edição em grande estilo para este Centenário das 24 Horas de Le Mans.


LMP2


(Foto: Inter Europol/ Twitter)


Como sempre, esta classe reserva as melhores emoções. As várias disputas nesta edição deixou uma certa dúvida no ar de quem levaria a vitória e esta ficou nas mãos do Oreca-07 Gibson #34 da Inter Europol (Jakub Smiechowski/ Albert Costa/ Fabio Scherer).

Mas ainda tiveram que batalhar contra o #41 do Team WRT (Robert Kubica/ Rui Andrade/ Louis Delétraz) para chegar a esta conquista, mas o trio e o carro estavam bem alinhados para esta edição. É uma equipe que tem crescido a olhos vistos nos últimos anos.

O #28 da Jota Sport (Pietro Fittipaldi/ David Henemeier-Hansson/ Oliver Rasmussen) teve a sua chance, mas dois enroscos - um deles com Pietro Fittipaldi, que ficou preso na brita da Mulsanne após ser tocado por um LMP2 - jogou fora as possibilidades de uma vitória.

O andamento para a Alpine, neste que é o seu retorno momentâneo na classe, foi bom, mas não o suficiente para chegarem ao pódio ao menos - já que a qualificação para eles foi bem abaixo. O #36 (Mathieu Vaxiviere/ Charles Milesi/ Julien Canal) ficou em quarto e o #35 (André Negrão/ Olli Caldwell/ Memo Rojas).

Apesar do sentimento de despedida dessa classe após o anúncio da descontinuidade dela para o Mundial do ano que vem, eles estarão presentes em Le Mans com uma reserva de 15 vagas.


LMGTE AM


(Foto: Corvette/ Twitter)


Se havia uma classe onde o resultado parecia pender para a Ferrari, era exatamente essa. Ok, o grande desempenho da Corvette nos treinos tinha sido um tremendo balde de água fria, mas mesmo assim as coisas pareciam ir de encontro aos Ferrari.

O #54 da AF Corse (Thomas Flohr/ Francesco Castelacci/ Davide Rigon) chegou liderar, mas não por muito tempo já que os Porsche, que não tiveram uma boa jornada na qualificação, apareceram bem durante a prova.

De se destacar o ótimo trabalho apresentado pelo Porsche #85 da Iron Dames (Sarah Bovy/ Michelle Gatting/ Rahel Frey) que tiveram ótimas hipóteses de vencer ou ao menos conquistar os demais lugares no pódio. Infelizmente, uma queda de performance na hora final da corrida - ainda que tivessem feito uma troca dos freios. De toda forma, foi a melhor colocação do trio em Le Mans.

Uma das Ferrari que tinham chance era o Kessel Racing #57 pilotado por Daniel Serra/ Kimura Takeshi/ Scott Huffaker, que chegou liderar na classe e estava no páreo. Mas um estouro de pneu, justamente quando Serra estava ao volante, jogou o Ferrari na brita da curva Indianápolis.

A Corvette acabou por vencer nessa classe com o #33 (Ben Keating/ Nicky Catsburg/ Nicolas Varrone), mas não antes de passar por algum drama quando precisou de recolher o carro para a garagem, realizando a troca do amortecedor dianteiro na segunda hora de prova. Foi uma bela recuperação nas horas seguintes para chegarem à vitória, que marca o fim da linha do modelo C8.R em Le Mans, já que o mundial utilizará a plataforma GT3 em 2024.

O Camaro ZL1 #24 do Hendrick Motorsport, foi a grande sensação dessa edição levando os fãs da NASCAR a ficarem entusiasmados exatamente por verem o carro ser mais rápido que os GTs em até três segundos - isso sem contar que cada onboard era um show à parte. Jenson Button/ Jimmie Jonhson/ Mike Rockenfeller levaram o carro ao final sem grandes problemas finalizando em 39° na geral.


