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domingo, 19 de junho de 2022

GP do Canadá - Sobre a vitória de Max Verstappen em Montreal

 Lá no canal do Volta Rápida falei um pouco sobre o GP do Canadá. Espero que gostem!



4 Horas de Santa Cruz do Sul - Frio, problemas e vitória do AJR #444

 

(Foto: Rodrigo Guimarães HD)

As etapas de Goiânia e Interlagos foram provas bem atribuladas, principalmente para aqueles que iam à frente: enquanto que os principais protótipos foram tendo seus percalços, o Ligier #17 e o Mercedes AMG GT3 #27 passaram para vencer as duas respectivas provas com autoridade. Mas era uma questão de tempo para que os reinantes AJR e até mesmo o rápido, mas ainda frágil, Sigma, estivessem com total chance de conquistar a terceira etapa. Por motivos que ainda são desconhecidos, a prova estava marcada para o veloz circuito de Cascavel e acabou sendo remarcada para a pista de Santa Cruz do Sul que é reconhecida como seletiva pelos pilotos, mas com um agravante a mais que é a abrasividade do asfalto. Sem sombra de dúvida, um desafio a mais para os pilotos e equipes. 

Mas as coisas começaram bem complicadas: se na quinta, durante os treinos extras, a pista estava seca, na sexta a chuva reinou por todo dia e isso acabou forçando o adiamento da qualificação para o sábado, horas antes da realização da corrida. Isso significava um trabalho a mais para todos, visto que ainda precisariam converter os carros da qualificação para a corrida. 

Essa qualificação custou uma baixa no grid e também para a equipe M3 Motorsport, que cuida atualmente dos dois Sigma #2 e #12: o Sigma #12 saiu para sua qualificação com Beto Ribeiro no comando e acabou batendo o protótipo. Segundo informações, ele teria quebrado os dois tornozelos e também no joelho esquerdo. Esta corrida acabaria por ser bem desastrosa para as equipes que possuem os protótipos Sigma: com o #12 fora, restou o #2 pilotado por Erik Mayrink/ Hugo Cibien que largaram na quinta posição e estavam em sexto quando os problemas no pneu traseiro esquerdo passou a atormentar a dupla, que viria a repetir mais à frente com outro furo do mesmo lado e este deixando o Sigma #2 por um bom tempo nos boxes para arrumar os problemas que foram além dos furos de pneus, como em barra estabilizadora e cabo de vela defeituosa. 

Outro Sigma, o da equipe MC Tubarão, batizado como Tubarão XI, estreou nova pintura nesta etapa - vermelho em alusão ao Tubarão I, primeiro da grande equipe em 1996 - e chegou fazer todas as atividades até a manhã de sábado, quando a equipe decidiu retirar o protótipo da prova por entender que o carro ainda não está no nível dos demais e precisar de mais desenvolvimento. Na qualificação o Tubarão XI foi conduzido por Arthur Leist - que dividiria o comando com Tiel Andrade - e sua volta foi de 1'23''2 e a pole, que foi feita pelo AJR #444, foi de 1'10''2. 


Muito frio e várias visitas do Safety Car

A largada para as 4 Horas de Santa Cruz do Sul

Apesar do sol e céu limpíssimo, o frio estava presente e isso foi um fator a ser considerado: se por um lado ajudava na conservação mecânica dos carros, piorava para que os pneus atingissem a temperatura ideal - apesar deste último não ter interferido no desempenho dos pneus, a pista abrasiva acabou causando alguns furos de pneus e curiosamente do lado esquerdo traseiro, onde o Sigma #12, MCR Grand-Am #18 e o Ligier #17 tiveram seus furos. 

O inicio da corrida foi de uma batalha bem interessante entre o AJR #444 (Vicente Orige/ Gustavo Kiryla) e o Ligier #17 (Guilherme Botura/ Gaetano Di Mauro) onde o carro francês, mesmo sem toda velocidade de reta do AJR #444, conseguia acompanhar o ritmo do protótipo nacional e isso durou por um bom tempo. As entradas do Safety Car, pelas mais diversas situações, deu ao outro AJR da equipe Motorcar - o #1 pilotado por Fernando Ohashi/ Marcelo Vianna/ Vitor Genz - a possibilidade de entrar nessa disputa pela primeira posição na geral. 

Com essa chegada do AJR #1, o Ligier #17 passou a ficar mais para a terceira posição e apenas acompanhar a disputa entre os dois carros da equipe Motorcar. Enquanto que os dois AJR disputavam a primeira posição, o Ligier teve um pneu furado e quando estava para entrar nos boxes teve um toque com o AJR #35 (Pedro Queirolo/ David Muffato) e bateu forte no muro da entrada do box. Foi uma pena para eles, já que os problemas com a caixa de direção do protótipo francês tinham os deixado de fora em Interlagos. 

Mesmo com o tráfego pesado, os dois AJR da Motorcar tiveram tempos na casa de 1'12 - para se ter uma idéia, a pole foi feita pela manhã na casa de 1'10 - e isso indicava que a disputa seria apenas entre eles. Mas no decorrer da prova o melhor andamento do AJR #444 garantiu a primeira colocação, enquanto que o AJR #1 teve que travar uma boa disputa com o AJR #35, que fez uma corrida de recuperação após largar dos boxes por conta de problemas de motor que atingiram a dupla Queirolo/ Muffato desde a quinta. Mais a frente o #35 assumiria a segunda posição, enquanto que o #444 passava para vencer a prova - nesta que foi a redenção da dupla Orige/ Kiryla que estavam com ritmo muito bom em Interlagos e liderando quando quebraram. No meio do caos que foi esta etapa de Santa Cruz do Sul, foi um desempenho brilhante e recompensador para eles.

Na P2 a vitória ficou para o MCR Grand-Am #18 de Fernando Poeta/ Claudio Ricci que chegaram enfrentar um furo no pneu, mas conseguindo trazer o carro para os boxes e sustentar a liderança. O MRX #73 da LT Team (Gustavo Ghizzo/ Leandro Totti/ Leonardo Yoshi) ficaram em segundo e a terceira posição, mesmo não tendo terminado a corrida por conta de uma quebra de eixo, ficou o Ferrari 458 #155 de Tom Filho/Ricardo Mendes. Na P2L a vitória foi do MRX #74 de Leonardo Yoshi/ Eduardo Souza/ Leandro Totti.   


Nos GTs

(Foto: Marcos Gomes/ Instagram)

Na classe dos GTs as disputas foram ferrenhas, mais uma vez. A batalha entre o Mercedes AMG GT3 #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes e o Mclaren 720S #16 de Marcelo Hahn/ Allan Khodair animaram a classe dos GT3, com estes ficando na disputa por quase toda corrida e até rolando um toque entre o #9 e o Mercedes #50 de Maurizio Billi/ Marco Billi/ Max Wilson, possibilitando uma bela ultrapassagem do Mclaren #16 - então pilotado por Khodair - sobre o Mercedes #9 que estava aos cuidados de Marcos Gomes. 

O Mclaren #16 - que teve um Drive & Through por fazer a parada de box abaixo dos 4 minutos obrigatórios - esteve muito bem nessa corrida e a chance de vitória era real até as voltas finais, quando um problema no amortecedor tirou deles essa oportunidade de ganhar na classe e deixou o caminho livre para a vitória de Negrão/ Gomes - ao menos terminaram em segundo, enquanto que o Porsche 911 RSR #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) ficaram em terceiro após travar uma disputa com o BMW M4 de Átila Abreu/ Leo Sanchez. 

O Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista teve problemas no radiador e inicialmente era fim de prova para eles quando a corrida faltava duas horas para o final, mas um tempo depois o Team RC conseguiu resolver o problema e devolveu a dupla para terminar na 24ª posição na geral e em 8º e último na GT3.   

Na classe GT4 a vitória ficou para o Mercedes #31 da Autlog de Leandro Ferrari/ Renan Guerra/ Marco Pisani, a segunda posição ficou para o Porsche 718 #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani e a terceira para o Mustang #22 de Cassio Homem de Mello/ André Moraes/ Gustavo Conde. A baixa nessa classe aconteceu durante a corrida ainda em sua primeira hora, quando o Porsche 718 #718 de Marcel Visconde/ Bruno Xavier/ Marçal Muller teve um enrosco com futuro vencedor da classe #31 e acabou batendo na barreira de pneus da última curva.

A corrida completa você pode conferir no canal oficial do Império Endurance Brasil no Youtube clicando aqui.

A próxima etapa será em 20 de agosto com a realização das 4 Horas de Velo Città.

domingo, 22 de maio de 2022

4 Horas de Interlagos: Os GTs sobrevivem e Bueno/ Baptista vencem

 

O Mercedes AMG GT3 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que repetiram a vitória de 2021, quando venceram as 4 Horas de Interlagos naquela ocasião
(Foto: Paulo Abreu/ Volta Rápida)


Essa segunda etapa do Império Endurance Brasil trazia uma alta expectativa por conta de tudo que tinha sido visto durante as 4 Horas de Goiânia, realizada no mês de abril. Naquele costumeiro calor goianense tivemos uma ótima prova, mas com os principais favoritos caindo aos poucos por conta da temperatura ou até mesmo por outros problemas que fossem ligados as adversidades atmosféricas. A inesperada vitória do Ligier pode ser creditada a isso, mas em Interlagos, para a disputa das 4 Horas, a situação poderia ser bem diferente e bem mais acirrada já que as temperaturas em São Paulo não eram das mais altas nos últimos dias e isso indicava que os AJR teriam um refresco para tentar beliscar a primeira vitória deles na temporada e claro, isso também trazia uma boa oportunidade para o Sigma - agora comandado pela equipe M3 Motorsport - continuar no páreo e espantar de vez o seu grande azar. Mas não foi bem assim. 

