domingo, 12 de novembro de 2023

4 Horas do Velopark - Problemas, chuva e vitória para Xandinho e Gomes

 

O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark
(Foto: Bruno Terena)

As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado, principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.

O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara, foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/ Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/ Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam na sexta posição na geral e em terceiro na P1.

Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11 começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o #444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.

Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos boxes.

Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da forte tempestade.

A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns, foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”. Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora, vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”

Mercedes e Mustang vencem nos GTs

 

O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3
(Foto: Bruno Terena)

A GT3 teve um bom cenário desde o início quando viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/ Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) entrassem numa enorme batalha.

O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três, com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os dois Mercedes do Team RC.

Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota, de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR #99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do #99.

Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o #27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche #55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”

Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15 da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8 décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e uma redução de 10kg.

A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr
vencedores da GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.

Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.

O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi #5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível. Estamos muito felizes”

A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Foto 1036 - O fim de uma bela época

(Foto: Sutton Images)

Final de temporada no GP da Austrália era sempre uma bela festa. Talvez pudéssemos até mesmo considerar como um "GP Amistoso", já que quase sempre o campeonato chegava ali decidido - exceto a excelente prova de 1986 que coroava pela segunda vez consecutiva Alain Prost como campeão do mundo. Mas aquela de 1993 envolvia muita coisa, não apenas por se tratar da corrida final daquela temporada, mas também por ser os derradeiros de dois dos maiores personagens da categoria naqueles últimos nove anos: Alain Prost e Ayrton Senna chegavam ao final de suas carreiras, mas de formas diferentes. O francês estava na sua última jornada num carro de Fórmula-1 já carregando seu recente quarto título mundial que fora conquistado no Estoril. O brasileiro, ainda em forma, estava discutindo o vice campeonato contra Damon Hill que seria o seu futuro companheiro de Williams em 1994, justamente no lugar de Prost. 

O final de semana foi o melhor dos mundos para o piloto brasileiro: motivado, ele conquistou uma impressionante pole com mais de meio segundo de vantagem sobre Alain e Hill, que apareciam em segundo e terceiro respectivamente. Na corrida, a vitória veio quase de ponta a ponta - Prost conseguiu liderar entre as volta 24 à 29 -, e Ayrton acabou chegando com nove segundos de vantagem sobre o francês e trinta e três sobre Damon, numa corrida em pista seca onde ele pôde dominar amplamente os pilotos da Williams que experimentavam novos acertos em seus FW15 já que os problemas nos treinos os deixaram bem abaixo de uma possível luta contra Ayrton Senna e sua Mclaren Ford. Azar de uns, sorte de outros e nisso Senna acabava por conquistar seu vice-campeonato com 73 pontos contra 69 de Hill.

Emoções

(Foto: Pinterest)

Bem como dito anteriormente, essa prova australiana era uma tremenda festa de encerramento, mas desta vez as coisas estão mais sensíveis. Ayrton Senna está em sua derradeira corrida pela Mclaren, um local que lhe deu a oportunidade de conquistar seus três títulos mundiais e automaticamente ser lançado à piloto por excelência da história da equipe - algo que perdura até os dias atuais. Todos os movimentos ali dentro parecem ser bem cuidadosos para que fosse um desfecho dos melhores para todos - e o que acabou sendo com a conquista de Ayrton, que ainda renderia à equipe o vice no Mundial de Construtores e o recorde absoluto de vitórias na F1 (104) , além do próprio ter ampliado sua marca pessoal na equipe para 35 vitórias. "O mais importante é guardar os bons momentos que vivemos juntos, e quero agradecer a todos os patrocinadores como Shell, Marlboro, Boss, Honda, e todos os que me ajudaram. Ganhei amigos e o respeito deles. E tenho por eles os mesmo sentimentos. Isso é o mais importante. Esta temporada deu-nos um desafio muito duro, que enfrentamos".