Uma histórica transmissão


Parte do time que fez essa histórica transmissão 
Da esquerda para direita: Rodrigo Mattar, Débora Almeida, Felipe Meira, Aldo Luiz, Sérgio Milani, Rubens Neto, Milton Rubinho e André Bonomini 


Foi de muito bom agrado quando soube da transmissão aqui para o Brasil das 24 Horas de Le Mans sendo totalmente em português. O melhor disso, foi saber que grandes amigos, capitaneado pelo camarada Sérgio Milani, que deu o primeiro passo para que esta temporada do Mundial de Endurance fosse transmitida aqui pelo canal oficial da categoria desde a primeira etapa, estariam na transmissão.

Além do próprio Milani, junto de Aldo Luiz, Felipe Meira e do sempre competente Rodrigo Mattar, Milton Rubinho, André Bonomini, Débora Almeida, Geferson Kern, Gabriel Lima e Sérgio Lago, comandaram o grande clássico num revezamento que começou uma hora antes da largada e foi até uma hora depois da chegada, com a transmissão sendo feita na íntegra via YouTube e com entradas programadas no canal do Bandsports.

Foi um trabalho sublime, com muita informação de todos que passaram ali, mostrando que o automobilismo mundial não está restrito apenas a provas de fórmula e que alguém que esteja apenas preso em uma categoria, possa criar gosto por outras - e sabemos bem que o mundo do Endurance nos oferece as mais variadas situações que tornam essa disciplina fascinante.

Para a história, seus nomes ficarão gravados como os primeiros a fazerem uma transmissão total das 24 Horas de Le Mans, coisa que até então se resumia a flashes e horários pré-determinados em edições anteriores.

Que seja a primeira de muitas!

sexta-feira, 9 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Na espera de uma grande edição

 

Os poles da Hypercar, LMP2 e LMGTE AM 
(Foto: 24 Hours of Le Mans/ Twitter)


Conforme as atividades foram passando, o sentimento de uma grande prova em Sarthe só aumentou. As três classes apresentaram um boa dose de expectativa de que possamos presenciar uma edição histórica que tem tudo para fazer jus ao Centenário de uma das corridas mais importantes do mundo, ou melhor que isso, uma das jóias da Tríplice Coroa, que tem sido tão aclamada nos últimos anos.

A batalha que se avizinha entre Toyota e Ferrari dá um tom muito animador para todos os espectadores e telespectadores mundo afora, que espera por um embate entra elas - e outras mais - desde que os regulamentos foram anunciados alguns anos já visando a disputa da prova Centenária.

Apesar da Ferrari ter apresentado uma velocidade impressionante para a obtenção da pole, é sabido que os problemas podem aparecer a qualquer instante - afinal de contas, a própria Ferrari teve alguns nas primeiras etapas. Isso se aplica também a Toyota, mas esta ainda pode se dar ao luxo de abusar um pouco de seus carros para tentar buscar mais uma vitória em Le Mans. Mas do mesmo modo que a Ferrari, eles sofreram com problemas em Portimão com um de seus dois carros. Mas ainda assim, são os grandes favoritos para vencerem - e Pascal Vasselon já aceitou isso desde os dias da pesagem.

Mais alguém poderia incomodar as duas fabricantes? O BOP ajudou e aproximou as equipes e mesmo que Ferrari e Toyota estejam mais pesadas que os demais (24 e 37 kg, respectivamente), o desempenho das demais ainda não chega a ser próximo. Porém, isso não pode privá-los de uma dose de sorte já que a parte crítica da prova que é da madrugada em diante, pode reservar boas surpresas. Portanto, para Porsche, Cadillac Peugeot - que vem enfrentando vários problemas - e até mesmo os Glickenhaus e Vanwall - que tem tido um desempenho bem abaixo, já que não tem a parte híbrida - a chance pode vir exatamente das reviravoltas que este tipo de prova costuma ter.

