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domingo, 21 de abril de 2019

Foto 754: GP de Portugal, 1985







A segunda etapa do mundial de 1985 foi disputada em Estoril, no segundo GP de Portugal disputado em exatos seis  meses, onde o tempo fora bem diferente daquele ensolarado GP português que decidiu o mundial de 1984 à favor de Niki Lauda.
Num aguaceiro digno da versão biblica, Ayrton Senna chegou a sua primeira vitória na categoria após ter feito a pole pole position e com direito a fazer a melhor volta e liderar todas as voltas, isso sem contar na enorme vantagem que chegou para Michele Alboreto (Ferrari) com mais de um minuto de vantagem e para os demais com mais uma volta de vantagem. Foi de arrancar elogios e comparações com Jim Clark. Stefan Bellof foi outro que mais uma vez mostrou – ou confirmou apenas – a suas qualidades em pista molhada ao levar a Tyrrell Cosworth ao sexto lugar ao fazer praticamente toda corrida sem as asas dianteiras, que foram arrancadas num enrosco com Manfred Winkelhock na quinta volta. Eddie Cheever (Alfa Romeo), foi outro que teve uma grande apresentação em Estoril ao largar dos boxes e chegar ao oitavo lugar após nove voltas. Acabou abandonando na volta 36 (motor) quando estava em oitavo depois que fizera outra corrida de recupeção, já que teve de trocar uma vela.
Essa vitória de Senna representou a primeira de um Lotus projetado por Gerard Ducarouge, uma vez que o projetista francês assumira a prancheta da equipe inglesa em 1983; esse GP marcou a estréia de Stefan Johansson na Ferrari em substituição a René Arnoux, que foi despedido no intervalo do GP do Brasil e de Portugal.
Hoje completa 34 anos.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sábado, 12 de outubro de 2013

Le génie Nelson Piquet - Parte 1



(Foto: autosauer.blogspot.com)

