Especiais Volta Rápida

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Foto 289: Schummy





"Eu sempre acreditei que você nunca deve desistir e que deve sempre continuar lutando, mesmo que exista apenas uma mínima chance." - Michael Schumacher

O velho Michael Schumacher é um daqueles caras que você nunca acha que aconteceria nada com ele, do mesmo modo como Pelé, Senna, Michael Jordan e outros tantos deuses do esporte. Aos 11 anos percebi que eles eram mortais como qualquer um de nós e ontem, após ler as notícias sobre o acontecera com Michael, a minha mente regressou 19 anos no tempo. 
Vai lá Schummy, e tira mais uma "Magic Lap" do bolso cara!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Foto 288: DRM

Essas fotos tiradas na antiga reta do velho Nurburgring são de uma beleza incomensurável. Neste instantâneo, tirada durante a terceira etapa do DRM (Deutsche Rennsport Meisterschaft) de 1982, os carros de Jürgen Hamelmann (URD C81 BMW #12), Klaus Niedzwiedz (Ford Capri Turbo #3) e Dieter Schornstein (Porsche 935J) dividem a freada para entrada da primeira curva do mítico circuito alemão. A vitória ficou com Niedzwiedz, seguido por Rolf Stommelen (Porsche 935J) e Klaus Ludwig (Ford Capri Turbo).
O DRM foi formado em 1972 contando com duas classes (Divisão 1 para carros de 2 e 4 Litros; Divisão 2 para carros abaixo de dois litros). Em sua totalidade foram 14 campeonatos disputados - 1972 à 1985 - e neste período nove pilotos foram campeões, sendo que Hans Heyer foi quem mais venceu com três títulos (1975, 76 e 80). Dos famosos ex-pilotos de F1, Hans Joachim Stuck (1972), Stefan Bellof (1984) e Jochen Mass (1985) foram campeões do certame. Entre as equipes, a Zakspeed foi quem mais levou títulos (6) e entre os fabricantes a Ford venceu seis campeonatos - todos eles com a Zakspeed - utilizando os modelos Capri RS (1972 e 1981) e Escort (1973, 74, 75 e 76).
Em 1985 foi o último campeonato do DRM que já tinha o mesmo prestígio de antes, sendo que as suas corridas, em boa parte, eram realizadas junto da Interseries.
A DTM, que já estava com um campeonato em franca ascensão desde 1984, acabou por substituir o DRM. Curiosamente o DTM fez parte do DRM em 1979, mas com o nome de Rennsport Trophäe que nada mais era que um campeonato para carros de série. As duas categorias foram separadas exatamente em 1984, com o Rennsport Trophäe tornando-se DPM (Deutschen Produktionswagen Meisterschaft) e mais tarde DTM (Deutsche Tourenwagen Meisterschaft). 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Crash: Ricardo Patrese, Osterreichring 1982

Por um momento até pensei que fosse no mesmo ponto em que Andrea De Cesaris havia capotado várias vezes a sua Ligier na edição de 1985, mas o local em que aconteceu este acidente de Ricardo Patrese, durante o GP austríaco de 1982, é outro. Mas o desfecho poderia ter sido igual e... fatídico, já que uma mulher estava fora do cercado e com um pouco mais de velocidade do Brabham poderia ter pego ela e talvez, até mesmo, catapultado em direção a cerca.

Foto 287: Trânsito

Parece aqueles engarrafamentos que costumamos ver pela TV que se formam, principalmente, nessa época de festas. Mas a foto em questão é do grid de largada para as 24 Horas de Nurburgring de 1972, que entrava em sua terceira edição.
A vitória neste ano ficou com a dupla Helmut Kelleners/ Gerold Pankl, que dividiram o volante de um BMW 2800 CS Alpina.

Foto 286: San Remo



E o Rally sempre nos presenteando com belas imagens. As que encabeçam este post são do Rally de San Remo de 1985, com Walter Röhrl / Christian Geistdörfer no Audi Sport Quattro S1; Timo Salonen / Seppo Harjanne no Peugeot 205 T16 E2 e Henri Toivonen / Juha Piironen no Lancia 037.

Foto 285: Aniversariantes

E estivesse entre nós, Michele Alboreto estaria chegando aos 57 anos. E Bird Clemente, um dos melhores pilotos da história do automobilismo nacional, completa 76 anos.
E este que vos escreve, acaba de chegar aos 31 anos. Parabéns a nós!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Vídeo: O último duelo em Paris

E ontem fez 20 anos do Karting ELF Masters, que foi realizado em Paris no dia 19 de dezembro de 1993. Mas aquele evento acabou por se tornar único por ser a última vez que Alain Prost e Ayrton Senna se confrontaram. Senna, assim como fizera em Silverstone meses antes, quando segurou Alain e Schumacher ferozmente, repetiu o feito enquanto esteve na pista. Ayrton acabaria abandonando a prova, que foi vencida por Prost após a desistência de Andrea De Cesaris que estava na liderança.

Atualizado 8/10/2014

Dando uma olhada se achava algo legal sobre Andrea De Cesaris, deparei-me com o evento completo do Karting ELF Masters de 1993. São mais de três horas e vinte minutos, dividos em duas partes. 
Divirtam-se!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Indycar Battles: Paul Tracy vs Michael Andretti, Detroit 1992

Dois dos pilotos que eu mais admirava pela pilotagem e coragem nos bons tempos da velha CART. Paul Tracy e Michael Andretti duelando pela primeira posição durante a etapa de Detroit, válido pelo campeonato de 1992.
E vale lembrar que hoje Paul Tracy completa 45 anos.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Foto 284: Trenton 200, 1963

Clark (#92) e Gurney (#93) em Trenton, 1963
(Foto: UK Racing History/ Facebook)

E não foi apenas em Indianápolis e Milwaukee que a Lotus se fez presente naquele certame da USAC em 1963: Colin Chapman alinhou seus dois Lotus 29 impulsionados pelos Ford e mais uma vez entregou a Jim Clark e Dan Gurney a responsabilidade de guiar as duas jóias.
Clark, como sempre, não decepcionou e cravou a pole com Gurney logo em segundo. Mas a corrida de ambos não foi muito longe: Jim abandonou na volta 49 por problemas mecânicos, assim como Gurney que também desistiu na volta 147. A prova foi vencida por A.J. Foyt.

