A largada do GP da Itália de 1965 (Foto: Devianart) |
É claro que uma declaração vinda de Bernie Ecclestone para
com os circuitos antigos não causem mais surpresas – a não ser que seja de
forma positiva, diga-se –, mas ainda gera uma certa revolta. Ao dizer hoje queo GP da Itália não fará falta ao mundial de Fórmula-1 certamente tirou o
sossego daqueles que ainda mantém uma ponta de esperança em ver o GP italiano
no calendário, mesmo que seja em outra praça como as candidatas Muggelo e
Ímola. Porém, estas também dependem do dinheiro público para tentar sediar a
corrida, caso esta não fique mais em Monza para 2017. O contrato vai até o
final desta temporada.
Apesar de saber que na maioria da vezes essa pressão de
Ecclestone visa pressionar os promotores por mais dinheiro, sabe-se que ele tem
aniquilado aos poucos os circuitos tradicionais para encaixar provas em locais
onde a tradição é quase zero. Com a saída dos gordos patrocínios de cigarro e
bebidas alcoólicas, que bancavam quase que boa parte das provas no passado,
estes GPs europeus tem ficado cada vez mais vulneráveis a fome insana de Bernie
por mais dinheiro. E dessa vez Monza é a praça escolhida – já há alguns anos –
para que o inglês coloque mais pressão. Mas se a clássica prova italiana, assim
como o quase centenário circuito, caia fora do calendário, não terá nenhum
problema para ele: uma prova (mais uma) nos EUA – em Las Vegas – ou até mesmo, quem
sabe, sugar mais alguns petrodólares no oriente médio com alguma prova por lá.
Afinal, o nome do Qatar aparece de vez em quando nos noticiários como um
possível novo local para a categoria.
A verdade mesmo é que os promotores da corrida italiana
deviam seguir o exemplo que Chris Pook, então promotor do GP de Long Beach, fez
em relação a Ecclestone: com o sucesso cada vez maior da corrida nas ruas da
Califórnia, Bernie cresceu o olho e passou a exigir mais dinheiro para que os
carros de sua categoria continuasse a dar o ar da graça por aquelas bandas – e
diga-se, o sucesso da Fórmula-1 naquele lugar era muito bom. Chris Pook, que
mais tarde tornaria-se presidente da CART, acabou alertando que caso o preço
para sediar a prova aumentasse ainda mais, ele assinaria com outra categoria ao
final do término do contrato com a F1. Bernie não tirou o pé e manteve a sua
postura, mas o tiro acabou acertando o próprio pé quando percebeu que Pook não
cedeu ao seu jogo psicológico – e assinou com a CART para sediar as provas a
partir de 1984. E nem precisa dizer quem saiu perdendo mais nessa história,
tanto que a F1 não conseguiu mais alcançar a popularidade conquistada – e
consolidada – em locais como Watkins Glen – que saiu do calendário ao final de
1980 por não dar mais segurança aos pilotos – e Long Beach.
Talvez este seja um caminho que os promotores do GP italiano
poderiam seguir: amarrar um belo contrato com o WEC – por exemplo – e reviver
os 1000 km de Monza, que tanto sucesso fez desde os tempos do Mundial de Carros
Esporte, e dar um chute no traseiro do velhote.
Certamente o sucesso para o quase centenário circuito seria
ainda maior.