Após uma temporada conturbada como foi a de 1982, onde o noticiário mais corrente era sobre a batalha da FISA contra a FOCA pelo comando da categoria e também pelos dois acidentes fatais que aconteceram naquele ano – Gilles Villeneuve e Ricardo Paletti -, a Fórmula-1 dava início ao seu 34ª Campeonato Mundial de Pilotos em 1983.
Mas apesar de ter sido traumático devido a todos estes acontecimentos, o ano de 1982 não foi de todo mal: dentro da pista, onde era o que importava, a competição esteve em seu mais alto nível com 11 pilotos dividindo as vitórias nos 16 GPs disputados daquele ano, sete pilotos marcando poles e 10 conquistando melhores voltas nas corridas. O resultado final foi uma disputa acirrada entre Keke Rosberg, Didier Pironi, John Watson e Alain Prost pelo título, mas apenas Pironi, que até a altura do GP da Suíça ainda ostentava a liderança do campeonato, é que não podia fazer mais nada para defender a sua colocação já que estava de fora do campeonato desde o seu acidente que quase lhe custou as pernas em Hockenheim. Coube a Keke Rosberg a conquista do campeonato com cinco pontos de vantagem sobre Didier e Watson que fecharam na segunda posição empatados com 39 pontos. Um prêmio e tanto para Keke, que até um ano antes mal conseguia colocar o carro da Fittipaldi nos grids de largada em 1981 e que agora desfrutava de um inédito título mundial para o automobilismo finlandês.
Do lado técnico a FISA continuava a sua cruzada contra o efeito-solo – que foi o estopim da batalha contra a FOCA. Um ano antes, em 1981, ela já havia limitado o uso deste artifício quando proibiu o uso das mini-saias móveis. Isso levou as equipes em 1982 a usarem a mini-saias fixas com uma altura de seis centímetros com relação ao asfalto, mas para obter um melhor uso do efeito-solo as equipes endureceram as suspensões para conseguir máximo de pressão do carro-asa. De certa forma o resultado era dos melhores com os carros a continuarem “pregados” no asfalto mesmo quando estavam curvando, mas o efeito colateral desse atalho criado pelos teams era que qualquer saliência no piso resultaria em possíveis decolagens. A morte de Villeneuve em Zolder foi a gota d’água que a FISA precisava para que o dispositivo fosse proibido de vez.
Apesar do eterno “disse que disse” sobre a proibição do efeito-solo, nada foi dito e as equipes trabalharam normalmente em seus carros desenvolvendo essa tecnologia quando a FISA soltou o comunicado proibindo o uso desta para a temporada de 1983. Isso não apenas pegou todas as equipes de calça na mão, como também foi um balde de água gelada nas costas dos times que usavam motores Ford Cosworth. O efeito-solo foi um grande aliado para essas equipes que dispunham dos Cosworth no duelo direto contra o crescente desempenho dos Turbos que aos poucos iam conquistando o seu espaço. Apenas em circuitos onde a altitude era bem maior – caso de Interlagos e Osterreichring- é que os motores aspirados não tinham grande chance contra os Turbos, mas nos outros o desempenho se equiparava. Sem efeito-solo os carros de motores aspirados teriam uma perda considerável de performance e os motores Turbos eram caros à beça. Ou seja: o jeito era se virar como podia em 1983 com os Cosworth e já começar a tecer contatos com as grandes fabricantes que possuíam os Turbos – como foi o caso da McLaren com a Porsche – em parceria com a TAG (Téchniques d’Avant-Garde); a Lotus com Renault e a Williams com a Honda.
Quinze equipes deram início ao campeonato e todas com novidades: a Williams manteve o campeão reinante Keke Rosberg e trouxe um velho conhecido para fazer dupla com o finlandês: Jacques Laffite retornava a equipe que lhe deu a chance de estrear na F1 nove anos antes no GP da Áustria de 1974. A equipe ainda contava com a evolução do FW08C que ainda utilizaria por boa parte do mundial os motores Cosworth até que estreasse o novo FW09 com o Honda Turbo; a Brabham confiou a Gordon Murray a construção do BT52 que foi feito em apenas três meses. Um esforço hercúleo comparado apenas ao da Mercedes nos anos 30 quando esta fez o lendário W165 para competir em Trípoli, uma vez que carros mais potentes tinham sido proibidos para aquela prova. Voltando para a Brabham, Bernie Ecclestone, que era avesso aos motores turbo, acabou tendo que render-se a nova tecnologia e acabou por designar a Hans Joachim Stuck o desenvolvimento do motor BMW Turbo durante 1982. Esta usina, segundo fontes da época, chegava a debitar mais 1.400cv de potência em sua versão de classificação. Uma jóia que se fundiu a obra prima de Gordon Murray e tornou-se uma das máquinas mais impressionantes da sua época. Nelson Piquet - sedento por retomar o seu título mundial - e Ricardo Patrese, ficaram a cargo de levar o BT52 às vitórias. Na Tyrrell o 011 teve a sua versão B com os motores Cosworth, mas Ken Tyrrell manteve Michelle Alboreto na equipe e Danny Sullivan – estreando na F1 - passou a ser o seu companheiro.
A exemplo da Williams, a McLaren continuaria com os Cosworth até certa parte do mundial para depois partir para os TAG Porsche que chegariam na metade da temporada. A genialidade de John Barnard foi buscar na aeronáutica espacial a tecnologia da fibra de carbono e construiu o monocoque com este material. O MP4-1 causou certo espanto quando foi apresentado, mas o seu conceito de construção acabaria por ser copiado por todos. Niki Lauda e John Watson continuavam na equipe. Seguindo a mesma linha de Williams e McLaren, a Lotus – agora órfã de seu criador Colin Chapman, que morrera (?) no final de 1982 devido uma ataque cardíaco – continuaria com a Cosworth até certa altura e depois seguiria com os Renaults. Comandados por Peter Warr, Nigel Mansell e Elio De Angelis seriam os responsáveis pelos resultados do (já) problemático 93T. Para a Ferrari, atual campeã de construtores, o trabalho foi feito numa evolução do 126C (126C2B) e que mais tarde seria substituída pelo 126C3 projetado por Harvey Posthlewaite. René Arnoux se juntou a Patrick Tambay para formar a dupla da “Rossa” naquele ano.
A ATS designou a Gustav Brunner a construção do seu carro – o D06 com motor BMW Turbo -, mas a falta de dinheiro acabou deixando a equipe sem um desenvolvimento decente e Manfred Winkelhock não pode fazer muito com aquele carro que muitos julgavam ser um bom projeto; a Ligier, que esteve muito bem cotada nas temporadas anteriores, não dava sinais de grande desempenho em 1983. Ainda com o uso dos Cosworth, o JS21 foi entregue a Raul Boesel e ao veterano de guerra Jean Pierre-Jarier. Na Alfa Romeo, que iniciava a sua empreitada na era dos motores Turbo, a construção do 183T ficou a cargo de Gérard Ducarouge e a pilotagem com os italianos Mauro Baldi e do destruidor Andrea De Cesaris. A Renault via nesta mudança de regulamento a grande chance de conquistar o título mundial e por mais que iniciassem o mundial com um repaginado RE30 (RE30C), era no RE40 que todas as fichas estavam depositadas. Alain Prost já havia mostrado os seus dotes nas temporadas anteriores e já se mostrava preparado para conduzir a equipe ao seu primeiro título mundial – e dele também, naturalmente – e como parceiro do francês, a equipe trouxe Eddie Cheever – uma manobra que gerou boatos de que isso era apenas uma forma da marca conquistar mais espaço no território norte americano.
A March fundiu-se com que sobrara da RAM e não aspirava grandes possibilidades naquela temporada. Apenas um carro foi alinhado pelo time e que foi entregue a Elizeo Salazar – mais tarde este carro seria conduzido por Jacques Villeneuve Snr. e Kenny Acheson. Na Arrows as coisas também não iam muito bem: apenas com Marc Surer confirmado, a equipe trabalhou com Chico Serra, o ex-campeão Alan Jones e por último com Thierry Boutsen, com quem o time chefiado por Jackie Oliver continuou até o fim da temporada. A Osella continuaria o seu calvário na F1 com o F1AD que foi entregue aos italianos Corrado Fabi e Piercarlo Ghinzani. Seguindo a mesma idéia da March, a Theodore se uniu a Ensign e deu a dupla sul-americana Roberto Guerrero e Johnny Cecotto – ex-campeão mundial de motociclismo que estreava na F1 – a chance de pilotar o N183 com motor Cosworth. Na Toleman - única equipe pequena a ter um motor Turbo - vinha com um bom projeto de Rory Byrne, o TG183B com radiador dianteiro, e o motor Hart prometia ser uma das boas surpresas do ano e para isso confiou o carro a uma dupla muito boa, formada por Derek Warwick e Bruno Giacomelli.
No meio da temporada a equipe Spirit, oriunda da Fórmula 3, chegou à F1 com o apoio da Honda que voltava à categoria após quinze anos, mas agora como fornecedora de motor. Inicialmente a equipe fez o seu debut na Corrida dos Campeões realizada em Brands Hatch no mês de abril, mas correu oficialmente um GP em Silverstone.
Com relação ao calendário, este havia 15 corridas programadas e uma extra-oficial (a Corrida dos Campeões, realizada em Brands Hatch). Inicialmente falava-se muito de uma corrida em Nova Iorque, mas esta possibilidade foi desfeita a dez semanas de sua realização após uma série de problemas. Com isso, o GP da Europa, realizado em Brands Hatch, apareceu como uma salvação para que o mundial daquele não ficasse “apenas” com catorze GPs. As principais mudanças no calendário era a transferência do GP sul-africano do início para o fim do campeonato; Jacarepaguá abriria o mundial e as saídas do GP da Suíça (Dijon-Prenois) e do horrendo circuito de Caesar’s Palace, que não deixou nenhuma saudade. De se festejar o retorno do remodelado Spa-Francorchamps ao calendário como a casa do GP belga, após 13 anos de ausência. 


