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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A rápida e intensa carreira de Guy Moll

No meio de tantos mestres que o mundo dos Grand Prix apresentou na década de 30, como Nuvolari, Varzi, Caracciola, Hans Stuck e tantos outros, Guy Moll se inseriu nesta turma de modo avassalador no início daqueles anos. Mas como a maioria dos pilotos que tem a coragem elevada ao extremo, durou pouco. Nascido em 28 de maio de 1910, Guilaum e Laurent Moll começou a sua carreira automobilística logo após terminar os estudos no seu país natal, a Argélia, em 1932 disputando algumas corridas a bordo de um Lorraine Dietrich. Marcel Lehoux, um dos melhores pilotos franceses daquele tempo, teve a oportunidade de ver uma das atuações de Moll ao volante deste Lorraine e lhe emprestou um Bugatti para que pudesse correr os GPs de Oran e Casablanca. Moll liderou ambas as provas, mas por problemas, teve que abandoná-las. Para Lehoux o desempenho do jovem argelino já havia sido suficiente, e decidira levá-lo para Europa ainda naquele ano para disputar o GP de Marselha. Moll, correndo ainda com o Bugatti, conseguiu a terceira posição perdendo apenas para Raymond Sommer e Nuvolari que terminaram em primeiro e segundo com suas Alfa-Romeo. 
O ano de 1933 começou bem para Moll que terminou em segundo no GP de Pau, ainda pilotando um Bugatti - já que o Alfa Romeo 8C2300 que encomendara não estava pronto -, logo atrás de seu mentor Marcel Lehoux num desempenho sensacional, já que as condições de pista estavam as piores possíveis por causa da neve que caía constantemente. E ele jamais havia pilotado em condições assim. Já com  o seu Alfa 8C2300 que foi adquirido com recursos próprios, substituindo o seu velho Bugatti, ele viria a conquistar outros quatro pódios: chegou em segundo no GP de Monza - novamente atrás de Lehoux - e foi terceiro nos GPs de Nice, Comminges e Marselha. Por muito pouco não venceu o GP de Marne realizado em Reims, mas teve que fazer uma rápida parada de box na volta 48 das 50 programadas caindo de primeiro para terceiro. Porém, problemas o fizeram estacionar o Alfa Romeo e que logo foi auxiliado com a chegada de um mecânico, mas isso lhe custaria a terceira posição com a desqualificação por ter recebido ajuda externa em seu retorno.  
 Moll com sua Alfa P3 modificada, especialmente para a corrida em Avus, 1934.
O duelo entre Varzi e Moll em Trípoli, 1934: o ponto alto daquela temporada.

O nível de desempenho apresentado no último ano por Guy Moll com uma obsoleta Alfa Monza, aguçou os sentidos de Enzo Ferrari que de imediato lhe ofereceu um contrato para correr com as Alfas de fábrica em 1934. A estréia de Moll deu-se em Mônaco, a 2 de abril, onde venceu após herdar uma vitória quase certa do seu companheiro de Alfa Louis Chiron, que acabara rodando na curva Lowes quando faltavam duas voltas para o fim. Passado um mês, Moll teve o seu primeiro confronto com Varzi na disputa do GP de Trípoli. Guy duelou por toda corrida com Achille que acabou por vencer, mas o piloto argelino viria a declarar que Varzi havia tentado tirá-lo para fora da pista em várias ocasiões. Este foi o início de uma rivalidade intensa com o famoso piloto italiano. Os dois voltaram a se confrontar na corrida de Avus. Neste evento, realizado em 27 de maio, marcou as estréias das novas Mercedes e Auto Unions. Apesar de terem tido um bom desempenho nos treinos, Alfred Neubauer preferiu não arriscar e retirou toda a equipe da Mercedes de cena temendo uma derrota. Assim, a Auto Union ficou sozinha para correr contra as Alfas. Enquanto que Varzi e Moll, mais uma vez, duelavam fortemente pela segunda posição, Hans Stuck estava absoluto na liderança até que a embreagem apresentou problemas e ele teve que abandonar. Caminho aberto para que Moll, após ter superado Achille, vencesse a sua segunda corrida naquele ano. Os dois viriam a travar novo duelo na disputa da Copa Cianno, disputada em Livorno. Guy Moll marcou a melhor volta e ficou em segundo, com vitória ficando para Varzi. Em parceria com Conde Felice Trossi, Moll terminou em terceiro no GP do ACF disputado em Montlhéry em 1º de julho. 
Na Copa Acerbo disputada em 15 de agosto, Moll estava num desempenho brilhante: já havia feito a melhor volta da corrida e agora estava na perseguição a Luigi Fagioli que liderava com uma Mercedes. Na 17ª volta, quando estava para dobrar a outra Mercedes pilotada por Ernst Henne, Moll perdeu o controle de sua Alfa P3 que caiu em uma vala indo bater em uma ponte. Ele ainda foi retirado com vida, mas veio a falecer horas depois. 
Apesar de ter tido uma carreira curta, os feitos de Moll, que falecera com apenas 24 anos, tinham sido notáveis e para Enzo Ferrari o piloto argelino viria a se tornar uma dos melhores em breve. Aqui um trecho do livro de Enzo Ferrari "Le Mie Gioie Terribili!" onde ele fala sobre o argelino: "Só para dizer quem ele era, quero dar conta desse fato que entre os tantos que vivi me impressionou fortemente. Na corrida de Montenero, Moll ultrapassou Varzi, mas estourou um pneu nas proximidades dos boxes. Varzi o ultrapassou, mas, após uma rápida troca de pneu, Moll estava na cola de Varzi em apenas uma volta e o pressionava ferozmente. Resolvi dar sinal para ele diminuir a velocidade (...) Então preparei o sinal, mas justamente no momento em que estava mostrando para ele, o carro dele começou a girar assustadoramente na última curva antes dos boxes. Moll mudou de marcha e chegou ao ponto de dirigir sinalizando para mim que havia entendido enquanto fazia piruetas desesperadas; finalmente ele colocou o carro de volta na posição certa e começou novamente a repetir com a mão que iria obedecer às ordens. Fiquei surpreso. Eu nunca tinha visto tal frieza, tal autodomínio, a ponto de dividir o raciocínio em dois, mesmo sob a pressão sobre-humana do perigo. Compreendi que, desde aquele momento, o perigo para ele teria consistido principalmente em classe inferior dos outros (...) E provavelmente foi assim. ". 
Fato interessante que acontecera muito tempo depois, já nos anos 70/80, é que o mesmo Enzo sempre dizia que Gilles Villeneuve era uma reencarnação do piloto argelino. Sendo assim, dá para ter uma idéia de como era o estilo de pilotagem de Guy Moll. 
 Os restos da Alfa P3 que Guy Moll utilizou na Copa Acerbo, onde veio a falecer

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