Uma dupla rápida, mas que pode render alguns prejuízos (ou lucros) para a Lotus neste 2014 (Foto: Lotus F1 Team) |
Sobre Jody Scheckter não é preciso procurar muito. Basta uma
pequena lida em sua biografia que tem aos montes espalhadas pela internet que
ele foi um estreante dos mais velozes quando a McLaren lhe deu a primeira
oportunidade em 1972, no GP dos EUA. O pódio lhe escapou por pouco exatamente
por ter rodado e a nona colocação acabou como um consolo para ele. Mas Jody
ficou conhecido pra valer em 1973 após o enrosco com Emerson Fittipaldi durante
a disputa do GP da França, quando Scheckter estava liderando e fechou uma
tentativa de ultrapassagem de Emerson ocasionando o incidente que eliminaria os
dois da corrida mais tarde. Para completar, na corrida seguinte, o famoso
acidente na reta dos boxes de Silverstone durante o GP da Grã-Bretanha quando
ele rodou e ficou atravessado e uma leva de pilotos não conseguiu desviar,
acarretando um engavetamento e a interrupção da prova. Jody ficou de fora de
quatro corridas (Holanda, Alemanha, Áustria e Itália) voltando apenas no
Canadá, onde se envolveu em outro acidente agora com Cevert. A sua ida para a
Tyrrell em 1974 acabou sendo um belo divisor de águas na sua carreira e o
amadurecimento numa equipe que estava órfã de Jackie Stewart e do seu sucessor
natural, François Cevert, foi visto ao longo daquele ano quando ele chegou a
discutir o título mundial contra Emerson e Clay Regazzoni.
Já Andrea De Cesaris era mais um daqueles pilotos
ultra-velozes do final da década de 70 que almejava chegar à F1. O apoio gordo
da Marlboro, facilitado pelo fato de seu pai ser representante da marca na
Itália, viabilizou a sua estréia na categoria já em 1980 quando substituiu Vittorio
Brambilla na Alfa Romeo nas duas corridas finais, no Canadá e EUA. De Cesaris
voltaria à Alfa Romeo em 1982, depois de uma passagem não muito animadora pela
McLaren, lugar onde conseguiu o recorde (negativo) de destruir 22 chassis ao
decorrer da temporada. Por sorte a
Scheckter e seus acidentes com Emerson (acima) e em Silverstone |
Mas, Grosjean e Maldonado lembram estes dois pilotos do
passado? A meu ver sim. Grosjean seria um “novo Scheckter”, assim como
Maldonado um “novo De Cesaris”. Sobre o venezuelano, há tempos, para ser mais
preciso, quando foi confirmada a sua estréia pela Williams em 2011, que muitas pessoas
faziam essa associação. De fato elas tinham razão: um forte apoio financeiro,
velozes, mas extremamente estabanados. Se bem que o seu primeiro ano foi mais
brando, com poucos acidentes, mas 2012 ele esteve envolvido em vários
De Cesaris destruindo tudo na Holanda 1981 (acima) e depois na Áustria, em 1985 |
Romain teve a sua primeira aparição na F1 ainda em 2009 pela
Renault, altura em que disputava a GP2 e foi escalado para substituir Nelsinho
Piquet na segunda parte da temporada. Apesar de seu notável talento na
categoria de acesso, Grosjean foi jogado na fogueira e suas atuações foram bem
pífias e um acidente ainda no início do GP da Bélgica, acabaria por complicar
ainda mais uma possível chance de continuar para 2010. Ele voltaria em 2012
pela Lotus e alternaria ótimas atuações com acidentes, sendo que o da largada
do GP da Bélgica (mais uma vez) tenha sido o pingo d’água para que a FIA lhe
desse um gancho de uma prova, o que de certa forma mudou bastante o seu jeito
em 2013 tornando-se em um dos destaques da temporada.
A Lotus está bem servida com eles? De certa forma, sim. São
dois pilotos rápidos, mas que ainda podem cometer certos excessos
principalmente vindos de Maldonado. Vale lembrar que ele teve uma péssima
temporada em 2013 pela Williams e somando isso a lavada que tomou de Bottas, é de
se esperar que agarre essa oportunidade para tentar reviver alguns dos bons
momentos que teve em 2012, principalmente nas classificações. Grosjean também
está numa fase interessante da sua vida: casou-se ano passado, já é pai – assim
como seu parceiro Maldonado – e começará a temporada como líder de uma equipe
que perdeu gente como Eric Boullier – que foi para a McLaren –, Kimi Raikkonen
– que se mudou para a Ferrari – e uma série de técnicos que se espalharam por
algumas equipes da F1. O seu amadurecimento nos GPs do ano passado foi animador
e sem dúvida é algo que mantém a esperança dentro do time de Enstone.
Já para a Lotus, que tem enfrentado uma série crise
financeira que parece nunca ter fim, o que importa mesmo é que todo pessimismo
em volta dessa dupla se transforme em pontos e os prejuízos materiais sejam os
menores possíveis.
Talvez o famoso mantra da Ferrari de “traga as crianças para
casa” seja de grande valia para eles neste 2014.
O que esperar dessa
dupla? Acredito que o grande embate entre Grosjean e Maldonado aconteça nas
classificações e se o carro for bom, serão figurinhas fáceis nas Q3. Isso
também trará certo divertimento para as corridas com os dois se metendo no meio
dos favoritos e embaralhando um pouco as coisas. Nas corridas coloco mais fé na
regularidade de Romain. Pastor é veloz nos treinos, mas na provas, onde que de
fato vale, ele não consegue repetir o êxito.
Mas de toda a forma será interessante – e divertido –
acompanhar a Lotus e seus dois pilotos.