terça-feira, 11 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - A grande chance

 

José Carlos Pace em Le Mans 1973: o primeiro sucesso brasileiro na prova
(Foto: Pinterest)

É inegável o sucesso dos pilotos brasileiros no automobilismo mundial e isso vem de tempos. Desde que tomaram de assalto as pistas européias e em seguida as de outros continentes, ter um brasileiro nos grids passou a ser uma expectativa de sucesso e bons resultados, justamente pela qualidade que temos aqui - ainda que em outros tempos o nosso automobilismo não tenha tido o melhor cuidado para que os pilotos se desenvolvessem corretamente aqui no nosso solo. Mas quando foram para fora, fizeram um trabalho honesto e que, se não renderam em títulos e vitórias, ao menos tiveram ótimos elogios e a boa impressão sempre ficou. 

No mundo do Endurance, os pilotos brasileiros sempre foram muito bem: conquistaram inúmeras vitórias nas mais variadas corridas e principalmente em algumas jóias dessa disciplina, como as 24 Horas de Daytona, 6 Horas de Watkins Glen, 12 Horas de Sebring, 24 Horas de Spa-Francorchamps, 24 Horas de Nurburgring, mas, a principal delas, sempre escorreu por entre os dedos: as 24 Horas de Le Mans é a jóia máxima dessa coroa do Endurance Mundial e dentre todas grandes conquistas dos pilotos brasileiros, é única que falta para fechar uma história tão rica que é a nossa lá fora. 

Thomas Erdos em Le Mans 2005
(Foto: MG Lola)
De certa forma temos vitórias em La Sarthe, mas isso fica restrito às subclasses que compõe a grande
prova. Thomas Erdos, brasileiro radicado na Inglaterra, foi o primeiro a vencer uma subclasse quando conquistou o bicampeonato da LMP2 nos anos de 2005/06 à bordo de um MG Lola EX264. Não demorou muito para que o feito se repetisse, mas agora nos GTs: Jaime Melo, um dos melhores pilotos dessa classe naquele período e todos os tempos, também conquistou um bicampeonato consecutivo na LMGT2 em 2008 (Ferrari F430 GTC) e em 2009 (Ferrari F430 GT). Passariam-se oitos até que Daniel Serra, outro mestre na arte de conduzir carros de GT, chegasse à mítica prova e logo em sua estréia já cravasse a vitória com um Aston Martin Vantage em 2017 e dois anos depois repetiria a dose, agora com uma Ferrari 488 GTE EVO - ambas conquistas pela extinta LMGTE PRO. André Negrão conquistou por duas vezes na LMP2, todas a serviço da Alpine, nos anos de 2018 e 2019.

Na geral estivemos perto, claro. José Carlos Pace foi o primeiro brasileiro a subir no pódio na geral quando dividiu a Ferrari 312PB com Arturo Merzario e terminaram em segundo, perdendo para o Matra Simca MS670B de Henri Pescarolo/ Gerard Larousse. Mas para Pace, que tinha o sonho de correr a famosa prova, aquela havia sido o bastante: “Para mim correr em Le Mans era um sonho. Foi uma experiência muito útil. Mas se depender de mim nunca mais corro lá. É extremamente desgastante participar de uma prova de 24 horas de duração... Aquilo é uma loucura. A gente chega no fim da reta a 300 por hora e encontra um carro desses bem menos potentes andando a 200. A pista é estreita e perigosa. Não quero mais saber de Le Mans”

O Jaguar XJR-12 de 1991
(Foto: Pinterest)

Após este resultado de Pace, demoraria 18 anos até que outro brasileiro fosse ao pódio: Raul Boesel, o
Campeão Mundial de Endurance em 1987, estava em sua terceira - e derradeira - passagem por Le Mans e mais uma vez à serviço da Jaguar, quando alinhou o XJR-12 junto de Davy Jones e Michel Ferté e por muito pouco não venceram a clássica, ao terminarem duas voltas atrás do Mazda 787B que deu aos japoneses a primeira conquista nas 24 Horas de Le Mans. Raul Boesel, em entrevista ao Endurance Info, comentou sobre aquela chance: 
“Foi uma edição muito boa, fizemos uma corrida soberba com os meus dois companheiros de equipa, mas a Mazda tinha uma vantagem em termos de peso inferior à nossa (risos). É assim mesmo, terminamos em 2º mesmo!.

Outros dois brasileiros tiveram suas chances: Lucas Di Grassi, pela Audi, fechou duas vezes em terceiro (2013 e 2016) e uma vez em segundo (2014); Bruno Senna, pela Rebellion, foi segundo em 2020. 


A nossa classe para este 2024

Dos 186 pilotos que estarão em Le Mans para esta 92ª Edição, buscando a oportunidade de serem lembrados para a eternidade da grande prova, teremos seis representantes em duas das três categorias: três na Hypercar e três na novata LMGT3. 

(Foto: Ferrari Midia)

Daniel Serra
- Um dos grandes mestres na arte de pilotar GTs no planeta, enfrentará a sua oitava jornada em La Sarthe e esta será a sétima à serviço da Ferrari. Ele estará no comando do Ferrari 296 LMGT3 #86 da GR Racing, junto de Mike Wainwright e Riccardo Pera. 