Não é de se duvidar que essa corrida estaria nas mãos de algum AJR ou do Sigma #12, principalmente pelas 53 primeiras voltas onde o AJR #444 de Vicente Orige/ Gustavo Kiryla e o Sigma #12 de Aldo Piedade/ José Ribeiro/ Erik Mayrink estavam num ritmo extramente forte e abrindo caminho em meio aos retardatários sem maiores dificuldades - isso ficou bem claro quando foram engolidos pelo pelotão após a saída do SC, originado pelo acidente entre o MRX #7 e o Mustang #22 na sexta volta, e depois se recuperando imediatamente para voltarem a ocupar as duas primeiras posições. 

Apesar de estarem em um outro nível frente aos rivais, o duelo entre estes dois protótipos acabou se desfazendo quando a roda traseira esquerda do Sigam #12 soltou-se em pleno Laranjinha e forçando o abandono do trio Piedade/ Ribeiro/ Mayrink, ressaltando mais um vez a falta de sorte de um protótipo que poderia ter vencido a primeira etapa do campeonato. Mas a vida do AJR #444 também não iria muito longe, abandonando na volta 53 após um problema de motor que havia iniciado algumas voltas antes. 

Isso indicaria que algum outro protótipo poderia vencer, mesmo não tendo o desempenho dos dois antigos lideres? Sim... E esta situação pareceu clarear para o Ginetta #20 da família Ebrahim, com Wagner conseguindo se manter na disputa por um bom tempo e lutando bravamente contra outros AJR como os de número #99 (Edson Coelho/ Leandro Romera/ Pietro Rimbano) e #28 (Gustavo Martins/ Robbi Perez/ Sarin Carlesso), conseguindo acompanhar o ritmo destes que são bem melhores. Mas foi uma pena que a partir do momento em que Fabio Ebrahim assumiu o turno, o Ginetta não teve o mesmo rendimento de antes e piorou com o passar das voltas vindo abandonar no final da corrida quando Pedro Ebrahim estava no comando e sem o uso da direção hidráulica, o que deixou o comando ainda mais dificil. Por outro lado, foi uma boa apresentação de um protótipo que tem sofrido bastante nos últimos anos e que vinha de um terceiro lugar na geral e P1 das 4 Horas de Goiânia. 

Estes dois AJR que lutavam com o Ginetta #20 pela liderança da prova, tiveram também seus desaires: o #28 ficou um tempo nos boxes e problemas com a bomba de reabastecimento atrasou bastante o seu andamento, tirando eles da disputa pela vitória; o #99 estava em boa forma, mas uma aposta arriscada, esperando um SC, os deixaram sem combustível quando estava prestes a abrir a última hora quando estava liderando com folga sobre o Mercedes AMG GT3 #27 de Cacá Bueno/ Ricardo.  Baptista. 

Outros AJR tiveram os mais diversos problemas e acabaram sucumbindo nessa etapa, completando um tremendo pesadelo para todos dessa classe - e temos que destacar que antes da corrida, precisamente na volta de aquecimento, o Ligier #117 de Gaetano Di Mauro/ Guilherme Botura batendo quando iniciava sua volta. Mesmo indo aos boxes, não conseguiu arrumar o estrago e também a caixa de direção que foi o motivo principal para que houvesse a batida. 

A grande novidade dessa prova, a estréia do #5 Tubarão XI, que foi feito em parceria com a Sigma, usou essa etapa de Interlagos para coletar dados e terminou na sétima posição na P1 e em 21º na geral. 


Os GT3 deram conta


O Porsche 911 RSR GT3 de Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde que travou grande batalha pela vitória nas 4 Horas de Interlagos
(Foto: Paulo Abreu/ Volta Rápida)

Por outro lado, enquanto os protótipos iam ficando pelo caminho, os GT3 tomaram conta das primeiras posições e com destaque para as batalhas que se deram nessa classe e que - claramente - se estendeu para a geral. 

Para destacar essa grande tarde dos carros europeus, a disputa acirrada foi o ponto alto com os Mercedes AMG GT3, o BMW M4 GT3, Mclaren 720S e o Porsche 911 RSR GT3 batalhando metro a metro pela vitória, especialmente quando o Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista teve que segurar a pressão exercida pelo outro Mercedes #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes - estes últimos tinham uma boa chance, mas foi desperdiçada quando ele enroscou com o Mclaren #16 de Marcelo Hahn/ Allan Khodair e tomou um Drive & Through e depois sofreu com problemas na bomba de combustível que os tiraram da disputa pela vitória. Nesta mesma toada, o toque que levou do Mercedes #9 acabou tirando o Mclaren #16 da briga pela vitória num momento em que tinham um bom ritmo. Mais uma tarde dificil para a equipe da Marcelo Hahn, que parecia ter deixado para trás os azares que tiveram o Goiânia. 

Um bom destaque foi o ritmo do #17 BMW M4 de Leo Sanchez/ Átila Abreu que chegou liderar a classe GT3 por algum tempo, mas é um carro que está evoluindo aos poucos e ainda não tem fôlego para desafiar os Mercedes e Porsche. Mas é um carro que estará no encalço de seus rivais em breve. 

O duelo que animou a última meia hora de prova ficou por conta da caçada do Porsche #55 de Ricardo Mauricio/ Marçal Mello/ Marcel Visconde ao Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista, conseguindo descontar, compassivamente, uma desvantagem de dez segundos que os separavam - Cacá Bueno precisou usar um ritmo mais lento para economizar combustível, que estava numa situação critica já e o risco de pane seca era eminente. Uma pena que quando a diferença entre eles estava na casa do meio segundo e faltando dois minutos para o final, o pneu traseiro direito do Porsche #55, com Ricardo Mauricio ao volante, acabou estourando e deixando o caminho aberto para o Mercedes #27 vencer quase que lentamente na última volta - ainda que pese o erro no final da corrida, onde a bandeira quadriculada foi dada 20 segundos antes de completar 4 Horas de prova, fazendo com que o Mercedes fizesse mais uma volta.


As demais classes

O MRX #34 de Mario Marcondes/ Ricardo Haag que venceram na P2 Light
(Foto: Paulo Abreu/ Volta Rápida)

Na GT4 vitória para o #718 Porsche 718 Cayman de Marcel Visconde/ Luiz Landi/ Bruno Xavier, seguidos pelo outro Porsche 718 Cayman #21 de Danilo Direani/ Jacques Quartiero  - se caso o Porsche #55 tivesse vencido na GT3 e geral, teria sido uma mega festa para a equipe Stuttgart - e em terceiro ficou o Mercedes GT4 #555 de Rick Bonadio/ Rodrigo Pacheco. 

Talvez um dos maiores rivais para os Porsche, o Mustang GT4 #22 da Autlog (Flavio Abrunhoza/ Gustavo Conde/ Cassio Homem de Mello/ André Moraes Júnior), acabou ficando e fora após bater com o MRX #7 ainda no ínicio da prova. 

Na P2 a vitória foi para o Lamborghini Gallardo #199 de Julio Martini/ Rodrigo Lemke, que foi o único a completar nessa classe, já que os outros tiveram problemas ou se acidentaram: Tuca Antoniazzi/ Matheus Iorio abandonaram na volta três com um protótipo baseado no antigo Stock Car; o ABS01 #25 de Ney Faustini/ Ney Faustini Jr apresentaram problemas antes da prova começar e quando iam sair para valer, acabaram batendo nos pneus da saída do box com a direção travada. Chegaram competir, mas abandonaram de vez na sexta volta; o MCR Gran-Am #18 era o grande favorito dessa classe com Fernando Poeta/ Claudio Ricci, mas problemas nos freios era algo a considerar e mais tarde saíram por conta de um acidente no Bico de Pato; o acidente mais forte ficou por conta do Ferrari 458 #155 de Tom Filho/ Ricardo Mendes quando bateu de frente no muro da reta oposta com Tom Filho ao volante. O piloto saiu bem. 

Na P2 Light a conquista ficou para o MRX #34 de Mario Marcondes/ Ricardo Haag, tendo a segunda posição para o MRX #74 de Eduardo de Souza/ Leandro Totti/ Luiz Oliveira ficou em segundo, com 12 voltas de desvantagem para o vencedor da classe, e em terceiro - mas fora dos 75% obrigatório para chegar aos pontos - ficou o outro MRX #73 da equipe do Leandro Totti com Gustavo Ghizzo/ Leo Yoshi/ José Vilela.

A próxima etapa será em Cascavel, no dia 18 de junho.   

domingo, 1 de maio de 2022

4 Horas de Goiânia: De primeira, deu Ligier

Uma grande estréia para o Ligier JS P320 em Goiânia
(Foto: Gaetano Di Mauro/ Instagram)

Foi um início promissor para um campeonato do qual esperamos muito. O Império Endurance Brasil teve um começo bem interessante no Autódromo Ayrton Senna, onde foi realizada a sua abertura com as 4 Horas de Goiânia. Apesar de imaginar uma batalha com uma vitória de um dos AJR ou até mesmo do Sigma G4, acabou que as coisas saíssem bem para um carro que até uma semana atrás não estava em terras brasileiras: O Ligier JS P320 Nissan acabou por vencer a primeira prova deste campeonato logo numa situação onde ninguém esperava tal resultado. Mas claro, não foi tão fácil.

É importante dizer que foi uma corrida que estava, inicialmente, nas mãos do Sigma #12 de Aldo Piedade/ Beto Ribeiro e de outros AJR de números #1 (Emilio Padron, Fernando Ohashi, Fernando Fortes e Henrique Assunção), #35 (Pedro Queirolo/ David Muffato) e #444 (Vicente Orige/ Gustavo Kyrila). Por outro lado, não podia ignorar o bom ritmo do Ligier #117 de Gaetano Di Mauro/ Guilherme Botura que não deixava os ponteiros se distanciarem. Era um bom início, diga-se, com estes cinco carros andando próximos desde a primeira hora. 

