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sexta-feira, 6 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem Dia 1


Podemos dizer que a festa em Le Mans começa a partir do tradicional Scrutineering? Sem dúvida alguma esse momento tem se tornado um clássico para aqueles que esperam ansiosamente para terem os primeiros contatos com equipes, carros e pilotos na Place de La République. É o start para a grande semana desta 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans. 

Entre carros das classes Hypercar, LMP2 e LMGT3, foram 39 inspecionados nesta sexta-feira e entre uma inspeção e outra, entremeadas a autógrafos e fotos, alguns personagens que farão parte dessa grande edição falaram com o site oficial das 24 Horas de Le Mans.


Sendo o primeiro para este dia inicial de inspeção, é uma bom sinal? O BMW Team WRT teve um dos seu BMW M Hybrid V8 abrindo a fila dos carros a serem inspecionados. Vicent Vosse, chefe da equipe, analisou a atual fase da equipe e manteve a cautela, esperando para ver como serão os testes do próximo domingo:  "Temos feito progressos constantes desde junho de 2024. Entendemos melhor o carro. Tivemos algumas boas corridas no final da temporada passada, mas também em 2025. Apesar disso, não sabemos realmente o que esperar aqui, porque o circuito é diferente dos outros. No domingo, após o Dia de Teste, teremos uma primeira opinião sobre o nosso nível de desempenho."

No entanto, Dries Vanthoor, que estará no comando do BMW M Hybrid V8 #15 junto de Rafaelle Marcielo e Kevin Magnussen, foi direto ao ponto indicando que sim, eles tem uma grande chance: “Podemos vencer a corrida”.



A Peugeot experimentou um breve sucesso em algumas horas na edição de 2023, quando ela estreou no campeonato naquele ano. De lá para cá, com uma nova abordagem para com os 9X8, teve alguns bons momentos e nas 6 Horas de Spa-Francorchamps, última etapa do WEC, estiveram muito bem na prova. Löic Duval, que estará na pilotagem do 9X8 #94 junto de Malthe Jakobsen e Stofel Vandoorne, se apega na boa apresentação da equipe em Spa: “Durante a as 6 Horas Total Energies de Spa-Francorchamps, lutamos na frente com as Ferraris, BMWs e Toyotas. O resultado da corrida não foi o que esperaávamos, mas tivemos o desempenho necessário para colocar os dois carros entre os 5 primeiros.”. Prestando atenção nas palavras de Jean-Marc Finot, chefe de automobilismo da Stellantis, talvez tenha alguma esperança de que a Peugeot consiga mesmo um bom papel nesta edição frente aos grande concorrentes: “Vamos lutar para fazer a melhor participação possível. Nunca na história do automobilismo vimos tantos fabricantes participarem. Vamos experimentar 24 horas de suspense”.

 

 


Ainda entre os donos da casa, a Alpine espera ter uma jornada bem melhor que a do ano passado quando perdeu seus dois carros num curto espaço de tempo, incluindo um belo estouro de motor. Os últimos resultados foram bem animadores com pódios nas últimas etapas, inclusive, chegando a desafiar a Ferrari em Spa. De todo modo, apesar dos bons momentos em provas passadas, Bruno Famin, Diretor da Alpine Motorsport, reconhece que Le Mans é outro mundo e requer cautela: “Foi realmente gratificante. Apesar disso, as 24 Horas de Le Mans tem suas especificidades e dificuldade. Não devemos nos deixar levar. Vamos nos concentrar em continuar progredindo. O punico objetivo que estabelecemos para nós mesmo é não nos arrenpendermos no domingo, 15 de junho.”

 

 


A Cadillac tem sido constantemente apontada como uma força para vencer a grande prova nos últimos anos, mas problemas, acidentes e enroscos com outros competidores, tiraram dos carros americanos a possibilidade de pegarem o lugar mais alto do pódio. Para esta edição, serão quatro carros para três equipes e espera-se que um grande resultado. Sébastien Bourdais, que estará ao lado de Earl Bamber e Jenson Button no Cadillac V-Series #38 do Hertz Team Jota, destaca a evolução neste ano: “Mostramos bons resultados desde o ínicio da temporada; é preciso dizer que a equipe está ganhando impulso. A Cadillac instalou um novo chicote eletrênico no carro, o que resultou em um período de adaptação. Nas 6 Horas de Spa-Francorchamps da Total Energies, demonstramos um bom nível de desempenho, terminando em quinto e sexto lugares. O carro tem potencial, então todos sonhamos com um grande resultado.”



O retorno da Aston Martin, até aqui, não tem sido dos melhores, mas a sua marca mais presente, além da beleza incontestável dos Valkyrie, é a sinfonia do V12 que o coloca em pé de igualdade com os V8 da Cadillac em termos de preferência do público. O experiente Harry Tincknell, que conduzirá o #007 junto de Tom Gamble e Ross Gun, destaca o trabalho pesado nos últimos meses para levar o Aston Martin Valkyrie no nível dos demais: “É muito emocionante participar da corrida com este carro. Ele tem potencial para se tornar uma lenda. De qualquer forma, esse é o destino que queremos oferecer a ele. Nos últimos seis meses, tanto nos testes quanto durante as corridas, trabalhamos duro para fazê-lo progredir em termo de desempenho e confiabilidade. Hoje, podemos dizer que ele melhorou em todas as áreas”.

 

Nos LMP2 a batalha pela vitória é sempre a mais apertada das classes, sobrepondo até mesmo aos GTs em edições anteriores. Não é de estranhar que velhos conhecidos queiram escrever o seus nomes na história de Le Mans nesta classe.

 A Inter Europol Competition já teve bons momentos em Le Mans, mas nunca chegou a vitória. Mas seria esta edição a grande chance? Para Tom Dilmann, que pilotará o Oreca 07-Gibson #43 da equipe junto de Jakub Smiechowski e Nick Yelloly, é uma ótima oportunidade: “O objetivo é vencer. Temos a equipe e a tripulação para alcançá-lo. Apeasr disso, há muitos parâmetros a dominar. É preciso ser muito sério, muito focado... e estar pronto para enfrentar todas as condições. Este ano, vencemos as 12 Horas de Sebring. Se pudéssemos vencer as 24 Horas de Le Mans, seria ótimo”.

 


Outro carro querido pelos torcedores, o Oreca #99 da AO By TF com a liverý do “Dragão”, também estará nessa batalha para buscar escrever o seu nome na galeria de campeões desta classe nas 24 Horas de Le Mans. P.J Hyett, que estará junto de Dane Cameron e Louis Deletraz, acredita na equipe incorporando o espírito do simpático mascote para chegar ao triunfo: “Na equipe, todos estão trabalhando para colocar o carro na frente. Um dragão está representado em nossa carroceria e é assim que estaremos na pista”.