O piloto brasileiro comentou sobre os novos companheiros, assim como a equipe que tem experência de oito participações na prova: “Nunca corri com eles. Claro que conheço muito bem o carro, mas vou conhecer todos lá em Le Mans. Temos treino uma semana antes lá na pista, então vai ser quando vou poder ter um maior contato com todos” ressalta. “O meu time não faz o Mundial, corre o European Le Mans Series, que é o campeonato europeu, e vai fazer as 24 Horas de Le Mans novamente. Eles têm andado muito bem no ELMS, embora em 2024 seja o primeiro ano da equipe correndo de Ferrari. Sabemos que em uma corrida de 24 horas não é só a performance que conta: é importante ter desempenho, mas também é preciso ter consistência, não cometer erro nenhum, então tem de ter muita coisa alinhada e certinha. E eles já têm experiência em Le Mans, foram ao pódio no ano passado. Vamos fazer o máximo na nossa preparação, e estou muito ansioso para andar de GT3 novamente lá”

E sobre a corrida, que já venceu em duas oportunidades na extinta LMGTE PRO, ele destaca o ambiente da prova e também o momento preferido: “Tudo é muito legal: o evento é cheio de atrações, como o desfile na cidade, a apresentação para os fãs, os testes... A pista é sensacional para guiar, muito prazerosa. Amo corrida de 24 horas. O evento como um todo é muito bacana. Acelerar no amanhecer é a parte mais legal da corrida. É quando a pista está super rápida, já tem um pouquinho de luz e está mais fresquinho. É bom demais poder pilotar no começo da manhã”.


(Foto: United Autosports)

Nicolas Costa
- O carioca de 32 anos apareceu como uma das grandes surpresas na formação da Mclaren para esta temporada, ao ser anunciado para comandar o 720S EVO LMGT3 no Mundial de Endurance ao lado de Gregoire Saucy e James Cottingham. Ele carrega na bagagem a experiência de ter sido campeão no Super GT Itália (2016) e também no Porsche Carrera Cup Brasil (2023). Neste 2024 ele participou das 4 Horas de Goiânia, prova de abertura do Império Endurance Brasil com o AJR da equipe Power Imports. 

Ele não esconde a expectativa de estrear no solo sagrado de La Sarthe: “A ansiedade está alta, mas, com certeza, participar desta prova é um sonho. Pessoalmente nunca estive em Le Mans, jamais pisei na pista, então tudo é novidade para mim. E mais maravilhoso ainda é poder representar a United Autosports e a McLaren. É muito especial e estou muito ansioso para o que vai acontecer”.

A trinca do Mclaren #59 teve um bom desempenho nas 6 Horas de Spa-Francorchamps, terceira etapa do WEC, e fecharam em quarto na classe LMGT3. Ele destaca o carro e a importância do preparo físico: “O resultado que conquistamos em Spa-Francorchamps nos anima demais. Agora, os carros serão completamente desmontados, todas as peças serão novas: motor, câmbio, suspensão, todas as partes... Será praticamente um carro novo. E a gente também reforça muito a parte física, que é tão crítica em uma prova tão longa assim”.

Nicolas agradece a oportunidade de competir na mítica prova, assim como reconhece a chance de beliscar um bom resultado por lá: “Nem tenho palavras para descrever a oportunidade que estou vivendo, de representar o Brasil e o Rio de Janeiro em Le Mans. Será muito importante para a minha carreira. Quem sabe, depois de ter ficado tão perto do pódio em Spa, venha enfim um troféu para nós em Le Mans. Estamos trabalhando muito por isso”

 

A comemoração pela vitória nas 6 Horas de Ímola, terceira etapa do WEC 2024
(Foto: DDPI)

Augusto Farfus
- O outro decano das provas de endurance e, principalmente, de GTs, vai para a sua sexta participação em Le Mans, sendo que a primeira remonta à 2010 quando esteve no comando do BMW M3 junto de Uwe Alzen e Jörg Müller. Para esta sexta aparição, ele estará no comando do BMW M4 LMGT3 #31 DO Team WRT com Sean Gelael e Darren Leung. 

Farfus destaca a preparação de sua equipe em busca dessa conquista, assim como destaca, também, a forte oposição do Porsche da Manthey Pure Rxcing: “A Porsche está voando neste ano, sem dúvidas. Mas em Spa, se não houvesse o acidente, teríamos chegado na frente do Porsche #92 e talvez poderíamos até ter vencido. Então também estamos muito fortes. E em Le Mans, com as altas velocidades, nossa M4 vai andar muito bem”. 

Outro ponto que ele destaca é a peculiaridade da prova, diferente de outras: “Em Le Mans, minimizar os erros é fundamental. Mas a corrida tem uma dinâmica diferente, por exemplo, de Daytona, onde você pode esperar as últimas quatro, cinco horas, para ir para o ataque. Le Mans é uma prova que, se você quiser vencer, é preciso sempre estar junto dos líderes, o tempo todo. E as 24 Horas de Le Mans são atípicas também pelas características da pista”

Por fim, ele espera poder contar com essa que seria a cereja de uma carreira vitoriosa: “Vencer Le Mans seria algo único. Já venci em Nürburgring, Daytona, Dubai e falta Le Mans para o currículo. Seria uma das maiores conquistas da minha carreira, tenha certeza”


(Foto: José Mario Dias)

Pipo Derani
- O cartel deste piloto de 30 anos é um dos mais invejáveis do endurance mundial: são dois titulos da IMSA (2021 e 2023); vencedor das 24 Horas de Daytona (2016), Petit Le Mans (2019) e três vezes das 12 Horas de Sebring (2016, 2018 e 2019). Isso credencia Derani a um dos grandes favoritos para vencer na geral nesta 92ª 24 Horas de Le Mans. 