Além dessa prova de Trenton e da segunda colocação de Clark na Indy 500, o piloto escocês triturou seus concorrentes na prova de Milwaukee quando a venceu - depois de ter feito a pole - colocando uma volta de vantagem sobre quase todos os demais, exceto Foyt que terminou nas mesmas 200 voltas de Jim.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vídeo: GP da Grã-Bretanha, 1955

Realizado pela primeira vez no antigo hipódromo de Aintree, o GP da Grã-Bretanha de 1955 foi vencido por Stirling Moss nessa que foi a sua primeira conquista na F1. Para muitos a vitória do piloto da casa foi "arranjada", uma vez que Alfred Neubauer, o chefe de equipe da Mercedes, pediu para que Fangio (principalmente ele), Karl Kling e Piero Taruffi abrandassem o ritmo, mas o piloto argentino era o único que poderia competir de igual pra igual com Moss naquela tarde de 16 de julho e por isso o tal pedido. Mesmo com essa possibilidade de a corrida ter sido facilitada para a vitória de Stirling, Fangio foi elegante em dizer que o seu companheiro venceu por méritos.
A corrida foi dominada pela Mercedes, que teve alguma oposição dos carros da Ferrari, fechando a prova com os quatro carros nas quatro primeiras colocações.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Foto 283: Sem nada


"Ok Gilles, pode voltar para colocar a carenagem. Já matou a sua vontade!"
Talvez Gilles estivesse um pouco apressado em testar a nova Ferrari 312 T5 para a temporada de 1980 e nem deixou os mecânicos "vestirem" o carro para o teste. O canadense pegou a máquina e foi com ela "nua" para pista de Fiorano.
Foi um ano desastroso para a Ferrari aquele 1980, tanto que os únicos pontos (seis ao todo) foram conquistados - a fórceps -  pelo próprio Villeneuve.

Foto 282: Emerson, 67 anos

Uma pequena homenagem ao Emerson Fittipaldi, que completa hoje 67 anos. E aqui fica um provável pôster que foi lançado em homenagem ao seu primeiro título, em 1972.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Foto 281: Cosworth

(Foto: UK Racing History/ Facebook)
Jim Clark, Colin Chapman e Keith Duckworth. As expressões dos três não era nada animadora naquela primeira prova do motor Ford Cosworth DFV acoplado no Lotus 49, mas as desconfianças foram dissipadas com a ótima apresentação de Clark que acabou por vencer o GP da Holanda e dar à fábrica fundada por Mike Costin e Keith Duckworth a primeira vitória na categoria.
Porém o motor ainda não estava totalmente "afinado", como ficou visto após o abandono prematuro de Graham Hill na 11ª volta. Os problemas de juventude deste motor privaram a Lotus de conquistar o título daquele ano, que acabou por ficar com o Brabham Repco de Denny Hulme.
Devidamente acertado, o Cosworth dominou as ações a partir de 1968.

Pole Lap: Giancarlo Fisichella - A1 Ring, 1998

Aquele finalzinho clássico de qualificação onde a chuva começa a dar uma trégua e os tempos caem vertiginosamente. Dessa forma foi o fim do treino que definiu o grid para o GP da Áustria de 1998. Enquanto que os favoritos Hakkinen e Michael Schumacher tentavam achar o caminho para pole, Alesi, com a sua Sauber, já havia encontrado com uma bela volta. Deveria ser do francês aquele lugar de honra, mas Fisichella tirou uma volta da cartola e obteve assim sua primeira pole na F1... e a última da Benetton.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O vídeo de fim de temporada do WEC

Numa temporada em que a Audi (mais uma vez) não deu chances aos concorrentes ao arrebatar pela segunda vez o título do Mundial de Endurance, tivemos belas imagens que ficarão para a posteridade e dessa forma foi disponbilizada na sua página no Youtube um vídeo com os melhores momentos do certame 2013.
Divirtam-se!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Vídeo: O pódio do GP de Mônaco de 1992

Não me lembrava, em sua totalidade, do pódio do GP de Mônaco de 1992 e este vídeo me ajudou a refrescar a memória. Foi possível ver que Senna estava detonado após a corrida, tanto que teve um pouco de dificuldade em levantar o pequeno troféu. Mas Nigel Mansell estava muito pior e teve que ser praticamente carregado até o pódio e após espoucar a champanhe, sentou-se ao chão tamanho cansaço após o épico duelo com Ayrton naquele GP.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