O início promissor dos Turbos e os últimos suspiros dos Cosworth
O ingresso para o GP do Brasil de 1983

O saudoso Jacarepaguá, com o típico calor carioca, abria a temporada de 1983 e verificou-se naquele final de semana que, por mais que houvesse uma mudança no regulamento que desfavorecia os Cosworth, foi um carro com este motor que esteve na ponta do grid para aquela primeira etapa: Keke Rosberg, o campeão reinante, colocara o FW07 na pole, seguido por Prost, Tambay, Piquet e um surpreendente Warwick que posicionara o Toleman na quinta posição.
A corrida foi um passeio de Nelson Piquet que assumira a liderança na sétima volta, após ultrapassar Keke Rosberg no final da reta oposta. Falando no finlandês, este deu mais uma vez mostras da sua genial velocidade: após um pit-stop desastroso – onde o seu Williams acabou se incendiando durante o reabastecimento – ele voltara em nono e escalaria incrivelmente o pelotão até retomar a segunda colocação na fase final da corrida. Infelizmente o seu esforço não foi recompensado, uma vez que recebera ajuda externa na sua volta à corrida após o incêndio. De se destacar nessa prova os desempenhos de Jacques Laffite e Marc Surer, que largaram em posições intermediárias (18º e 20º) e conseguiram terminar nos pontos (4º e 6º). Estranhamente, mesmo com a desclassificação de Keke, a segunda posição ficou vaga e apenas cinco carros pontuaram naquela prova de abertura: Lauda foi 3º; Laffite 4º, Tambay 5º e Surer 6º. Ferrari e Renault apareceram bem nessa corrida, mas problemas de rendimento com os turbos jogaram os carros para trás no pelotão.
Em Long Beach, segunda etapa, Patrick Tambay marcou a pole e estava liderança da corrida até a 25ª volta quando se enroscou com Rosberg – que o tentava passar – e Jarier, limando os três da corrida e a liderança ficou com Jacques Laffite, que aparecia em grande forma naquele GP. A batalha pela vitória estava polarizada entre Laffite e Patrese e muitos acreditavam que a vitória ficaria com um dos dois, mas ao olharem a tabela de classificação da prova pode-se perceber que os Mclarens de Watson e Lauda estavam próximos e já haviam subido incrivelmente na tabela. Era algo surpreendente, já que os dois carros partiram da 22ª e 23ª posições respectivamente devido a uma desastrosa classificação, mas os dois conseguiram cuidar integralmente dos seus Michelin e ganharam posições com desistências e paradas de boxe dos outros. Devido o duelo, os pneus de Laffite e Patrese começaram a se desgastar e isso possibilitou a chegada de Watson e Lauda, que não demoraram a superar o italiano após uma escapada deste durante uma tentativa de passar por Jacques. Após as duas Mclarens subirem para segundo e terceiro, não demorou
muito para que atacassem a Williams de Laffite que perdia rendimento devido aos pneus e não foi muito difícil ultrapassá-la na 45ª volta. Com as duas Mclarens na dianteira, Watson construiu calmamente uma vantagem de 27 segundos sobre Niki e passou tranquilamente para dar a McLaren a primeira – e única – vitória na temporada. Em terceiro fechou René Arnoux; em quarto Jacques Laffite; Marc Surer mais uma vez levou o Arrows a casa dos pontos ao chegar em quinto e Johnny Cecotto marcou o seu primeiro ponto na F1 – e da Theodore-Ensign na temporada – com a sexta colocação. Esta corrida não foi das melhores para Piquet: problemas com os pneus durante a classificação e mais um motor estourado, que o forçou a usar o carro reserva, limitou as possibilidades de conseguir algo melhor e assim partiu da 20ª posição. Na prova, Piquet não conseguiu um bom rendimento da sua Brabham e veio abandonar na volta 51 após o acelerador ter travado. Após duas etapas, a liderança do mundial pertencia a Lauda que somava 10 pontos, em segundo Piquet e Watson estavam empatados com 9; em quarto Laffite com 6; Arnoux era o quinto com 4 pontos e Surer o sexto, com três pontos.
A magnifíca vitória de Watson em Long Beach
A F1 aportou em Le Castelet abrindo a temporada européia com a realização do GP da França e como de costume, a Renault se preparou com esmero para a sua corrida caseira: Alain Prost e Eddie Cheever foram absolutos na tomada de tempos e fizeram a dobradinha para a fábrica com total folga para com os rivais. A prova em si foi um passeio solitário de Prost pelo belo circuito de Paul Ricard e em nenhum momento teve oposição a sua liderança. No entanto da segunda posição para baixo a disputa foi ferrenha: Nelson Piquet, que largara em sexto, conseguiu ganhar posições até chegar em Cheever e ultrapassar o piloto estadunidense na briga pela segunda colocação, e essa posição foi ratificada quando Eddie teve problemas na sua parada de box e Piquet não sofreu mais nenhuma ameaça. Nas quatro primeiras posições, carros equipados com motores Turbo mostraram, enfim, a sua força. Mas é impossível não deixar de destacar o brilhante trabalho do duo da Williams: Rosberg mais uma vez foi genial ao sair de uma posição intermediária e subir o pelotão com toda garra até conseguir um impensável quinto lugar e Laffite, que saiu em 19º - três posições abaixo de Keke – e marcar presença mais uma vez na casa dos pontos, desta vez com um sexto lugar. Patrick Tambay, com a Ferrari, ficou em quarto. Com a segunda colocação no GP francês, Piquet reassumia liderança do mundial com 15 pontos; Lauda era segundo com 10; Watson e Prost estavam empatados com 9 na terceira posição; Laffite era quinto com 7 e Tambay assumia a sexta colocação com 5.
O GP de San Marino foi o quarto daquela temporada e, ao contrário da vergonhosa corrida de 1982 – que contou apenas com as equipes que apoiavam a FISA -, a de 1983 contou com todas as equipes e acabou por ser uma das melhores daquele ano. Dos treinos à corrida, o domínio foi todo franco-italiano: René Arnoux venceu o duelo contra Nelson Piquet na disputa pela pole, colocando o Ferrari #28 na ponta do grid. Tambay aparecia em terceiro, com Prost em quarto, Patrese em quinto e Cheever em sexto. A corrida teve um início perfeito para a Ferrari que já avistava seus dois carros fazendo a dobradinha naquele momento, com Arnoux em primeiro e Tambay logo em seguida. Mas a vida de Patrick foi facilitada com o problema de embreagem que foi apresentado pela Brabham de Piquet no momento da largada, deixando-o parado no grid. Em último, Piquet partiu para uma recuperação sensacional que por muito pouco não resultou em uma vitória espetacular – ou no mínimo um pódio - em solo italiano, uma vez que ele era o mais veloz da pista. Mas o motor BMW estourou na 42ª volta quando estava em sexto.