 

Na LMGT3 a batalha promete ser intensa, claro. A herdeira natural das classes LMGTE-PRO e AM, teve bons momentos na edição de 2024 que marcou a primeira sob o regulamento consagrado GT3 e para este ano, com novos players na disputa, tende a ser bem interessante.

A United Autosports, com seu par de Mclaren 720S LMGT3 EVO, vem embalada em torno das festividades dos 30 anos da única conquista da Mclaren nas 24 Horas de Le Mans com o legendário Mclaren F1 GTR na edição de 1995. Uma conquista nessa classe seria algo bem interessante para ir pavimentando a ida da Mclaren à classe principal em 2027. Grégoire Saucy, piloto do #59 ao lado de James Cottingham e Sébastien Baud, se apega a marca festiva e o bom desempenho do 720S para chegar à vitória: “Este aniversário nos deixa ainda mais ansiosos para vencer. Estamos confiantes porque sabemos que o carro é capaz.”

 


Se existe um retorno que sempre mexe com os sentimentos daqueles acompanham a história das 24 Horas de Le Mans, esse é o da Mercedes. Seja em qual for a classe, a presença da equipe da heráldica de três pontas é sempre celebrada, ainda mais nesta edição onde os três AMG LMGT3 da Iron Lunx estarão com o clássico prata como livery para homenagear o icônico Sauber C9 Mercedes que venceu a edição de 1989. Ainda que seja especial este retorno à Le Mans e também a homenagem, Maxime Martin, que fará trio com Martin Berry e Lin Hodenius no #61, destaca o foco em fazer uma corrida sem incidentes para todos possam chegar ao final da maratona dos dias 14 e 15 de junho: “Participar das 24 Horas de Le Mans é sempre uma experiência excepcional, mas contribuir para o retorno da Mercedes é ainda mais especial. Agora, temos que dar o nosso melhor para chegar à linha de chegada. Temos que fazer uma corrida limpa. Seria pretencioso dizer que podemos vencer na primeira tentativa.”

As inspeções continuam amanhã e ao final do dia acontece o desfile pelo centro da cidade de Le Mans.

FOTOS: Dailysportscar.com

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

3 Horas de Goiânia - Dia dos Pais antecipado

A festa do trio formado pelos Foresti e Axel Gnos, vencedores da geral nesta 4ª Etapa do 
Império Endurance Brasil em Goiânia
(Foto: Bruno Terena)

A conquista do trio formado por Victor Foresti/ Lucas Foresti/ Axel Gnos a bordo do Ligier #42 da Foresti Sports nesta quarta etapa do Império Endurance Brasil, que realiza neste final de semana a rodada dupla, veio através de um final de prova extremamente tenso, sendo decidido apenas nos minutos finais da corrida de três horas no Autódromo Internacional Ayrton Senna. 

Se pegarmos pelo início, a corrida parecia estar fadada a ter o AJR #444 como o grande favorito à conquista, mas no decorrer do certame a dupla formada por Vicente Orige/ Sarim Carlesso acabaria ficando de fora da disputa quando teve um furo de pneu logo após a entrada dos boxes, o que significou que eles teriam de completar uma volta toda para que pudessem trocar o pneu dianteiro direito. Outra dupla que teve um grande andamento e que poderia ter uma ótima história para contar, é a do Ligier #9 formado por Marcos Gomes/ Xandinho Negrão, onde este último não estava no circuito por conta de assuntos particulares e chegaria ao autodromo com a prova em andamento. Marcos Gomes ficou com a responsabilidade de levar o Ligier laranja e branco ao topo da classificação após disputa ferrenha com o Sigma #12 de Sergio Jimenez/ Marcelo Vianna/ Christian Rocha e pareciam estar com boas chances de vitória até a última parada de box, quando caíram para terceiro. 

Foi neste momento que a batalha entre Jimenez e Lucas Foresti ganhou em ação e drama: apostando num ritmo mais cadenciado para não realizar uma parada extra, Sergio conseguia abrir muito bem do Ligier na longa reta do circuito e segurava como podia os ataques de Lucas Foresti na parte mista. Isso durou até próximo dos dez minutos finais, quando Foresti realizou a ultrapassagem e assumiu a liderança para não mais perder, dando à equipe a primeira vitória na categoria e automaticamente para o trio que recebeu o reforço do suíço Axel Gnos que compete na Fórmula Regional e também com o Ligier na Ultimate Cup Series da equipe Team Virage. Victor Foresti comentou sobre a conquista: “A emoção é incrível! Comecei a correr quando era criança e realizar um sonho desses com o meu filho é muito bom. Só tenho a agradecer”. 

Com a perda da liderança, a nova missão de Jimenez era de suportar a pressão de Xandinho Negrão na disputa pela segunda posição. O plano foi o mesmo que usara contra Foresti, mas o protótipo #12 acabou ficando pelo caminho justamente na entrada da reta dos boxes por conta de uma pane seca. Pedro Fetter, engenheiro da equipe Sigma Motorsport, comentou sobre essa parte final em que a vitória estava próxima: “Fomos até o limite. O carro se envolveu em alguns toques e estava desalinhado no final, com a asa dianteira raspando no solo, o que nos fez optar pela economia em vez de um ritmo mais forte que nos permitisse abrir e fazer um splash and go. Tivemos algumas falhas de rádio no final que também prejudicaram nossa comunicação. A vitória passou muito perto, mas amanhã temos uma nova oportunidade e vamos em busca do topo do pódio”. Tanto o Sigma #12 como o #11 da FTR (Henrique Assunção/ Fernando Ohashi/ Emilio Padron) estrearam uma asa traseira nova nesta etapa, onde os carros tiveram pequenos ganhos de performance. Mas é algo ainda a ser bem desenvolvido para esta reta final de campeonato - sobre o #11, este se envolveu num incidente quando desviou de uma escapada do Mercedes #27 e teve a suspensão traseira quebrada, o que forçou o abandono. 

Apesar do drama em saber se Xandinho Negrão chegaria à tempo de assumir o comando do carro, tudo acabou dando certo quando o filho do lendário Xandy assumiu o comando faltando três minutos para estourar o tempo regulamentar de condução de Marcos Gomes, que já havia feito o seu turno de 1 hora e 30 minutos. O engenheiro da equipe, Guilherme Gonçalves, destacou esse momento crítico que acabou dando certo: “Hoje, tudo que tinha que dar certo deu, né. A gente teve vários desafios internos na equipe. A gente só podia entrar para cumprir uma parada numa janela específica de tempo por causa da logística do Xandinho e isso deu super certo!”. 

Xandinho também destacou este momento, ao comemorar todo esforço da equipe e resultado: "Bom demais, né? Deu tudo certo! O carro, a estratégia, a prova, o Marquinhos, o Safety Car… Talvez a única coisa que a gente mudaria seria parar duas voltas antes, que com o Safety Car, a gente ficaria um pouco melhor, mas dadas as circunstâncias, foi bom demais”. Marcos Gomes aproveitou para comentar sobre o resultado alcançado: “A gente não sabia se o Xandinho ia chegar a tempo ou não, mas no final deu tudo certo. A nossa estratégia foi perfeita, ninguém cometeu nenhum erro, foi uma corrida limpa. No final, faltou talvez a gente colocar um pneu novo pro Xandinho segurar o vencedor, mas economizamos esse jogo de pneus para amanhã e vamos tentar a vitória”.