Conforme a corrida foi avançando, tráfego aparecendo e as paradas de box sendo feitas, este grupo automaticamente se dissolveu, mas por outro lado o forte calor começou a fazer suas vítimas. Foi o caso do AJR #35 de Queirolo/ Muffato que estavam em ótima disputa com o Sigma #12 quando o motor acabou pifando e deixando a dupla pelo caminho. Outros dois AJR que também tinham chances de vencer, tiveram seus problemas: o #1, que também estava em batalha contra o Sigma #12, apresentou problemas nos freios e ficou de fora; enquanto que o #444 precisou ficar nos boxes por algumas voltas por conta de vibrações, devido a um furo de pneu. 

Mas, e o Sigma? A máquina campeã das Mil Milhas Brasileiras deste ano estava em grande forma e com um ritmo para lá de satisfatório: fosse com Piedade, fosse com Ribeiro, o carro respondia da melhor forma possível e com boa velocidade a ponto de ter anotado a melhor volta da corrida (1'17"885). Apesar de estarem bem, houve sustos como o toque no BMW M4 GT3 #17 de Átila Abreu/ Leo Sanchez e mais adiante, um problema na suspensão traseira onde viram que um parafuso estava frouxo e não podia ser apertado. A Equipe FTR ainda levou outro Sigma com número #02 e que foi pilotado por Erik Mayrink / Hugo Cibien / Tiel Andrade/ Marcelo Vianna, mas estes tiveram um toque com um dos Mercedes da categoria GT4 e acabou danificando bastante a lateral esquerda da asa traseira e daí em diante os problemas se intensificaram até seu abandono. Tiel Andrade deve voltar na próxima etapa do campeonato que será realizado em Interlagos em maio, já com o novo Tubarão IX que é feito em parceria com a Sigma. 

Mas o Sigma #12, que estava até então intocável na liderança e parecia caminhar para uma vitória inédita na categoria, acabou apresentando problemas no cubo da roda dianteira esquerda que acabou se soltando quando faltava 50 minutos para o final. Para piorar, com a batida no asfalto após perder a roda, acabou danificando o radiador e automaticamente tirando-os a chance de vencer esta prova. Foi mais um azar para a equipe FTR, que teve boas chances em Interlagos e Curitiba em 2021 e acabou ficando pelo caminho. 

Dessa forma, a chance para o novo Ligier, que apresentou um ritmo muito bom e andando na mesma balada de protótipos mais rodados, apareceu e não foi desperdiçado por Di Mauro/ Botura que levaram essa primeira conquista para o protótipo francês logo na sua primeira aparição na competição. O AJR #444 de Orige/ Kyrila conseguiu recuperar-se a ponto de ficar em segundo, mas com duas voltas de atraso para o Ligier. Para o Ginetta G58, que tanto sofreu com problemas nos últimos anos, estes foi um inicio de temporada bem melhor ao se aproveitar dos problemas que iam à frente e conquistar um ótimo terceiro lugar com a família Ebrahim no comando (Wagner, Pedro, Fábio). 


Na GT3, vitória para Negrão e Gomes

(Foto: @alexandresnegrão/ Instagram)

Essa era outra classe que se desenhava bem interessante desde os treinos, com os carros andando por boa parte no mesmo segundo. E foi uma disputa bem interessante entre os Mercedes AMG GT3, com a conquista ficando para o Mercedes #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes após duelarem contra o Mercedes #63 de Sergio Ribas/ Guilherme Ribas - que lideram a prova e acabaram abandonando- e depois na parte final contra o Mercedes #50 de Maurizio Billi/ Marco Billi/ Max Wilson, que terminaram na segunda posição. A terceira posição ficou para o Porsche 911 GT3R #55 de Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller, que venceu a disputa contra o Mercedes #8 de Julio Campos/ Guilherme Figueroa - que apresentaram problemas. O Mercedes #3 de Guilherme Salas/ Alexandre Auler também tiveram boas chances de vitória ao lideraram parte da prova, mas acabaram perdendo tempo e ficando duas voltas atrás, fechando em quarto na classe.

Alguns dos favoritos acabaram sendo prejudicados por incidentes: O McLaren 720S GT3 de Allan Khodair/ Marcelo Hahn levaram um toque logo no inicio da prova e danificou o semi-eixo, fazendo com que fossem aos boxes e perdessem, ao todo, 20 voltas para o líder da classe GT3 e 30 para o líder da geral. Um final de semana bem complicado para eles que chegaram de última hora para essa prova e já enfrentaram problemas eletrônicos e de acerto desde os treinos. 

A segunda baixa ficou para os atuais campeões da classe GT3 Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que acabaram se enroscando com o AJR #80 de Rafael Suzuki / Alexandre Finardi / Márcio Mauro e abandonaram quando tinham 56 voltas completadas. 

Essa classe ainda viu a estréia do BMW M4 GT3 conduzido por Atila Abreu/ Leo Sanchez que, assim como o Ligier, chegou há poucos dias aqui no Brasil e foi direto para a prova de Goiânia. Mas problemas eletrônicos acabaram atrasando bastante o andamento. 


GT4 e as demais classes

(Foto: Império Endurance Brasil/ Instagram)


Na GT4 a vitória ficou para o Mustang GT4 #22 de Flávio Abrunhoza / Cássio Homem de Mello / André Moraes Jr/ Gustavo Conde que enfrentaram problemas no cabeçote e por muito pouco não voltaram para São Paulo, já que o conserto da peça era praticamente irreversível. A presença do patrocinador da equipe Liqui Molly acabou salvando o final de semana ao conseguir um produto que conseguisse vedar o local. Dessa forma o quarteto foi para a corrida e completou sem maiores
problemas, sendo recompensados com uma bela vitória. A segunda posição ficou para o Mercedes AMG GT4 #31 de Renan Guerra / Marco Pisani / Leandro Ferrari/ Vinicius Vale e a terceira posição para um dos novos Porsche 718 Cayman GT4 com Danilo Dirani / Jacques Quartiero conduzindo o #21. 


Na classe P2, que estava esvaziada nessa etapa, contou com apenas o Grand Am #18 de Fernando Poeta / Cláudio Ricci. Na também esvaziada P2 Light - que teve três competidores - a vitória ficou para o MRX #34 de Ricardo Haag / Mário Marcondes, seguido pelo outro MRX #7 de Aldoir Sette / Guga Ghizzo e em terceiro o Ferrari 458 GT3 #155 de Tom Filho / Ricardo Mendes - que acabaram sendo integrados a classe P2 Light, apesar de estarem na classe GT3 Light. 

A próxima etapa será as 4 Horas de Interlagos, no dia 21 de maio. 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

GP da Austrália: Sem chances para os demais

Mais uma conquista para Charles Leclerc
(Foto: Ferrari/ Twitter)

A exibição de Charles Leclerc em Melbourne pode ser classificada como de gala. Ok, não foi uma vitória tirada a fórceps, mas ele conseguiu maximizar totalmente o que ele tinha em mãos, mesmo temendo a presença da Red Bull com os dois carros que vinham logo a seguir.


A largada foi um passo importante para que ele domasse o ímpeto de Max Verstappen e começasse a se afastar. Aliando seu ritmo diabólico, mais os problemas de pneus que dificultavam a tentativa de Max em acompanhá-lo, Leclerc apenas administrou a vantagem mecânica que ele tinha. Talvez o único susto que tenha levado fica por conta da relargada após o abandono de Sebastian Vettel, onde Charles deu uma vacilada e permitiu a aproximação de Verstappen a ponto de ver a sua liderança ameaçada. Fora isso, foi um passeio que ficou ainda mais fácil depois do abandono de Max com problemas no sistema de combustível. 
Também havia uma tenacidade no jovem monegasco, que procurava a todo momento mostrar o quanto estava a vontade ao querer cravar a melhor volta em algumas situações, onde as coisas já estavam bem controladas - e conseguindo o seu objetivo nas voltas finais e, principalmente, na derradeira.

Uma conquista que mostra o quanto que Charles e a nova Ferrari F1-75 estão em ótima simbiose. Será uma festa tremenda em Ímola caso ele consiga chegar ao topo por lá também, já que é a próxima etapa.

A Red Bull até teria seus motivos para sair de Melbourne, pelo menos, com um sorriso amarelo. Seria difícil bater a Ferrari de Leclerc  por conta do alto desgaste de pneus, mas chance de terminar com os dois carros no pódio era bem real. Mas o problema - mais um - para Max Verstappen deitou por terra essa chance, trazendo mais um desaire para o atual campeão do mundo que agora soma, pelo menos, 36 pontos perdidos com os dois abandonos quando ocupava a segunda posição em Sakhir e agora em Melbourne. Sergio Perez salvou o dia ao herdar a segunda posição, mas estando com um atraso de quase vinte segundos para Charles, pouco poderia fazer, porém ele ainda deveria se preocupar com um batalhador George Russell que chegou ficar três segundos de atraso na terceira posição. Perez aumentou o ritmo e subiu a diferença sobre o jovem inglês.

(Foto: Mercedes AMG/ Twitter)
Falando em Russell, ele conseguiu um pódio que ele mesmo classificou como "sorte" especialmente
pelo abandono de Max. Mas também esteve no momento certo quando o SC foi acionado por conta do acidente de Vettel, ao parar nos boxes quando era quarto e voltar exatamente naquela posição. Ironicamente essa seria a posição natural de Lewis Hamilton que havia feito uma ótima largada ao pular de quinto para terceiro, mas depois sucumbindo aos ataques de Sergio Perez. A ida aos boxes antes do SC podia ter sido uma boa, mas acabou sendo um tremendo azar para o heptacampeão que precisou se contentar com a quarta colocação no final. Os temores de um final de semana desastroso como foi o de Jeddah dissipou com a boa classificação de ambos os pilotos e os carros da Mercedes apresentaram um bom ritmo após várias mudanças para procurar achar o melhor jeito de controlar o infame porpoising. E o ritmo deles na corrida foi bom, chegando em algumas situações ser igual aos da Red Bull. Não deixa de ser uma lufada de ar fresco para os octacampeões de construtores, que ainda procuram entender o humor variável de sua W13.