GP do Brasil: Interlagos não decepciona

(Foto: Reuters)
Que belo palco o circuito de Interlagos se revelou para  Fórmula-1 neste últimos anos, principalmente nestes últimos nove anos quando a pista paulistana passou do início para a rabeira do calendário do mundial em 2004. De lá para cá foram dez GPs disputados e seis decisões de títulos (2005, 06, 07, 08, 09 e 2012) e as mais variadas emoções no "Templo" do automobilismo nacional. Independente do tempo que sempre altera em determinados anos, as corridas foram ótimas. É claro que por excelência 2007, 08 e 2012 foram as grandes corridas em que a decisão do mundial esteve em jogo e a chuva - especialmente 2008 e 2012 - fez-se presente e nos brindou com doses cavalares de emoção e suspense. Ontem a chuva, que caiu a cântaros no sábado, resolveu tirar uma "folga" no domingo e nos privou de uma prova, no mínimo, caótica. Mas nem precisou para esta fosse sensacional em todos os sentidos.
Foi muito bom ver todos os pilotos empenhados neste último GP da era dos V8 2.4 que foram introduzidos a partir da temporada de 2006. Boas brigas no fundo do pelotão, assim como no meio e na dianteira, em especial pela segunda posição para baixo já que Sebastian Vettel teve apenas um pouco de trabalho com Rosberg durante a primeira volta, onde o seu conterrâneo conseguiu uma melhor partida e liderou quase toda a volta. Sebastian ainda conseguiu recuperá-la antes de passar pela linha de chegada, o que lhe deu a oportunidade de disparar e vencer a corrida tendo liderado todas as voltas. Foi a sua 13ª no ano (igualando a marca de Schumacher em 2004) e a sua nona consecutiva (que iguala também a marca feita por Ascari nos anos de 1952-53). Neste ritmo é provável que ele alcance as marcas de Michael Schumacher até o final da década. Merecido.
Não posso deixar de destacar o empenho de Mark Webber e Felipe Massa cujas carreiras  se encerraram, mas de modo distinto: enquanto que o australiano mudará para ares bem mais tranquilos, onde ele estará a
(Foto: Reuters)
serviço da Porsche no Mundial de Endurance a partir de 2014, Massa terminou a sua relação de onze anos com a Ferrari, sendo que oito delas como piloto da Scuderia (2003 foi piloto de testes e desde 2006 como piloto titular). As homenagens rendidas pelas suas respectivas equipes foram emocionantes, assim como as reações dos pilotos após a corrida: Webber fez tirou o capacete na volta de desaceleração para saudar o público e mostrar a eles o lado humano da competição e Felipe fez alguns donuts em frente a arquibancada da reta dos boxes para agradecer a torcida. Mas a corrida dos dois foram aguerridas, talvez empurrados pelo sentimento de dever cumprido em seus trabalhos. Mark foi combativo e duelou com Hamilton - a quem ele aplicou uma bela ultrapassagem por fora no Laranjinha - e depois com o seu amigo Fernando Alonso em duas ocasiões, todas pela segunda posição. Massa não teve uma boa classificação ao sair apenas em nono, mas fez uma boa largada e estava brigando com Lewis pela quarta colocação quando um Drive Through, por ter passado por sobre a linha branca que separa a entrada dos boxes da pista, o fez cair na classificação. Recuperou-se bem e terminou em sétimo. Merecia mais... Fernando Alonso também foi combativo e até conseguiu seguir o ritmo do Red Bull de Webber em alguma oportunidade, mas o seu Ferrari não tinha tanto folego para andar no mesmo passo dos "foguetes" de Milton Keynes. Ele esperava pela chuva, assim como os dois Mercedes de Rosberg e Hamilton, que estavam, nitidamente, acertados para o possível aguaceiro que não veio, e o que se viu foram os carros prateados despencarem na classificação. Menção para os "Mclarens Boys" Button e Perez que fizeram uma prova
(Foto: Getty Images)
honesta em Interlagos ao terminarem em quarto e sexto respectivamente, numa das piores temporadas da Mclaren desde 1980. Espera-se dias melhores por lá.
Apesar da chuva não ter caído e apenas uma levíssima garoa ter dado as caras na pista de Interlagos, a prova foi ótima. Como disse, pilotos extremamente animados proporcionaram bons duelos e transformaram essa corrida numa das melhores do ano. Foi bom que a temporada tenha terminado assim num ano que Sebastian Vettel não parecia ter condições de dominá-la amplamente, mas que a melhora do RB09 ainda no final da primeira parte do campeonato tenha dado à ele as condições perfeitas para extrair o máximo e dizimar a concorrência a pó. Foram 13 vitórias no ano, sendo nove consecutivas, fora a velocidade e tenacidade com que ele esteve nestas provas da segunda parte do campeonato.
Um campeonato absolutamente merecido para Sebastian, que parece ter, ou estar, alcançando o ápice de sua pilotagem. E apenas com 26 anos...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Foto 280: Tudo por uma foto


Sim, a galera era corajosa demais naquela época em que as pessoas ficavam à beira da pista para pegar uma foto durante as provas de Rally.

Foto 279: Jo Siffert, Michigan 1969






Jo Siffert - com Stirling Moss - em alguns estágios da etapa de Michigan da Can-Am de 1969. O piloto suíço conduziu o Porsche 917 PA #0 da Porsche Audi ao quarto lugar após ter largado em terceiro. A prova dominada pelo esquadrão da Mclaren Cars com a vitória ficando para Bruce Mclaren, seguido por Denny Hulme e Dan Gurney. Todos os três pilotando o Mclaren M8B Chevrolet.
Aliás foi uma temporada somente da Mclaren, com Hulme e Bruce lutando desenfreadamente pelo titulo. Os dois dividiram as 11 etapas entre eles, com Mclaren vencendo seis corridas contra cinco de Denny e a pontuação entre os dois também foi próxima, sendo que Bruce levou o campeonato por cinco pontos de diferença (165x160). Chuck Parsons terminou em terceiro, 80 pontos atrás do campeão.
Siffert foi o quarto no campeonato, com 56 pontos.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Foto 278: Targa "Porsche" Florio

Tratando-se de provas de endurance a partir do final dos anos 50 até meados dos ano 90, enquanto esteve com equipe oficial - ou semi - a Porsche dominou amplamente qualquer competição do gênero em estivesse envolvida. E não foi diferente com a mítica Targa Florio, onde a fábrica germânica venceu 11 edições entre os anos de 1956 e 1973, este último quando a prova disputada na Sicília ainda contava pontos para o Mundial de Marcas.

Foto 277: Lanterna

Mas será que essa lanterninha iluminava algo? Patrick Tambay em algum estágio de 1985, com a sua Renault RE60.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

GP do Brasil 2008: Estávamos lá - Parte Final



(Foto: Retrovisor OnLine)


Rubem Ferresi Jr.
Cinco anos. E parece que foi ontem este GP.