Alguns favoritos, como o Ligier #117 de Guilherme Botura/ Gaetano Di Mauro acabaram se enroscando com o AJR #35 de Pedro Queirolo/ David Muffato e isso significou com estas duas duplas acabaram se prejudicante e saindo automaticamente da disputa pela vitória. O outro Ligier favorito, o de #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra/ Werner Neugebauer - este último realizando sua estreia no campeonato - tiveram um apagão no meio da prova que atrasou um pouco o andamento, mas conseguiram salvar o terceiro lugar. 

OBS: Devido ao incidente com o AJR #35, Guilherme Botura, que estava no comando do Ligier #117 no momento, foi considerado culpado e com isso foi desclassificado.


A Porsche doutrinou nos GTs

Enfim, a primeira vitória do Porsche 992 no Império Endurance Brasil
(Foto: Rodrigo Guimarães)


A Porsche chegou a primeira vitória do modelo 992 que estreou em Interlagos no mês de maio com o trio formado por Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller. O trio, que cravou a pole para esta quarta etapa na classe GT3, conseguiu se desvencilhar dos problemas e chegou a uma importante conquista, visto que seus principais rivais, os três Mercedes do Team RC, enfrentaram diversos problemas e  facilitaram a conquista do Porsche da Stuttgart Motorsport. Ricardo Mauricio reforçou, mais uma vez, a docilidade deste modelo, algo que foi destacado pelo trio na estreia do modelo em Interlagos: “O carro é fantástico, mais fácil de guiar do que o anterior. Isso ajuda muito na hora de acertá-lo. A equipe veio trabalhando e o ‘992’ evoluiu a cada prova”.

Entre os GT4, a Porsche continua o seu passeio ao cravar mais uma dobradinha com os modelos 718 Cayman. A vitória ficou mais uma vez com a dupla do #21 formado por Jacques Quartiero/Allan Hellmeister. Este último destacou a grande jornada da equipe e carro neste campeonato: “Estamos em um ano super iluminado. A equipe está fazendo um trabalho excepcional: o carro nunca tem problemas!”. 

Carros e pilotos retornam amanhã para a realização da quinta etapa, com mais três horas de prova. 

Abaixo o resultado de cada classe nesta quarta etapa:

P1

  1. Lucas Foresti/Victor Foresti/Axel Gnos (Ligier/Foresti Sports - P1) - 125 voltas em 3h02min12s387
  2. Xandinho Negrão/Marcos Gomes (Ligier/A. Mattheis - P1) - a 3s684
  3. Renan Guerra/Werner Neugebauer/Marco Pisani (Ligier/KTF - P1) - a 23s409
  4. André Moraes Jr./Flávio Abrunhoza/Leandro Ferrari (Ligier/BTZ - P1) - a 2 voltas
  5. Sérgio Jimenez/Marcelo Vianna/Christian Rocha (Sigma/Sigma Kraucher - P1) - a 3 voltas
  6. Gaetano di Mauro/Guilherme Bottura (Ligier/BTZ - P1) - a 4 voltas
  7. Vicente Orige/ Sarin Carlesso (AJR/ JLM Racing - P1) - a 5 voltas
  8. Andersom Toso/ Fernando Fortes/ Fernando Poeta (Ligier/ FTR Motorsport - P1) - a 30 voltas
  9. Pedro Queirolo/ David Muffato (AJR/ TMG Racing - P1) - a 70 voltas
  10. Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Henrique Assunção (Sigma/ FTR Motorsport - P1) - a 83 voltas

GT3

1) 55-Marcel Visconde/Ricardo Mauricio/Marçal Müller (Porsche 911 GT3 R)
2) 27-Ricardo Baptista/Rafael Suzuki (Mercedes-Benz AMG GT3)
3) 83-Maurizio Billi/Marco Billi/Max Wilson (Mercedes-Benz AMG GT3)
4) 63-Sérgio Ribas/Guilherme Ribas (Mercedes-Benz AMG GT3)
5) Guilherme Figueirôa/Júlio Campos/Linneu Pires (Mercedes-Benz AMG GT3)

GT4

(Foto: Rodrigo Guimarães)


1) 21-Jacques Quartiero/Alan Hellmeister (Porsche 718 Cayman GT4 Clubsport MR)
2) 718-Giuliano Bertuccelli/Eric Santos/João Tesser (Porsche 718 Cayman GT4 Clubsport MR)
3) 44-Fernando Gorayeb/Witold Ramasauskas (Audi RS3)
4) 64-Enzo Visconde/Henry Visconde/Kim Camelo (BMW M2 CS)


sexta-feira, 17 de maio de 2024

4 Horas de Interlagos - Solidariedade e vitória para Queirolo e Muffato

 

Enfim, a vitória de Pedro Queirolo/ David Muffato
(Foto: Paulo Abreu)

Em Goiânia, quando o Império Endurance Brasil abriu a temporada 2024, tudo parecia caminhar bem para uma tranquila e imponente vitória do AJR #35 conduzido por Pedro Queirolo/ David Muffato. O ritmo convincente dessa já  veterana dupla parecia intocável, até que problemas numa das portas e mais tarde numa das rodas, tiraram deles a oportunidade de iniciar a campanha no mais alto do pódio. Não se pode negar que foi um duro golpe para eles e a TMG Racing, que gerencia o AJR verde e preto nesta temporada, mas Interlagos lhes reservou uma retomada importante e emocionante, já que a volta final foi bem dramática. 

Essa corrida foi pautada especialmente pela economia de combustível, já que pelos cálculos de algumas equipes a possibilidade de até dois Splash & Go era considerável. Portanto, que conseguiu ter um ritmo mais cadenciado no inicio poderia tentar apenas uma rápida. Esse foi o caso de Queirolo/ Muffato que optaram em usar pneus da etapa anterior no inicio da corrida - com David no comando - e apenas administrar bem o carro para que no decorrer das horas seguintes apenas aumentasse o ritmo e fosse buscar o melhor resultado. O longo Safety Car já nas primeiras voltas da corrida foi uma benção dos céus para esta dupla - este foi ativado após o forte acidente de Marco Pisani com o Ligier #22 da KTF no final da reta oposta - o que ajudou bastante nessa economia. Faltando duas horas para o final eles já estavam entre os três primeiros e liderando na geral e mesmo que houvesse a oposição do AJR #444 de Vicente Orige/ Sarin Carlesso e mais adiante do Ligier #117 de Guilherme Botura/ Gaetano Di Mauro, a dupla do carro #35 estava afinadíssima para abrir uma boa vantagem, que foi crucial para uma dramática volta final onde questões de combustível e ABS assustaram a todos da equipe TMG. David Muffato elogiou a equipe e todo trabalho, destacando, também, a apreensão na derradeira volta: “A equipe está de parabéns, foi fantástico. Mas sem emoção, não tem graça. Na última volta, tivemos um problema e o carro começou a ter uma falha, o Pedro virou 10, 12 segundos mais lento, mas deu tudo certo”. Pedro Queirolo, que finalizou a prova e esteve no olho do furacão naquela volta final, também fez seu comentário daquela situação: “Nas duas últimas voltas, achei que o combustível poderia não bastar. Ainda tivemos um problema no ABS. Na última curva, o carro estava falhando, mas de repente cresceu. Na etapa passada, passamos sufoco, mas essa é nossa”. Foi uma importante vitória para esta dupla após a decepção em Goiânia e olhando bem, o leque de estratégias que eles possuem, aliados a conhecida velocidade, é uma dupla que entra forte na busca desse tão sonhado título. Para a TMG, que até ano passado gerenciava o Mclaren da equipe Blausiegel, foi a primeira vitória na P1 e melhor: casaram de forma imediata com os protótipos. 

