Desde que Interlagos passou a ser umas das últimas três provas do calendário da F1, fato que acontece desde 2004, esta foi a corrida mais sem graça. A do ano passado pode também entrar neste rol, mas como foi a penúltima prova do campeonato, ganhou certo interesse por ter a possibilidade de encerrar o mundial. Dessa vez a chuva, tão prometida 15 dias antes da corrida, caiu em forma de garoa, bem fina e super passageira em alguns pontos do circuito que mal deram para umedecer o asfalto. E a garoa começou a cair quando Piquet estava na sua histórica volta com a Brabham BT49C de 81, em comemoração aos 30 anos do seu primeiro título. Não atrapalhou o tricampeão e muito menos os pilotos, que quando foram para a instalação do grid a pista estava tinindo de tão seca.
A corrida em si não foi nada interessante. Uma disputa ali, outra acolá, serviu apenas dizer que havia uma competição. Para dizer até havia algo em disputa que era o de honroso vice-campeão, ou seja, campeão do resto entre Button e Alonso. E foi exatamente daí que saiu os dois únicos grandes duelos: se Alonso foi brilhante ao passar Button, por fora, na entrada do Laranjinha pela disputa do terceiro lugar, Jenson deu o troco mais tarde quando Alonso já tinha colocado os pneus duros e vinha perdendo rendimento, ultrapassando o espanhol no final da reta oposta. Outra disputa legal foi entre Sutil e Rosberg que trocaram duas vezes de posições (sem piadinhas, claro) quando disputavam a sétima posição, com vantagem para Adrian que venceu o duelo. Hamilton e Massa também estavam numa perseguição de gato e rato, quando o câmbio do Mclaren deixou Lewis na mão. O entrevero mais comentado da tarde foi entre Bruno e Schumacher, quando o sobrinho de Ayrton acabou acertando a roda traseira esquerda do alemão na descida do “S”. Antes disso já haviam batido rodas na freada para a entrada do “S”. Senna tomou uma punição por ter sido considerado culpado e mais tarde um problema na asa, proveniente ao toque com Michael, arruinou de vez a sua prova. Aliás foi um dia apagado dos brasileiros, mostrando bem como foi o ano deles na F1: Massa fechou em quinto, mas em momento algum teve fôlego para chegar ao pelotão da frente; Bruno teve o enrosco com o Schumacher e foi 18º e Barrichello, na sua possível última prova na F1, fez um bom trabalho nos treinos, mas a largada foi péssima caindo de 12º para vigésimo. Lutou como pode e encerrou a corrida na 14ª posição.
Já sobre o jogo de equipe (ou não) da Red Bull, digo que foi certo, porém deveriam ter sido mais discretos. Acusar um problema de câmbio durante a prova é normal, mas o problema é que quando foi ver os tempos de Vettel, não tinha nada de especial: ele perdia cerca de 2,3.4 5 décimos para Webber, e em outras situações ele conseguia ser mais rápido, por muito pouco, mas conseguia. Foi uma palhaçada total por parte dos rubros taurinos que arranjaram uma vitória para Webber, num ano que o piloto australiano não foi nem sombra do que apresentou nas duas últimas temporadas. A Ferrari esperneou após a prova sobre o acontecido, mas vale dizer que o campeonato já estava liquidado, ao contrário dela que mata a chances de um piloto em detrimento a outro antes mesmo das coisas se resolverem naturalmente. Claro que Webber tinha chances de ser vice, mas dependia totalmente de uma combinação de resultados (Alonso tinha que ser quarto e Button nono), que naquele momento não estava acontecendo. Para a Red Bull, faltou um pouco de traquejo. Talvez um atraso de box durante uma das trocas de pneus em Vettel, poderia “camuflar” de modo mais “decente” a entrega para Webber. Mas repito: o campeonato já estava decidido e por aí entendo que é válido o jogo de equipe.
Enfim, o campeonato acabou. Foi bom? Para mim, sim. Respeito a opinião daqueles que acham que o mundial foi ruim e o espetáculo foi prejudicado pelo fato da FIA introduzir algumas ajudinhas para facilitar a ultrapassagem durantes as corridas. Pneus esfarelantes, asa móvel, KERS, acabou, no fundo sendo importantes, apesar de achar que deixaram as coisas mais artificiais. Mas se estão lá, paciência. Não adianta chorar querendo que câmbio manual volte e a eletrônica nos carros de F1 desapareça que não vai acontecer, nem a pau. Escrevo isso porque tenho amigos que gostariam que voltassem aqueles tempos em que o piloto era o diferencial. Concordo com eles, gostaria que fosse assim, mas desde a revolução eletrônica que a Williams fez no início dos anos 90, a F1 ficou dependente disso e qualquer categoria top atualmente, tem eletrônica embarcada nos carros. A F1 em si diminuiu bastante nos últimos anos e creio que só o fato de eliminar o controle de tração e de largada, já foi uma benção.
A largada foi tranquila, com as duas Red Bulls intocáveis em primeiro e segundo. Alonso saiu bem, mais uma vez, e já apertava Button na freada do esse
Button esteve em grande forma em Interlagos, apesar do baixo rendimento dos pneus macios no seu Mclaren. Hamilton esteve apagado e quando estava prestes a passar Massa, o câmbio o deixou à pé
Um grande trabalho, só que ao contrário: nem para apertar a porca do pneu os mecânicos da Virgin prestaram e glock já perdeu o pneu na saída de box. Mico.
Um bom duelo: Rosberg e Sutil travaram boa disputa pela sétima colocação por duas voltas. Adrian levou melhor.
Para os que esperaram por anos uma disputa entre Schumacher e Senna, ela aconteceu em Interlagos e justamente no esse do tio famoso. O saldo foi um pneu furado para Schumacher e uma punição para Bruno, que mais trade teve um problema na asa dianteira por causa do toque no alemão
Resultado Final
Grande Prêmio do Brasil
Interlagos - 19ª Etapa
71 voltas - 27/11/2011
2: Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - a 16s983
3: Jenson Button (ING/McLaren) - a 27.638
4: Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 35s048
5: Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 1h06min733s
6: Adrian Sutil (ALE/Force India) - a uma volta
7: Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a uma volta
8: Paul di Resta (ESC/Force India) - a uma volta
9: Kamui Kobayashi (JAP/Sauber) - a uma volta
10: Vitaly Petrov (RUS/Renault) - a uma volta
11: Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso) - a uma volta
12: Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso) - a uma volta
13: Sergio Perez (MEX/Sauber) - a uma volta
14: Rubens Barrichello (BRA/Williams) - a uma volta
15: Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - a uma volta
16: Heikki Kovalainen (FIN/Lotus) - a duas voltas
17: Bruno Senna (BRA/Renault) - a duas voltas
18: Jarno Trulli (ITA/Lotus) - a duas voltas
19: Jerome d'Ambrosio (BEL/Virgin) - a três voltas
20: Daniel Ricciardo (AUS/Hispania) - a três voltas
Abandonaram:
Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania) - Volta 61
Lewis Hamilton (ING/McLaren) - Volta 46
Pastor Maldonado (VEN/Williams) - Volta 26
Timo Glock (ALE/Virgin) - Volta 21
FOTOS: ITV.COM