Mas a sua enorme experiência em provas de 24 Horas - especialmente esta em Le Mans, que será a sua nona participação - o deixa com os pés no chão, sabendo as dificuldades e armadilhas que ela reserva: “Acho que a lição mais importante de todos esses anos é que Le Mans é uma prova muito grande, na qual tudo muda muito rápido. Então, paciência é a palavra-chave. É sobre não cometer erros, uma vez que a prova vai mudando aos poucos, e é preciso se adaptar a ela. E, se você não for afobado e tiver paciência, as coisas acontecem da melhor forma possível”

Destas oito participações, ele recorda, com carinho, a segunda posição na classe LMGTE PRO de 2017 quando foi segundo com o Ford GT da Chip Ganassi tendo Andy Priaulx e Harry Tincknell como parceiros: “Ao longo desses oito anos, acho que a prova mais inesquecível foi em 2017, com a Ford. Chegamos em segundo, então subi ao pódio e vi aquela multidão à nossa frente, foi muito bacana”

Ele estará no comando do Cadillac V Series.R #311 da Action Express junto de Felipe Drugovich (que estreia na prova) e Jack Aitken. Ele comenta sobre o Cadillac para essa edição: “Temos somente algumas pequenas alterações aerodinâmicas para Le Mans, mas basicamente é o mesmo carro. Muito fácil para adaptar. No ano passado estivemos competitivos na corrida. Infelizmente, um acidente com meu companheiro de equipe na primeira volta acabou prejudicando nosso fim de semana, mas o carro foi competitivo, então esperamos poder carregar essa experiência de Le Mans no ano passado nessa segunda tentativa com a Whelen Action Express e com a Cadillac”


(Foto: Felipe Drugovich/ Instagram)

Felipe Drugovich
- Vale a pena esperar por uma vaga na Fórmula-1? Atualmente isso é quase um atraso de vida se caso o piloto não opte por se aventurar em outras praças, e isso é que está fazendo Felipe Drugovich que é o piloto reserva da Aston Martin na F1. Enquanto que a chance de ocupar um lugar na categoria não aparece, a oportunidade de experimentar outro carro totalmente diferente veio em maio quando testou o Cadillac da Action Express em Laguna Seca e de cara impressionou a todos. De imediato, fechou a sua participação na grande corrida pela equipe. 

Aos 23 anos ele estará no grid da 92ª edição das 24 Horas de Le Mans e ressalta a grande oportunidade que está recebendo, além da realização de um sonho: "Tenho apenas 23 anos e estou tendo a oportunidade mais importante da minha carreira automobilística até agora graças à Action Express e ao Cadillac. As 24 Horas de Le Mans são impossíveis de definir em palavras, tal é a sua magia e importância para os automóveis em geral e para o automobilismo em particular. Estou tendo a oportunidade de viver pela primeira vez essa história de 100 anos com AXR e Cadillac. Mal toquei na magia das 24 Horas de Le Mans, vencendo duas vezes as edições virtuais. Agora vou mergulhar de verdade com o Cadillac #311 da Action Express Racing com meu compatriota Pipo Derani e Jack Aitken. Que privilégio ter mais um sonho se tornando realidade."

Drugovich também falou sobre ter pilotado o Cadillac nos testes em Laguna Seca, destacando as qualidades do protótipo: “A eletrônica é um dos seus pontos fortes. O controle de tração é particularmente eficaz e realmente nos ajuda, ao contrário de outros sistemas que limitam ou atrapalham o motorista. O Cadillac V-Series R também tem boa aderência mecânica, por isso tem um bom desempenho em curvas lentas, apesar do seu peso. É uma fera difícil de domar. É bastante pesado, enquanto estou acostumado com monopostos muito leves”

 

(Foto: Porsche Motorsport)

Felipe Nasr
- De todos estes da classe Hypercar, talvez seja ele o que estará melhor posicionado para chegar ao olimpo em La Sarthe. Assim como Derani, o currículo de Nasr é impressionante e não por menos o coloca como um dos favoritos a conquistar a prova: bicampeão da IMSA (2018 e 2021), vencedor das 12 Horas de Sebring e Petit Le Mans (2019) e das 24 Horas de Daytona 2024, estará no comando do Porsche 963 #4 da Porsche Penske Motorsport que ele conhece tão bem desde 2023 e agora desfrutando dos sucessos após longo esforço para elevar o carro alemão ao grupo dos favoritos: 
“Estou muito confiante nas nossas chances. A Porsche Penske Motorsport tem trabalhado incansavelmente para otimizar o desempenho do 963, e nossos resultados recentes são prova disso”, destacou. Ele dividirá a máquina com Mathieu Jaminet e Nick Tandy - este último, vencedor de Le Mans no ano de 2015 pela própria Porsche com o já lendário 919 Hybrid na extinta LMP1.

Ele destaca o quanto essa prova é dificil, mas sempre lembrando a qualidade técnica da equipe: “Claro que Le Mans é uma corrida imprevisível, mas acredito que temos tudo para lutar pela vitória, incluindo uma equipe técnica de excelência e companheiros de equipe talentosos”

Nasr fala da possibilidade e desejo de vencer em Le Mans, assim como, automaticamente, fazer história no automobilismo brasileiro e inspirar os mais novos: “Vencer as 24 Horas de Le Mans seria um marco incrível na minha carreira. Já ter vencido Daytona neste ano foi uma conquista enorme, e ganhar Le Mans consolidaria meu nome entre os grandes do Endurance. Seria a realização de um sonho e um reconhecimento do trabalho árduo e dedicação ao esporte. Com certeza, esse pensamento passa pela minha mente: fazer história como o primeiro brasileiro a vencer Le Mans seria um orgulho imenso, não apenas para mim, mas para todos os fãs de automobilismo no Brasil. Seria uma honra representar meu país dessa forma e inspirar futuras gerações de pilotos brasileiros”

Todos os seis brasileiros presentes em Le Mans tem chances de pódio e vitória em suas respectivas classes. E não será demais sonhar com vitórias em ambas elas, contando com mais de um deles nos pódios destas classes. 

Seria a coroação de uma história magnifica do automobilismo brasileiro nas pistas do mundo.

92ª 24 Horas de Le Mans - O documentário da Cadillac


O documentário intitulado de "No Perfect Formula" mostra o retorno da marca à La Sarthe em 2023, assim como toda a preparação para a edição Centenária da grande prova. 
Lembrando que eles conquistaram a terceira e quarta colocações naquela edição. 


segunda-feira, 10 de junho de 2024

Foto 1040 - Charles Pozzi, 24 Horas de Le Mans 1949

 


O Delahaye 17S da equipe de Charles Pozzi num dos estágios das 24 Horas de Le Mans de 1949. O próprio Pozzi, em dupla com Eugène Chaboud, estiveram no comando do carro francês até a volta 52 quando abandonaram por problemas elétricos.

