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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Foto 1046 - O adeus à Adelaide

Damon Hill recebendo a derradeira quadriculada do genial Glen Dix em Adelaide 1995
(Foto: Jean Marc Loubat/ Gamma-Rapho/ Getty Images) 

Se existiu um circuito tão querido na Fórmula-1 em todo período que esteve presente no calendário, este foi o de Adelaide. O circuito semi-citadino (parte dele que compreende as instalações dos boxes e paddock foi construído para se juntar às ruas locais e formar o circuito), recebeu a F-1 entre 1985 e 1995 em exatos dez anos dando à Austrália a oportunidade de encerrar as temporadas e ter um clima festivo que, para aquele que estava a milhões de distância, era bem perceptível. 

As oportunidades dos Aussies presenciarem as decisões de títulos dos mundiais de 1986 e 1994 foram o ponto alto dessa história, mas ao mesmo tempo assistir a provas icônicas como a primeira de 1985, as chuvosas edições de 1989 e 1991; a legendária edição 500 da categoria em 1990; a exibição magistral de Ayrton Senna em sua última vitória na prova de 1993 e a tensão da polêmica decisão de 1994, deu à este circuito um lugar especial na história da categoria. 

A sua sequência de curvas de 90° graus dando entrada à extensas retas Bartels Roads e Brabham Straight fariam sucesso não apenas para quem assistia às corridas, mas também para quem jogava nos videogames. Fazer de pé cravado quase todas as curvas no mágico "Super Mônaco GP II", fazia qualquer um se sentir um top driver. A finalização da volta com o também legendário Glen Dix e sua espetacular quadriculada para encerrar as corridas, nos faziam cair a ficha de imediato de que teríamos de esperar longos 4 meses para podermos assistir a nova temporada. 

Quando a F1 foi ao belíssimo circuito pela última vez em 1995, sabíamos que aquela seria a despedida do querido circuito. Damon Hill, então bi-vice-campeão, esteve tranquilo numa tarde ensolarada - assim como acontecera dez anos antes - e partiu para conquista que pareceu fácil para ele, mas logo atrás dele uma corrida bem divertida se desenrolava: Michael Schumacher, recém coroado bi-campeão do mundo, fazia sua despedida da Benetton e rumava para seu desafio maior que era ajudar a Ferrari a sair da fila, a partir de 1996, mas ele acabaria por abandonar depois de uma colisão com Jean Alesi e adiar em alguns anos a chance de quebrar o recorde de vitórias numa só temporada (ele estava com nove naquele ano, o mesmo número que Nigel Mansell obtivera na campanha de 1992). 

Gerhard Berger, Michael Schumacher e Jean Alesi em Adelaide 1995
(Foto: Motor Sport Magazine)

O elo da F1 dos anos 1980 ainda estava presente naquela edição, com Gerhard Berger e Jean Alesi fazendo suas últimas aparições pela Ferrari - assim como o belíssimo V12 da casa italiana - e a partir de 1996 indo para a Benetton; Martin Brundle, outro decano dos anos 1980 que esteve na edição de 1985 (o outro foi Berger), também fazia sua última corrida pela Ligier e estava de saída para a Jordan em 1996; David Coulthard, a nova esperança britânica, fazia uma prova bem forte e com chances de disputar com seu companheiro de Williams (Damon Hill) a vitória em Adelaide, mas uma vacilada na entrada dos boxes fez com que batesse o seu FW17B no muro - o mesmo aconteceria com Roberto Pupo Moreno da Forti Corse, que também se despedia da categoria; Heinz Harald Frentzen, num dos momentos mais cômicos daquela etapa e da temporada, mandou o dedo do meio para Mark Blundell (Mclaren) por conta de uma fechada do piloto britânico.

As voltas finais deste GP em Adelaide foram dramáticas para Olivier Panis que teve o motor Mugen Honda do seu Ligier JS41 rateando no final. "Eu só conseguia atingir 6.000 rpm e estava de olho na temperatura da água, que não baixava de 106°C, enquanto normalmente não passa de 90°C. Eu poderia ter quebrado, mas tive a sorte de aguentar até o final. Que dia fantástico no final das contas!", relatou o jovem francês que conseguiu o seu segundo pódio na categoria - foi segundo em Hockenheim 1994. Outro que teve uma grande tarde foi Gianni Morbidelli que chegou na terceira posição com seu Footwork Arrows Hart tentando de todas as formas se aproximar do problemático Ligier de Panis, mas ficando feliz pela conquista da sua melhor posição de chegada na categoria. "Jackie me deu a oportunidade de voltar à F1. Agora é a minha vez de retribuir esse presente", relatou Morbidelli que estava no Campeonato Italiano de Superturismo antes de retornar à F1 pelas mãos de Jackie Oliver em 1994.