A conquista de Queirolo/ Muffato não significou que esta corrida tivesse um favorito disparado. O Sigma #12, pilotado por Sergio Jimenez/ Marcelo Vianna/ Christian Rocha teve um ótimo inicio ao liderar praticamente toda primeira hora, mas problemas elétricos e outros percalços durante a prova, os tiraram da briga pela vitória - ainda teve outro Sigma P1 de #11 conduzido por Henrique Assunção/ Fernando Ohashi/ Emilio Padron, que receberam esse carro de Jindra Nicolau para que pudessem competir nessa etapa. A FTR, equipe pela qual este trio compete, foi uma das afetadas pela enchente no Rio Grande Sul assim como a Mottin, que também não pode estar nessa etapa pelo mesmo motivo. Voltando ao trio do #11, eles também tiveram uma prova bem atribulada após a primeira hora quando problemas hidráulicos apareceram constantemente, forçando algumas paradas do protótipo de cor azul pela pista. 

Além da conquista do AJR #35, os outros dois que estavam presentes tiveram um bom andamento. O de #30 da Power Imports, pilotado por Alexandre Finardi/ Rafael Martins, enfrentou problemas no sábado durante a qualificaão, mas na corrida, com Rafael Martins no comando, a ritmo foi excelente chegando a ocupar a segunda posição em certo momento, mas problemas no motor acabou deixando o protótipo branco de fora da corrida. O AJR #444 da JLM pilotado por Orige/ Carlesso saiu na pole, mas perderia a liderança ainda nas primeiras voltas para o Sigma #12. No entanto, o ritmo da dupla era muito bom, mas acabariam perdendo três voltas para o líder no decorrer da corrida e isso os deixaria de fora da briga - o que foi uma pena, afinal tinham um jogo de pneus novinho e podiam, quem sabe, entrar na briga pela vitória em Interlagos. 

O Ligier de Leandro Ferrari/ Guilherme Moraes
(Foto: Paulo Abreu)
Os Ligier estiveram bem, ainda que dois dos cinco carros franceses caíssem durante a corrida por conta de acidentes. O #22 da KTF Sports, pilotado por Renan Guerra/ Marco Pisani e que foram os vencedores da corrida de abertura, ficaram de fora logo de cara após o acidente de Pisani no final da
reta oposta. Apesar do forte acidente - que não foi explicado e a camera não captou - Marco saiu andando do carro. O outro Ligier, o de #22 da Autlog - gerenciado pela BTZ - pilotado por Leandro Ferrari/ Guilherme Moraes esteve muito bem na corrida e sempre entre os primeiros. Talvez aparecesse a oportunidade na parte final da corrida quando fez o ultimo pit-stop, mas ao sair dos boxes acabou exagerando e batendo na barreira de pneus da pista de rolamento, decretando o abandono da dupla. 

Dos outros três Ligier restantes, o #42 da equipe Foresti Sport, conduzido por Lucas e Victor Foresti, fechou em sétimo e isso garantiu ao Victor a vitória na subclasse "Endurance Legends" destinado a pilotos acima de 50 anos. Para os outros dois a disputa foi mais árdua, com os Ligier #117 de Botura/ Gaetano e #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes precisando recuperar voltas para que pudessem entrar na briga pela vitória, o que proporcionou uma aula de pilotagem dos quatro pilotos, especialmente de Gaetano - que conseguiu entrar na volta do #35 e quase consegue a vitória - e da dupla formada por Xande e Marcos, que ainda tiveram que lidar com um furo de pneu no inicio da corrida e também com problemas elétricos e na bomba de combustível. Mas o terceiro lugar foi festejado: “O terceiro lugar foi ótimo para o campeonato, já que saímos daqui na vice-liderança e bem próximos dos primeiros colocados”, comentou Marcos Gomes. Xandinho Negrão também destacou o bom resultado, perto do que foram as adversidades que eles tiveram: “Não foi a corrida que a gente sonhava, mas estamos vivos na disputa pelo título e tenho certeza de que, na próxima, vamos evoluir mais”. “Não dá para reclamar de nada hoje, não. O terceiro lugar, perto de tudo o que passamos, foi bem positivo. Ficamos a somente dez pontos da liderança, então acho que devemos sair daqui com motivos para comemorar”.

Estreia com vitória para Suzuki/ Baptista

Uma importante vitória para a dupla Rafael Suzuki/ Ricardo Baptista
(Foto: Paulo Abreu)

Infelizmente essa classe GT3 esteve bem esvaziada mais uma vez, mas isso não privou de termos uma corrida bem interessante entre as duas Mercedes da RC Competições vs o novo Porsche 911 GT3 R 992 da Stuttgart Motorsport. 

A vitória da dupla Rafael Suzuki/ Ricardo Baptista com o Mercedes AMG GT3 #27 foi construída a partir da pole position e estiveram muito bem no controle ao suportar a pressão inicial do Porsche #55 e depois para abrir uma volta de vantagem sobre os demais competidores dessa classe para chegar a uma confortável conquista. Rafael Suzuki, que fez a sua estreia com pela GT3, tendo passado um bom tempo andando com o AJR da Power Imports, falou sobre essa conquista e também de todos os problemas que os gaúchos tem enfrentado nestes últimos dias: "Agradeço a receptividade da equipe RC e também ao Ricardo Baptista. Estrear com vitória e ainda por cima em Interlagos é sempre especial, sou grato pela oportunidade. Dedico ao pessoal da Edenred, nossos parceiros aqui na Endurance, eles têm muitos colaboradores no Rio Grande do Sul e eu tenho muitos amigos também por lá. Foi uma semana difícil para o povo gaúcho, de muita solidariedade nesse momento difícil, então eu dedico essa vitória para eles também." Ricardo Baptista também comentou sobre esta vitória: "Foi muito boa a corrida, tivemos um pouco de sorte com o safety entrando durante a nossa parada do box. Infelizmente não conseguimos fazer a primeira etapa por conta da chegada do carro que demorou mais do que esperávamos." A equipe RC ainda teria o outro Mercedes de #83 de Marco Billi/ Maurizio Billi/ Max Wilson em segundo. 