Essa edição de 1949 das 24 Horas de Le Mans era a retomada da famosa prova após dez anos e no final desta, que contou com 49 carros, teve a vitória na geral do Ferrari 166MM #22 inscrito por Lord Selsdon que dividiu o comando com Luigi Chinetti - onde Chinetti teria conduzido por 23 horas, já que Selsdon estaria embriagado por conta de altas doses de conhaque. 

Sobre Charles Pozzi, este acabaria por ter uma passagem bem pitoresca: quando Pozzi estava no comando do Delahaye, ele se deparou com a falta de água no radiador - ele e Chaboud realizavam suas paradas de box a cada 25 voltas e neste intervalo não podiam parar para reporem os líquidos - e com o carro superaquecendo cada vez mais, ele precisou recorrer a um grupo de pessoas que estavam realizando um pique-nique próximo a Tertre Rouge, pedindo um pouco água. Para seu azar, eles não tinham, mas o problema foi parcialmente resolvido quando eles ofereceram... leite para que fosse usado no radiador. Charles não pensou duas vezes e colocou no radiador do Delahaye, mas talvez ele não soubesse que o leite chega à fervura aos 90 graus e durante o trajeto para conseguir chegar aos boxes, ele pôde observar que a bebida havia fervido e vazado pelos escapes. 

Isso aconteceria novamente no ano seguinte, quando ele, em posse do Delahaye de mesmo modelo, mas agora inscrito pela Equipe Lutetia e tendo Pierre Flahault como parceiro, precisou abastecer com água - que desta vez conseguiu, através de um senhor que trabalhava numa lavoura ali próxima - e completou o reservatória que estava sem o lacre de inspeção, que foi colocado justamente para que os pilotos não colocassem mais água sem que fosse nos boxes. Charles Faroux, um dos três que ajudaram a criar as 24 Horas de Le Mans, era o diretor da prova (tendo exercido essa função desde 1923 até 1956) e acabou desqualificando Pozzi. Segundo relatos, a decisão foi anunciada nos alto falantes e o público presente teceu "elogios carinhosos" à Faroux, com os operadores de som precisando abafar os protestos com música alta. 

Charles Pozzi foi um bom piloto em voiturettes e sport, tendo conquistado vitórias no GP de Comminges de 1949 e as 12 Horas de Casablanca de 1952. Em Le Mans, como piloto, ele teve 4 participações e a sua melhor colocação foi em 1953 quando ficou em oitavo na geral com um Talbot Lago T 26 GS que dividiu com Pierre Levegh. 

Além de piloto, Pozzi foi o principal importador da Ferrari na França por mais de três décadas, sendo que a sua importadora foi adquirida pela Ferrari no final dos anos 90.

Pozzi faleceu em fevereiro de 2001 aos 91 anos na cidade de Levallois-Perret.

domingo, 9 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Porsche comanda as ações no Test Day


Foram duas sessões de testes, com a primeira parte sendo da Toyota e a segunda da Porsche. Foi um início animador para as duas fabricantes
(Foto: Porsche Races/ X)

 

Com os carros ganhando a pista de La Sarthe para esta primeira sessão de treinos, foi importante para as equipes pegarem o máximo de quilometragem e terem uma noção de onde podem ganhar em desempenho visando as atividades oficiais que se iniciam na próxima quarta com os treinos livres e a qualificação.

A Toyota, através do GR010 #7 foi o mais veloz nessa primeira sessão do Test Day com Kamui Kobayashi anotando a marca de 3'28’’467 que superou o tempo estabelecido um pouco antes pelo Porsche 963 #6 do Team Penske com Kevin Estre ano comando, quando o francês fez o tempo de 3'29’’270. A terceira marca desta classe dos Hypercar ficou para o BMW M #20 do Team WRT que fez 3'29’’433.

Na LMP2, que retorna especialmente para esta prova em Le Mans, a melhor marca ficou para o #28 da IDEC Sport com o tempo de 3'37’’044 que foi seguido pelo #22 da United Autosport e pelo #14 da TF Racing Spike. Em média, o melhor tempo dessa classe foi seis décimos mais lenro que o da sessão inicial de 2023.

Na LMGT3, o Lexus #78 da Akkodis ASP Team Lexus fez o tempo de 4'00’’106 e em segundo aparece o segundo Lexus #87 da equipe e em terceiro o BMW M4 #31 do Team WRT.

Essa sessão sofreu com algumas interrupções, sendo a do #37 da Cool Racing ter escapado e batido nas Curvas Porsche onde o carro, então pilotado por Lorenzo Fluxa, escapou e bateu inicialmente a dianteira e depois a traseira. O piloto saiu bem do carro, mas ainda precisam ver o estado do chassi que, inicialmente, estaria em ordem. O acidente aconteceu já na parte final do treino, o que ocasionou o encerramento em bandeira vermelha.

Outros contratempos também aconteceram durante esta sessão, como o Cadillac #3 que ficou parado na pista com problemas no sistema de combustível; #87 da Akkodis, com Takeshi Kimura no comando, ficou parado em Chicane Dunlop e isso ocasionou um Full Course Yellow - que serviu como treinamento, assim como procedimentos de Safety Car que também foram testados - ; o outro contratempo foi com o BMW M #15 de Dries Vanthoor que ficou também na Chicane Dunlop quando faltavam 25 minutos para o final. Ele foi resgatado e voltou à ativa em seguida.