A LMP2, que fará a sua última valsa em Le Mans, poderá nos brindar com mais uma visceral edição. Não dá para apontar nenhum favorito disparado, mesmo que ainda tenhamos na equipe da JOTA Sport um pequeno favoritismo. Mesmo assim não podemos descartar equipes como o Team WRT, Idec Sport, United Autosport, Alpine (estas duas últimas não foram ao Hyperpole, mas ainda sim tem a experiência ao lado deles que deverá ajudá-los na recuperação). Um detalhe interessante é que normalmente os quatro primeiros costumam ficar bem alinhados por um bom tempo, indo para a decisão nas horas finais.

A classe final, a LMGTE AM, não é por menos: vimos uma Corvette ascender a pole de forma espetacular após treinos livres onde ficaram abaixo, mas, ironicamente,  o acidente na primeira sessão acabou sendo crucial para esta melhor, já que uma série de peças foram trocadas e talvez tenham influenciado bastante na melhoria.

Foi uma grande surpresa ver a Corvette na pole, assim como a segunda posição da Aston Martin que também não parecia forte nos treinos livres.

As equipes que tem carros Ferrari e que pareciam fortes, tiveram na AF Corse o seu melhor ao ficar na terceira posição e daí para baixo o contingente italiano ganhou força. Porém, é na corrida que as coisas devem ser diferentes assim como para a Porsche que não teve uma boa qualificação, mas que sabemos que conseguem escalar bem o pelotão.

Estas 24 Horas de Le Mans tem tudo para se tornar um grande clássico da história das provas de Endurance, exatamente por tudo que permeia esta edição. 

E claro, para melhorar isso, é sabido que Le Mans costuma escolher os seus.

E isto é uma das fascinantes místicas desta Centenária prova.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Mais uma vez Ferrari, agora no quarto treino livre

 

O Ferrari 499P #51 nesta última sessão de treinos
(Foto: Ferrari Hypercar/ Twitter)

Após uma ótima sessão da Hyperpole, os ânimos se aquietaram em Sarthe na realização do quarto e último treino livre para esta 91ª Edição das 24 Horas de Le Mans. Foi uma importante sessão para que pilotos que não competiam na prova desde 2018 pudessem completar um número de voltas na parte noturna.

Essa quarta sessão viu a Ferrari mais uma vez comandar as ações, mas desta vez o #51 que anotou 3'27"275 feito por James Calado. Como foi uma sessão bem mais tranquila, a Glickenhaus subiu na classificação para fechar em segundo com o seu #709 com o tempo de 3'28"278. O Porsche 963 #38 da Hertz Team Jota ficou em terceiro ao marcar 3'28"440.

A LMP2 viu caras novas no topo da tabela com o melhor tempo feito pelo #923 do Racing Team Turkey (que também compete na subclasse LMP2/AM) que chegou a 3'36"229. A segunda posição foi do #65 da Panis Racing (3'36"650) e o terceiro do #63 da Prema Racing (3'36"904).

O Ferrari #66 da JMW Motorsport ficou com a primeira posição da LMGTE AM anotando o tempo de 3'52"965. A posições seguintes foram ocupadas pela Ferrari #57 da Kessel Racing (3'54"069) e pelo Porsche #60 da Iron Lynx (3'53"316).

Essa sessão teve duas situações distintas: primeiramente o retorno do #777 da D'Station que teve a ajuda da TF Sport no aprontamento do novo Aston Martin Vantage que veio do Reino Unido em substituição ao que ficou inutilizável após o forte acidente de ontem com o LMP2 da Tower Motorsport. O carro ficou pronto e eles puderam participar deste quarto treino livre, que serviu como um bom shakedown. Terminaram em 17°.

A outra situação não foi das boas: mais uma vez a Peugeot apresentou problemas, tendo o seu #93 ficando parado entre as duas chicanes da Mulsanne provavelmente com pane elétrica. Mais uma dor de cabeça para os franceses neste seu retorno à Le Mans. 

WEC - Vitória para a Porsche, drama para a Peugeot em Losail

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