O novo Porsche 911 GT3 R 992
(Foto: Paulo Abreu)
O novo Porsche 911 esteve com bom ritmo e na parte final pressionou o Mercedes #83 na briga pela
segunda posição, mas acabou recuando e ficando em terceiro. Mas as impressões dos três pilotos - Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller - foram as mais positivas do carro que deve ter uma nova configuração de câmbio para a etapa de VeloCittà:

Marcel Visconde: "O carro é muito confortável e apresentou dirigibilidade superior. Me senti bem menos desgastado após mais de uma hora de corrida. Mas é um carro que oferece muitos ajustes, que ainda precisamos estudar mais. Para a próxima etapa teremos uma nova relação de câmbio, mais curta".

Ricardo Maurício: "O carro se comportou muito bem e surpreendeu pelo ritmo, considerando que tivemos pouco tempo de pista para trabalhar nele. Mas depois de ajustes no câmbio é carro para conquistar a vitória"

Marçal Muller: "O carro tem muito downforce, o que melhora muito o compartimento nas curvas"

A outra Mercedes AMG presente na corrida foi a de #63 de Guilherme Ribas/ Sergio Ribas que ficou em quarto nessa classe.


Vitória tranquila para a Porsche na GT4

Apesar da perda da pole, Allan Hellmeister/ Jacques Quartiero conseguirama vitória na classe
(Foto: Paulo Abreu)


Apesar de alguns momentos onde o Audi da Eurobike/ MC Tubarão esteve na liderança por conta das paradas de box, essa classe teve um amplo domínio dos dois Porsche 718 Cayman Sportclub desde a qualificação até a bandeirada final. A pole desta classe ficou reservada o #718 conduzido pelo quarteto formado por Kreis Júnior/João Tesser/Giuliano Bertuccelli/Eric Santos, uma vez que esta posição parecia ser certeira para a dupla do outro Porsche de #21 de Jacques Quartiero/ Allan Hellmeister e o próprio Allan comentou sobre isso: “A perda da pole foi um tapa na cara da humildade para a gente. Fomos bem nos treinos, mas não conseguimos fazer a pole”. Mas na corrida, a dupla do #21 conseguiu assumir a liderança logo de inicio e administrou bem a vantagem, já que o do quarteto do #718 enfrentou um furo de pneu no começo e isso os deixou em desvantagem.

Hellmeister elogiou o companheiro de equipe:  "O Jacques fez um ótimo terceiro stint e me entregou o carro numa posição muito competitiva. Aí foi só administrar os pneus e todo o equipamento. Nossa vitória realmente veio do stint do Jacques". 

Quartiero destacou a temperatura da pista e o bom comportamento do #21 nesta condição: "Apesar de a pista estar bem quente, conseguimos manter um bom ritmo, porque o carro estava muito bom". 

A segunda posição, assim como em Goiânia, ficou para o #718 e Giuliano Bertucelli demonstrou a sua satisfação em estar nas provas de Endurance, assim como destacar o bom carro que tem em mãos: "Estou gostando muito de correr no Endurance. O carro é muito bom de pilotar".

A trinca da Eurobike/ MC Tubarão: bom presságio
(Foto: Paulo Abreu)
Por mais que o ritmo não esteja dentro do ideal, os três carros levados pela Eurobike/ MC Tubarão para
Interlagos - 
o BMW M2 CS #64 pilotado por Enzo Visconde/ Kim Camelo; o Audi RS 3 LMS #5 com Henry Visconde, Tiel Andrade e Felipe Steyer no comando; e o BMW 320i #89 conduzido por Fernando Rebellato e Rodrigo Garcia - trouxeram boa sensação para os pilotos e equipe, dando um interessante horizonte para as próximas etapas. Henry Visconde comentou sobre os desempenhos: “Houve um pequeno contratempo com o Audi RS 3 LMS devido a uma sobrepressão de óleo, mas foi prontamente resolvido. O BMW 320i também surpreendeu positivamente, apesar de necessitar de alguns ajustes nos freios. Estou satisfeito com os resultados e acredito que aprendemos valiosas lições internas para a próxima corrida".

Além das duas primeiras posições terem sido ocupadas pelos carros da Stuttgart, a terceira posição ficou para o BMW#64 de Visconde/ Camelo. 


A vitória da Solidariedade em Interlagos

Foram mais de 20 toneladas de donativos arrecadados em Interlagos juntando os dois eventos - Porsche Club e Império Endurance Brasil - mostrando que a categoria, mais uma vez, esteve na ponteira da solidariedade, agora para ajudar a todos do Rio Grande Sul frente a mais grave de todas as enchentes que aquele local já passou. 

De lembrar que a categoria foi a primeira a retornar e iniciar a campanha durante o período da pandemia em 2020, quando iniciou o campeonato e Interlagos no segundo semestre e junto a campanha de arrecadação para ajudar aqueles que passaram momentos apertados por conta da pandemia. 

Mais uma vez eles estiveram na liderança, que pôde ser vista, também, entre as próprias equipes, já que Jindra Kraucher emprestou um dos Sigma G5 P1 para que o trio formado por Henrique Assunção/ Fernando Ohashi/ Emilio Padron pudessem competir nessa etapa, já que a FTR não pôde vir. “A Tech Force monta tão bem os carros que não teremos grandes dificuldades. Contaremos com a colaboração de mecânicos em São Paulo e esse é o espírito: colaboração mútua para superarmos as dificuldades diante da crise”, destacou Jindra. 

As ações de arrecadações continuaram por todo restante dessa temporada. 

A próxima etapa, as 4 Horas de Velocittá, será nos dia 15 de junho.


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

 

(Foto: Adam Gawliczek) 

Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada no antigo Roosevelt Raceway. 

Essa corrida foi uma semana antes do GP da Bélgica, o que forçou as equipes da Mercedes, Auto Union e Scuderia Ferrari a dividirem o contingente para cobrir os dois eventos - como não havia vôos comerciais naquele período, os pilotos que competiram na Vanderbilt Cup acabaram voltando de navio com chegada prevista para 13 de julho, dois dias após a realização do GP belga. No lado da Mercedes, com os seus W125, Rudolf Caracciola e Richard Seaman seguiram para os EUA enquanto que Hermann Lang, Manfred Von Brauschitsch e Christian Kautz pilotaram em Spa; a Auto Union levou dois Type C para Bernd Rosemeyer e Ernst Von Delius para o Roosevelt Raceway e quatro Type C ficaram para Hans Stuck, Luigi Fagioli, Rudolf Hasse e Hermann Müller na Bélgica; a Scuderia Ferrari seguiu o mesmo caminho ao levar dois Alfa Romeo 12C-36 para Tazio Nuvolari - então vencedor da edição de 1936 da Vanderbilt Cup - e Giuseppe Farina e na Bélgica Raymond Sommer e Carlo Felice Trossi comandaram os outros dois 12C-36. 