(Foto: Toyota Gazoo Racing/ X)


Resultados de cada classe na primeira sessão - Top 10


Test Day, sessão 1
Hypercar (top-10)
1º - José María López (ARG) / Kamui Kobayashi (JAP) / Nyck de Vries (HOL)/ Ritomo Miyata (JAP) - Toyota GR010 - Hybrid #7, Toyota Gazoo Racing, 3min28s467
2º - Kévin Estre (FRA) / André Lotterer (ALE) / Laurens Vanthoor (BEL) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #6, Porsche Penske Motorsport, 3min29s205
3º- Robin Frijns (HOL) / Nick Yelloly (GBR) / Jesse Khrohn (FIN) - BMW M Hybrid V8 #20, BMW M Team WRT, 3min29s433
4º - Daniil Kvyat / Edoardo Mortara (ITA) / Andrea Caldarelli (ITA) / Jordan Pepper (AFS) - Lamborghini SC63 #63, Lamborghini Iron Lynx, 3min29s639
5º - Robert Kubica (POL) / Yifei Ye (CHN) / Robert Shwartzman (ISR) - Ferrari 499P #83, AF Corse, 3min29s732
6º - Sébastien Buemi (SUI) / Brendon Hartley (NZL) / Ryo Hirakawa (JAP) / José María López (ARG) / Ritomo Miyata (JAP) - Toyota GR010 - Hybrid #8, Toyota Gazoo Racing, 3min29s823
7º - Matt Campbell (AUS) / Michael Christensen (DIN) / Frédéric Makowiecki (FRA) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #5, Porsche Penske Motorsport, 3min29s885
8º - Mathieu Jaminet (FRA) / Felipe Nasr (BRA) / Nick Tandy (GBR) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #4, Porsche Penske Motorsport, 3min29s915
9º - Jean-Éric Vergne (FRA)/ Mikkel Jensen (DIN) / Nico Müller (SUI) / Malthe Jakobsen (DIN) - Peugeot 9X8 #93, Peugeot TotalEnergies, 3min30s136
10º - Antonio Giovinazzi (ITA) / Alessandro Pier Guidi (ITA) / James Calado (GBR) - Ferrari 499P #51, Ferrari AF Corse, 3min30s367

LMP2 (top-10)
1º - Paul Lafargue (FRA) / Job van Uitert (HOL) / Reshad de Gérus (FRA) - IDEC Sport #28, 3min37s044
2º - Oliver Jarvis (GBR) / Bijoy Garg (EUA) - United Autosports #22, 3min37s176
3º - PJ Hyett (EUA) / Louis Delétraz (SUI) / Alex Quinn (GBR) - AO by TF #14, 3min37s394
4º - Jakub Smiechowski (POL) / Vladislav Lomko / Clément Novalak (FRA) - Inter Europol Competition #34, 3min37s762
5º - Rodrigo Sales (EUA) / Mathias Beche (SUI) / Scott Huffaker (EUA) - Panis Racing #65, 3min38s159
6º - Ben Keating (USA) / Filipe Albuquerque (POR) / Ben Hanley (GBR) - United Autosports USA #23, 3min38s264
7º - Lorenzo Fluxa (ESP) / Malthe Jakobsen (DIN) / Ritomo Miyata (JAP) - COOL Racing #37, 3min38s266
8º - Ryan Cullen (GBR) / Patrick Pilet (FRA) / Stéphane Richelmi (MCO) - Vector Sport #10, 3min38s641
9º - Matthias Kaiser (LIE) / Olli Caldwell (GBR) / Roman De Angelis (CAN) - Algarve Pro Racing #25, 3min38s665
10º - George Kuntz (EUA) / Colin Braun (EUA) / Nick Catsburg (HOL) - Crowdstrike Racing by APR #45, 3min39s262

LMGT3 (top-10)
1º -  Arnold Robin (FRA) / Timur Boguslavsky - Lexus RC F LMGT3 #78, Akkodis ASP Team, 4min00s106
2º - Esteban Masson (FRA) / Takeshi Kimura (JAP) / Jack Hawksworth (GBR) - Lexus RC F LMGT3 #87, Akkodis ASP Team, 4min00s668
3º- Augusto Farfus (BRA) / Sean Gelael (IDN) / Darren Leung (GBR) - BMW M4 LMGT3 #31, Team WRT, 4min00s929
4º - Grégoire Saucy (SUI) / Nicolas Costa (BRA) / James Cottingham (GBR) - McLaren 720S LMGT3 Evo #59, United Autosports, 4min01s173
5º - Brendan Iribe (USA) / Ollie Millroy (GBR) / Frederik Schandorff (DIN) - McLaren 720S LMGT3 Evo #70, Inception Racing, 4min01s194
6º - Maxime Martin (BEL) / Valentino Rossi (ITA) / Ahmad Al Harthy (OMA) - BMW M4 LMGT3 #46, Team WRT, 4min01s329
7º - Matteo Cressoni (ITA) / Claudio Schiavoni (ITA) / Franck Perera (FRA) - Lamborghini Huracan LMGT3 Evo2 #60, Iron Lynx, 4min01s533
8º - Rahel Frey (SUI) / Sarah Bovy (BEL) / Michelle Gatting (DIN) - Lamborghini Huracan LMGT3 Evo2 #85, Iron Dames, 4min01s645
9º - Ian James (EUA) / Daniel Mancinelli (ITA) / Alex Riberas (ESP) - Aston Martin Vantage AMR LMGT3 #27, Heart of Racing Team, 4min01s721
10º - Davide Rigon (ITA) / Thomas Flohr (SUI) / Francesco Castellacci (ITA) - Ferrari 296 LMGT3 #54, Vista AF Corse, 4min01s771

Toyota pela manhã. Porsche à tarde

A parte da manhã tivemos uma ideia de como seria uma disputa entre Porsche e Toyota, com os japoneses a anotarem a melhor marca naquela sessão, mas a tarde foi totalmente dos alemães que colocaram quatro carros nas três primeiras posições.