Arnoux e Tambay tinham um rival à altura naquela tarde: Ricardo Patrese estava em grande forma naquele dia e ameaçou constantemente o duo ferrarista e por um breve momento assumiu a liderança, quando ultrapassou Tambay na volta 52. Os tiffosi não gostaram muito da manobra e vaiaram o seu conterrâneo que duas voltas depois perderia o controle de sua Brabham e a enterraria na barreira de pneus da Acqua Minerale. A torcida veio abaixo com o acontecido, mas a perda de rendimento de Arnoux proporcionou a Alain Prost subir para o segundo posto e quebrar a possível dobradinha. Mas nada disso abalaria os tiffosi: Tambay venceu a corrida, seguido por Prost, Arnoux, Rosberg, Watson e Surer. Foi uma grande festa no Autódromo Enzo & Dino Ferrari, que seria comparável apenas ao que aconteceria cinco anos depois em Monza. No mundial de pilotos, Piquet passou a ter a compania de Prost no topo da tabela de pontos: agora eles somavam 15 pontos. Tambay aparecia em terceiro com 14; Watson em quarto com 11; Lauda em quinto com 10 e Arnoux em sexto com oito pontos.
Para Tambay, foi uma das vitórias mais emocionantes de sua carreira. Principalmente por levar o número 27 de seu amigo Gilles Villeneuve no carro
Mônaco foi a quinta parada daquele ano e acabou por reservar uma surpresa desagradável para a McLaren: Lauda e Watson ficaram de fora do GP após marcarem a 22ª e 23ª colocações no grid que foi formado já na pré-qualificação da quinta-feira. O problema é que naquela ocasião apenas 20 carros largavam em Monte Carlo - contra os 26 dos outros GPs – e quando eles poderiam ter melhorado o seus tempos, a chuva caiu no traçado monegasco no sábado impossibilitando que acontecesse alguma melhora. Alain Prost cravou a pole, seguido pelo seu conterrâneo René Arnoux, Eddie Cheever, Patrick Tambay, Keke Rosberg e Nelson Piquet. No domingo, com a pista levemente molhada devido uma garoa, não intimidou Keke Rosberg que partiu feito um tiro da quinta posição para a dianteira da prova, da qual ele não largou mais até a quadriculada. Uma pilotagem precisa de um dos grandes destaques daquela temporada. Alguns acidentes aconteceram devido a pista estar escorregadia e por isso Nelson Piquet procurou guiar com cautela – principalmente nas primeiras voltas – o que acabou lhe garantindo uma ótima segunda posição herdada após
uma ultrapassagem sobre Prost, do enrosco entre Surer e Warwick na Ste Devote – duarante uma disputa pelo terceiro lugar - e da quebra de Laffite, que estava prestes à subir ao pódio e garantir uma dobradinha para a Williams. Prost ficou na terceira posição, seguido por Tambay, Danny Sullivan e Mauro Baldi – estes dois últimos marcando pontos pela primeira vez na temporada. Na tabela de pontos, Piquet abria dois pontos de vantagem sobre Prost (21x19); Tambay era o terceiro com 17; Rosberg o quarto com 14; Watson em quinto com 11 e Lauda em sexto com 10.
Devidamente remodelado e sem perder a essência, a pista de Spa-Francorchamps retornava ao calendário após treze anos de ausência. A majestosa pista belga, agora com 6,949 km, foi o local perfeito para que o filho da casa, Thierry Boutsen, fizesse a sua estréia pela Arrows desalojando, assim, Chico Serra do segundo carro da equipe de Jackie Oliver. Os treinos foram dominados por Prost que garantiu mais uma vez a pole, tendo Patrick Tambay ao seu lado e Andrea De Cesaris surpreendeu ao colocar a Alfa Romeo Turbo em terceiro, com Piquet em quarto. A surpresa em ver De Cesaris na terceira posição do grid aumentou ainda mais quando ele virou a La Source na frente de Prost e Tambay. Mas a largada acabou
sendo abortada devido Marc Surer ter ficado parado no grid, o que forçou um novo procedimento e com o piloto suíço partindo dos boxes. A segunda largada foi dada e Andrea repetiu a dose ao passar por Prost e Tambay e começar a abrir diferença para os franceses. O piloto estava fazendo uma boa corrida quando na 26ª volta, após perder a liderança para Prost durante as paradas de box, o motor do Alfa Romeo abriu o bico e tirando dele a possibilidade de tentar discutir com Alain a vitória. Nelson Piquet subiu para segundo, mas a sua alegria duraria pouco uma vez que o câmbio apresentava problemas fazendo com que fosse preza fácil para Tambay e Cheever terminando assim em quarto. Rosberg aparecia e quinto e Laffite em sexto. Com a vitória, Prost assumia a liderança com 28 pontos, contra 24 de Piquet que já estava com Tambay em seu encalço com um ponto a menos que o brasileiro; Rosberg era o quarto com 16, Watson em quinto com 11 e Lauda em sexto com 10.
A F1 voou até os EUA para a realização do GP dos EUA do Oeste, nas ruas de Detroit pela segunda vez na história. René Arnoux cravou a pole e teve Nelson Piquet ao seu lado na primeira fila; Tambay e um surpreendente Elio De Angelis, com a Lotus Renault, fechavam a primeira fila. Surer e Michele Alboreto estavam na terceira fila. Assim como em Spa, a primeira largada foi abortada por causa de... Marc Surer, que teve o motor Cosworth de sua Arrows apagada bem na hora da partida. Na segunda largada foi a vez de Tambay ficar parado, mas a partida transcorreu normalmente e Nelson Piquet assumiu a ponta. Ele batalhou com Arnoux pela liderança até que na décima volta, o francês o ultrapassou. Nelson ainda perderia
a segunda posição para Rosberg na 19ª volta – e a recuperaria na 30ª, quando o finlandês foi para o seu pit-stop. Parecia certa a vitória de Arnoux, mas uma pane elétrica na Ferrari deixou o francês a pé e deu de bandeja a Piquet a liderança. Da mesma forma que René, a vitória agora parecia ser de Nelson já que os contendores não estavam próximos, mas um pneu furado a nove voltas do fim arruinou esta possibilidade e fez com que despencasse para quarto na classificação. Alheio a estes azares dos ponteiros e se aproveitando do bom rendimento do motor Ford Cosworth na sua Tyrrell, Michele Alboreto precisou apenas conduzir o carro da equipe do Tio Ken para vencer em Detroit. Rosberg, Watson, Piquet, Laffite e Mansell – correndo com a Lotus 92 com motor Ford Cosworth – fecharam nas posições pontuáveis. Cinco Cosworth entre os seis, mostrando bem que este tipo de pista era único reduto onde eles podiam ser competitivos.
Apesar da festa em torno desta conquista, ela acabou por ser melancólica ao passar dos anos: se para Ken Tyrrell esta foi a última conquista da sua simpática equipe na F1, para a Cosworth não foi diferente: foi o ponto final de uma história iniciada no GP da Holanda de 1968 com a vitória de Jim Clark com a Lotus. De certa forma, também, culminou no fim da era romântica da categoria que estava se profissionalizando a cada corrida.   