A corrida na América teve um grande contingente contando um total de 38 inscritos para 30 lugares no grid de largada. Na grande lista contavam nomes como os de Kelly Petillo, Wilbur Shaw, Bill Cummings, Milt Marion, Rex Mays, Babe Stapp, Joel Thorne, personagens que dentro de pouco tempo estariam gravadas na história do motorsport americano. A prova distribuiu prêmios do primeiro ao décimo, sendo que o vencedor levava 20 mil dólares e o décimo 1.400 dólares e os outros vinte levando uma quantia de 500 dólares.

A qualificação consistiu na média de nove voltas (dividida a cada três passagens) e Rudolf Caracciola acabou por fazer a pole, seguido por Bernd Rosemeyer e Rex Mays, que conseguiu um ótimo terceiro lugar com uma Alfa Romeo 8C-35 cujo carro foi o reserva da Ferrari na edição de 1936.

No dia da corrida, que seria num sábado, dia 3 de julho, acabou não acontecendo devido as fortes chuvas que caíram justamente quando os carros estavam no grid. Isso levou a organização a não realizar a prova, visto que o perigo era considerável naquela condição - e você pensando que isso acontece apenas nos dias atuais, não é mesmo caro leitor. Dessa forma, a prova foi transferida para a segunda-feira, 5 de julho. Curiosamente o sol chegou a voltar, secando parcialmente a pista, mas em seguida voltaria a chover com força. 

A corrida foi realizada na segunda-feira com a largada às 14 horas locais. Rosemeyer e Caracciola travaram grande duelo desde a primeira volta, com o piloto da Auto Union conseguindo um melhor arranque, mas perdendo a liderança para Rudolf na terceira volta. A disputa entre os dois melhores pilotos da Alemanha continuou até o momento em que Rosemeyer reassumiu a liderança na volta 11 e terminaria a batalha quando Caracciola abandonou a corrida na volta 17 por problemas de motor. 

Esta prova teve bons destaques, começando por Rex Mays que se manteve entre os primeiros durante toda a prova e fecharia num ótimo terceiro lugar; Billy Winn, pilotando um Summers-Miller, teve um inicio promissor chegando a ocupar a quinta colocação, mas teria uma avaria na transmissão que forçou o seu abandono na volta 8; o mestre Tazio Nuvolari estava em grande forma nessa edição, mas o fato de forçar demais os Alfa Romeo, custou caro: inicialmente teve uma quebra de motor na volta 16 quando estava em quarto e se aproximando de Mays. Ele abandonou, mas acabaria pegando o carro de Farina - que ocupava a quinta posição - para tentar escalar o pelotão. O mantuano continuou à toda velocidade, mas teria novamente problemas no motor na volta 50 quando havia subido para quarto. Ele abandonou a corrida definitivamente após entregar o agora problemático Alfa à Farina que ainda salvou um quinto lugar. 

Apesar do abandono de Caracciola parecer ter facilitado as coisas para Rosemeyer, o piloto alemão ainda teve em Richard Seaman um oponente a se preocupar. O inglês da Mercedes chegou liderar a corrida nas ocasiões onde Bernd ia aos boxes para as suas paradas, mas chegando ao final da corrida é que o perigo pareceu mais claro quando Richard se aproximava rapidamente de Rosemeyer. Para azar de Seaman - e sorte de Bernd - o inglês teve que realizar uma parada extra nos boxes. 

Bernd Rosemeyer venceu a prova com 51 segundos de vantagem sobre Seaman, que foram acompanhados por Rex Mays em terceiro, o melhor piloto americano na prova, Von Delius em quarto e Farina/ Nuvolari em quinto. Os americanos ainda tiveram Joel Thorne em sexto; Snowberger em sétimo; Wilbur Shaw em oitavo; Bill Cummings, que teve queimaduras no braço e tornozelo por conta de um vazamento de óleo, ficou em nono; e Herb Ardinger em décimo. 

Essa edição da Vanderbilt Cup foi a última realizada, voltando apenas em 1960 com a vitória ficando para Harry Carter com um Stanguelini da Fórmula Júnior no mesmo Roosevelt Raceway - esta que foi a última edição famosa prova neste circuito.

terça-feira, 19 de março de 2024

4 Horas de Goiânia - Uma estreia e tanto para Renan Guerra e Marco Pisani

Um inicio promissor: Marco Pisani/ Renan Guerra vencendo na estreia deles com Ligier e na classe P1
(Foto: Bruno Terena)

O autódromo de Goiânia mostrou mais uma vez que é território restrito da Ligier. Desde a estréia do modelo JS P320 em 2022 através da equipe BTZ, que foi a pioneira em trazer o modelo LMP3 francês para cá, o protótipo perdeu apenas uma etapa. A forte adaptação ao local e também as altas temperaturas de Goiânia, rederam frutos impressionantes para um carro que tem crescido bastante no gosto dos pilotos e chefes de equipes, tanto que nesta etapa de abertura do Império Endurance Brasil outros três modelos fizeram seu debut: a Autlog trouxe um para o trio formado por André Moraes Jr/ Flavio Abrunhoza/ Leandro Ferrari; a novata Foresti Sport tem o seu que foi pilotado por Victor Foresti/ Lucas Foresti; e a KTF Sports com um destinado à Marco Pisani/ Renan Guerra que, assim como os outros que também estreariam com o modelo JS P320, eram oriundos da GT4 - isso sem contar no retorno do Ligier da equipe FTR conduzido por Claudio Ricci/ Fernando Poeta/ Andersom Toso, que voltam à categoria após o carro ter tido um incêndio na etapa de Cascavel ano passado. Juntando estes quatro ao outros dois Ligier, que já estão consagrados nas mãos da BTZ (que são os campeões da categoria com Gaetano Di Mauro/ Guilherme Bottura) e da AMattheis (Xandinho Negrão/ Marcos Gomes), o contingente de seis carros franceses para competir contra os AJR e Sigma, abrem uma ótima perspectiva de como será este campeonato de endurance. 

Os treinos livres deram uma tônica de como poderiam ser estes trabalhos, com Renan Guerra/ Marco Pisani conseguindo cravar o melhor tempo na quinta com o Ligier #31 e com uma ligeira diferença de 88 milésimo sobre o AJR #444 de Vicente Orige/ Sarim Carlesso e de 3 décimos sobre o outro AJR #35 de Pedro Queirolo/ David Muffato. Os demais treinos livres ainda mostraram bastante desse equilibrio, ainda que pese o domínio dos AJR: no segundo treino livre a melhor marca foi de Alexandre Finardi/ Nicolas Costa/ Pedro Maldi com o AJR #30 e no terceiro treino livre foi a vez do AJR #35 de David Muffato/ Pedro Queirolo assumirem a dianteira. 

