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Sem dúvida foi o momento mais crítico da Toyota em sua história na pista francesa. E isso será lembrada por décadas. (Foto: sportscar 365) |
Quando tudo terminou daquela forma tão dramática, procurei
lembrar-me da prova de 2014: a Toyota estava insuperável naquela edição! Um
TS040 Hybrid gozando da melhor plenitude de seu sistema mecânico e elétrico,
trucidou Audi e Porsche sem nenhuma piedade nas duas provas iniciais (6 Horas
de Silverstone e 6 Horas de Spa) e isso foi mostrado com intensidade ainda mais
forte em Sarthe, quando o #7 estava muito à frente da concorrência numa prova
praticamente solitária, sem ter o incômodo das duas fábricas alemãs. Mas então
aquele velho azar de outras edições, de quando eles estavam fortes, como em
1994, 1998 e 1999, resolveu dar as caras e fez com que o fabuloso TS040 #7
desaparecesse no meio da noite como um passe de mágica. As explicações vieram
mais tarde, que um problema elétrico, proveniente de uma peça que custava o
troco de uma bala, tinha sido o causador de tal desaire. Talvez o maior azar da
Toyota nem tenha sido com este, mas com o outro carro, o #8: este havia se
envolvido num acidente ainda nas primeiras horas, quando a chuva desabou.
Conseguiu voltar para os boxes, após longo tempo para os reparos, e quando
retornou deu tudo de si e conseguiu recuperar-se tremendamente bem, ao
descontar cinco das oito voltas perdidas nesta parada forçada e ainda salvou um
terceiro lugar, mostrando o quanto que aquela geração do TS040 Hybrid era tão
sensacional.
Aquele filme de 2014 repetiu-se quase que da mesma forma:
inicialmente, temos que reconhecer que a Toyota fez uma corrida brilhante a
ponto de manter seus dois carros em pista sem grandes problemas, o que abria
para eles uma oportunidade única. Ter visto os graves problemas enfrentados
pelos dois Audis – especialmente o #7 – e também o #1 da Porsche – que foi o
mais afetado dessa horda de carros híbridos, talvez tenha enchido os japoneses
de confiança e também de cautela, uma vez que ainda tinha muito chão pela frente
até chegar as 15:00 do domingo. Mas a estratégia em deixar os dois carros
próximos um do outro, foi muito boa: caso algum tivesse problema, outro estaria
pronto para assumir o posto. Foi assim durante boa parte da prova: enquanto o
TS050 #6 ia para os boxes, ora o Porsche 919 Hybrid assumia a ponta ou o #5 da
Toyota. Um desempenho sólido que levou boa parte daqueles que acompanhavam
acreditar que a Toyota estava bem encaminhada naquela condição. Manter uma
diferença de 10 segundos ou mais, conseguindo ampliar até um pouco mais de 1
minuto, dava a real sensação que tudo estava sob controle. Até mesmo o erro de
Kamui Kobayashi, que estava no #6 e que teve de ir aos boxes fazer reparos,
perdendo assim três voltas, não parece ter abalado tanto a confiança dos
japoneses. A coisa parecia tão próxima da Toyota se tornar a segunda fábrica
japonesa a ganhar em Sarthe, no exato ano em que se completa 25 anos da
conquista da Mazda, que até mesmo a Porsche havia entregado os pontos naquelas
voltas finais devido a grande desvantagem deles para o #5 que estava acima de 1
minuto. Mas ver o TS050 Hybrid #5 encostar-se à reta de chegada na abertura da
última volta, acabou sendo o presente mais inesperado para a Porsche em sua
longa história em Sarthe. O choro dos integrantes da Toyota com a perca de uma
vitória que já estava quase que fechada, foi o triste resumo de algo que eles
sabem que não é muito fácil de se conquistar e que já estiveram próximos de tal
situação em outras oportunidades. Mas de longe, muito longe, essa é a mais
sentida não apenas por eles, mas também por aqueles deixaram até mesmo de
torcer pelo seu time de coração para dedicar aos japas toda uma torcida.
Mas quem sabe em outra oportunidade as coisas não revertam à seu favor. Se Le
Mans escolhe de fato seus vencedores, quem sabe eles é que não sejam os
escolhidos da próxima oportunidade.