Kevin Estre parace ser o homem forte da Porsche ao levar o 963 #6 ao topo da tabela de tempos no computo geral. Ele conseguiu uma sequência muito boa em certa parte do treino quando enfileirou voltas entre 3'26 e 3'28 - sendo nesse exato momento que conseguiu a melhor marca (Volta 2 - 3'27.798"/ Volta 3 - 3'26.907"/ Volta 4 - 3'28.857"/ Volta 5 - 3'27.341"/ Volta 7 - 3'26.910"). O outro Porsche #4, com Felipe Nasr no comando, fez o tempo de 3'27’’142 e pegou o segundo lugar. O Toyota #8, com Brendon Hartley, quebrou a sequência dos alemães ficando em terceiro, com o Porsche #5 em quarto. A esquadra da Porsche Penske Motorsport comandando com muita ação esse segundo turno do teste.

Alguns carros dessa classe sofreram contratempos, como foi o caso do BMW #15 do Team WRT que precisou efetuar uma troca de motor e participou dos últimos 45 minutos. O Porsche 963 #99 da Proton Competition que também perddeu parte do teste por problemas elétricos.

Das equipes estreantes, BMW e Lamborghini conseguiram boas voltas ao colocarem carros entre os dez primeiros nas duas sessões; Isota Fraschini e Alpine, não enfrentaram problemas, mas ainda estão fora do ritmo ideal.

Na LMP2, o #22 da United Autosports fez o melhor tempo dessa sessão (3'34’’704) com Oliver Jarvis no comando seguido pelo #25 da Algarve Pro Racing e pelo #30 da Duqueine Team. Estes que fecharam a trinca nessa classe, ficaram a mais de 1 segundo de atraso para o #22 - e a United ainda teve o #23 em quarto, mostrando a costumeira força que eles tem nessa classe há uns bons anos.

A Corvette, enfim, deu as caras em Sarthe conseguindo o melhor tempo através do Z06 LMGT3.R #89 da TF Sport com a marca de 3'59’’883, seguido de perto pelo Aston Martin Vantage AMR GT3 #27 da Heart of Racing e pelo BMW M4 LMGT3 #31 do Team WRT, e o fato curioso é que estes dois últimos fizeram o mesmo tempo: 3'59’’920. Outro detalhe a se destacar nessa classe que estréia em Le Mans foi o equilibrio: catorze carros ficaram no mesmo segundo, o que sugere uma atenção a mais para com eles pelos próximos dias.

Os carros voltam à pista na quarta para os treinos livres e qualificação

Resultados de cada classe na segunda sessão - Top 10

Hypercar (top-10)
1º - Kévin Estre (FRA) / André Lotterer (ALE) / Laurens Vanthoor (BEL) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #6, Porsche Penske Motorsport, 3min26s907
2º - Mathieu Jaminet (FRA) / Felipe Nasr (BRA) / Nick Tandy (GBR) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #4, Porsche Penske Motorsport, 3min27s142
3º- Sébastien Buemi (SUI) / Brendon Hartley (NZL) / Ryo Hirakawa (JAP) / Ritomo Miyata (JAP) - Toyota GR010 - Hybrid #8, Toyota Gazoo Racing, 3min27s615
4º - Matt Campbell (AUS) / Michael Christensen (DIN) / Frédéric Makowiecki (FRA) / Dane Cameron (EUA) - Porsche 963 #5, Porsche Penske Motorsport, 3min27s773
5º - Antonio Fuoco (ITA) / Miguel Molina (ESP) / Nicklas Nielsen (DIN) - Ferrari 499P #50, Ferrari AF Corse, 3min28s014
6º - Robin Frijns (HOL) / Nick Yelloly (GBR) / Jesse Khrohn (FIN) - BMW M Hybrid V8 #20, BMW M Team WRT, 3min28s072
7º - Daniil Kvyat / Edoardo Mortara (ITA) / Andrea Caldarelli (ITA) / Jordan Pepper (AFS) - Lamborghini SC63 #63, Lamborghini Iron Lynx, 3min28s222
8º - Robert Kubica (POL) / Yifei Ye (CHN) / Robert Shwartzman (ISR) - Ferrari 499P #83, AF Corse, 3min28s248
9º - Will Stevens (GBR) / Norman Nato (FRA) / Callum Ilott (GBR) - Porsche 963 #12, Hertz Team JOTA, 3min28s487
10º - José María López (ARG) / Kamui Kobayashi (JAP) / Nyck de Vries (HOL) / Ritomo Miyata (JAP) - Toyota GR010 - Hybrid #7, Toyota Gazoo Racing, 3min28s827

LMP2 (top-10)
1º - Oliver Jarvis (GBR) / Bijoy Garg (EUA) - United Autosports #22, 3min34s704
2º - Matthias Kaiser (LIE) / Olli Caldwell (GBR) / Roman De Angelis (CAN) - Algarve Pro Racing #25, 3min35s981
3º - Ben Keating (USA) / Filipe Albuquerque (POR) / Ben Hanley (GBR) - United Autosports USA #23, 3min36s354
4º - François Perrodo (FRA) / Bem Barnicoat (GBR) / Nicolas Varrone (ARG) - AF Corse #183, 3min36s623
5º - Jonas Ried (ALE) / Maceo Capietto (FRA) / Bent Viscall (HOL) - Proton Competition #9, 3min36s750
6º - Jakub Smiechowski (POL) / Vladislav Lomko / Clément Novalak (FRA) - Inter Europol Competition #34, 3min36s898
7º - George Kuntz (EUA) / Colin Braun (EUA) / Nick Catsburg (HOL) - Crowdstrike Racing by APR #45, 3min37s169, 3min37s169
8º - Ryan Cullen (GBR) / Patrick Pilet (FRA) / Stéphane Richelmi (MCO) - Vector Sport #10, 3min37s385
9º - Fabio Scherer (SUI) / David Heinemeier Hansson (DIN) / Kyffin Simpson (USA) - Nielsen Racing #24, 3min37s456
10º - Paul Lafargue (FRA) / Job van Uitert (HOL) / Reshad de Gérus (FRA) - IDEC Sport #28, 3min37s802