Esse melhor tempo da dupla que estreou pela TMG Racing nesta temporada, após um bom tempo pela JLM Racing, foi um ótimo presságio para eles já que na qualificação a dupla do AJR #35 acabaria ficando com a pole. Foi um momento muito importante para Muffato e Queirolo, que estão iniciando essa nova jornada na nova equipe. “Estamos aliviados! Acho que fazia dois anos que não largávamos na pole position. Sofremos muito com problemas de motor nos últimos anos. Para começar em uma nova equipe é muito bom”, destacou Pedro Queirolo. 

Essa felicidade da dupla se converteria num inicio vertiginoso e convincente através do bom andamento do AJR #35 que abriu ótima vantagem já no início de prova sobre o AJR #444 de Orige/ Carlesso - que são da JLM Racing, antiga equipe de Muffato/ Queirolo. O carro não deu nenhum sinal de fraqueza, com ambos os pilotos conseguindo um bom ritmo em seus stints sem nunca deixar cair o rendimento mesmo com o forte calor. Infelizmente, num dos últimos pit-stops, o pneu traseiro esquerdo não teve a porca bem fixada e eles acabariam perdendo muito tempo no box, jogando fora a chance de vencer uma corrida que estavam em suas mãos. Para completar o pacote de azares,a porta do lado esquerdo não fechava, mas isso era o de menos: o período perdido ali foi crucial para que o melhor carro da prova não ficasse com a vitória. 

Este domínio do AJR #35 por quase toda a prova deixou bem claro que, para alguém sonhar com algo melhor, teria que torcer para que o carro tivesse algum problema. Com esse azar (mais um) de Muffato/ Queirolo, a corrida ficou em aberto para dois Ligier: Marcos Gomes/ Xandinho Negrão estiveram brilhantes nessa corrida com um ritmo muito forte, sendo a segunda dupla mais veloz da corrida, mas ficava claro que uma vitória era bem mais dificil por conta dos implacáveis Pedro Queirolo/ David Muffato. Com o problema destes, o caminho parecia aberto para a vitória, mas eles precisavam de um Splash & Go para completar a corrida e se isso fosse feito em Safety Car, a chance de ganhar era enorme, mas em bandeira verde, a situação tornaria-se irreversível. Esse SC nunca veio e eles precisaram entrar para a sua parada rápida para completar o tanque. A chance de Renan Guerra/ Marco Pisani no outro Ligier #31 tinha aparecido.

A corrida feita por Guerra/ Pisani foi brilhante também. Ao mesmo modo de seus outros dois rivais, eles estavam num ritmo muito bom com os dois pilotos, sendo que Renan conseguia poupar bastante o combustível e Pisani conseguia andar extremamente rápido quando era preciso. A boa economia feita por Guerra, aliado a ótima velocidade de Pisani, deu uma janela importante para eles já que não precisariam parar mais para um reabastecimento rápido no final da corrida. Pisani foi sensacional em sua condução no stint final, levando muito bem o carro a uma vitória importante ao lado do também brilhante Renan Guerra, que esteve espetacular quando tomava posse do Ligier. Pisani destacou bem essa inédita conquista deles na classe principal: “Inacreditável. Acho que ainda não caiu a ficha. A gente teve pouco tempo com o carro, mas contamos com o apoio da equipe (KTF Racing). O resultado aqui foi feito fora da pista. Foi 90% fora da pista e 10% na pista. É incrível sair da GT4 onde a gente toma 5, 7, 8 voltas dos protótipos. Fazer isso tudo com concorrentes de peso, pilotos sensacionais de primeira categoria… não tenho nem o que falar. Só quero agradecer”.

A segunda posição para o Ligier #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes pode ter soado como uma vitória para eles já que a classificação foi sofrível, mas ainda assim não foi tão satisfatório: “Foi um fim de semana com uma performance bem aquém do esperado, do que a gente tem de equipe e pilotos. Conseguimos ainda salvar um P2 super importante para o campeonato. A estratégia foi perfeita. Agora é trabalhar para voltar a 100% da nossa velocidade e disputar esse campeonato, que tem tudo para ser o mais competitivo da história da P1” destacou Marcos Gomes. O engenheiro da equipe, Guilherme Gonçalves, reforçou a ideia de melhorar muitos pontos que foram abaixo nessa etapa de abertura: “Certamente temos uma lista de coisas bem grande a fazer para a próxima etapa, principalmente do ponto de vista de performance do carro. Algumas mudanças que a gente decidiu fazer do ano passado para esse certamente não corresponderam e precisamos trabalhar para buscar mais performance”

Os demais Ligier tiveram diferentes destinos: enquanto que dois estavam na briga pela vitória, o #42 da Foresti Motorsport, com Lucas Foresti/ Victor Foresti, tinham terminado na quinta posição, mas acabaram levando dez voltas de acréscimo ao final da prova por não terem cumprido um procedimento numa das paradas de box. Inicialmente, com essa punição, cairiam para oitavo, mas acabaram entrando com recurso e a penalização foi retirada, voltando, assim, a quinta posição. Os Ligier das equipes BTZ e FTR abandonaram com problemas mecânicos.

A TechForce, que comanda as ações do Sigma G5 P1 #12, também enfrentou alguns percalços nessa etapa, mas a sua parte final foi forte o suficiente para garantir a terceira posição com o trio formado por Marcelo Vianna/ Christian Rocha/ Sergio Jimenez. O inicio da corrida para eles pareci bem forte, mas tiveram uma queda de performance que o fizeram despencar na classificação e, no decorrer da prova, ainda tiveram que lidar com o vazamento intenso de óleo do AJR #444 que sujou bastante o para-brisa do carro. O chefe da equipe e que também estava inscrito neste caso acontecesse algo com algum dos pilotos, Jindra Kraucher, falou sobre o desempenho da equipe nessa etapa: “O problema do óleo acabou com o stint do Marcelinho. Ainda por cima, quando o Christian assumiu para o seu stint, o Safety Car passava pela reta e ficamos presos mais uma volta na saída dos boxes. Mas eu diria que estava ruim e ficou bom. O carro estava perfeito, o Serginho [Jimenez] andou rápido e constante como sempre, o Christian que era novato fez um ótimo stint, muito constante e sem erros. Saímos satisfeitos de Goiânia e motivados para fazer melhor na próxima etapa”. O outro Sigma G5 P1 #11 da equipe FTR Motorsport, pilotado por Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Henrique Assunção, teve problemas na qualificação e fizeram uma boa prova de recuperação, conseguindo fechar na sexta colocação e vencendo na subclasse "P1 Legends"

Os AJR poderiam muito bem ter conseguido bons resultados com três dos quatro carros presentes, mas apenas o #35 de Muffato/ Queirolo é que teve a grande chance de vencer e que não aconteceu por motivos já citados mais acima. O #444 da JLM Racing de Orige/ Carlesso sofreram bastante com o vazamento de óleo - que gerou algumas reclamações de outros competidores - o que forçou algumas visitas a mais nos boxes para reposição de óleo; o AJR #30 da Power Imports, pilotado por Alexandre Finardi/ Nicolas Costa/ Pedro Maldi, teve um inicio bem promissor com o ritmo muito forte de Nicolas Costa, mas depois passaram a ter problemas no câmbio e em seguida com a asa traseira pra mais tarde abandonarem; o terceiro AJR, #26 da Mottin Racing de Adriano Baldo/ Gustavo Martins/ Oswaldo Sheer, tiveram problemas desde o inicio da corrida e abandonaram na volta 26 com problemas no motor.