Le Génie Nelson Piquet - Parte 2
Le Génie Nelson Piquet - Parte Final

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Keke Rosberg, 30 anos atrás

Se nos treinos de hoje em Monte Carlo Nico Rosberg esteve extremamente rápido ao colocar a Mercedes na ponta dos dois treinos livres realizados lá, talvez ele possa sonhar com uma pole e quem sabe, até vencer. A situação não é fácil como todos sabemos devido ao alto desgaste dos pneus que aliado a baixa performance do W04, dificulta tudo. Mas seu pai, o velho Keke Rosberg, conseguiu uma improvável vitória no GP de Mônaco de 1983 ao sair da quinta colocação do grid e pular para segundo já na primeira curva.
Apesar da enorme falta de potência dos Cosworth frente aos motores Turbo da BMW e Renault, aquele tipo de traçado era o único em que um carro equipado com motor aspirado podeia fazer frente aos monstros turbocomprimidos. Com a pista molhada no início e partindo com pneus de pista seca, Rosberg conseguiu a primeira colocação ainda na primeira e volta e desapareceu na frente. Foi uma aposta arriscada, uma vez que os ponteiros Prost, Arnoux, Cheever e Tambay estavam com pneus para pista molhada e a aposta numa corrida com pista seca foi a cartada que a Williams e outros times tiveram e acabaram por se dar bem.
Com um pilotagem vistosa, andando de lado em vários trechos do circuito, Rosberg venceu com uma folga de dezoito segundos para Nelson Piquet e a terceira colocação ficou com Alain Prost. Depois desta conquista de Keke, a Williams só voltaria a vencer no Principado 20 anos depois com Juan Pablo Montoya ao volante.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Algumas palavras de Patrick Tambay sobre Gilles Villeneuve