LMGT3 (top-10)
1º - Daniel Juncadella (ESP) / Hiroshi Koizumi (JAP) / Sébastien Baud (FRA) - Corvette Z06 LMGT3.R #82, TF Sport, 3min59s883
2º - Ian James (EUA) / Daniel Mancinelli (ITA) / Alex Riberas (ESP) - Aston Martin Vantage AMR LMGT3 #27, Heart of Racing Team, 3min59s920
3º - Augusto Farfus (BRA) / Sean Gelael (IDN) / Darren Leung (GBR) - BMW M4 LMGT3 #31, Team WRT, 3min59s920
4º - Matteo Cressoni (ITA) / Claudio Schiavoni (ITA) / Franck Perera (FRA) - Lamborghini Huracan LMGT3 Evo2 #60, Iron Lynx, 4min00s121
5º - Grégoire Saucy (SUI) / Nicolas Costa (BRA) / James Cottingham (GBR) - McLaren 720S LMGT3 Evo #59, United Autosports, 4min00s184
6º - Nicolás Pino (CHI) / Marino Sato (JAP) / Hiroshi Hamaguchi (JAP) - McLaren 720S LMGT3 Evo #95, United Autosports, 4min00s278
7º - Rahel Frey (SUI) / Sarah Bovy (BEL) / Michelle Gatting (DIN) - Lamborghini Huracan LMGT3 Evo2 #85, Iron Dames, 4min00s378
8º - Maxime Martin (BEL) / Valentino Rossi (ITA) / Ahmad Al Harthy (OMA) - BMW M4 LMGT3 #46, Team WRT, 4min00s417
9º - Charlie Eastwood (IRL) / Tom Van Rompuy (BEL) / Rui Andrade (ANG) - Corvette Z06 LMGT3.R #81, TF Sport, 4min00s444
10º - Michael Wainwright (GBR) / Daniel Serra (BRA) / Riccardo Pera (ITA) - Ferrari 296 LMGT3 #86, GR Racing, 4min00s467

sábado, 8 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem, Final

 

(Foto: Alexis Goure/ ACO)

Este último dia de pesagem em Place de La République viu os derradeiros 25 carros serem pesados e inspecionados para as atividades oficiais que se iniciam neste domingo com as duas sessões do Test Day em Sarthe.

Os Porsche oficiais e semi, Toyota e Ferrari, além dos carros da LMGT3 e LMP2, estiveram nesse escrutineo final.

 

Porsche Penske Motorsport

Aqui se encontra, talvez, os grandes favoritos a levantarem a taça ao final das 24 horas. O inicio impressionante com vitórias nas 24 Horas de Daytona (IMSA) e os 1812km do Qatar (WEC), fora as os pódios nas demais corridas das duas categorias.

Apesar desse favoritismo, e saberem que a melhora em relação à 2023 é real, eles entendem que são o alvo a serem batidos, porém entendem, também, que a pressão dos rivais para vencê-los é existente.

Andre Lotterer, que venceu por três vezes as 24 Horas de Le Mans (2011, 12 e 14), destaca essa melhora do Porsche 963: “Fizemos muitos progressos. No ano passado, não estávamos no nível que queríamos. Fizemos mudanças na equipe. O carro está mais agradável de dirigir e estamos no bom caminho”

Kevin Estre, que divide o Porsche 963 do Team Penske com Lotterer e Laurens Vanthoor e que são líderes do mundial, destaca a confiabilidade do carro - além da pressão que os rivais terão: “Estamos a liderar o campeonato, por isso talvez isso coloque pressão sobre os nossos rivais. O carro tem sido confiável desde o início da temporada. Isso pode nos ajudar a vencer a corrida  .”

 

Ferrari AF Corse

Os atuais campeões das 24 Horas de Le Mans com o 499P #51 entendem que o inicio da temporada não foi dos melhores, ainda que tenham mostrado uma boa velocidade e boas hipóteses em Losail e Ímola quando as chances de vitória foram consideráveis. Por outro lado, também, entendem que a concorrência para esta edição é mais pesada e requer um grau de atenção a mais para uma prova que as nuances variam a todo momento.

Antonio Giovinazzi, que foi um dos três que esteve no comando do #51 para a conquista histórica de 2023, destaca esse inicio complicado da Ferrari: “Não é uma deficiência. Isso já acontecia no ano passado. O início da temporada não correspondeu às nossas expectativas, mas isso nos motiva mais do que qualquer outra coisa”

Miguel Molina, do #50 que cravou a pole na edição passada, destaca a atenção que todos da equipe deverão ter para que possam repetir o sucesso de 2023: “No ano passado as corridas foram intensas e acho que há ainda mais competição este ano. Será mais difícil. Precisaremos ser perfeitos o tempo todo e não cometer erros”.

 

Toyota Gazoo Racing

A equipe japonesa, num todo, sabe o quanto será dificil repetir nessa edição das 24 Horas os desempenhos anteriores, principalmente o do ano passado, quando estiveram na batalha contra a Ferrari pela glória da prova centenária. Apesar disso, conseguiram uma improvável vitória em San Marino sob a luz da estratégia e isso pode ser uma grande arma para que possam surpreender.

Sebastién Buemi, um dos decanos da equipe e vencedor da prova em 2018, 19, 20 e 22, entende que o início não é dos melhores, mas a base é boa e pode render algo ainda: “Se analisarmos o início da temporada, não tivemos um desempenho tão bom como em 2023. Tentamos aprender com os problemas anteriores para voltar mais fortes . Queremos entregar uma corrida melhor e ser mais rápidos. Em termos de ritmo, estamos um passo abaixo da Porsche ou da Ferrari, mas esperamos reverter a tendência. Conhecemos bem o nosso carro e temos uma boa base que podemos melhorar.”