Vitória para a Porsche na GT3 e GT4

Uma vitória tranquila na despedida do multi campeão 911 GT3 R
(Foto: Ricardo Saibro)


Essas duas classes ficaram bem esvaziadas devido aos problemas com os envios dos demais carros, que estava na Alemanha para revisão, não conseguirem chegar a tempo por conta da greve naquele país. Dessa forma, a classe GT3 se viu com apenas três carros - o Porsche 911 GT3 R #55 da Stuttgart Motorsport (Marcel Visconde/ Ricardo Mauricio/ Marçal Müller); o Mercedes AMGT GT3 #83 do Team RC com Maurizio Billi/ Marco Billi/ Max Wilson; e o outro Mercedes AMG GT3 #63 da Tech Force conduzido por Guilherme Ribas/ Sergio Ribas.

Nessa classe a vitória ficou para o Porsche #55 após uma prova tranquila que o trio, vencedor das Mil Milhas,  conseguiu manter sob controle e contou com problemas no Mercedes #83 que acabou abandonando na volta 103 quando Max Wilson estava no comando. A segunda posição ficou para o Mercedes #63. 

Os três pilotos do Porsche #55 comentaram sobre essa conquista na abertura do campeonato:

Marcel Visconde: “Foi uma vitória merecida da equipe. Cumprimos nosso dever de colocar o carro no grid e de fazer as quatro horas de prova. Estamos muito contentes porque fizemos nosso trabalho e o resultado foi colhido”.

Marçal Müller: “Foi um ótimo fim de semana. É bom começar o ano vencendo e marcando pontos importantes para o campeonato”.

Ricardo Mauricio: “Começar vencendo é muito bom. Tomara que o carro novo chegue a tempo de podermos entendê-lo e, quem sabe, conseguir mais vitórias e mais um título na GT3”.

Para este modelo GT3 R, que venceu o campeonato da classe em 2023 e ganhou as Mil Milhas em janeiro passado, é o canto do cisne, já que a principio não estaria em Goiânia, mas o atraso na chegada do novo GT3, acabou sendo recrutado para levar este trio à conquista mais uma vez.

Na GT4 a Porsche teve uma disputa caseira, já que, à exemplo da GT3, também estava esvaziada. O dois 718 estiveram na ponta em diversas situações, mas a vitória acabou ficando para o #21 pilotado por Allan Hellmeister/ Jacques Quartiero - que ainda pagaram um punição por terem ficado menos tempo numa das paradas de box. Eles contaram com problemas no ABS do gêmeo #718 pilotado por Luiz Landi/ Eric Santos/ Giuliano Bertucelli (João Tesser pilotaria também, mas na noite anterior foi diagnosticado com dengue e não pôde correr), que teve essa avaria por conta de algum detrito que teria rompido o chicote do dispositivo. "O suporte falhou, o chicote do ABS ficou pendurado e raspando no pneu, até o momento em que partiram-se os fios do sensor de velocidade de roda. Aí dá falha do ABS. O freio continua funcionando normalmente, mas você não tem o sistema de ABS e tem que desligar o sistema para que não fique dando alarme e atrapalhando o piloto", disse Felipe Grizzi, engenheiro e chefe da equipe Stuttgart Motorsport.

Vitória do professor e aluno, já que Hellmeister foi instrutor do Quartiero no inicio de carreira
(Foto: Ricardo Saibro)


Os pilotos dos dois 718 comentaram sobre o desempenho nessa prova:

Jacques Quartiero: “Estou muito emocionado. O Alan foi meu professor quando comecei a treinar para estrear no automobilismo. Só agora conseguimos correr juntos. Foi uma corrida difícil porque tivemos uma penalização, mas no fim tudo deu certo”.

Alan Hellmeister: “Foi nossa primeira prova juntos e começamos com vitória. Estou muito contente, é um ótimo começo.”

Luiz Landi: “Nosso problema foi o rompimento do chicote do sensor do ABS, devido a algum atrito. Fiz todo o último stint sem ABS e por isso eu tinha que frear antes, e às vezes alguma roda travava. Dei uma rodada no fim da reta e por sorte não aconteceu nada, pude voltar para a corrida. ‘Peguei a mão’ do carro sem ABS e consegui andar rápido, mas perdemos a liderança da GT4”.

Giuliano Bertucelli: “Foi muito legal, até mais do que eu imaginava. O carro é muito gostoso de pilotar. Chegamos a liderar, mas tivemos uma pane e o carro andou boa parte do tempo sem ABS. Já estou pensando na próxima corrida!”.

Eric Santos: “Larguei e consegui estabelecer um ritmo legal de corrida. Foi uma estreia, precisei aprender a lidar com o tráfego. Estava muito quente, e nessas horas ter ar condicionado dentro do carro sempre ajuda!”.

Na terceira posição ficou o BMW M2 Clubsport #64 da MC Tubarão e pilotado por Henry Visconde/ Enzo Visconde/ Kim Camelo. Este trio nem pôde largar, já que tiveram problemas eletrônicos, mas os problemas foram resolvidos e assim conseguiram entrar para a corrida.

Para a próxima etapa, que será realizada em Interlagos no dia 11 de maio, espera-se a presença dos carros que não puderam vir para esta etapa de Goiânia, assim como a reativação da classe P2.


domingo, 12 de novembro de 2023

4 Horas do Velopark - Problemas, chuva e vitória para Xandinho e Gomes

 

O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark
(Foto: Bruno Terena)

As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado, principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.

O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara, foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/ Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/ Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam na sexta posição na geral e em terceiro na P1.

Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11 começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o #444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.

Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos boxes.

Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da forte tempestade.

A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns, foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”. Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora, vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”

Mercedes e Mustang vencem nos GTs

 

O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3
(Foto: Bruno Terena)

A GT3 teve um bom cenário desde o início quando viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/ Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) entrassem numa enorme batalha.

O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três, com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os dois Mercedes do Team RC.

Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota, de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR #99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do #99.

Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o #27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche #55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”

Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15 da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8 décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e uma redução de 10kg.

A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr
vencedores da GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.

Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.

O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi #5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível. Estamos muito felizes”

A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.

93ª 24 Horas de Le Mans - Horas 23 e 24