Desfrutando uma alegria


Foi um dia bacana para Williams e Alex Albon, que chegaram ao primeiro ponto 
nesta temporada após uma ousada estratégia. 
(Foto: Williams Racing/ Twitter)

Quem pode sorrir um pouco nessa etapa australiana foi a Mclaren, que desde os treinos apresentou um ritmo satisfatório a ponto de Lando Norris marcar o melhor tempo no terceiro treino livre e chegar a quarta posição no grid, enquanto que Daniel Ricciardo fez o sétimo tempo. Na corrida o ritmo não foi o suficiente para lutar contra as três melhores, mas ainda foi interessante e os dois pilotos ficaram entre os dez primeiros por toda a corrida. Mas desde Jeddah é que a Mclaren havia dado sinais de tentar achar o melhor ritmo.

Outro que teve seus motivos para abrir um sorriso, não apenas para ele, mas também para a equipe, foi Alexander Albon que chegou figurar na sétima posição nas voltas finais após uma aposta arriscada de fazer 57 voltas com pneus duros e trocá-los na abertura da derradeira volta, conseguindo beliscar o primeiro ponto dele e da Williams nessa temporada. Uma sacada e tanto que pode muito bem ser usada em outras etapas. Não fosse a obrigatoriedade em trocar pneus, as coisas podiam ter sido bem melhores...


Enquanto alguns sorriem, outros...

Enquanto que Leclerc brilhava, Carlos Sainz teve seu final de semana bem atribulado: por mais que os treinos livres tenham sido bons, a sua qualificação não foi das melhores e ele ficou apenas na nona posição. A sua corrida já começou complicada quando não teve melhor tração e despencou na tabela e, para piorar, acabou rodando e ficando preso na caixa de brita ainda na primeira volta o que o fez abandonar o GP. Carlos havia largado com pneus duros e olhando bem o que acontecera com alguns pilotos que por muito pouco não pegaram bons pontos, ele podia muito bem ter escalado o pelotão com uma boa estratégia e até mesmo terminado no pódio. 

(Foto: BWT Alpine/ Twitter)
Fernando Alonso podia muito bem ter sido o nome do final de semana: esteve bem nos treinos livres - chegando liderar o treino livre 3 por um bom tempo - e depois com boas hipóteses de marcar até mesmo
a pole, quando estava bem veloz no terceiro setor. Mas o
Alpine o deixou na mão com problemas elétricos e ele bateu, tendo que largar em décimo. E sua prova foi boa, mas não ter entrado para trocar os pneus duros na última entrada do SC, foi o fim da linha para que conseguisse bons pontos. Acabou trocando, mas fechou apenas em 17o.


Kevin Magnussen era outro que podia ter marcado bons pontos, mas a exemplo de Alonso, também ficou pelo caminho devido a estratégia da Haas e terminou em 14o. Caso tivesse chegado aos pontos, teria sido a terceira consecutiva.

Talvez o cenário mais crítico desta etapa de Melbourne tenha ficado por conta da Aston Martin: ainda procurando o ritmo de seu carro, as coisas não foram boas. Nem mesmo o retorno de Sebastian Vettel, que ficou de fora das duas primeiras etapas por causa da Covid, foi suficiente para ajudar a equipe a se achar.

(Foto: Aston Martin/ Twitter)
Vettel não teve o melhor dos retornos: teve um defeito no carro no primeiro treino livre - que lhe valeu uma multa de 5 mil dólares por ter voltado de scooter pela pista sem permissão -; teve uma batida no terceiro treino livre; e na corrida voltou a se acidentar.


Na mesma toada veio Lance Stroll, que bateu no terceiro treino livre; se enroscou com Nicolas Latifi na qualificação, o que lhe rendeu uma punição de três posições; e na prova teve até chances de pontos, mas o desempenho ainda ficou abaixo.


Para a prova de Ímola, abre uma grande curiosidade em torno da apaixonada torcida italiana que deve abarrotar o clássico circuito esperando por uma conquista da Scuderia, que não vem desde 2006, quando Michael Schumacher venceu após um grande duelo com Fernando Alonso.

Por outro lado, espera-se a reação da Red Bull e também dos resultados que as primeiras atualizações que Mercedes levará para lá.

Atrativos não vão faltar.

domingo, 27 de março de 2022

GP da Arábia Saudita - Tensões e um ótimo duelo

Max Verstappen venceu a primeira neste 2022
(Foto: Red Bull)

Com certeza existe uma alívio com o término deste GP da Arábia Saudita. O que foi sentido desde a sexta-feira após um míssil atingir as instalações da Aramco a cerca de 12km do circuito de Jeddah, abriu uma discussão antiguissima como a Fórmula-1 tem o poder de se meter em situações complicadas e, sem dúvida alguma, essa foi a mais critica que a categoria enfrentou em sua história. Das outras vezes apenas visitavam - e ainda visitam - locais onde a situação humanitária não é das mais confiáveis, mas sempre fizeram vistas grossas para isso. Dessa vez a categoria pôde sentir que o clima poderia sim atingi-los, já que um míssil que cai a 12km do local poderia muito bem ter um erro de cálculo e acertar algo perto do circuito... ou até no próprio circuito. 

Atitude dos pilotos em buscar um melhor entendimento sobre o que estava acontecendo e também em movimentar um possível boicote foi válido, mas acabou que as coisas ficaram onde estavam quando as autoridades locais garantiram aos dirigentes uma maior segurança para os próximos dias. Com o anúncio do grupo extremista Houthi em cessar os ataques pelos próximos três dias, ajudou bastante em manter o evento, mas há de convir que as discussões sobre os acontecimentos deste GP ainda vão ecoar por um bom tempo e que muitas coisas precisarão ser bem conversadas para que numa próxima visita da categoria a este local seja, pelo menos, decente. 

Sair fora desse GP saudita? É algo bem dificil, uma vez que o patrocinador master da categoria - Aramco - banca a brincadeira por lá. Então, teremos que engolir esse GP e outros problemas que venham ter em "nome do espetáculo". Infelizmente... 


Sustos




Não é novidade de como este circuito de Jeddah é veloz. Ano passado, na tensa batalha entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, isso ficou evidente quando os primeiro carros foram à pista para os treinos livres e com a proximidade natural dos muros de concreto é de se esperar que um acidente mais forte aconteça. 

A corrida do ano passado ficou livre disso, mas durante a qualificação foi Mick Schumacher quem escapou forte num dos S rápido e bateu forte a sua Haas e o carro indo parar do outro lado do circuito tamanha foi a pancada. Com a segurança dos carros atuais, Mick saiu apenas tonto e foi ao hospital e por precaução foi recomendado não participar deste GP. Sem dúvida alguma, em outros tempos, este acidente teria causado sérias lesões no jovem alemão - ele havia batido ano passado, mas sem ter sido com essa violência, já que acertou a barreira de pneus. 

O circuito de Jeddah tem um traçado desafiador, mas é claro que a proximidade dos muros aumentam a sensação de que a qualquer momento possa ter um acidente de grandes proporções e isso é uma grande verdade. Por outro lado, a prova de 2021 e deste 2022 não foi de todo mal: ofereceu boas disputas, inclusive na batalha pela vitória nas duas etapas. 

Talvez fosse um traçado para um autódromo, seria um dos melhores do mundo. 


No final, uma boa corrida

A largada do GP da Arábia Saudita

Sim, ainda havia uma clima tenso no ar. Talvez nem tanto pelos problemas externos, mas sim por conta do acidente de Mick Schumacher durante a qualificação. Mas, ainda bem, que não teve nada demais e a prova pôde transcorrer sem maiores sustos. 

A batalha entre Max e Charles foi mais uma vez o ponto alto e assim como fora em Sakhir, ambos trocavam de posições nos dois últimos pontos de DRS: se Verstappen passava por Leclerc no final da reta que antecede a dos boxes, o piloto da Ferrari descontava em seguida. Mas faltando em torno de cinco voltas para o final, o atual campeão do mundo não caiu mais na armadilha - ou segurou seu ímpeto - e tratou de passar Charles na reta dos boxes. Isso lhe dava uma boa vantagem, já que o seu carro era bem melhor de reta do que o Ferrari. Apesar de sua qualificação no Q3, onde os pneus não aqueceram de foma adequada, Max conseguiu uma importante vitória e saiu do incômodo zero que lhe acompanhava desde Sakhir. Porém, tanto ele, quanto a Red Bull, sabem bem do desafio que a Ferrari está trazendo a eles nesse inicio do mundial, especialmente com Charles Leclerc que foi mais uma vez inteligente ao domar o ímpeto de Max até onde pôde. As corridas tendem a ser ainda mais interessantes...

Carlos Sainz e Sergio Perez não tiveram uma boa tarde em Jeddah, apesar de o desempenho nos treinos tenham dado à eles uma pequena esperança: Carlos enfrentou problemas no carro antes da largada e na corrida, a exemplo de Sakhir, não conseguiu acompanhar o ritmo dos ponteiros logo após ter herdado a terceira posição de Perez, que o espremeu quando saía dos boxes. O mexicano teve seu momento de glória no sábado com a obtenção da sua primeira pole e na corrida tudo parecia bem até o acidente de Nicholas Latifi mudar os rumos do GP, com ele aparecendo em terceiro após as paradas de box e, como já dito, tendo que ceder a posição para Sainz pela infração. Foi um final bem frustrante. 

Outro ponto interessante foi a disputa dos pilotos da Alpine, com Fernando Alonso tendo que suar o macacão para passar um ousado Esteban Ocon que dificultou bastante a ultrapassagem. Alonso estava bem na prova até abandonar na volta 35 com problemas mecânicos. Ocon terminou em sexto, garantindo uns bons pontos para a equipe francesa. 