A princípio seria um GP diferente, pois seria o meu primeiro após ter mudado para Belo Horizonte... e o por isso o último (depois de algumas “voltas na vida”, descobrimos que não foi). A decisão do título era o comentário do momento, tanto em SP quanto BH. Mas eu nao estava torcendo para o piloto brasileiro... sou torcedor do automobilismo, e da McLaren.  E na pista descobri que tinha outros partidários da minha posição.

Estava novamente no posto 21, pouco antes da entrada de box. Já tinha trabalhado nele 2 vezes antes, em 2000 e 2002. Ambas vitórias do Schumacher. Mas neste ano ele não estava... sinal de que seria vitória da Ferrari?

A sexta-feira começou com chuva. Fraca, mas intensa. Desde que chegamos no ponto de encontro do pessoal da pista, a chuva esteve presente... Mas um fato chamou a atenção logo pela manhã: a ausência dos grandes amigos veteranos. Marangon, Artur, Schultz, Ramon... estes não estavam lá. Muito estranho!

Chegamos no autódromo ainda sem amanhecer, e com chuva.... ficamos no container aguardando a liberação para a pista. Aí veio uma das surpresas do final de semana: ir para a pista... só de ônibus! Então voltamos para o ônibus, pois com a chuva que estava, ir andando pela pista não ia dar...

A sexta-feira de um GP costuma ser o dia mais tranquilo. Praticamente sem ocorrências na pista. Assim, o que chama a atenção é a arquibancada. E logo atrás do posto um grupo bem animado com um megafone não parava de falar. E ao olhar mais detalhadamente, o “chefe” dos caras era aquele gordinho-careca que vende Polishop na TV (panela sem fritura, mega compressor... essas coisas).

E neste ano deixamos uma tradição de lado: sem pizza na sexta-feira. Sem os veteranos, achamos melhor não cometermos essa ofensa.

O sábado começou tão tranquilo quanto a sexta-feira. Nos preocupamos mais com a arquibancada que a pista... E um dos caras do megafone desceu até a grade para conversar  conosco... Lembro que falamos para ele que o câmera da FOM que estava ao lado do posto chamava-se Brian. Assim que o câmera chegou, eles começaram a zoar o cara... chamando de careca, bicha, etc... E zoaram em inglês! O câmera entendia, e dava muitas risadas. O câmera do outro lado da pista foi apelidado de He-Man, e todas as vezes que gritavam “He-Man”, ele imitava o personagem... Bem, para isto chamar a atenção mostra como foram os treinos. Apesar da pole do piloto brasileiro da Ferrari, nenhuma ocorrência que chamou atenção na pista.

O domingo começou tranquilamente na pista. Para mim, um clima de despedida... afinal era o meu último GP Brasil. Procurei ao máximo aproveitar o dia. Fotos pela pista, com os amigos...

As corridas preliminares foram monótonas. E isso me preocupava! Meu último GP, e com essa monotonia? Felizmente os Porsches deram um jeito de movimentar um pouquinho... 
Após as preliminares, desfile de Porsches, desfile dos pilotos.... intervalo... E arquibancada lotada, zoando todo mundo (fomos muito zoados)... sol forte. Mostrava para a arquibancada que tinha agua gelada, e que eles não... Eles mostravam copo de cerveja, querendo me provocar... Mas a minha credencial falava mais alto, e no fim eles ficavam quietos.
Lembro que quando começamos a nos preparar para a abertura de Box, o tempo começou a ficar nublado. Box aberto, carros alinhando.... Box fechado...  faltando 10 minutos para a largada aviso o nosso Chefe de Pista Toninho pelo rádio “Central, começou a chover no 21”. Parecia um balé a arquibancada colocando as capas de chuva.

Era o que eu esperava para deixar o GP emocionante: chuva logo no início! Logo veio a informação que a largada foi atrasada. As equipes começaram a se preparar no grid para a pista molhada.

Apesar de cogitarem de largar com Safety Car, ela foi feita normalmente. Mas não adiantou muito, pois logo na segunda curva o Safety Car foi acionado... Batida entre o Coulthard (que se despedia da F1) e o Piquet Jr. O resgate foi um pouco demorado, mas liberaram a pista. 

O meio da corrida foi muito tranquilo. Mas nós não estávamos recebendo pelo rádio as informações de posições dos pilotos. Recordo que liguei para o Marangon na casa dele para saber as posições.

E a emoção começou a rondar o autódromo... e decide voltar! O tempo começou a fechar novamente, e faltando 7 voltas para o final, chamei o Toninho pelo rádio “Central, começou a chover no 21”. A resposta dele foi interessante: “Não acredito! Tínhamos que ter essa emoção no final!”.

Os carros começaram a ir para os boxes, e perdi toda a referência de posições... até que consegui ouvir pela narração para as arquibancadas as posições na pista. Quando o Vettel passou o Hamilton, a arquibancada veio abaixo... tinham pessoas se abraçando comemorando, chorando. Eu já estava chorando, mas de raiva! Mas fazer o que... sou esportista. Mas como dizem, corridas só acabam após a bandeirada!

Quando entrou na ultima volta, o Toninho acompanhou o Massa em todos os postos. Após a bandeirada, ele disse: “Massa campeão do mundo”. Aí ele corrigiu.. “Não... Hamilton campeão... Hamilton em quinto”. Eu desci do posto comemorando, e a arquibancada comemorava o “título” do Massa... e eu gritando para eles “não ganhou! Não ganhou!”... até que a narração do autódromo corrigiu.... o autódromo se calou... parecia velório.

Fizemos o show de bandeiras, comemoramos.... e a chuva chegou forte depois. Não dava para sair do posto. Assim que a chuva diminuiu, fui para os boxes fazer “algumas trocas” e fui embora... as 19:00 já estava fora do autódromo... as 21:00 estava em Cumbica, e parecia que estava no autódromo! Só gente de vermelho... E no aeroporto começava a “conspiração”. Vários falando que a McLaren pagou para a Toyota abrir, para o Hamilton ser campeão. Outros falavam em conspiração da Ferrari! Tive que provar para algumas pessoas que as Toyota’s estavam com pneus Slick’s, enquanto os demais carros com pneus de chuvas... dessa forma não há que segure um F1 na Junção!

