No início das corridas de automóvel era normal estas serem organizadas em estradas. Paris-Rouen, Paris-Madrid (estas duas últimas sendo palco das corridas do Automóvel Clube da França em 1894 e 1903 respectivamente) e Targa Florio foram uma das provas que ajudaram a erguer o automobilismo de competição naquela época. Mas também eram perigosas ao extremo. Pessoas ladeando o traçado destes circuitos de estradas eram normais e o despiste de algum carro era um perigo constante, como ficou comprovado na trágica prova de 1903, a Paris-Madrid, organizada pelo ACF, onde ocorreram vários acidentes sendo que alguns, tomando como exemplo Marcel Renault, foram fatais.
A principal saída para isso era a construção de circuitos permanentes, já que após esses acontecimentos causaram uma repercussão negativa em vários países, inclusive na França. Em 1907, em Surrey, Inglaterra, surgia o primeiro circuito fechado do mundo: Brooklands.
Construído por H. F. Locke King, o circuito ficava na propriedade do mesmo que gastou em sua obra 150.000 libras.O asfalto de Brooklands foi feito todo em cimento com uma largura, aproximadamente, de 30 metros e de 4,5 km de extensão.
A sua inauguração aconteceu em 28 de junho de 1907 com a quebra do recorde mundial de distância em 24 horas, batido por Selwyn Edge pilotando um Napier. Ele fez 2,566 km numa média de 106,8km/h durante as 24 horas da prova. A sua primeira corrida, chamada de Memorial Marcel Renault, morto durante a prova Paris-Madrid de 1903, foi vencida por H.C. Tyron com um Napier. O prêmio que recebeu foi de 400 soberanos de ouro após ter completado as 4 voltas da corrida.
Para os Grandes Prêmios Brooklands nunca foi tão famoso. Sendo assim realizou apenas pequenas provas em sua maioria e algumas sendo desafio a dois, como o de 1925 que se realizou entre J. G. Parry Thomas pilotando um Thomas-Leyland de 7,3 litros vencendo um FIAT Mephestopholes de 21,7 litros (cujo piloto não foi divulgado) e provas menores como a Short Essex Easter Handicap, disputada em 11 de abril de 1920, que marcava a reabertura do circuito após o término da 1ª Guerra Mundial vencida por Malcolm Campbell, num Lorraine-Dietrich. Recordes de velocidade também foram estabelecidos por lá. Em 1914, L.G. Homestead alcançou a média de 210km/h.
Brooklands também foi cenário importante para a aviação britânica quando foi construído, no seu interior, um aeródromo em 1910.
Mesmo não sendo admirado pelas grandes corridas, coube ao famoso circuito realizar, à 7 de agosto de 1926, o primeiro Grande Prêmio da Grã-Bretanha que teve como vencedor Robert Senechel(FRA)/ Louis Wagner(FRA) pilotando um Delage, numa média de 115,29km/h após completar 110 voltas em 4 horas de prova. Em 7 de agosto 1927, exatamente um ano após a realização do primeiro GP inglês, Brooklands sediou pela segunda, e última vez, o Grande Prêmio da Grã-Bretanha vencido por Robert Benoist(FRA) num Delage com a média de 137,8km/h. Oito anos se passariam até ser realizado outro GP britânico, agora em Donington.
Um dos grandes insucessos de Brooklands junto ao público era a sua largura exagerada, que tinha cerca de 30 metros e isso fazia com que os carros parecessem lentos demais.
Brooklands teve um papel importante no desenvolvimento do automobilismo de fábrica da Grã-Bretanha sendo um ótimo circuito de testes, porém, para as corridas, acabou ficando para o segundo plano, sediando provas de porte menor.
Finalmente, em 3 de agosto de 1939, foi realizado a última corrida e logo em seguida foi adquirida pela Vickers, que construiu Spitfires para a 2ª Guerra Mundial e, como outros circuitos, serviu de base área durante a guerra.
Hoje o circuito é uma pálida lembrança de que um dia foi o alicerce para o esporte a motor da Inglaterra e seus arredores.
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