Patrick Tambay escreveu para a revista “F1 Racing” em 2007, ano que completara o 25º da morte de Gilles Villeneuve, um artigo sobre a sua amizade com o piloto canadense. E aqui colocarei alguns trechos deste belo texto feito pelo ex-piloto francês:

“Conheci Gilles em setembro de 1976, quando eu era piloto de Fórmula 2 Européia e fui convidado a competir na etapa da Fórmula Atlantic de Trois-Rivières, no Canadá. Aquela era uma excelente oportunidade para Gilles mostrar ao mundo o quanto era bom. Naturalmente, arrasou com todos, incluindo seu colega de equipe James Hunt, que disputava a Fórmula 1. E aquela surra funcionou porque James contou ao seu chefe na McLaren, Teddy Mayer, tudo sobre o jovem Gilles."

"Mas foi no ano seguinte que nossa amizade floresceu realmente. E começou na Can-Am, quando eu pilotava um Lola de Carl Haas e Gilles disputava com um Dallara de Walter Wolf. Nós nos demos muito bem. A gente costumava sair junto para se divertir. Naquela época eu já havia descoberto que Gilles adorava desafios insanos – algumas vezes ele costumava acelerar seu ski-doo (uma moto adaptada para a neve com esquis) pelo meio de compactos grupos de árvores e era realmente difícil de acompanhá-lo. No final de agosto havia duas corridas no Canadá, em Mosport e Trois-Rivières, e no intervalo entre elas fomos para a casa de Gilles em Berthierville, Quebec. Foi nessa ocasião que tentou passar com sua picape por uma subida muito íngreme e lamacenta no caminho – e atolou. Mas ele nunca desistia e passou o dia todo trabalhando e revisando até conseguir chegar ao topo.”

“Nessa época também tivemos nossas primeiras experiências na F1, em Silverstone. Eu consegui um lugar na Ensign enquanto que Teddy deu a Gilles a oportunidade de pilotar o terceiro carro da McLaren. E como ele pilotou naquele fim de semana! Gilles rodou em todos os pontos da pista, sempre buscando o limite. E depois brilhou na corrida, o que era típico. Embora fôssemos ‘rivais’ na disputa por um lugar na McLaren em 1978, isso nunca afetou a nossa amizade. Também estive em negociações com a Ferrari, mas fiquei doente no dia em que deveria me encontra com o Commendatore Enzo. Logo a seguir, depois do GP da Áustria de 1977, John Hogan, da Marlboro, me apresentou a Teddy em seu escritório em Londres e assinei com a McLaren. Então viajei aos Estados Unidos para uma corrida da Can-Am e fui logo dizendo a Gilles ‘Olhe, acabei de assinar com a Mclaren para a temporada de 1978, mas sei que a Ferrari está buscando um novato para ser parceiro de (Carlos) Reutemann no ano que vem. Telefone para eles.’ Gilles foi para o próximo GP (Holanda), assinou um contrato para 1978 e já pilotou para a Ferrari antes do final do ano.”

“É claro que a gente se envolvia em coisas muito loucas – como os rachas nas estreitas ruas de Cannes – principalmente a bordo do Ferrari 308 de Gilles. Ele o colocava de lado em todo lugar. Eu me lembro que uma vez acompanhamos Rallye Du Var e fomos para lá num Fiat Abarth 131. Gilles estava ao volante e absolutamente voando pelas estradas interioranas, por sobre saltos e pontes, fazia curvas dando cavalos de pau com o freio de mão, tudo o que ele tinha e o que não tinha direito. Acredito que estabelecemos os melhores tempos! Enquanto isso, no banco de trás estavam Melanie e Jacques. A pequena Melanie estava toda enrolada num canto, dormindo profundamente. E Jacques, então com sete anos de idade, estava em pé, no chão do carro, agarrado nos encostos dos dois bancos da frente e gritando: ‘Vai mais rápido papai, mais rápido!’ Assim era Gilles, um sujeito verdadeiramente destemido.”