Do outro lado da trincheira, Alain Prost também sinalizava o fim de sua estadia na categoria o que viu erguer quatro taças de Campeão Mundial e, obviamente, tornar-se um dos maiores da história, ficando agora apenas atrás de Juan Manuel Fangio em número de títulos, mas carregando para ele o recorde absoluto de vitórias (51). "Quando se sabe que enfiamos o capacete integral pela última vez, e que pomos as luvas pela última vez, e que escorregamos para dentro do cockpit de um F1 pela última vez, é muito dificil manter a concentração. Hoje estava realmente motivado. Queria fazer uma boa corrida. Mentalmente não é nada fácil abordar a nossa última corrida: queremos fazer o melhor possível, evitando ao máximo cometer um erro. Fiquei feliz em por ter subido ao pódio. Claro que teria gostado ganhar, mas foi dificil. Esforcei-me muito para manter a concentração. Paciência: é o fim da história. Depois da bandeirada, na minha volta de arrefecimento, disse para mim próprio que podia suspirar: em treze temporadas de F1, nunca me feri gravemente!''

Em torno de toda essa atmosfera e fim de festa - e até mesmo com uma pitada de melancolia - o que boa parte esperava era de uma reconciliação entre os dois melhores pilotos dos últimos tempos. Segundo Prost, ele chegou procurar Senna entre as duas provas finais, mas o brasileiro não lhe deu retorno. Porém, um primeiro gesto dado pelo brasileiro assim que terminou o briefing dos pilotos - onde Roland Bruynsereade encerrou a reunião com "Alain, obrigado por tudo que você fez e boa sorte em sua vida", que logo tomada por uma salva de palmas e cumprimentos dos pilotos que lá estavam, inclusive Senna. 

Ao terminar da corrida, no parque fechado, eles também se cumprimentaram, sempre com Ayrton a dar o primeiro passo. No pódio, a cena que tornou-se icônica: um pouco antes da premiação, Ayrton puxou Prost para o alto do pódio e fez o mesmo com Damon Hill. Pouco tempo depois, voltaria a fazer ao puxar Alain para o primeiro lugar quando os troféus foram distribuídos. Os aplausos esfuziantes do público que estava logo abaixo do pódio, demonstra o tamanho da admiração por estes dois gênios e também da atitude de Senna para com Prost. 

A coletiva de imprensa continuou com a mesma atmosfera alegre entre os dois agora ex-rivais, com risadas e desabafos alegres dos dois grandes pilotos: "Devemos privilegiar essa imagem desportiva. Ayrton e eu passamos bons momentos juntos, principalmente em 1988. Com a minha saída, o melhor é relembrar apenas as boas lembranças, os aspectos bons da nossa rivalidade esportiva", disse Alain Prost que foi seguido por uma fala descontraída de Senna: "Na Mclaren, o maior problema que encontramos foi simples: Alain queria sair do circuito o mais rápido possível para ir jogar golfe! Impossível, forcei muito, os briefings duraram horas! Ele ficava me dizendo: 'Vamos, acabe com isso, quero ir jogar golfe!' Lembro-me perfeitamente!." Ayrton encerraria a conversa naquela coletiva ao analisar rapidamente aquele pódio em Adelaide: “O que podemos dizer hoje? Nossa atitude falou mais do que todas as palavras que poderíamos dizer com mais ou menos habilidade. Apenas os gestos realmente contam. Foi um belo pódio. Ele refletiu meus sentimentos. Dele também, eu acho".  

Alain já havia se reunido com os membros da Williams na quinta-feira em um restaurante no centro de Adelaide, onde acabou recebendo de presente dos mecânicos uma embreagem de presente após uma sessão no karaokê. 

Já Ayrton reuniu-se com o pessoal da Mclaren naquela mesma noite do GP para a confraternização final, onde o brasileiro foi agraciado com um quadro entregue por Jo Ramirez e mais tarde ele foi ao show da Tina Turner que o convidou para o palco quando ela estava para cantar "Simply The Best", tornando único aquele momento.