Este GP da Austrália ainda nos guardou a agonia de mais um grave acidente quando Mika Hakkinen saiu na rápida à direita da Brewery Bend - que antecedia a Brabham Straight - batendo de frente na barreira de pneus. Um estouro do pneu traseiro esquerdo causou a escapada repentina que o fez voar no contato com a zebra e bater violentamente na barreira de pneus. A rápida intervenção da equipe médica foi providencial, já que Hakkinen estava engolindo a língua e a traquestomia foi imediata para que ele voltasse a respirar. Ele foi levado ao Royal Hospital de Adelaide que fica a poucos minutos do circuito, onde foram feitas ressonâncias magnéticas que constataram fratura na base do crânio e danos no ouvido. Apesar dos temores, Hakkinen conseguiu recuperar-se e estava no grid de largada do GP da Austrália... em Melbourne, que substituía Adelaide a partir de 1996 e abria aquela temporada.

Como um roteiro de filme, quis o destino que Adelaide tivesse como vencedor um carro da Williams: foi assim em 1985 quando Keke Rosberg venceu sua última corrida na F1 na primeira visita da categoria à Austrália pilotando um Williams Honda - e curiosamente teve Ligier no pódio com seus dois pilotos: o veterano Jacques Laffite chegando ao seu antepenúltimo pódio e Philippe Streiff conquistando seu único pódio, chegando com a suspensão dianteira esquerda arrebentada após um toque com Laffite.  

A multicolorida e festiva Adelaide não voltaria mais ao calendário da Fórmula. Uma pena...

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Vídeo: GP de Mônaco 1996



Uma das melhores corridas daquela década de 1990, onde o circuito de Monte Carlo abriu um leque de opções por causa da chuva, transformando o traçado citadino numa armadilha.

No vídeo, os melhores momentos de um GP que viu um dos raros erros de Michael Schumacher e depois um igualmente raro problema no motor Renault da Williams de Damon Hill que parecia caminhar para uma vitória no circuito onde seu pai foi rei. 

Restou a Olivier Panis com a Ligier escapar dos problemas para cravar a sua única vitória na Fórmula-1 e a última da equipe de Guy Ligier na categoria.

Há 25 anos.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Grandes Atuações: Olivier Panis - Monte Carlo, 1996