A Mercedes continua com a sua saga de tentar alcançar o forte pelotão formado por Ferrari e Red Bull. George Russell fez sua corrida de modo solitário, sem ter ninguém para incomodá-lo enquanto que Lewis Hamilton, após uma qualificação desastrosa, precisou escalar o pelotão com ultrapassagens e se beneficiando com as paradas daqueles que iam a sua frente até ficar em sexto, logo atrás de George. Mas o erro estratégico da Mercedes, ao chamá-lo para os boxes quando já havia passado pela entrada do pit, determinou o seu destino ao fechar a corrida em décimo. Talvez se tivesse parado no momento do Virtual Safety Car, quando os boxes estavam abertos - Magnussen, que estava logo atrás, fez a sua parada - poderia ter lutado por posições melhores ao final do GP. 

Apesar dos problemas que atrasaram bastante o desenrolar do seu final de semana, Kevin Magnussen esteve mais uma vez em grande forma ao largar em 10º e conseguir ficar entre os dez primeiros em todo certame e até mesmo duelando com Hamilton pela sexta posição. Ao mesmo passo de Kevin, temos Valtteri Bottas que esteve muito bem neste GP desde os treinos tanto que conseguiu uma ótima oitava posição no grid, mostrando mais vez que o Alfa Romeo é bem veloz nestas circunstâncias. Mas na corrida, apesar de ter ficado por bom tempo na casa dos pontos, o seu carro acabou apresentando problemas e ficando pelo caminho assim que parou nos boxes. 

Pierre Gasly e Lando Norris salvaram bons pontos neste GP, se recuperando do mal início que eles tiveram sem Sakhir. No entanto, seus companheiros não tiveram grande sorte: Yuki Tsunoda teve problemas no motor quando estava indo para a formação do grid e nem participou e Daniel Ricciardo teve problemas em seu Mclaren e ficou pelo caminho, em mais um final de semana dificil para o australiano. 

Com um GP tão atribulado como foi este em Jeddah, muita coisa ainda será discutida. Mas ao menos, perto de todos os temores que envolviam essa prova, foi um grande alívio quando tudo terminou.

domingo, 20 de março de 2022

GP do Bahrein - De volta ao jogo

Charles Leclerc vencendo em Sakhir: Ferrari voltando a vencer após dois anos e meio de jejum
(Foto: Ferrari)

Como eu havia escrito no texto passado, levar a sério os testes de pré temporada é sempre um risco muito grande. Nem sempre tudo que parece ser, acaba concretizando. Mas as coisas, pelo menos desta vez, pareceu bem mais reais: de fato a Ferrari tem carro bem competitivo e, talvez, dependendo de como for as próximas duas ou três corridas, podemos cravar que a equipe dos vermelhos tem o melhor carro do grid - mas ainda sim não podem se descuidar da Red Bull, que apesar do grande desaire que se abateu sobre eles nas voltas finais, mostraram um bom ritmo, ainda que pese estarem levemente atrás da equipe italiana. 

Desde a sexta-feira ficava claro que a batalha se daria entre essas duas equipes: a Ferrari não chegou marcar o melhor tempo em nenhuma das três sessões livres, mas estavam sempre com os dois carros entre os três primeiros colocados - e sempre com Charles Leclerc liderando Carlos Sainz - , enquanto que AlphaTauri - através de Pierre Gasly - e Red Bull - com Max Verstappen - faziam as melhores marcas nas práticas. A diferença entre Ferrari e Red Bull não chegava ser tão alta e isso só reforçava a impressão de uma batalha bem acirrada a partir da qualificação. 

A sessão que definiu o grid contou com as duas equipes ponteando as duas primeiras partes, com Leclerc liderando o Q1 e Max o Q2. Um duelo pela pole era certo, mas não podia descartar jamais a presença de Carlos Sainz, que também vinha fazendo um bom trabalho - e o espanhol chegou ter hipóteses de pelo menos beliscar a primeira fila, ficando seis milésimos de Verstappen e conquistando a terceira posição. Charles foi o homem da noite em Sakhir ao fazer 1'30''558 e levar a pole para casa, enquanto que Max chegava a 1'30''681: um diferença de 123 décimos que mostrou um certo equilíbrio. Tínhamos uma corrida para o domingo com alternativas? Bem provável...

A melhor largada de Charles Leclerc minou qualquer chance de Max tentar um ação nas curvas seguintes e o piloto da Ferrari conseguiu domar bem a diferença para o atual campeão do mundo. Mas aquela batalha que tanto era esperado se deu após a parada de box da Ferrari que foi um pouco mais lenta que a feita pela Red Bull em Max, e isso deu ao holandês a oportunidade de atacar Charles quando este acabara de sair dos boxes. O duelo entre eles se deu por três voltas e sempre com troco na curva 4: se Max conseguia uma bela ultrapassagem sobre Charles ao final da reta dos boxes, o monegasco conseguia recuperar três curvas depois e dando aos espectadores uma disputa bem interessante. Quando as Leclerc conseguiu ganhar alguma distância, as coisas voltaram ao normal e nem mesmo após sair do segundo pit-stop as coisas não foram tão ameaçadoras. A quebra de motor de Pierre Gasly, seguido por incêndio no AlphaTauri, obrigou a entrada do SC e este foi um momento tenso para a Ferrari, uma vez que Verstappen tinha acabado de fazer sua parada de box e anulava uma diferença confortável que Leclerc tinha naquele momento - faltando 13 voltas ele estava 27 segundos de avanço sobre Max, que agora tinha pneus macios novos. A parada foi feita e o monegasco conseguiu sustentar sua posição. Uma bela relargada, deixando Max para que Sainz atacasse encaminhou as coisas para Charles, mas o problema hidráulico no Red Bull de Verstappen agravou e ele teve que abandonar - Perez também abandonaria logo em seguida com motor travado quando era terceiro - e a festa da Ferrari, que não vencia desde o GP de Singapura 2019 - conquistada por Sebastian Vettel - acabou vindo com a dobradinha - que também não acontecia desde Singapura. Um inicio promissor para eles. 

Por outro lado, os problemas da Red Bull foram apenas um golpe de azar: estiveram com boas chances de tentar alcançar a Ferrari sempre com o seu valente Max Verstappen, mas sabiam que desafiar os vermelhos não seria nada fácil. O ritmo apresentado sempre por Max é encorajador e são eles que vão batalhar contra a Ferrari neste inicio de ano - mas terão de ficar de olho na durabilidade do motor Honda. A Mercedes, como era de se esperar, não teve fôlego suficiente para alcançar Ferrari e Red Bull - ainda que o ritmo inicial de Lewis Hamilton tenha dado um pequeno indício de que poderiam acompanhar de forma mais próxima, mas o ritmo despencou logo em seguida por conta dos pneus e depois, pelo resto da prova, se estabilizou com as trocas de pneus. Mas pelo que se desenhava desde a sexta, aparentava que teriam muito mais dificuldade e isso começou a esvair já na qualificação com Lewis conseguindo a quinta posição - o máximo que podia - enquanto que George Russel não acertou a sua volta, ficando apenas com a nona posição. A corrida em si, seus pilotos não tiveram grande ameaça e o pódio de Hamilton ficou creditado ao abandono dos dois Red Bull do que pela performance do carro - apesar de Lewis ter feito uma boa corrida dentro daquilo que o W13 lhe oferecia. Mas ainda é um caminho árduo para que os multicampeões voltem ao patamar de sempre. 

Destaques positivos ficam por conta do ótimo retorno de Kevin Magnussen, que qualificou o carro da Haas na sétima posição e ficou entre os dez primeiros por toda a prova e terminando num ótimo quinto lugar, em contraste de seu companheiro Mick Schumacher que não conseguiu avançar na classificação da prova. Valtteri Bottas foi outro que esteve muito bem com a sua Alfa Romeo, marcando a estréia dele na equipe, mas a péssima largada - após uma bela classificação ao ficar em sexto - dificultou bastante o seu andamento ao ter que escalar o pelotão para terminar em sexto. Na mesma esteira de Bottas, a estréia de Guanyu Zhou também foi promissora com uma tocada bem precisa e sem exageros para terminar em 10º e marcar seu primeiro ponto logo na primeira prova. 

Para os demais, apenas o sinal de alerta: os Alpines não impressionaram muito, apesar de terem ficado na zona dos pontos com Esteban Ocon em sétimo e Fernando Alonso em nono; Williams, exceto Alexander Albon, que fez uma boa reestréia, não foi nada demais; Aston Martin não contou com Sebastian Vettel que esteve com Covid e foi substituído por Nico Hulkenberg que conseguiu ficar a frente de Lance Stroll na qualificação, mas na corrida não teve grandes avanços e terminou em 17º, enquanto que Stroll ficou em 12º. A Mclaren que talvez tenha sido a grande decepção dessa abertura, ainda sofrendo com os problemas de freios que atrasaram um pouco o seus testes no Bahrein na semana anterior. Daniel Ricciardo terminou em 14º e Lando Norris em 15º.

O GP da Arábia Saudita, no veloz circuito de rua de Jeddah, é mais uma oportunidade de vermos se o capítulo escrito em Sakhir continuará ou se terá novas nuances para este campeonato que está iniciando. 

quinta-feira, 17 de março de 2022

73º Campeonato Mundial de Fórmula-1: Abrindo uma nova era

(Foto: The Race)

É dificil nos situarmos das coisas após dias de testes em Barcelona e Sakhir. As armadilhas causadas pelos testes sempre nos deixam numa expectativa altíssima de como serão as coisas quando as luzes vermelhas se apagarem. Para esta nova fase da Fórmula-1, com carros tão belos e complexos para que pilotos e equipes consigam achar o ponto certo, a imaginação de que tenhamos provas "caóticas", onde o status quo seja abalado ou até mesmo mudado, nos deixa num êxtase absurdo. E com o passar das horas, isso aumenta ainda mais e quando o primeiro carro romper o silêncio para o primeiro treino livre em Sakhir, talvez as unhas já tenham sido devoradas e nem sobre para a corrida de domingo. 