Bem... após várias discussões, conversas, entrei no avião, e apaguei. E assim terminou o que seria meu 11º e último GP Brasil de F1!

Alexandre Galvão

“2008 foi minha segunda e última participação. Engraçado que eu não me lembre da corrida e seus dias em si, mas isso foi, com certeza, resultado de um nervoso que dá pela responsabilidade de cuidar de um trecho de pista para uma corrida tão importante como é a Fórmula 1. Ainda mais uma decisão de título. Como foi a surpreendente de 2007. "Saiba que, se você errar alguma coisa na corrida, o mundo todo verá.", disse alguém. Nas duas vezes me colocaram como chefe de posto. Nunca entendi como isso pôde acontecer... Pois é.
Na sexta-feira de treinos livres cheguei atrasado. Os cartões de entrada, acessórios de proteção e comunicação, cargo etc, seriam entregues nesse dia e não havia forma de convencer o pessoal da entrada de me liberar, claro. O celular sem crédito e eu nervoso pedindo para que alguém fizesse contato com a equipe. Até que, do céu - "do céu" é força de expressão -, aparece um carro que conheço e, dentro, Denise. Nunca mais vou esquecer a cara de perplexidade que ela fez. Contei o que aconteceu, pedi milhões de desculpas e ela entrou em contato com o pessoal. "Espera aqui que estão trazendo seu uniforme e credencial", disse ela antes de entrar no autódromo. Passou um tempinho quem veio trazer meu material era o Geraldo (sempre ele. Saudades desse cara). Coloquei a vestimenta e o cartão de entrada para passar a catraca. Reconheceu, apareceu minha foto e o mesmo cara que se negava a me deixar entrar, disse: "Preciso de seu RG para confirmação." Assim que entrei o Geraldo falou que era para eu ir direto para o posto, que faltava pouco para o início dos primeiros tempos do dia. Só que, da entrada que eu estava, que fica na antiga Curva 3 até meu posto, que ficava na saída dos boxes, no início da Reta Oposta, era de uma senhora distância. Lá chegando e falando tudo o que aconteceu o pessoal disse que um dos caras do meu posto foi para o banheiro químico e este caiu num barranco. Nada aconteceu com ele. Deu sorte, mas virou lenda. Início dos treinos. Tudo ia tranquilo até que reparei que alguns pilotos, como é de costume, saem dos boxes, param o carro e disparam na reta oposta. Há uma linha demarcando até onde o carro pode parar mas não era exatamente todos que a respeitavam. Avisei ao meu pessoal de posto que desse bandeira azul para quem não respeitasse a faixa caso se no início da Curva do Sol um carro aparecesse. Não deixava de ser um aviso para o piloto de quem alguém vem chegando em alta velocidade. No fim do primeiro treino a central me avisa: "Olha, o Rubinho falou para não dar mais bandeira azul porque atrapalha na saída dos boxes." Cara, fiquei possesso! Contei a central o que ocorreu, contei do avanço das faixas, do motivo da bandeira e, depois de um silêncio, falaram: "Bem, vamos avisar o piloto. Mantenha o que está fazendo." "Na hierarquia das corridas, o posto de Comissário de Pista é maior que o de piloto", alguém me disse. Fim de serviço e no reencontro todos me zoaram. Tirei o macação, coloquei na mochila, fui embora e em casa me dei conta de que esqueci de entregar o comunicador.

No sábado mais zoação comigo por causa do rádio, mas dessa vez cheguei no horário. Adiantado até. Foi mais tranquilo esse dia. Dia morno, mas importante. A cada aparição de Massa, a arquibancada explodia. Dava pra saber onde ele estava com a intenção de gritos em cada ponto do autódromo. O mesmo se pode dizer de urros quando aparecia o prateado do Hamilton. Eu vi a mensagem "Bate nele, Rubinho" num dos pontos da pista. Sacanagem. Domingo, de madrugada, num ponto de encontro para a saída do ônibus que nos levaria até o autódromo, enquanto os novatos recebiam as boas vindas dos veteranos, o tempo tinha mudado. Dei as instruções para o pessoal no posto de forma que pudéssemos fazer o trabalho de um jeito rápido e seguro. Geralmente deixo um com a bandeira azul e outro com a amarela, mas a gente vai variando pra todo mundo ajudar. O carro de segurança oficial passa dando e recebendo um gesto de "aqui tudo certo". Cada posto dá seu último ok de equipamentos, agradecemos e damos boa sorte para todos. Logo, caiu o toró! Pista parada. Nervoso. Quando você trabalha em posto, você não acompanha a corrida. Claro, uns trazem radinhos, tv's pequenas, mas o que você sabe realmente é sobre seu trecho. No andamento da corrida, a central também vai falando as posições de cada piloto. Com chuva tudo pode acontecer. Bandeiras amarelas, vermelha, branca e verde estão em mãos. O barulho dos carros passando em volta de apresentação é de arrepiar, cara. A corrida vai começar. Ia. Acidente no S. Tudo de novo. Sempre lembro do nervoso. Tenho que passar as informações pro posto, principalmente no uso da bandeira azul. Geralmente eu e o pessoal marcamos um ponto onde posso avisar com rapidez eles. Nunca tive problemas. Mas o pessoal perguntava sempre em qual posição estava Hamilton. Faziam contas. Pista seca, pista molhada. Super indefinição assim como aconteceu com Hamilton/Alonso/Kimi ano antes. Última volta. Os três do posto torcendo, mas prestando atenção na pista. "Massa está na Junção... subindo... Reta dos Boxes... Bandeirada!... Desce pessoal pra show de bandeiras!" Enquanto desciam eu ficava atento no Hamilton. Ele ainda não tinha cruzado a bandeirada. Nisso vejo do posto que um dos meus camaradas acabou se exaltando e quase foi para o meio da pista. Digo que ele quase foi atropelado pelo Massa e, no mesmo instante, o recado: "Hamilton campeão! Hamilton campeão!" Desci fui informar o pessoal e o mais exaltado não me ouvia. Peguei ele pelo braço e lancei seco: "Massa não é campeão". Num instante o rosto dele se modificou. Aquela exaltação deu lugar a uma profunda tristeza. Se agachou e começou a chorar baixinho. Emocionante. Aos poucos a arquibancada da nossa frente vai se esvaziando. Estamos recolhendo todo o material sem falar nada. Silêncio sepulcro. O mesmo acontece no caminho para o ponto de encontro. Uns riam, outros mais comedidos apenas ficavam em silêncio. Desses vi alguns olhos inchados. Estava triste também, mas achei uma ótima corrida. Fomos nos despedindo, acho que peguei uma carona até mas no final veio uma frase, "foi só mais uma corrida e assim ela é", alguém me disse e essa foi uma daquelas coisas marcantes, para se levar para o resto da vida e ela continua para todos nós. Eu, o cara que foi ladeira abaixo dentro de um banheiro químico, o exaltado e Felipe Massa.

