As voltas que Kimi Raikkonen passou encaixotado no câmbio do
Red Bull de Vettel, no GP do Bahrein, davam indícios que o Lotus era um bom
carro e que o finlandês tinha retornado em grande forma. Passaram-se os meses,
alguns outros pódios, e ele voltou a discutir uma vitória, agora contra
Hamilton no GP da Hungria. O inglês venceu, assim como fizera Sebastian no GP
barenita, e Kimi amargou mais uma segunda colocação. No seu território
predileto, Spa-Francorchamps, as chances eram boas, mas se depararam com uma
McLaren extremamente rápida e confiável de Button. Ele ficou em terceiro. Depois
a Lotus passou por um período de declínio técnico, e tanto ele, quanto Grosjean
sofreram com o carro. Os pódios estavam distantes e a chance de vencer, ainda
mais.
Kimi partiu da quarta colocação e teve a oportunidade de
assumir o segundo posto quando Webber largou mal, mais uma vez. Isso
possibilitou que não perdesse Hamilton de vista. Mas Lewis não estava tão inspirado
quanto fora na classificação: as voltas iniciais foram difíceis e o inglês
acabou errando em uma das chicanes do circuito. Prontamente Raikkonen estava no
seu encalço, mas cuidadosamente resguardado. Hamilton reclamava dos pneus que
não estavam aquecendo adequadamente e talvez por isso, não conseguisse imprimir
o mesmo ritmo do sábado. O pior veio depois: o McLaren de Hamilton taxiou
lentamente para a grama e deixou o caminho aberto para Raikkonen. O pescador de
combustível traiu Lewis e sua chance de vencer em Yas Marina,
esfumaçou-se. Kimi, enfim, estava no controle. E assim foi até o final da
prova. Cravou voltas extremamente velozes, o suficiente para deixar Alonso o
mais longe possível e poupar os pneus quando quisesse, e também para voltar à
frente de Vettel, que vinha de uma magistral prova de recuperação, depois de
seu pit-stop. As voltas finais, com Fernando diminuindo a diferença de modo
perigoso, não abalaram Raikkonen que continuou na sua tocada a até receber a
quadriculada.
A prova de Abu Dhabi foi boa de certa forma. A tensão que
tomou durante todo o GP, com a expectativa de uma recuperação assombrosa de
Vettel – que aconteceu – mas entremeada de armadilhas por estar partindo do
fundo e mais Fernando Alonso, que partiu pra cima de seus adversários em
ultrapassagens arriscadas, deu uma animada numa corrida fadada a ser sonolenta.
A entrada do Safety Car por duas vezes, devido os acidentes de Rosberg e
Karthikeyan e Perez com Grosjean e Webber, também foi providencial para dar a
corrida o interesse que teve. De longe, foi a melhor corrida naquele local
insosso.
Se Kimi foi o mais festejado do dia, Vettel foi o homem da
corrida. Largou dos boxes, teve uma avaria, pequena, na asa dianteira que foi
discutida se trocariam ou não e na primeira parada de box, a trocaram; cravou
voltas velozes, duelou com Grosjean e por certo momento, teve hipóteses de vencer
em Yas Marina. Mas
teve que parar uma segunda vez e o duelo com Button, pela quarta colocação, o
atrasou bastante. Mesmo assim, ele foi brilhante numa tarde de grandes
pilotagens dele, Kimi e Alonso.
Os prejuízos que poderiam ser desastrosos para Sebastian
Vettel depois da sua penalização no sábado, forçando-o largar dos boxes, foram
minimizados com uma pilotagem vistosa e que serviu para calar a boca dos
críticos. Ele saiu de Abu Dhabi com dez pontos de vantagem sobre Alonso, que
mais uma vez foi lutador, nunca deixando cair a guarda e fazendo ultrapassagens
arriscadas como em Webber e mais tarde em Maldonado. Salvou
uma segunda colocação que lhe dá um respiro para a corrida de Austin, prova que
será uma verdadeira incógnita e onde Vettel pode sagrar-se, pela terceira vez
consecutiva, Tri-campeão do mundo.