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(Foto: Autosport) |
Nico Rosberg é um cara subestimado. A sua pilotagem não é
tão vistosa como de outros pilotos top, sempre deixa as pessoas a duvidar se
ele é capaz, ou não, de conseguir o sucesso com mais freqüência. Talvez não se
lembrem de suas ótimas provas, principalmente aquelas onde ele soube
aproveitar-se bem dos problemas enfrentados por Lewis Hamilton, para cravar uma
vitória e colecionar os pontos que eram importantes para o andamento do
mundial. A temporada de 2014 ficou muito marcada mais pelos seus erros nas
provas finais – e o incidente com Lewis na Bélgica – do que pela sua velocidade
que é, talvez, o seu único trunfo e isso ficou claro principalmente nas
classificações da temporada passada. Mas como vale é o resultado final, a
última impressão é a que ficou.
Este ano tem sido crítico para Rosberg tentar algo nas
classificações. Nas voltas em que ele tenta superar Hamilton, sempre acontece
um erro para atrapalhá-lo. Descontando em Barcelona, onde ele foi soberano,
cometeu erros em Monte Carlo, Montreal e agora no Red Bull Ring, quando passou
reto na última curva quando estava prestes a tomar a pole de Lewis. O carro
ficou parado na brita e o piloto alemão voltou a pé para os boxes.
Se beneficiando de uma largada bem melhor que Hamilton, Nico
conseguiu repetir o que fizera brilhantemente em Barcelona: cravou voltas
extremamente melhores que o seu companheiro e apenas passou a administrar a vantagem
para Lewis, sem nunca receber ameaça. Relaxou um pouco na parte final da
corrida ao deixá-lo chegar mais perto, mas com a punição de cinco segundos que
seria acrescida ao tempo de Hamilton, devido a queima da faixa branca na saída
do box, Rosberg estava mais relaxado do que nunca para se dar esse luxo. O
reconhecimento do bom trabalho dele por Lewis, só mostra o quanto ele estava
acima dos demais nesse fim de semana.
Nico Rosberg tem a estirpe de um Damon Hill: não é
brilhante, mas é veloz. Faz o básico e isso acaba gerando um pouco a
implicância dos que não vêem nele um piloto sem aquela aura de campeão do
mundo. Mas assim como Hill, faz o “feijão com arroz” para manter-se vivo entre
os demais e com o carro que tem, ainda pode guardar as suas reservas para
tentar algo mais ousado.
Apesar de não ter apresentado uma pilotagem que arrancasse
aplausos unânimes talvez um dia essa oportunidade chegue, mas por enquanto ele
vai fazendo o básico para continuar na luta pelo seu primeiro título mundial.
Se vai conquistar, é outra história, mas já é bastante para um cara que muitos
acreditavam que nem iria fazer frente a Lewis neste ano. E tem conseguido.
Sobre a corrida
Foi uma boa corrida até. É claro que sempre se espera um
pouco mais de ação, mas com toda a preocupação em torno da economia de
combustível, as primeiras voltas sempre se tornam mais amarradas por conta
disso. Mas não foi o que Rosberg fez parecer ao conseguir uma largada bem
melhor que Hamilton e sumir na frente, cravando tempos de volta bem superiores
que qualquer e se tomando uma boa distância de seu companheiro. Com poucas
voltas, o duo da Mercedes possuía toda a reta dos boxes de vantagem sobre
Sebastian Vettel. Impossível não dizer o tamanho da lavada que mais uma vez
eles deram na concorrência, mas a impressão é que por mais que a Ferrari
melhore seu carro e motor, os alemães têm uma (boa) reserva para tirar. Mas
isso é apenas quando é preciso, como foi o caso de hoje: é como se tivessem
deixado a Ferrari se divertir nos treinos livres, e tomando o brinquedo da mão
deles no domingo.
Sebastian Vettel estava se encaminhando bem para mais um
pódio, mas o erro no pit stop, quando um mecânico não conseguiu encaixar
rapidamente o pneu traseiro direito, o fez perder a terceira colocação para
Felipe Massa. A caça implacável de Vettel sobre o brasileiro nas voltas finais
foi um dos melhores momentos do ano, mas Felipe estava num bom dia e conseguia
tracionar melhor seu Williams nas saídas de curvas, principalmente naquelas
onde davam acesso aos setores para o uso do DRS, e isso dificultava demais a
vida de Sebastian que não teve uma chance real de ultrapassagem.
Por falar em duelos, Maldonado teve dois momentos bem tensos
na prova onde poderia ter tido um daqueles acidentes cinematográficos, ao quase
escapar com seu Lotus após a primeira curva e pouco tempo depois ter feito uma
manobra assustadora que fez o seu carro balançar totalmente: estes dois lances
foram em momentos que ele procurava ultrapassar Max Verstappen na luta pela
sétima colocação. Ele conseguiu exatamente na segunda vez, onde precisou de uma
habilidade acima da média para segurar o carro. Na sequência, com o Lotus
devidamente alinhado, passou por Max que errara a freada. Apesar da tensão na
manobra – e por saber que era Maldonado quem estava na jogada –, as coisas
deram certo. Felipe Nasr também teve boa atuação, que tinha sido demonstrada
desde os treinos, mas o Sauber não é melhor dos carros e piloto brasileiro
acabou ficando em 11ª. Ao menos seus desempenhos têm sido muito bons, até.
Talvez muito inspirado na sua conquista em Le Mans,
Hulkenberg fez a sua melhor corrida até aqui nesta temporada ao conseguir um
ritmo satisfatório a ponto de andar entre os primeiros por toda a prova,
perdendo a posição para Bottas. Apesar a comoção da maioria pós vitória em Le
Mans, onde todos aclamavam – e aclamam – para que ele consiga uma equipe de
ponta já para o ano que vem, basta lembrar que o trabalho que Hulkenberg
precisa fazer para conquistar tal espaço, precisa ser feito dentro da F1. Lá
fora ele demonstrou, sim, que é um dos melhores, mas a vitória não foi apenas
dele.
Sobre Kimi Raikkonen e McLaren, as coisas chegam a dar pena,
confesso: enquanto que o finlandês teve o seu segundo dissabor, ao ver o carro
destracionar praticamente em linha reta e causar um acidente que poderia ter
machucado ele e Alonso, a McLaren continua com a nuvem negra acompanhando ela a
todo o momento: já não bastassem os problemas nos treinos que jogaram seus dois
pilotos para a última fila, ainda teve o acidente que tirou Alonso da corrida
logo na primeira volta e o abandono de Button após ele ter pagado o drive
through ainda recorrente as posições restantes da punição que levou.
O único sinal que não aparenta ter fim para aqueles lados, é
o término da draga que eles se meteram.