Saudades pra caralho desses dias.”


Paulo Abreu
"Quando terminou a decisão de 2007, aquela onde Kimi Raikkonen saiu de um certo terceiro lugar no mundial para conquistar o título daquela temporada em Interlagos, eu me perguntava “Será que veremos algo igual, ou melhor, em termos de decisões na F1?” Certamente eu me auto-respondia “Sem dúvida que não!”. De certa forma seria difícil acontecer isso novamente. A última vez que algo assim havia acontecido remontava à 1986, naquela decisão que envolveu Prost, Mansell e Piquet na disputa pelo mundial na corrida final em Adelaide. Mas o azarado “Red Five” teve um pneu estourado em pleno retão abandonando o GP australiano e por precaução, a Goodyear recomendou que Nelson fossem aos boxes fazer a sua troca para que não acontecesse o mesmo. E nisso o caminho ficara aberto para Alain vencer o seu segundo mundial consecutivo.

Mas passado exatamente 1 ano estávamos novamente em Interlagos para vivenciar outra disputa, e dessa vez envolvendo dois caras que ainda buscavam o seu primeiro título: Lewis Hamilton, que por muito pouco não vencera em 2007, e Felipe Massa, que havia ganho a confiança da Ferrari e que agora era o cara que poderia dar a “Rossa” um título que fecharia de forma esplendorosa aquela época para os vermelhos.

Se a sexta e sábado foram dias “mornos”, por conta dos treinos, o domingo foi de cortar a respiração. Cerca de meia hora antes de começar a corrida, uma nuvem se formou ao redor do autódromo e quando já nos preparávamos para o início um forte trovão anunciou a chegada da chuva... e não demorou muito para que ela viesse e forma intensa. Só me lembro de ter pensado “Poxa, São Pedro, pra quê tanta pressa? Não poderia deixar ao menos os caras largarem?”. Apesar de ser complicado trabalhar nestas condições, é sempre divertido ver o quebra cabeça se formar logo no início das corridas...

Eles atrasaram a largada e logo depois que ela aconteceu teve o acidente no S que forçou a entrada do Safety Car... Mas quando a corrida pôde transcorrer normalmente, Felipe Massa pilotou de forma imaculada, como fizera nos anos anteriores, sem ter o incômodo de ninguém e nem mesmo a chuva fraca, que foi aumentando gradativamente nas últimas três voltas, não tiraram dele a concentração – coisa que me surpreendi totalmente. Quando Felipe passou pela linha de chegada e seu campeonato parecia garantido fui para a pista, mas o Toninho (chefe da sinalização do GP do Brasil na época) acabou nos informando que Hamilton havia ultrapassado o Glock entre o Mergulho e a entrada da Junção. Timo havia apostado que a chuva não viria, ou até mesmo que ela não seria forte, e preferiu continuar com os sulcados enquanto que a maioria optou pelos intermediários. Para o alemão da Toyota a aposta havia surtido efeito nas duas voltas anteriores, mas na última era possível ver que ele tentava como podia se equilibrar naqueles pneus. Quando passou pelo meu posto, Vettel e Hamilton tinham acabado de descer a curva do Lago, mas mesmo assim não levava fé que alcançassem Glock. O problema é que exatamente no Mergulho – que coisa, não? – era onde estava mais molhado e o Toyota não conseguiu tracionar o suficiente. Aquela quinta posição era suficiente para ele sagrar-se campeão mundial. É claro que assim que o locutor anunciou a manobra decisiva de Lewis, o autódromo passou da euforia incontrolável para um sonoro “AHHHH...”. Se em alguns setores as pessoas ficaram mudas, ao menos no local onde trabalhei com o Arnaldo e o Kaue – posto 11, na subida do Laranjinha – as que estavam na pequena arquibancada aplaudiram os dois personagens principais daquela decisão. Assim como nos outros anos, também fui para a beira da pista aplaudir aqueles caras, não somente os dois principais daquele final de semana, mas os outros que haviam feito um trabalho excepcional.

Como os demais, recolhemos o material e fomos para o depósito. Risos, indignação, tristeza... Tudo misturado no mesmo ambiente. É claro que a chance de um piloto daqui vencer um mundial justamente em Interlagos podia ter sido histórico, mas aquela decisão por si só foi magistral. Um título mudar de mãos num intervalo de 30 segundos foi algo extraordinário e que dificilmente acontecerá novamente. Com tudo resolvido por ali, fomos para os boxes. Fotos, autógrafos, uma breve conversa com ainda novato Sebastian Vettel que arriscou algumas palavras em português, fez ganhar crédito com o pessoal ao mostrar toda simpatia. Barrichello que vivia a sua possível aposentadoria na ocasião, também estava sorridente assim como o já aposentado David Coulthard. Até mesmo o Fernando Alonso estava alegre pela sua segunda posição naquele GP... de certo foram horas alegres naquele dia 2 de novembro de 2008 e mais tarde, quase que um ano depois tornar-se-iam ainda mais saudosos quando uma boa parte daqueles que haviam trabalhado naquele GP do Brasil  ficaram de fora da edição de 2009. Foi uma pena.