Apesar de nem sempre agradar até mesmo o mais entusiasta da Fórmula-1, Monte Carlo sempre reserva surpresas. Se as condições climáticas forem das mais variáveis, as coisas tendem a ser ainda mais imprevisíveis. Edições como a de 1972, quando Jean Pierre Beltoise venceu por lá seu único GP na categoria, foi um caso onde não apenas a chuva conseguiu atrapalhar a maioria dos pilotos, como também foi importante para que Beltoise desfilasse a sua finesse num traçado tão traiçoeiro e conseguisse derrotar verdadeiros mestres que sabiam bem como “caminhar” sobre águas – Jacky Ickx e Jackie Stewart. Passados vinte e quatro anos, foi a vez de outro francês conseguir tal façanha e desta vez pegando uma condição tão caótica quanto aquela de 1972: Olivier Panis passou incólume a várias situações para conquistar uma inesperada vitória no Principado.
Olivier Panis era um daqueles talentos emergentes que quando chegam à categoria, são alçados a um futuro campeão. O seu desempenho nas provas do seu primeiro ano na F1 (1994) rendeu elogios e que foram reforçados após o seu primeiro pódio conquistado em Hockenheim, quando terminou em segundo. No ano seguinte, apesar de uma pontuação melhor que a de 1994 (16x9), começaram os questionamentos por conta de seus erros, algo que apareceu bem pouco no seu ano de estréia. Em 1996 teve um início até animador, quando terminou em sexto nas provas da Austrália e Brasil; foi oitavo na Argentina e abandonaria as duas provas seguintes em Nurburgring – que sediava o GP da Europa – (acidente com Irvine) e San Marino (problemas de câmbio). Numa pista como a de Monte Carlo, onde a posição de largada é vital para conseguir um bom resultado, seria uma boa chance para ele a Ligier conseguissem algo melhor.
A classificação foi um show à parte de Michael Schumacher, que conseguira chegar a sua segunda pole pela Ferrari e de modo consecutivo – tinha conseguido a posição de honra semanas antes em Ímola. Com uma volta alucinante, quase que no mesmo molde do que fizera na pista italiana, Schumacher cravou a pole com mais de meio segundo de vantagem para Damon Hill, sendo que o piloto inglês havia alcançado a marca minutos antes. Sem dúvida foi uma das melhores poles da década. As outras posições foram ocupadas pelo duo da Benetton – Jean Alesi e Gerhard Berger – e a terceira fila por David Coulthard e Rubens Barrichello, que mostrava o bom passo dele e da Jordan nas qualificações até ali. Irvine aparecia em sétimo, com Hakkinen logo ao seu lado e Frentzen se posicionava em nono e Jacques Villeneuve, ainda tentando se ambientar-se com estreito circuito, era o décimo. Com problemas de acerto, Panis aparecia num discreto 14º lugar enquanto que seu companheiro de equipe, Pedro Paulo Diniz, largava em 17º.
O domingo da corrida amanheceu encoberto, mas ainda sim o warm-up foi realizado com pista seca e com um bom ritmo de... Olivier Panis, que conquistara a primeira posição na prática de aquecimento. As coisas começariam a mudar quando a chuva caiu logo depois do warm-up, forçando a organização do GP a realizar uma atividade extra para que os pilotos pudessem fazer os acertos para essa condição. Neste período foram poucos os que arriscaram a entrar na pista, com receio de acontecer algum acidente e não ter tempo – ou peças sobressalentes – para poder consertar a tempo de participar da prova como foi o caso da Footwork, que não participou desta prática por não ter peças de reposição. Andrea Montermini bateu o seu Forti Corse na saída do túnel e não pôde participar do GP, por não ter um carro reserva. Mika Hakkinen foi o mais veloz desta sessão, apesar de também ter sofrido avaria em seu McLaren.
Para os ponteiros a largada foi a mais limpa possível, com Hill a conseguir tracionar melhor que Schumacher e virar a Saint Devote na frente. Mais para o meio do pelotão, Jos Verstappen, que arriscara no tudo ou nada para um futuro pulo do gato, largou com slicks numa pista ainda molhada para bater de frente na proteção de pneus da primeira curva e dar adeus à prova. Um erro pra lá de crasso... Giancarlo Fisichella e Pedro Lamy, os garotos da Minardi, acabaram abandonando no mesmo ponto após se enroscarem. Mais adiante aconteceria a primeira grande surpresa da corrida: ao subir demasiadamente na zebra a caminho da Portier, Michael Schumacher acabou perdendo o controle de sua Ferrari e batendo no guard-rail e danificando a suspensão dianteira. Todo esforço de uma soberba pole tinha sido jogada no lixo, num dos raríssimos erros do piloto alemão. Para a corrida, aquele abandono significava que Damon Hill teria caminho aberto para enfim conquistar uma vitória numa pista onde seu pai, Graham Hill, tinha feito história ao vencer por cinco vezes nos anos 60.
A prova foi caótica até a nona volta, com nada mais que nove pilotos abandonando a prova. A maioria foi por erros próprios – dos três brasileiros que estavam em pista, Barrichello e Ricardo Rosset, foram os que erraram – e apenas Berger e Diniz é que abandonaram por problemas mecânicos. Panis havia feito uma boa largada ao pular para 12º e escalar posições até ficar em oitavo e subiria mais ao ultrapassar Hakkinen e mais tarde Eddie Irvine, na marra, no contorno da Lowes. As paradas de box e abandonos, como o de Martin Brundle, ajudaram bastante o francês, que passava a se encontrar na terceira posição após o duelo com Irvine.
Mais à frente, de forma imaculada, pilotava sem erros e pressões, Hill que conseguira uma diferença bem confortável para Jean Alesi. Damon só perderia a liderança nos momentos de pit-stop pra Alesi, e que logo recuperaria quando o piloto da Benetton fosse aos boxes. Mas o desejo de vencer em Monte Carlo se esfumaçou literalmente, quando motor Renault de sua Williams teve uma rara quebra e deixou o piloto inglês na mão na 40ª volta. Jean assumia a liderança neste momento e com Panis em segundo, um resultado pra lá de inesperado para ambos os pilotos e também para os franceses que ali estavam. O aguerrido Alesi também lideraria por quase vinte voltas, quando a suspensão da Benetton quebrou e assim o caminho estava aberto para que Panis chegasse a liderança de um GP pela primeira vez na sua carreira.
Apesar dos contratempos que a Ligier, e consequentemente seus pilotos tiveram na classificação, o desfecho do GP de Mônaco foi algo que nem mesmo Guy Ligier podia ter sonhado: Olivier Panis conduziu de forma precisa até chegar a sua primeira vitória na F1 e a primeira da Ligier em 15 anos, desde o GP do Canadá de 1981 com Jacques Laffite que também tinha sido com pista molhada. O triunfo para a equipe francesa teve seu momento chave quando, ao perceber que Frentzen teve um desempenho assombroso com pneus slick, ao virar cerca de três segundos mais rápido logo no segundo setor, fez com que a equipe chamasse Panis para a troca na 27ª volta. Dessa forma, Olivier conseguiu salvar um bom tempo sobre qualquer outro piloto na pista, inclusive o líder Damon Hill, o que deu ao francês uma condição de brilhar mais adiante.
As posições restantes foram tomadas por David Coulthard – que correu com o capacete de Schumacher, pois o seu teve problemas na comunicação do rádio –, Johnny Herbert, Frentzen – que não passou pela linha de chegada, indo direto para os boxes – Mika Salo, Mika Hakkinen e Eddie Irvine – estes três últimos não completaram o GP, pois colidiram com a Ferrari de Irvine quando este, num péssimo dia, acabou batendo no mesmo ponto que Schumcher e logo em seguida teve Salo que bateu na traseira para depois ser a vez de Hakkinen, a formar o “trenzinho” de três carros acidentados na descida para a Portier na 70ª volta. Mesmo não completando a corrida, que teve o seu encerramento nas duas horas ditadas pelo regulamento, eles foram classificados.
Foi um domingo bem caótico aquele em Monte Carlo, que terminou de uma forma bem inesperada. Enquanto que Panis conquistava aquele que seria seu único triunfo na categoria, para a Ligier foi o canto do cisne na F1, já que para 1997 ela seria vendida para Alain Prost.