Mesmo sabendo dessas armadilhas, ainda tentamos adivinhar como serão as coisas: uma Red Bull e Ferrari fortes, demonstrando um bom ritmo e com os carros bem alinhados que podem dar a seus pilotos a chance de abrirem o mundial com reais chances de vitória; a Mercedes não pode ser descartada jamais, mesmo que ainda precise resolver os problemas com o já famoso porpoising, que tem afetado e muitos carros - mas com alguns já resolvendo quase que por inteiro, como é o caso de Red Bull e Ferrari -; a Mclaren que teve um bom início de testes, mas os problemas nos freios atrasaram um pouco o cronograma. 

O meio do pelotão, mais uma vez, promete ter grandes batalhas, mas desta vez, caso o gap seja diminuído para o pelotão dianteiro, as coisas tendem a ser interessantes: Aston Martin apresentou bom pace, dando uma pequena esperança de que os dias para Lance Stroll e Sebastian Vettel sejam bem melhores; ao mesmo nivel, a Alpha Tauri deve figurar por ali assim como tem sido nos últimos anos; e essas equipes podem ter muito tem a companhia da Haas que iniciou o ano da forma mais atribulada possível com a saída de Nikita Mazepin e, consequentemente, do patrocínio da Uralkali para chamar de volta o velho conhecido da casa Kevin Magnussen, que já estava se acertando nos EUA correndo na IMSA e que faria parte do programa Hypercar da Peugeot no WEC. Apesar dos problemas que tiveram nos testes, o carro se mostrou veloz, mas é claro que isso tem de ser visto durante as atividades oficiais. 

Para Alpine, Alfa Romeo e Williams, resta o sinal de alerta. Apesar de terem tido seus brilharecos em alguns dos seis dias de testes, os problemas também se fizeram presentes e isso atrapalhou bastante a evolução destes times. Talvez a Alfa Romeo é quem tenha um motivo para abrir um sorriso amarelo ao menos, já que, aparentemente, em voltas lançadas seu carro aparece ter bom rendimento. E isso para circuitos de ruas e autódromos travados, pode ser uma boa caso consiga largar em boas posições. 

De todo modo, são apenas devaneios causados por seis dias de testes onde as equipes tiveram tempo para testarem todos os componentes, estratégias, programas e outras situações. O real teste acontecerá nesta primeira etapa em Sakhir, onde teremos a ideia concreta das forças em cada "grupo" - mesmo que isso ainda possa ter suas mudanças pelas próximas etapas, uma vez que com carros totalmente novos as mudanças de forças pode acontecer de uma etapa para outra, ainda mais com carros que podem andar próximos um dos outros sem ter o grave problema da turbulência. 

Ao final das 57 voltas programadas para este GP do Bahrein, teremos uma parte de nossas dúvidas respondidas. Ou ainda mais embaralhadas... 

domingo, 14 de novembro de 2021

GP de São Paulo - It's a Kind of Magic

 

Lewis Hamilton festejando sua vitória em Interlagos com a bandeira do Brasil
(Foto: Mercedes AMG/ Twitter)

Já devo ter escrito em alguma oportunidade que Interlagos tem uma atmosfera única. É algo que chega beirar a magia quando uma corrida grande se avizinha. Ainda me lembro de quando pisei os pés no Autódromo José Carlos Pace pela primeira vez e por mais que tenha sido um evento pequeno, consegui assimilar bem o significado daquele complexo para o motorsport. E essa impressão foi confirmada no decorrer dos anos em que entrei para trabalhar como comissário de pista: seja uma corrida de regional, uma etapa de Campeonato Brasileiro, um Mundial de Endurance ou a gloriosa Fórmula-1, o nosso autódromo velho de guerra ganha uma forma única que desperta em todos uma sensação de fazermos, de fato, parte de todo espetáculo. E Lewis Hamilton contribuiu com doses cavalares para que mais esta história fosse impressionantemente especial. 

Se olharmos o desempenho de Hamilton desde a formação do grid para a Sprint Race, não era de duvidar que o inglês vencesse a pequena prova com os pés nas costas: sua volta havia sido quase meio segundo melhor que a de Max Verstappen e com a adição de que esta foi feita com os três setores roxos - isso sem contar com o amplo domínio nas três partes do treino. A festa que foi feita após a obtenção dessa primeira posição acabou sendo ofuscada com a irregularidade no DRS - que acabou sendo descoberta por acaso, uma vez que o foco era na flexibilidade da asa traseira, uma vez que Adrian Newey e outro representante da Red Bull levaram alguns papéis para os comissários técnicos indicando que a asa traseira de Lewis se curvaria quando o chegasse aos 260km/h. Mas a procura pela tal flexibilidade acabou abrindo caminho para acharem a irregularidade no DRS que abria além dos 85mm regulamentares. Isso poderia causar uma desqualificação de Hamilton, o que o jogaria para o fundo do grid da Sprint Race. Conclusão: após quase 24 horas, e com o adendo de Max Verstappen ter também ter sido chamado pelos comissários para se explicar por ter tocado na famigerada asa traseira do Mercedes de Lewis, o inglês foi punido e precisou largar em último. Algo que poderia ser bem catastrófico em outras situações, já que ele também iria perder cinco posições pela troca do motor a combustão. 

A tarde fria do sábado paulistano viu um Lewis Hamilton aproveitar-se integralmente de sua superioridade mecânica para escalar o pelotão de forma insana e brindar seus fãs com uma grande pilotagem: ele acabara de sair de 20º para 5º em 24 voltas para anular uma desvantagem que poderia colocá-lo numa situação um pouco mais dificil para o domingo. Como bem dito, ele perderia a cinco posições e agora saíria em 10º na corrida. Cinquenta por cento do caminho havia sido salvo. 

Com a prova tendo a sua largada duas horas e meia adiantada em relação ao que foi a Sprint Race, esta começou com sol e isso poderia indicar uma certa dificuldade, mas as coisas foram bem diferentes: mais uma vez Lewis resolveu seus problemas na largada e em poucas voltas já estava em terceiro para iniciar uma batalha contra as Red Bull. A sua disputa contra Sergio Perez, após duas intervenções de Safety Car e Virtual Safety Car por conta de detritos no S do Senna, foi animada: foram três lances, sendo que ele passou por Perez por fora no S do Senna e depois tomou o troco no final da reta oposta e da mesma forma. Oras, Sergio Perez seria páreo para Lewis e agora ajudaria seu colega Max Verstappen? A destreza de Hamilton foi brilhante e ele acabaria por passar Sergio poucas voltas depois com manobra idêntica no S do Senna, mas desta vez tracionando melhor e abrindo uma distância considerável para que o mexicano não tivesse chance de revidar na reta oposta. Mas buscar Max Verstappen, que já levava quatro segundos não seria tão fácil...

As paradas de box, onde os dois principais rivais pelo título colocaram pneus duros, deixou Hamilton mais próximo de Verstappen e essa caçada chegou ao seu primeiro ponto alto quando o heptacampeão tentou a ultrapassagem e foi rechaçado por Max, num movimento onde os dois saíram para área de escape da descida do lago - isso gerou algumas rusgas com entre a Mercedes e a direção de prova, mas nada foi tomado. Após a segunda parada de box, onde os dois colocaram novo jogo de pneus duros, Lewis voltou mais forte e após uma série de tentativas e ameaças, o inglês conseguiu assumir a liderança na reta oposta e partiu para construir uma confortável diferença de dez segundos sobre Verstappen para vencer uma corrida que parecia perdida após todos os imbróglios. 

A conquista de Hamilton hoje em Interlagos foi grande e isso foi ainda mais imponente - não apenas por tudo que aconteceu de sexta para sábado e pela sua enorme atuação na Sprint Race - por conta de disputas tão duras com Max Verstappen que vendeu caríssimo a primeira posição - e claro, tivemos Sergio Perez que também foi duro e leal no seu breve duelo com Lewis. Temos que destacar que Lewis e Max estão elevando um ao outro a patamares mais altos nessa eletrizante disputa. E hoje foi mais um capitulo disso, que agora reduz para 14 pontos. 

Mas não podia deixar de lado a imagem que levou uma galera a se emocionar imensamente quando Hamilton pegou a bandeira brasileira de um comissário no Bico de Pato e desfilou com ela até chegar aos boxes, arrancando lágrimas e trazendo lembranças de conquistas de seu ídolo maior Ayrton Senna - e nem mesmo a chamada por ter feito o restante da volta sem o cinto de segurança, que lhe rendeu multa de 5 mil Euros, ofuscou toda essa apoteótica conquista. 

E mais uma vez Interlagos entregando um final de semana mágico, seja como Grande Prêmio do Brasil, seja como Grande Prêmio de São Paulo. 

domingo, 7 de novembro de 2021

GP do México: Não contavam com a sua astúcia

 


As duas últimas corridas realizadas foram boas chances da Mercedes e Hamilton abrirem bons pontos para a Max Verstappen, porém algumas coisas fugiram de seus controles: primeiramente na Turquia onde a Mercedes venceu, mas com Valtteri Bottas, enquanto que Hamilton precisou pagar sua punição por trocar algumas peças do motor e sair apenas em 11º após ter feito a pole. Sua corrida foi ótima, mas não o suficiente para ganhar pontos importantes ao ficar apenas em quinto; no GP dos EUA, um território bem conhecido por ele e Mercedes, a chance de sair de lá com uma vitória era grande, mas esbarraram no eficiente jogo do duo Red Bull/ Max Verstappen que levaram uma vitória maiúscula. Ou seja: o momento que eles tinham até ali um conjunto que parecia melhor, não foi aproveitado de uma forma que lhes dessem todos os pontos possíveis para assumir a liderança do mundial de pilotos e ampliar nos construtores. Isso a face de mergulhar em duas pistas que são reconhecidamente locais onde a combinação Red Bull Honda é favorita disparada. 