Tambay a caminho da sua emocionante vitória em San Marino, 1983, com o Ferrari 27
Patrick, que saiu da F1 no início de 1982 após a greve dos pilotos em Kyalami, estava pilotando na Can-Am e CART pela equipe VDS e semanas antes da morte de Gilles, ele havia conversado com seu amigo sobre o acontecimento de Ímola. Segundo Tambay, Villeneuve estava aborrecido e acreditava que Pironi havia desrespeitado o acordo de não ultrapassagem e as ordens de equipe durante a corrida. Para o piloto francês, essa animosidade gerada em Ímola foi crucial para o que viria acontecer em Zolder.
Como um golpe do destino, Patrick acabou por pilotar o carro de seu amigo ainda naquele ano. E aqui ele conta como foi feito o convite: “Pironi me telefonou uma semana ou duas depois para perguntar, em nome da Ferrari, se eu assumiria o lugar de Gilles no carro número 27. Eu realmente tive de pensar muito sobre isso – havia muita emoção envolvida, mas no final concordei. Foi um acontecimento monumental em minha vida.”
Tambay estreou pela Ferrari em Zandvoort, nona etapa daquele campeonato, e terminou em oitavo. Nas provas restantes, ele conseguiu bons resultados, incluindo a vitória no GP da Alemanha que também tinha sido trágica para Ferrari, que quase perdera Pironi durante os treinos num acidente semelhante ao de Gilles. Ao final da temporada, Patrick assinalou 25 pontos com três pódios e uma vitória. Um belo desempenho e poderia até ter discutido o título, caso não tivesse ficado de fora de dois GPs (Suíça e EUA, no Caesar’s Palace) por fortes dores nas costas.
Mas para ele a maior emoção, mesmo, foi a vitória em Ímola, onde Gilles fizera a sua corrida: “O fim para mim foi em Ímola, na primavera seguinte, um ano após a última corrida de Gilles. A vitória foi minha, diante dos tiffosi, no carro 27 que foi de Gilles, largando do mesmo lugar do grid (Gilles largou em terceiro em 1982). Eu chorei. Foi muito emocionante e, novamente, senti que Gilles estava lá.”
Ao ler este relato de Patrick Tambay e lembrar-se de outras palavras ditas por Jody Scheckter sobre Gilles, chego à conclusão que ele não era apenas especial dentro da pista, na condução de um carro de corrida, mas também era uma grande pessoa, amigo pra valer.
Imagino o quanto que eles e outros tantos choraram quando Villeneuve partiu. Salut Gilles!


*Partes deste texto de Patrick Tambay, foram extraídos da Revista "F1 Racing" na edição de nº7 de Maio/Junho de 2007.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Os Renaults Turbo- Do sonho ao fracasso

Foi um apresentação tímida, mas notável. No grid de largada do GP da Inglaterra de 1977, mais precisamente da 21ª posição, um carro amarelo cortado horizontalmente por uma faixa preta com o nome Renault fazia sua estréia na F1. Talvez fosse normal aquela estréia, mas tinha algo a mais naquele "Bule de chá amarelo"( apelido dado pelos ingleses por conta dos problemas enfrentados pela Renault com o seu motor): sob a carenagem traseira estava instalado um motor turbo V6 com ângulo de 60° graus, 500 cv de potência e que chegava à 11.000rpm. Ao volante daquele carro estava Jean Pierre Jabouille, que estava no desenvolvimento deste motor desde 1975 e no comando da equipe Gerard Larrousse, um dos ótimos pilotos de endurance da França naquela década. A corrida, porém, foi curta: já na 14ª volta o motor apresentou problemas nos coletores de admissão forçando o abandono de Jabouille. A equipe não correu nas duas provas seguintes - Alemanha e Áustria - voltando nas últimas etapas e não completando nenhuma também por problemas.
O começo realmente não era dos melhores, principalmente para um motor que tinha sido apenas testado exaustivamente por Jabouille durante o ano de 76 todo e não tinha um ritmo de prova ainda. Mesmo assim eles sabiam que estavam no caminho certo, pois o motor era potente demais e era só o tempo de conseguir confiabilidade para os resultados chegarem com força.
Os primeiros passos de um gigante: a prova durou apenas 14 voltas no GP da Inglaterra de 77

Mas a história deste motor remonta à fevereiro de 75 quando a Renault encomendou dois motores de 1,5 litros à Renault-Gordini, a famosa casa de preparação de motores de Amedeé Gordini. Com os motores prontos, a Renault instalou-os nos protótipos Alpine que tinham sido campeões da categora Sport 2 Litros no ano de 74 e agora correriam no Mundial de Marcas. Os Alpine-Renault Turbo se mostraram extremamente velozes em todos os circuitos e só não venceram o campeonato de 75 porque apresentaram vários problemas. Ao menos venceram a prova de Muggelo com Jabouille/Larrousse dividindo o volante do Alpine A441. O título daquele ano ficou com Alfa-Romeo. Mesmo não conseguindo o título, o motor turbo tinha sido a grande vedete daquele campeonato e assim, uma das unidades de 1,5 litro, foi colocado num Alpine monoposto em 1976 para que Jabouille testasse à vontade o ano todo em vista da Renault entrar para a F1 em 77. Eles se aproveitaram do regulamento que permitia o uso de turbocompressores em motores de até 1.500cc e assim, em 14 de julho de 77 eles estrearam na F1.
Larrousse levando o Alpine-Renault Turbo à vitória em Mugelo no campeonato Mundial de Marcas de 1975

No ano de 78 o motor ainda apresentava problemas, mas a medida que o tempo passava eles começaram a concluir as provas como em Mônaco, 5ª etapa, quando Jabouille terminou a prova em décimo, 4 voltas atrás de Depailler que venceu a prova. E Watkins Glen, 15ª prova, ele marcou os primeiros pontos chegando em quarto na mesma volta que o vencedor Carlos Reutemann. Naquele mesmo ano a Renault conseguiu a tão sonhada vitória nas 24 Horas Le Mans com o protótipo Alpine-Renault Turbo pilotado por Jean Pierre Jaussand/ Didier Pironi.
A grande conquista: O Alpine-Renault Turbo enfim consegue sua vitória em Le Mans com a dupla Jassaud/Pironi