Mas ainda carrego aqueles dias, não somente aqueles, mas os de outros anos também, com todo carinho na mente. Não me importava se teria que acordar as três da madrugada para chegar as 4:30, ou até mesmo dormir na frente do autódromo – como aconteceu em 2003 – para não correr o risco de chegar atrasado, mas queria estar lá dentro. Tive essa oportunidade por seis anos seguidos e aprendi bastante com todos que trabalharam comigo naquelas edições. Foi divertido pra caramba.

E pra você que vai ao GP do Brasil pela primeira vez, não importa se seja para assistir ou trabalhar, mas que goste mesmo do automobilismo aproveite. A atmosfera daquele templo em dias de F1 é única. E apesar da categoria não ser mais aquela belezura de outrora, ainda dá para você sentir a essência do automobilismo nos trabalhos dos boxes, na pilotagem dos pilotos... Coisas que as câmeras não flagram.

Me diverti bastante, não somente no GP de 2008, mas nos outro cinco anteriores, e o que resta hoje são apenas as ótimas lembranças daqueles dias."

*Quero agradecer ao André Peragine, Edison Fernandes, Bruno Lima, Marcio Silveira, Cristiano Carreira, Rubem Ferresi Jr. e Alexandre Galvão por ter reservado uma pequena parte do seus respectivos tempos para relembrarem um pouco do que foi aquele GP do Brasil de 2008. Aqui fica o meu muito obrigado, camaradas! 


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

GP do Brasil 2008: Estávamos lá - Parte 1

Um pouco da turma de 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Arnaldo Florêncio, Roberto Chagas, Bruno Lima, Fábio Vieira, José Augusto Oliveira, Rubem Ferresi Jr., Rodrigo Fernandes, Marcelo Sanches e Paulo Abreu.
Agachados, da esquerda para a direita: Fabio Aguiar, Marco Camargo, Edison Fernandes, Felipe Antonio e Kaue Souza.
A foto é do Cristiano Carreira, que também fez parte da sinalização daquele GP do Brasil
O Grande Prêmio do Brasil de 2008 foi um daqueles momentos que ficará marcado para sempre no esporte a motor, como o dia em que o título de pilotos mudou de mãos em cerca de 30 segundos. Dois contendores que buscavam pela primeira vez o título mundial e cada um defendendo as suas trincheiras pelas duas equipes mais tradicionais - e rivais - da Fórmula-1: Lewis Hamilton e Felipe Massa foram protagonistas de uma mais belas temporadas da categoria e o GP final, no majestoso Interlagos, foi o palco para a decisão mais eletrizante da história.
No último dia 2 de novembro completou cinco anos daquela prova magistral e pedi para alguns dos meus camaradas de bandeiragem que estavam naqueles três dias em Interlagos, para contarem um pouco do que foi presenciar aquela corrida que tornou-se um dos clássicos do automobilismo mundial.
Os depoimentos estão divididos em duas partes.



André Peragine
"Aquela era a primeira corrida de Fórmula 1 em que eu trabalhava. E puxa, logo de cara uma decisão de título envolvendo Ferrari e McLaren! Pela diferença de pontos, poucos acreditavam que o Felipe Massa pudesse ser campeão, mesmo assim nós ferraristas estávamos torcendo por um milagre. A tensão começou antes da largada, quando começou a chover. E com poucas voltas, a chuva parou. O foco era no trabalho, e isso aumentava nossa apreensão. Lewis oscilava entre o quarto e o sétimo lugares, mas sabíamos que ele tinha carro para terminar entre os 5 primeiros, o que não nos animava muito. Até que a chuva veio novamente, e ele foi ultrapassado por Sebastian Vettel. Para aumentar a emoção, Timo Glock havia ficado na pista, e recebemos a informação de que Lewis era o sexto. Mas com o foco no trabalho, era impossível naquele momento liberar alguma emoção. E isso aconteceu logo após a bandeira quadriculada, quando começamos a comemorar o título. Naquele momento invadi a pista para agitar as bandeiras cumprimentando Felipe Massa e fiz sinal de positivo, ele levantou a viseira com os olhos marejados e sacudiu a cabeça em gesto negativo. Nesse momento, meu companheiro de posto me avisou que Hamilton havia passado Glock. Em uma mistura de emoções, comecei a chorar, liberando tudo o que havia ficado preso durante a corrida. Pode parecer algo bobo, mas são sensações que só quem ama o esporte a motor consegue entender." 

Edison Fernandes
"2008, Interlagos, GP Brasil de Formula 1, Posto 21, Final da volta de apresentação, começa a chover somente na pista, nas arquibancadas atrás do posto não chovia. O rádio estava com o Rubens e através dele veio a informação do adiamento da largada. Começava aí umas das provas que eu mais vibrei. Durante a corrida teve vários momentos de emoção, mas foi na ultima volta que chegou ao ponto máximo. Massa cruzou em primeiro, as almofadas usadas pela torcida nas arquibancadas eram arremessadas como se fossem confetes no carnaval, O Rubens não conseguia ouvir nada no rádio, ele me perguntava sobre a posição do Hamilton (Eu estava com um radio FM), eu também não conseguia ouvir. O Felipe e eu estávamos eufóricos, por que Massa era campeão.... Mas o Rubens começou a gritar... "não... não o Hamilton passou o Glock"... e vimos o campeonato fugir das mãos do Massa... tudo isso em questão de segundos...."

