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segunda-feira, 16 de julho de 2012

O novato Ayrton Senna, por Brian Hart

Início de 1984, testes coletivos das equipes de Fórmula-1. O local? Jacarepaguá. Sim, o velho circuito carioca, que hoje se encontra em fase de demolição por conta das mentes brilhantes que regem a nossa política social e esportiva, teve dias de ouro. Era normal as equipes de F1 deslocarem-se da Europa fugindo do rigoroso inverno, para aproveitar o calor da cidade maravilhosa para por em testes os novos equipamentos que seriam usados no início de cada temporada. Foi algo muito normal na década de 80.
Voltando ao ano de 1984, Ayrton Senna era o mais novo piloto brasileiro a tentar a sorte na cruel arena que é a F1. Ele participou daqueles dias de testes em Jacarepaguá a serviço da equipe que estrearia dali alguns dias, naquele mesmo circuito: a Toleman. Brian Hart, preparador do Hart Turbo que equipava os carros do times inglês, escreveu um texto sobre as impressões que teve do jovem Senna após aqueles dias na pista carioca: “Até o momento, Senna tem sido muito bom e analítico, mas ainda lhe faltam experiência e resistência física. Na terça-feira, após algumas voltas de aquecimento, foi muito rápido já na quarta ou quinta volta.”
Brian havia tocado num ponto muito importante: a preparação física de Ayrton era precária e isso pôde ser comprovado na sua segunda prova o GP da África do Sul em Kyalami: “Em Kyalami, uma combinação de altitude e alta temperatura o deixaram completamente exausto. Tivemos de levá-lo para o centro médico depois da corrida. Subitamente, percebemos quão jovem e fisicamente fraco Senna era.” Depois deste “apagão” que ele teve em Kyalami, Ayrton procurou o preparador físico Nuno Cobra, que transformou o brasileiro em um atleta de alta performance.
Mas fora este problema, que seria resolvido no decorrer do ano, Hart sabia bem das potencialidades que Senna possuía e por isso ele defendia que o novo carro da Toleman teria que ser muito bom, caso a equipe quisesse contar com seus serviços durante aquele ano: “Senna é brilhante e, se quisermos mantê-lo, teremos de fazer o modelo 184 (novo carro da Toleman, que não estava pronto) melhor e mais potente. Quando começar a fase européia do campeonato, o talento de Ayrton será aparente e as demais equipes não encontrarão dificuldades para arrumar dinheiro e pagar a multa de quebra de contrato dele conosco.”
E Hart estava certo: Senna mostrou suas credenciais no chuvoso GP de Mônaco, ao terminar em segundo e foi ao pódio mais outras duas vezes em Brands Hatch e Estoril. Fechou em décimo com 13 pontos. Mas o brasileiro cumpriu o seu contrato com a Toleman (apesar de ter assinado com a Lotus por debaixo dos panos, o que causou um mal-estar na equipe de Alex Hawkdridge que o suspendeu do GP da Itália) e em 1985 seguiu seu caminho, indo correr pela Lotus.
Senna, à caminho dos primeiros pontos em Kyalami e de um apagão físico pós-prova


 Fonte: F1 Racing (Junho de 1999)

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