É bem a verdade que todos sabiam disso, principalmente a Mercedes, mas a qualificação foi uma mega surpresa até mesmo para eles quando Bottas encaixou uma tremenda volta e fez a pole com Lewis Hamilton logo em seguida. Isso daria um ânimo a mais para eles, já que até a Red Bull parecia ter sentido a pancada uma vez que a primeira fila parecia ser favas contadas. Mas a largada assombrosa de Max Verstappen - assim como a sua relargada - resolveu os problemas e talvez, mesmo que tivesse ficado encaixotado atrás do duo da Mercedes, seria bem dificil pará-lo hoje no Hermanos Rodriguez. Foi uma corrida a parte o que Max fizera, ao colocar um ritmo diabólico e abrir dez segundos de diferença quando a primeira parada de box foi feita e depois apenas aumentar no decorrer da prova para um vitória que começa a dar contornos a uma possivel conquista. 

Sem muito o que fazer, a corrida de Lewis Hamilton foi mais para diminuir os danos do que para tentar a vitória. Sabiam bem de como seria o desafio na Cidade do México e saíram bem a medida do possível. Sem Bottas por perto - que levara um toque de Daniel Ricciardo e caíra para o fundo do pelotão, inclusive ficando boa parte batalhando contra o mesmo Ricciardo -, o inglês precisou se virar como podia para tentar deixar um empolgado Sergio Perez o mais longe possivel antes e depois da parada de box. O blefe da Mercedes em parar Hamilton um pouco antes do combinado via rádio, ajudou a mantê-lo na segunda posição mesmo com Perez bem mais veloz com o mesmo composto (duro). 

Para Sergio Perez foi um final de semana dos sonhos, mesmo que ainda tivesse uma pequena esperança de vitória - e que dependeria bastante do que Verstappen entregasse. As suas hipóteses de chegar ao menos em segundo, esbarraram na boa performance de Lewis e também na estratégia da Mercedes para defender a posição de seu piloto. Mas de toda forma, Perez conseguiu a sua melhor posição de chegada num GP do México, assim como de um piloto mexicano nesta prova. 

O GP do México não foi das melhores e talvez o único momento onde teve alguma ação real, foi o confronto entre Lewis e Sergio. Mas este GP serviu para que Max ampliasse a sua diferença para 19 pontos sobre Lewis (312.5 x 293.5) e a Red Bull encostando na Mercedes na tabela dos construtores por 1 ponto (478.5 x 477.5).  

O GP de São Paulo pode ser um palco interessante para pavimentar ainda mais a futura conquista de Max Verstappen, mas ao mesmo tempo, por ser um local onde o tempo varia bastante, pode trazer algumas surpresas. 

domingo, 26 de setembro de 2021

GP da Rússia: Decisões

 

Lando Norris esteve em grande forma neste GP da Rússia

Entendo perfeitamente Lando Norris. Quem nunca do alto de sua juventude desrespeitou uma ordem - ou pedido - por achar que estava certo? Porém existe uma via de duas mãos: você pode se dar muito bem e gabar-se por uma vida que aquele passo foi o certeiro e certamente colherá os louros da vitória. Mas... e quando as coisas saem errado? Esse é o grande problema... Dependendo de qual for a situação, você carregará um enorme fardo por não ter ouvido com mais atenção o pedido, conselho, e apenas ter se mantido fiel a sua idéia. 

O que aconteceu com Lando Norris neste GP da Rússia foi apenas um cenário onde a gana de vencer pode ter tirado do jovem inglês a oportunidade de vencer o seu primeiro GP, logo em seguida de seu companheiro Daniel Ricciardo ter vencido um magnifico GP da Itália. Mas Lando teve apenas um grande erro neste final de semana que parecia ser apenas dele no modorrento circuito de Sochi. 

A sua pole de sábado foi apenas uma amostra que o inglês pode fazer com pista molhada, algo que tinhamos visto em Spa-Francorchamps semanas atrás onde a pole position já deveria ter sido dele. Mas o acidente no complexo Eau Rouge/ Raidillion tirou dele essa oportunidade. Em Monza ele foi muito bem, mas esbarrou num inspiradíssimo Daniel Ricciardo que ressurgiu das cinzas para repor a Mclaren ao círculo dos vencedores quase nove anos depois. 

A hora de Lando parecia ter chegado em Sochi ao cravar a primeira pole na carreira numa pista úmida que fez até mesmo um dos mestres em pista molhada - Lewis Hamilton - errar duas vezes. E nem mesmo uma largada melhor de seu amigo Carlos Sainz parecia ter tirado dele a concentração em buscar o seu objetivo, ao superar seu antigo colega de Mclaren treze voltas depois e se mandar na liderança da corrida. Apenas algo muito sério é que poderia tirar de Norris esta conquista... 

O melhor ritmo de Lewis Hamilton após trocar dos médios para os duros, não pareceu abalar o ritmo de Lando que ainda continua a ter uma distância precisa contra o heptacampeão. Mas com a chuva se iniciando de modo fraco e em alguns pontos do circuito, trouxe uma variável dramática que aumentou conforme a prova ia entrando na sua reta final. 

É claro que houve muita gente pensando mais de duas vezes se valia ou não a pena trocar para os intermediários e com Norris e Hamilton não foi diferente, tanto que Lewis pensou em ficar na pista e depois acabou recuando quando viu a situação do asfalto piorar e foi para colocar os intermediários. Lando comprou a briga - de forma ríspida, diga-se - e manteve-se na sua idéia de que dava para aguentar com os médios numa pista que já parecia um sabão em quase todo traçado. Infelizmente a sua decisão não foi das mais corretas e sua autoconfiança acabou naufragando a sua possível primeira vitória. 

É claro que estando de fora as coisas são mais fáceis de se analisar, mas ao mesmo tempo, o nervosismo em tentar buscar a primeira vitória - a primeira real chance de conquistar a vitória que ele teve na Fórmula-1 - mais a dose cavalar de autoconfiança juvenil, atrapalhou bastante na hora de raciocinar. Faltou a experiência de entrar numa breve conversa com o engenheiro e procurar o melhor momento para trocar ou não os pneus. Hamilton teve a mesma dúvida, mas acabou aceitando a idéia de fazer a parada quando viu que, realmente, as condições do asfalto não eram as melhores. Para Lando faltou apenas ouvir mais e procurar saber como seriam as próximas voltas - apesar de que no momento que Lewis foi para a mudança de pneus a pista já estava numa condição não tão confortável assim. 

Mas sabemos que se caso ele tivesse conquistado a vitória, certamente estaríamos exaltando as qualidades de um futuro campeão do mundo, como muitos apontam. porém, sabemos que situações como a de hoje em Sochi ajudará - e muito - a moldar um futuro Lando Norris que talvez ouça mais e possa discutir com a equipe o que será melhor para o momento. 

Muito erros ainda podem aparecer, mas talvez este vá doer por muito tempo para o sempre sorridente Lando Norris. 

sábado, 25 de setembro de 2021

Vídeo: Os comentários sobre a qualificação para o GP da Rússia



Hoje foi um daqueles dias históricos para a Fórmula-1: além da inédita pole de Lando Norris - recuperando algo que poderia ter sido dele em Spa-Francorchamps - a categoria voltou a ter a formação das três primeiras posições do grid com suas três clássicas equipes: a Mclaren voltando a largar da posição de honra com Lando, coisa que não acontecia desde o GP do Brasil de 2012 quando Lewis Hamilton fez a pole; Carlos Sainz conseguiu a sua melhor posição de largada até aqui ao ficar com a segunda colocação e a terceira para o George Russel, que cada vez mais demonstra o talento que lhe é reservado. 

Dessa forma Mclaren, Ferrari e Williams voltam a formar a trinca num grid de largada desde o GP do Brasil de 2004 - e com esta formação, desde o GP da Europa de 2003. 

No vídeo, as minhas impressões sobre a qualificação em Sochi.


segunda-feira, 13 de setembro de 2021

GP da Itália: Ninguém tira o pé

 

Lewis e Max em Monza: rivalidade extrema 


Lewis Hamilton e Max Verstappen possuem a mesma gana por vitória. Isso é inegável. São dois pilotos que foram preparados para usufruírem o máximo de seus talentos com equipamentos que eram, no mínimo, bons para conseguirem chegar ao seus objetivos. 

Lewis chegou a Fórmula-1 cedo, mas com uma grande esperança depositada sobre seus ombros após uma conquista magistral na finada GP2 de 2006. Neste ponto, o inglês não decepcionou: chegou, peitou Fernando Alonso - o então bicampeão - e esteve as portas de vencer o campeonato caso não cometesse erros nas duas provas finais - China e Brasil - que abriram a chance de Kimi Raikkonen vencer o mundial de 2007. Apesar de tudo, sua pilotagem agressiva e dura na disputa com os rivais trouxe um elemento a mais para o campeonato. Apesar dos erros que ainda apareceram em 2008, o inglês estava pronto para erguer o seu primeiro mundial de pilotos.

Max Verstappen é da mesma casta: foi incentivado - mesmo que de formas duras por parte do pai - a extrair o máximo dos carros e também do seu talento impressionante, tornando-o um dos grandes fenômenos do esporte a motor da última década marcando uma entrada extremamente jovem na Fórmula-1, mas dando conta do recado de forma imediata - como ficou bem claro na sua estreia pela Red Bull no GP da Espanha de 2016 que ele acabaria por vencer. Assim como Lewis, suas disputas duras com adversários e com uma pilotagem absurdamente hipnotizante, chamou atenção para o novo astro que estava despontando.