Em 79 eles colocaram mais um carro na pista destinado à René Arnoux que assim fazia par com Jabouille. Este último ficou com as honras ao marcar a primeira pole da Renault-Turbo no GP da África do Sul, disputado em Kyalami, e ao vencer o GP da França do mesmo ano em Dijon. Mas sua vitória histórica na França foi, de algum modo, ofuscada por aquela que foi a maior batalha entre pilotos dentro da pista em busca por uma posição estrelada pelo fantástico Gilles Villeneuve, com sua Ferrari, e René Arnoux com a outra Renault. Foi algo que até hoje, por mais que você veja o video milhares de vezes, ainda fique entusiasmado pela disputa limpa entre ambos que se tocavam, travavam pneus, usavam o vácuo um do outro. A batalha foi vencida por Villeneuve que assim tirou a chance da Renault fazer 1-2 na sua grande vitória. Os Renaults Turbo tinham mostrado, enfim, sua força.
Jabouille caminhando para a vitória em Dijon-Prenois, a primeira da equipe e de um turbo na F1

Entre 1980 e 81 a Renault venceu 5 provas com Arnoux e Alain Prost ganhando duas cada  e Jabouille ficando com uma. A Renault ficaria sem os serviços de Jabouille após este ter quebrado as pernas num acidente no GP do Canadá de 1980, quando seu Renault passou reto e bateu de frente num guard-rail.
Outras equipes e fábricas aderiram aos turbos como a Ferrari, BMW e Honda, mas o domínio no campeonato ainda eram das equipes inglesas que se apoiavam nos motores Cosworth e no efeito-solo para enfrentarem os Turbos. Mas os dias dos carros asa estavam contados: a FISA decidira bani-los e isso causou a famosa guerra contra a FOCA que representava as equipes pequenas. Elas sabiam que se perdessem os seu coringa, seriam dominadas pelos carros turbo e nem todas tinham dinheiro suficiene para bancar esta tecnologia. Mas em 1982 o golpe foi duro: vários acidentes causados pelo efeito-solo e a morte de Villeneuve, que teve ligação imediata ao uso deste quando seu carro decolou em Zolder, mostraram que a FISA estava certa e para tentar acabar com este perigo crescente a entidade proibiu seu uso para 83. Assim em 82 foi o último ano dos carro-asa. 
A Renault esteve perto de conseguir o título, mas problemas entre Prost e Arnoux azedaram esta chance de vencer o campeonato e Keke Rosberg com sua Williams-Cosworth, levaram o mundial de 82. Foi o último título da gloriosa fase da Cosworth na F1.
Prost com sua Renault em Dijon 1982. Ele deveria ter vencido esta prova, mas Arnoux ignorou um combinado entre eles e venceu a corrida. Azar de Prost

Outra chance para a Renault apareceu em 83 quando Prost esteve perto de conseguir o título, mas perdeu-o para Piquet com sua Brabham na última prova do campeonato disputado na África do Sul. O mais doloroso de tudo foi que a Renault, a primeira equipe a usar turbo na F1, tinha sido derrotada pela BMW que tinha desenvolvido o turbo no seu motor de 4 cilindros em linha. Mesmo com a suspeita de a equipe Brabham usava gasolina ilegal, a derrota tinha deixado uma ferida que não cicatrizaria nunca mais.
Prost vencendo em Spa 1983. Ele perderia o mundial daquele ano para Piquet com sua Brabham-BMW Turbo

Em 1984 e 85 a Renault ainda tentou algo com sua dupla de pilotos, Patrick Tambay e Derek Warwick, mas sem conseguir repetir os feitos de um passado não tão distante. Outras fábricas tinham passado à sua frente como por exemplo a BMW, que chegou a desenvolver um motor com 1.275 cv de potência para a Brabham em treinos de classificação e outro de 860cv para corridas. A Honda e a TAG Porsche também estavam bem adiantadas.
Ao final de 1985, numa altura em que a Renault também fornecia motores a Lotus, decidiu sair de cena. Eles alegavam problemas financeiros, mas sabiam todos que os dissabores por não ter conquistado aqueles dois mundiais tinham sido fundamentais para aquele desfecho.
François Hesnault no terceiro carro da equipe em Nurburgring 1985. Ele abandonou na 8ª volta e seus companheiros, Tambay e Warwick, tiveram destino semelhante. No final do ano a equipe saiu de cena

A Renault ainda preparou motores para a Lotus, onde um motor de 1.240 cv foi usado por Senna nos treinos de classificação em 85 e 86, e Tyrrel. Ao final de 86 eles sairam de vez da F1.
A era turbo continuou até 88 quando a Mclaren, em parceria com a Honda, massacraram os concorrentes que estavam usando motores aspirados de 3.500cc. A FISA decidiu, em 87, que em dois anos os motores turbo seriam tirados de cena da F1 e assim as equipes foram, aos poucos, se adequando ao novo regulamento. Já em 89 todos os carros tinham motores aspirados.
A Renault voltou em 89 fornecendo os famosos motores V10  para a Williams e esta parceria rendeu 5 títulos de construtores e 4 de pilotos com a equipe do tio Frank e mais 1 de pilotos e construtores com a Benetton em 95. Sairam de novo de cena em 98 para voltar em 2002 com a equipe própria. Venceram os mundiais de 2005 e 2006 com Alonso, mas nenhum destes títulos cicatrizou aquelas perdas de 82 e 83 quando já estavam praticamente garantidas.
O motor Renault Gordini Turbo

 Vídeo de um teste em 2007 no circuito de Dijon, quando testaram o Renault RS01 de 1977 com a presença de René Arnoux.

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