Bruno Lima
"GP do Brasil de 2008, realmente foi incrível eu estava trabalhando pela 1º vez na F-1 pela Speed-Fever, e fiquei na equipe do Resgate no famoso Muro do Berger ( inicio da reta oposta), lembro como se fosse hoje exatamente o que vivi naquele dia, tudo que fiz ... e é claro a corrida, naquele dia eu posso dizer que foi o mais emocionante na minha vida dentro do Autódromo de Interlagos e um dos mais marcantes da minha vida. Eu já havia assistido a F-1 nas arquibancadas Setor G, mas foi a primeira vez que fiz parte da equipe e estava do lado de dentro e uma das coisas de várias coisas que me emocionou aquele dia, foi inicio da corrida quando foi tocado o Hino Nacional. Você olha para todos os lados e vê aquela multidão em silêncio e logo em seguida cantando o hino e no final todos gritando...  esse momento realmente foi show! Lembro-me que o Massa na época tinha chance de ganhar o campeonato e estava disputando com o Hamilton, me lembro também que voltas antes da corrida chegar ao fim, fechou o tempo no autódromo e começou a chover e a galera nem tava se importando com a chuva e sim com a corrida que estava show, e me lembro que quando o Felipe passou na linha de chegada ele era campeão tanto que todos que estavam lá comemoraram, gritaram se emocionaram... maaaas, infelizmente, o Hamilton conseguiu fazer a ultrapassagem ( não lembro em cima de quem) e passou na linha de chegada na posição que ele precisava para ser campeão. Foi umas da últimas corridas que tive alguma emoção. Foi um dos últimos anos que você tinha vontade de acorda cedo ou ficar acordado na madrugada para assistir uma corrida..."

Marcio Silveira
"Foi histórico a minha segunda experiência de trabalhar na F1. Bom, tenho várias memórias pessoais, engraçadas, de amizade e companheirismo, mas dariam várias linhas. Revi as fotos daquele fim de semana e revivi toda aquela áurea, todo aquele ambiente diferente de tudo aquilo que presenciamos o ano inteiro. Estava num posto bem próximo da pista e me impressionava como os bólidos descendo a reta oposta, com a luz de chuva piscando. Mas a corrida foi fantástica. As arquibancadas estavam lotadas. A chuva que ia e voltada não desanimava ninguém. O Massa precisava vencer e torcer para que o Hamilton chegasse depois do quinto lugar. Eu estava convivendo com o barulho ensurdecedor dos carros a metros do posto e do MP3 no último volume para ouvir a narração da corrida. O brasileiro liderou toda a corrida, mas sempre com aquele gosto que “nada mais que a vitória” viria naquela tarde. No entanto, no fim da corrida, o Vettel passou o Hamilton na disputa pela quinta posição. Parecia mentira, mas o Massa poderia ser campeão!!!! Eu fui o único do posto a vibrar com a ultrapassagem do Vettel, tanto que na transmissão da TV aparece meu braço fora do posto vibrando na passagem do alemão. Os meus companheiros de posto não entenderam nada, mas não estava nem um pouco a fim de explicar. As voltas passavam e o fim da corrida brindaria um momento inesquecível. O Felipe Massa recebeu a bandeirada. O Hamilton em sexto. Era o título com vitória no Brasil!!! A Ferrari desceu o S do Senna e a arquibancada histérica, encobrindo o barulho dos carros , agora, em baixa rotação. Eu estava com o joelho operado, não podia pular o guard rail, mas meus companheiros de posto invadiram a pista, pularam e gritaram como se contagiassem com o rebuliço das arquibancadas. E o Massa era campeão quando passou no posto 1, no posto 2, 3, 4 e, quando se aproximava do posto que estava, veio pelo MP3 que o Timo Glock tinha perdido a posição na última curva e o inglês conseguiu o quinto lugar que precisava. Foi um gelo que me deixou anestesiado por alguns minutos. Depois de guardar o material disse “É por isso que gosto de corridas!!!!” enquanto o hino da Itália do pódio era acompanhado pelo meu parceiro de posto, ainda em êxtase pelo que tínhamos acabado de vivenciar. O gelo que senti antes de comemorar o título do Massa desabou em chuva enquanto descia a reta a pé, e descobri essa tão impressionante mesmo sem a torcida e sem os carros a toda."

Cristiano Carreira
"Lembro dos momentos eletrizantes daquela etapa como se fosse hoje. Estava no posto 1 e pouco se via da corrida, portanto a emoção era ouvir o que o Toninho dizia pelo rádio. Mas eu era um simples Blue Flag Marshall, portanto, nada de rádio. Só que era tanta bandeira azul no final da reta (inclusive para Barrichello e Button que ainda sofriam na fase pré-Brawn) que o responsável pelo posto me passou o rádio. Com isso, pude acompanhar um pouco da narração do terço final da corrida. Nas últimas voltas, Hamilton perdeu a posição para a Toro Rosso do Vettel e a vibração foi incrível no rádio e na arquibancada. Arquibancada essa que vibrava a cada volta percorrida pelo Felipe. Ouvi o entusiasmo com que o Toninho disse que naquelas posições (de HAM e MAS), o brasileiro seria campeão (para a minha tristeza que estava torcendo pela Mclaren). Quando Felipe cruzou a linha em 1º lugar, parecia que a torcida (e o rádio) entendeu que aquilo era um autorama onde, ao final do tempo, as posições e diferenças se mantinham. Vi chover almofadas da arquibancada localizada na entrada do S do Senna e ouvi palavras muito alegres no Rádio. Palavras e almofadas que duraram menos de um minuto. Já na volta da vitória, recebemos a comunicação do feito do Hamilton na junção (ou do 'não feito' do Glock), uma ultrapassagem que lhe dava o ponto necessário para o título, 500m adiante. Fiquei feliz pelo ocorrido, mas também impressionado como a torcida foi alterando seu comportamento conforme a notícia ia sendo passada de torcedor para torcedor. Hoje, 5 anos depois, vemos como aquele momento foi cruel para Massa, estava ali marcado o ponto alto de sua carreira. Também naquele instante, um jovem britânico finalmente garantia a entrada dele no hall dos campeões, feito esse que por muito pouco não veio merecidamente no ano de sua estréia."