Acabou por ser, de forma involuntária, um ponto final na grande era dos franceses na categoria.  

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Foto 546: Adelaide, há 20 anos

Uma das pistas que mais fazem falta ao calendário da categoria e que sempre proporcionou provas bem interessantes, como a de 1985, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994 e principalmente a de 1995, que foi uma das melhores (pelo menos para mim) da década de 1990.
Foi a prova que nos fez passar pelo temor da tragédia nos treinos, devido o grave acidente de Mika Hakkinen; as despedidas de Michael Schumacher da Benetton; de Gerhard Berger e Jean Alesi da Ferrari; de David Coulthard da Williams; de Roberto Pupo Moreno da Fórmula-1.
Adelaide também receberia a categoria pela última vez e sendo assim fomos brindados com uma prova caótica, onde acidentes e quebras deixaram que apenas oito carros chegassem ao final: Damon Hill venceu, com uma vantagem de duas voltas sobre Olivier Panis que se arrastava nas últimas voltas devido a falha em um dos cilindros do motor Renault de sua Ligier. Mas para a sorte dos franceses, Gianni Morbidelli, com a Footwork Arrows, estava muito longe para ameaçar o segundo posto da equipe de Guy Ligier. Mark Blundell (Mclaren), Mika Salo (Tyrrell) e Pedro Lamy (Lotus) fecharam ps seis primeiros - Pedro tornara-se o primeiro português a pontuar na F1, fato que se repetiria quase dez anos depois com o terceiro lugar de Tiago Monteiro em Indianápolis 2005.
Para Adelaide ficou a marca da Williams ter aberto e fechado a passagem da F1 por aquelas bandas: venceu em 85 com Keke Rosberg e dez anos depois repetira o feito com Damon Hill.
Saudades de Adelaide...

Foto 1046 - O adeus à Adelaide

Damon Hill recebendo a derradeira quadriculada do genial Glen Dix em Adelaide 1995 (Foto: Jean Marc Loubat/ Gamma-Rapho/ Getty Images)  Se e...