Passados estes anos, estamos em 2021 numa disputa ferrenha entre estas duas personagens: um Lewis reinante desde 2014 (com uma pequena intromissão de Nico Rosberg em 2016) e Max Verstappen já com uns bons anos de experiência e sedento para destronar o inglês de seu pedestal. E claro, apesar da aparência mistosa entre ambos nos últimos anos, as coisas mudaram de figura para esta temporada até aqui eletrizante. Tanto um quanto o outro teve que exigir o máximo de seus equipamentos e também de seus talentos para sobrepor o outro. Neste momento o campeonato pende à favor de Max, mas Lewis está a espreita.

A disputa dura entre eles tem sido o grande ponto de discussão nesta temporada, onde nenhum tem aliviado para o outro nos duelos diretos: se Max tem impetuosidade de ignorar a presença do heptacampeão nos espaços, Lewis não tem feito diferente. E isso não tem nada de errado. O duelo tão esperado e aclamado tem acontecido quase que incessantemente e dado a todos uma impressão de que em todas as corridas os esbarrões podem acontecer. As trocas de farpas via imprensa, como dois pugilistas, tem fervilhado a cabeça de fãs e imprensa, num tempero bem forte que a categoria não via há anos. Lewis e Max são duas criaturas criadas e treinadas para triturarem seus adversários e por serem tão parecidos, as coisas tendem a sair do controle.

Na história da Fórmula-1 a disputas quase que foram feitas por pilotos com estilos opostos: se Alberto Ascari tinha a velocidade pura, Juan Manuel Fangio tinha a cautela a seu favor; Jim Clark era a velocidade pura, enquanto que Graham Hill ia para uma pilotagem mais cadenciada; Niki Lauda era impressionantemente veloz e Emerson Fittipaldi olhava mais para a regularidade; algo parecido como aconteceria mais tarde entre Nigel Mansell/ Nelson Piquet e Ayrton Senna/ Alain Prost. Estes exemplos deram liga - mesmo que às vezes chegassem a ser destrutivas, como Senna/ Prost - mas agora a disputa é entre dois caras extremamente velozes e duros nas disputas. E o resultado disso vimos nas últimas corridas.

Apesar de uma melhor consciência de Hamilton em algumas situações, é claro que nem sempre vão aliviar um para o outro. O incidente em Silverstone foi a prova de como não terá camaradagem entre eles quando estiverem no tudo ou nada e o acidente em Monza só ratifica isso. Independentemente se tenham ou não deixado espaço, a verdade é que não esperem tapetes vermelhos em todas as disputas - ainda mais para um campeonato que está caminhando para a sua reta final. Se Hamilton estava tranquilo em seu reino e Max apareceu para lhe tirar o sono, ele acabou despertando o velho Lewis de outrora. E isso foi a grande sacada para este mundial. Por outro lado, a grande sorte destes dois é não ter a presença de um terceiro piloto que poderia muito bem "roubar" a taça no melhor estilo Alain Prost 1986 e Kimi Raikkonen 2007...

O culpado de ontem? Nenhum deles, claro. Afinal de contas, Lewis defendeu o seu lado e Max, que também não é de levar desaforo para casa, não tirou o pé e ambos acabaram encavalados - a função do Halo, que ainda acho ter uma pequena na parte superior, onde alguns pilotos (Charles Leclerc, por exemplo) ter uma parte do capacete exposta, cumpriu a sua função e protegeu Hamilton do pior - numa das cenas que contam bem o que tem sido o campeonato até aqui.

Lewis também tem jogado com a agressividade de Max. Já que o holandês não tira o pé nas disputas, o heptacampeão passou a entrar nos duelos de forma mais dura. Uma forma de intimidar o garoto rubro-taurino, assim como o mesmo sempre fez com os demais. A diferença é que Vertappen não baixou a cabeça e aceitou o desafio vindo do inglês e disputas assim tendem a terminar como os casos de Silverstone e o de Monza. 


Não esperem que Hamilton e Verstappen tirem o pé nas próximas batalhas. Pode haver algum hasteamento de bandeira branca para algum dos lados, mas isso não acontecerá sempre. A disputa tem sido visceral até aqui e é isso que tem prendido atenção de todos para este campeonato. Os fãs terão muito o que discutir e se estapearem pelas redes sociais. Para os que não tomam partido de nenhum dos lados, a disputa é um manjar dos Deuses.

domingo, 5 de setembro de 2021

GP da Holanda - Super Max

 

(Foto: Red Bull Honda/ Twitter)

O retorno da Fórmula-1 à Zandvoort após 36 anos foi primoroso: uma torcida loucamente apaixonada e navegando pelo sucesso contagiante que tem sido esta temporada de Max Verstappen até aqui, onde o piloto holandês confirma a cada etapa a sua fase impressionante e que está pronto para chegar ao seu primeiro título mundial e escrever seu nome ao lado de lendas do motorsport local, como Arie Luyendyk (duplo vencedor da Indy 500 de 1990 e 1997) e Gijs Van Lennep (duplo vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1971 e 1976).

A certeza é que após este retorno triunfal do circuito, que tem a sua tradição na Fórmula-1, pode significar uma pavimentação para a renovação do automobilismo holandês aproveitando-se bem do impressionante Max Verstappen e - porque não dizer - de Rinus Veekay na Indycar. 

Afinal de contas, inspirações para os mais novos não faltará.


O Super Max

As expectativas para este GP holandês girava em torno de uma situação que poderia ser repleta de nuances causadas pela possível entrada do Safety Car em alguma ou algumas oportunidades. Mas as coisas foram bem diferentes e este retorno de Zandvoort ao calendário da Fórmula-1 foi pautada pela estratégia, onde os dois melhores pilotos do grid puderam se digladiar mesmo que não fosse no mano a mano como todos gostariam. 

A disputa pela pole entre Verstappen e Hamilton tinha dado o tom, com o piloto da casa conseguindo uma volta brilhante sem o uso do DRS - que falhou - e por muito pouco não deixou de bandeja para Lewis a condição de largar da pole. Isso já trazia uma expectativa de como os dois se comportariam na lendária curva Tarzan, que dá aos pilotos uma boa possibilidade de fazer seu próprio traçado e tentar uma manobra para superar o rival.

Mas aquela dose exagerada de expectativa foi pelo ralo com a boa largada de Max e com Hamilton segurando a segunda posição. Daí em diante as coisas viraram uma briga de gato e rato, com o inglês da Mercedes tentando se aproximar de Max e este respondendo de imediato. Os momentos de maior proximidade entre eles era por conta do tráfego, que é muito mais intenso que em Hungaroring e que se aproxima - e muito - do que é em Mônaco, mas Verstappen tinha uma melhor gestão em negociar os retardatários e livrava-se deles com certa rapidez enquanto que Lewis tinha dificuldades com isso. Ou seja: a chance de Verstappen perder este GP viria apenas em situações de quebra e/ ou erro (dele ou do box) e isso em momento algum aconteceu. E nem com Hamilton - ao que pese a primeira parada dele que teve uma pequena demora no encaixe do pneu dianteiro direito que lhe custou alguns décimos. 

As respostas da Red Bull em sempre marcar a Mercedes quando esta chamava Hamilton para as trocas de pneus valeu e muito. Principalmente na última, onde a equipe germânica esperava que a Red Bull usasse um jogo de pneus macios e contra-atacou ao usar em Max os pneus duros. Um golpe dura na Mercedes que não tinha as melhores informações sobre o composto e isso os deixou de mãos atadas, uma vez que eles colocaram pneus médios em Hamilton quando faltavam um pouco mais de 40 voltas. O que restou para a Mercedes, ao ver que não teria como se aproximar, foi proteger a melhor volta - apesar de um pequena tensão onde Bottas fez a volta mais rápida faltando três para o final e depois Hamilton respondeu para garantir o ponto, quando os dois tiveram pneus macios nas derradeiras voltas. 

Essa corrida foi uma atuação brilhante de Max Verstappen, talvez comparado a sua conquista em Paul Ricard neste ano. 


Os outros destaques...

Apesar do GP não ter agradado para quem esperava um duelo visceral e/ou as nuances de uma esperada entrada do Safety Car - que não concretizou - o meio do pelotão garantiu o entretenimento de certa forma.

Já que a sua classificação não foi das melhores, Sergio Perez foi o piloto do dia pela eleição ao recuperar-se muito bem e chegar em oitavo - ainda que no inicio da corrida tenha destruído o pneu dianteiro direito numa tremenda freada no final reta quando estava usando um jogo de pneus duros. A sua disputa contra Lando Norris, com os dois chegando a se tocar durante o contorno da Tarzan o que poderia muito bem ter dado uma movimentada na corrida. 

Fernando Alonso foi outro que brilhou em Zandvoort e a sua corrida poderia muito bem ter sido complicada caso a Alpine tivesse acatado o pedido de Esteban Ocon para que pudesse passá-lo, já que o jovem francês dizia estar mais veloz que o veterano espanhol. Porém, a lentidão inicial de Alonso foi por conta de uma preservação dos pneus- algo que ele comentou até - e que ele chegou fazer uso dessa tática nos tempos de Ferrari. A sua largada foi bem intensa - e tensa - chegando a botar um pneu na terra enquanto disputava ferrenhamente contra Ocon e Giovinazzi e ultrapassando os dois por fora no decorrer das curvas. Alonso ainda conquistaria a sexta posição de Carlos Sainz na abertura da última volta. 

Pierre Gasly pode não ter tido grandes duelos - para não dizer que passou em branco, fez uma bela ultrapassagem sobre Alonso na Tarzan - mas esteve extremamente constante desde os treinos e a sua qualificação foi primorosa ao se colocar em quarto. E na corrida ficou por isso mesmo: sem ter ritmo suficiente para acompanhar as Mercedes e Max Verstappen, Gasly manteve-se firme na quarta colocação e não teve com quem se incomodar. 

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...