A melhor tradução de uma história


(Foto: Pinterest)

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Como nas cédulas de dinheiro, revelando em filigrana o rosto de uma personagem célebre, a carreira de Alain Prost teve sempre a sombra de Ayrton Senna. Desde 2 de junho de 1984, num GP do Mónaco chuvoso que revelara o novo prodígio, o cenário da Formula 1 se articulou à volta destas duas personagens principais, que chegaram ao paroxismo de sua rivalidade em 1988 e 1989, os anos da sua coabitação na McLaren, levados com inteligência, mas pontuados por uma severa rutura.

Durante estes quase dez anos, os feitos de Prost não teriam talvez tido a mesma importância se Senna não existisse, e o contrário também é verdade. Será agora necessário nos habituarmos à ideia de um sem o outro. Como um casal jamais separado. Senna sem Prost, será um pouco D.Quixote sem o seu Sancho Pança.

Se já dá para sentir o vazio que a aposentadoria de Prost vai trazer a partir de 1994, Senna ficará ainda mais orfão que todos nós. Ao volante do seu Williams-Renault, o brasileiro, o último Campeão do Mundo ainda em atividade, vai se sentir bem solitário, mau grado todos esses jovens ainda longe de terem atingido a sua dimensão: Schumacher, Hill, Hakkinen e o nosso Alesi.

A sua caça aos recordes de Prost, notadamente o de vitórias, para o qual já só restam dez sucessos, fará provavelmente sobresair ainda mais a sua ausência do seu alter ego. Senna sabe tudo isso. como homem inteligente e sensível, não pode deixar de pensar nisso no momento em que derramou uma lágrima dpeois da chegada deste emocional GP da Austrália. Este romance que acaba de chegar ao fim com o adeu de Alain Prost, é também um livro que se fecha sobre ele. Na sua nova vida que chega, haverá um pouco da sua juventude que se vai."

Tive contato com este texto assim que ganhei o anuário 93/94 do grande Francisco Santos, jornalista português que é uma das minhas grandes fontes de inspiração, e ele foi reproduzido na parte final que trata do GP da Austrália. Este foi escrito pelo francês Francis Reste e foi publicado na segunda-feira do pós GP no jornal francês L'Équipe. 

Foi a tradução perfeita de dois personagens que tiveram suas carreiras intrisecamente ligadas desde o famoso evento da Mercedes na inauguração do novo traçado de Nurburgring intitulado de "Race Of Champions", onde Alain cravou a pole e teve ao seu lado o jovem piloto em segundo e que o passaria imediatamente após a largada para uma imponente vitória. “A primeira vez que eu realmente conheci, e falei com ele, foi em 84. Era um evento da Mercedes na Alemanha, onde fizemos uma pequena corrida em Nürburgring com um novo modelo da Mercedes, onde alguns pilotos e ex-pilotos de Fórmula 1 participaram. Alguém da Mercedes me perguntou se eu podia esperar Ayrton aeroporto, pois seu voo chegaria 15 minutos depois do meu e tínhamos somente um carro para ir até a pista. Essa foi a primeira vez que nós conversamos. Nosso papo durou cerca de três horas. Foi muito bom. Ficamos muito próximos, porque o Ayrton não conhecia ninguém lá. Ele estava sempre perto de mim durante os primeiros dias” falou o francês alguns anos depois. E pouco tempo depois, num chuvoso 3 de junho, em Mônaco, ambos quase entraram em duelo pela vitória no Principado e mais tarde dividiriam os pódio, com o francês a ficar com a primeira posição e Senna com o segundo. 

E foi interessante ver que ambos se esbarraram tantas vezes na corridas para depois dividirem o espaço na Mclaren, onde formaram, talvez, o Dream Team da Fórmula-1 e onde desencadearam a maior rivalidade da história da categoria. O pódio carregado de emoção em Adelaide, foi um desfecho memorável para uma história igualmente memorável. 

Mas a história não tinha acabado e a última página seria escrita em Paris pouco tempo depois.

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...