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terça-feira, 8 de abril de 2014

GP do Bahrein: Assim que tem que ser


(Foto: Getty Images)

A Mercedes deu uma lição nas outras equipes. Não apenas em relação ao seu desempenho, que foi nitidamente superior aos demais me fazendo lembrar dos tempos da Williams no distante biênio 1992/93, mas sim com relação a disputa direta e aberta entre Hamilton e Rosberg pela vitória em Sakhir.
A própria cúpula da Mercedes já havia acenado para esta possibilidade caso seus dois pilotos se encontrassem na pista numa luta direta, independentemente por qual fosse a posição em questão. E isso foi reforçado com as criticas feitas por Niki Lauda após o episódio da Williams para com os seus dois pilotos na Malásia. E o que vimos na pista barenita foi algo digno de automobilismo puro, com apenas os pilotos a cuidarem de seus equipamentos e se entregando numa luta direta pela posição de honra.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg se conhecem desde os tempos do kart, onde foram, inclusive, companheiros de equipe. Talvez seja a dupla que mais conhecem um ao outro, sabendo exatamente as qualidades e defeitos de cada um. Foi importante observar a maturidade de Lewis nesta disputa, principalmente em momentos em que os dois estiveram próximos de um acidente que poderia muito bem limar ambos da prova. Por outro lado, a vontade de Nico Rosberg em mostrar que é um piloto que não deve ser subestimado em nenhum momento e que está, sim, na batalha pelo título desta temporada.
O mais legal de tudo será observar o quanto que a Mercedes terá trabalho em segurar o ímpeto de seus dois jovens – e experientes – pilotos durante esta temporada, onde está florescendo a grande chance da equipe da estrela de três pontas retornar ao topo da categoria após 60 anos do seu triunfal retorno à F1 em 1954.

A corrida
(Foto: Reuters)

Descontando o fato de a Mercedes ter feito a sua corrida particular, deixando que Lewis e Rosberg resolvessem quem sairia vencedor, esta foi surpreendentemente positiva, principalmente por ser uma pista que normalmente não oferece grandes provas. E esta, de fato, foi a melhor da história deste GP do Bahrein que é disputado desde 2004.
A Williams esteve em boa performance nesta corrida, principalmente devido a ótima classificação de Bottas no sábado e a largada – no melhor estilo Gilles Villeneuve – de Felipe Massa, que saiu de sétimo para ganhar uma terceira posição no virar da segunda curva. Apesar da presença perigosa dos Force India de Hulkenberg e Perez, os Williams estiveram próximos de beliscarem um pódio com um dos seus pilotos. Uma pena que a entrada do Safety Car para a retirada dos destroços e do carro de Gutierrez, tenha quebrado a estratégia deles jogando-os para o meio do Top Ten. Mas foi legal ver, também, que após o episódio de Sepang a equipe não interferiu nos breves duelos que Massa e Bottas tiveram nessa corrida, deixando-os batalhar por conta própria. Num todo, foi bom ver a equipe do Tio Frank andando entre os primeiros após alguns anos.
A Force India com seus dois pilotos foram os grandes nomes do dia em Sakhir. Fizeram de gato e sapato a concorrência – em especial os Ferraris, passando os carros vermelhos do jeito que queriam – e conseguiram posicionar se posicionar em terceiro (Perez) e em quinto (Hulkenberg). Este último podia ter brigado fortemente pelo pódio, caso seu carro não tivesse perdido performance nas últimas voltas, possibilitando a ultrapassagem de Ricciardo.
A Red Bull sofreu problemas em retas, problema este que foi alertado por Vettel, mas o RB10 parece ter achado um pouco de downforce para melhor fazer as curvas, fato que tem sido – e será – o grande desafio do ano para os engenheiros. Caso acerte este problema nas retas, que talvez isto esteja ligado principalmente ao motor Renault, será um carro páreo para a Mercedes na parte européia. Sebastian mais uma vez sofreu com o ímpeto de Ricciardo, que peitou o tetra-campeão do mundo sem nenhuma cerimônia. O momento em que Vettel teve um pedido da equipe para que deixasse Daniel passá-lo, talvez tenha tirado algumas gargalhadas de Mark Webber, que agora concentra as suas forças para a disputa do Mundial de Endurance a serviço da Porsche.
A McLaren não fez nada de especial nesta prova, assim como havia sido em Sepang. Aquele brilharete, comandado por Magnussen em Melbourne, ficou pelo caminho e ao que parece a equipe de Ron Dennis terá que remar bastante para tentar algo mais nas corridas seguintes. Os seus dois carros não chegaram ao final da corrida.
A Ferrari teve um dia de cão em Sakhir: já fazia um bom tempo que não víamos os carros vermelhos levar tanta porrada dos adversários, como nesta corrida. Enquanto que Fernando Alonso levava ultrapassagem até da sombra das Force India, Kimi Raikkonen sofria pressões de Williams, Red Bull e em algum momento, teve que duelar com a... Lotus de Pastor Maldonado. Fernando teve alguns problemas relacionados à potência do seu carro já na classificação, e que voltou a se manifestar durante a corrida e isso também pode ter acontecido com Raikkonen. Os dois Ferraris tiveram uma exibição pífia em Sakhir e a cara de Luca De Montezemolo, ao ver seus dois carros serem ultrapassados facilmente, não foi das melhores. Não é a toa que talvez o pau de macarrão em Maranello comerá a solta por aqueles lados.
Além de ter sido uma corrida maravilhosa em termos de disputas, não posso deixar de destacar como foi bom ver as equipes deixarem seus pilotos disputarem as posições diretamente sem nenhuma interferência mais forte, que coibisse o tal ato. A única recomendação que pôde ser ouvida – e que o normal – é para que eles trouxessem os carros inteiros. Acho que os episódios passados serviram de lição para que estas equipes pensassem um pouco com relação a esta história de jogo de equipe. Não tenho nada contra a esta situação. Até acho que, se caso algum dos dois ainda tenha chances de conquistar um campeonato, ou até mesmo o da frente esteja numa condição bem abaixo do seu parceiro, acredito que isto deva ser feito, mas que seja conversado antes de cada corrida. Certamente, no caso de Lewis e Rosberg, ambos dêem ter conversado muito sobre a possibilidade de um duelo e o que se viu foi uma das melhores disputas pela liderança nos últimos tempos da categoria. Cabe a equipe apenas recomendar aos seus pilotos que cuidem dos carros, e o resto que eles resolvam na pista.
O que aconteceu na pista de Sakhir servirá de lição para o resto deste campeonato e para os outros que ainda virão pelo resto desta década. E quem ganhou com isso fomos nós, os fãs, e a própria F1.
O GP de número 900 não podia ter sido melhor. Apesar do circuito...  

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