(Foto: Fernando Lima) |
Para quem acompanhou a temporada de 2014 a “full time”, deve
ter percebido a velocidade a qual a Porsche imprimiu nos treinos livres e
classificatórios das oitos corridas disputadas. Em Interlagos, sem nenhuma
contestação, os dois 919 Hybrid estavam com um passo muito à frente de suas
rivais Audi e Toyota, e a pole era uma questão apenas em saber qual dos dois
carros que iriam celebrar a tal marca. Coube ao #20 de Mark Webber/ Brendon
Hartley/ Timo Benhard a honra de largar na pole, a primeira do trio neste ano e
ao seu lado aparecia o #14 que já havia marcado três poles neste ano, mostrando
bem o poderio da marca alemã. Na terceira posição, com uma boa dose de
surpresa, o Toyota #8 da dupla campeã mundial Sebastien Buemi/ Anthony Davidson.
Pode ser um pouco de desdém dizer que foi uma “surpresa” essa terceira
colocação no grid, mas a verdade é que os dois TS040 Hybrid sofreram um bocado
por não terem turbo e na altitude do circuito paulistano, o déficit de potência
foi de consideráveis 50cv. Pode não ser nada, mas para uma pista como a de
Interlagos que necessita de boa retomada de velocidade devido os aclives isso
fazia uma boa diferença. Porém os Audis, que haviam feito bons treinos,
principalmente na sexta-feira, não passaram de uma quarta e sexta colocações
sem ser uma grande ameaça aos tempos das Porsches e do Toyota.
A corrida acabou por ser um caso normal no endurance:
enquanto que o #20 disparava na frente, abrindo caminho como podia em meios aos
carros das classes PRO e AM – fazendo o trabalho de “coelho” –, o #8 da Toyota
travava um duelo espetacular contra o #14 da Porsche. Por várias vezes,
principalmente no final da reta dos boxes e descida do S do Senna, o Porsche
chegou a emparelhar, mas as suas chances eram rechaçadas de imediato pela
pilotagem agressiva e brilhante de Sebastien Buemi – o que mostra o quanto que
este TS040 Hybrid foi bem construído e desenvolvido, pois mesmo com uma
desvantagem de potência devido à altitude, o carros #8 foi competitivo o
bastante para dar combate aos dois Porsches e a condução de Buemi e Davidson
ontem, valoriza ainda mais a qualidade destes dois pilotos. E é bem provável
que, caso não houvesse o acidente no final da corrida, teríamos tido uma
disputa memorável naqueles vinte e cinco minutos restantes contra o Porsche #14
. Apesar do #20 ter perdido rendimento durante o certame, a briga continuou
polarizada entre o #14 e o #8 que revezavam no comando da corrida conforme iam
acontecendo as paradas de box e nestes pits é que a Audi conseguia alguns
brilharetes durante uma tarde pouco frutífera para a equipe das quatro argolas.
Apesar das chances remotas de conquistar o campeonato de marcas – que acabou
ficando naturalmente para a Toyota por causa da enorme vantagem – o carro #2
apresentou algum problema logo depois da largada, parando e voltando na entrada
da reta oposta o que acabou atrapalhando todo o andamento para eles. Para o
carro #1, que foi tripulado pelo trio Loic Duval/ Lucas Di Grassi/ Tom
Kristensen, o ritmo foi até satisfatório o que contribuiu para que eles
chegassem ao fim da corrida na terceira colocação. Infelizmente a última volta
de Tom Kristensen nas provas de Endurance foi ofuscada pelo tremendo acidente
entre o Porsche #20 de Mark Webber e o Ferrari 456 #90 da LMGTE-AM de Mateo
Cressoni. Apesar da grande pancada dos dois na curva do café, ambos foram
levados ao hospital por precaução e liberados nesta segunda.
A prova deste ano foi a melhor da três edições realizadas
até aqui. Também temos que dizer que o público desta corrida foi a melhor –
pelo menos foi a minha impressão, devido o tanto de pessoas na visitação.
Lembro que ano passado você tinha até mais liberdade para andar no pit lane,
mas neste era quase impossível se deslocar para conseguir ir de um box ao
outro. O pouco que pude ver as atrações para o público foram bem menores que a
do ano passado, voltando a um estágio parecido com o de 2012, ano da primeira
prova. Mas esse bom público foi positivo e mostra que as pessoas estão começando
a entender e pegar gosto pelas provas de endurance.
Infelizmente, ano que vem, não teremos a corrida devido as
mudanças na pista de Interlagos justamente neste momento que o público parece
ter se interessado pela categoria. Apesar da garantia de Emerson Fittipaldi de
que a prova abrirá a temporada de 2016, Gerard Neveau, CEO do FIA WEC, mostrou certa
preocupação com alguns aspectos em torno dos problemas extra pista, como a conexão
de internet, a falta de cabeamento das câmeras, o alagamento do centro de mídia
no início da semana e outros contratempos com relação a fornecedores que deixaram
de prestar serviços este ano por questões relacionadas a vencimentos ainda de
2013. Com as novas instalações que deverão estar concluídas até o segundo
semestre de 2015, espera-se que as coisas possam melhorar e uma reunião já está
agendada para o primeiro semestre do ano que vem para discutir o futuro da
corrida por aqui.
Para nós que tanto amamos esta categoria e que também tem
atraído a atenção de fãs de outras categorias, seria uma pena que perdêssemos essa
prova por aqui. Tivemos boas corridas até aqui e a deste ano foi de longe a
melhor. A nossa torcida é que tudo se resolva e que o Mundial de Endurance
volte em 2016 para cá ainda melhor do que está.
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