Com todos os carros já inspecionados, o domingo será reservado para que ganhem a pista de La Sarthe pela primeira vez neste ano para o Test Day, que terá duas sessões para que as equipes e estreantes possam iniciar os acertos para a 92ª edição das 24 Horas de Le Mans.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem, Dia 1

O inicio das pesagens na Place de La République
(Foto: Antonin Vincent/ ACO)


As atividades para a 92ª Edição das 24 Horas de Le Mans iniciam não exatamente na mítica pista, mas ali próximo na Place de La République onde já é um local de peregrinação - um dos - para os fãs do motorsport em geral, especialmente os do Endurance. 

Nesse primeiro dia de pesagem tivemos 37 carros para a tradicional verificação, contando com os Hypercars, LMP2 e GT3. 

Abaixo, algumas palavras de pilotos e dirigentes.

BMW

Uma das principais marcas do motorsport tem o seu retorno à Sarthe neste ano. A BMW volta ao local onde conquistou a sua única vitória na geral em 1999, quando o V12 LMR conduzido por Yannick Dalmas/ Pierluigi Martini/ Joachim Winkelhock deram a grande conquista à marca bávara. Passados 25 anos, eles retornam para tentar beliscar novamente essa conquista, mas sabem que tem muito trabalho a ser feito com o BMW M Hybrid V8. Vincent Vosse, chefe da BMW M Team WRT, comentou sobre esse retorno da marca à classe mais alta do WEC: “Quando um fabricante entra em Le Mans é para jogar na vanguarda. Este ainda não é o nosso caso. Esta é a nossa primeira temporada no FIA WEC. Ainda temos muito que descobrir sobre o carro, mas aos poucos estamos nos aproximando das nossas ambições ”

Com a presença da esquadra da BMW por lá, não podia faltar Valentino Rossi. O nove vezes campeão da MotoGP fará sua estréia nas 24 Horas de Le Mans à bordo do BMW M4 LMGT3 #46 junto de Ahamad Al-Harthy e Maxime Martins esteve nesta pesagem e aproveitou para falar sobre a expectativa da estréia em Sarthe, agora como piloto de endurance: "Eu tinha em mente dirigir um carro depois da minha carreira de motociclista. Estou feliz e animado por estar aqui. Eu não sei o que esperar. No ano passado participei no Road to Le Mans, mas as 24 Horas são outra história! Espero que sejamos competitivos e que possamos lutar pelos lugares importantes durante a corrida”

 

LAMBORGHINI

Ainda na tentativa de se achar no mundial, a Lamborghini terá um grande desafio em Sarthe que é mostrar um bom andamento de seus dois SC63 na pista francesa. Até aqui, não tem sido uma jornada tão fácil para eles na classe dos Hypercars e Emmanuel Esnault, que comanda equipe, reconhece as dificuldades e espera ter uma boa jornada na clássica francesa: “O objetivo é terminar a corrida . O nível e a qualidade da grelha obrigam-nos a ser realistas. Se terminarmos sem cometer erros e passando o mínimo de tempo possível nos boxes, será uma grande satisfação. Os pilotos têm feito um trabalho extraordinário desde o início da temporada, pois não cometeram erros em pista, apesar de um carro nem sempre fácil de conduzir porque está em desenvolvimento. Isto prova que fizemos as escolhas certas em termos de recrutamento.

As garotas da Iron Lyx, que estarão no comando do Lamboghini Huracan LMGT3 EVO2, Sarah Bovy/ Michelle Gatting/ Rahel Frey, tem uma expectativa mais alta na classe GT3 justamente por suas ótimas prestações nesta classe e, claro, lembrando que em 2023 tiveram uma ótima chance na corrida. Sarah Bovy comentou sobre essa nova oportunidade: “É hora de o pódio ser nosso. No ano passado acreditamos nisso até aos últimos 45 minutos e depois terminamos em quarto. Daremos 1000% para ter uma corrida limpa. A motivação é alta e teremos orgulho em oferecer um bom resultado ao nosso time e aos nossos torcedores.

 

Team Hertz Jota

Uma vitória muda e muito o ambiente e a equipe da Hertz Team JOTA sabe muito bem disso após conquistarem as 6 Horas de Spa Francorchamps, tornando-se a primeira equipe particular em anos a vencer na geral do WEC. No entanto, o ótimo andamento deles não é de hoje: em 2023 chegaram liderar e por um tempo foram os melhores da horda de Porsche 963 que estava em pista nas 24 Horas do ano passado. Portanto, é uma equipe que entra com certo favoritismo e eles sabem disso, como demonstra o campeão mundial de Fórmula 1 de 2009 Jenson Button: "Os particulares podem competir com as equipes oficiais. Estou convencido de que temos o mesmo equipamento que o Porsche Penske Motorsport ou o Proton Competition. Estamos aqui para vencer. O Porsche 963 é capaz disso e provou isso em Spa-Francorchamps"

 

Alpine

Apesar de correrem em casa e estarem de volta à classe principal após um ano na LMP2, a Alpine Endurance Team sabe que ainda tem muito o que trabalhar em seu novo A424. No entanto, eles tem no veterano de guerra Nicolas Lapierre um entusiasmo mesclado com cautela para essa edição. E será a partir do Test Day deste domingo, que eles verão onde o carro estará em relação aos concorrentes para que possam tomar o melhor acerto. Com a palavra, Nicolas Lapierre: "Não vai ser fácil, porque a competição é acirrada e enfrentamos monstros do automobilismo. Nesta temporada, a equipe vem se fortalecendo cada vez mais. Estamos progredindo à medida que avançamos. No domingo, durante o Dia de Teste, veremos o desempenho do carro nesta pista, após o qual teremos a semana inteira para melhorá-lo. É complicado dizer quando poderemos chegar ao pódio ou vencer as 24 Horas, mas daremos tudo para chegar lá o mais rápido possível."

 

Cadillac

Uma das fabricantes que podem muito bem chegar em Sarthe e derrubar as tradicionais marcas que já venceram Le Mans algumas vezes, é a Cadillac que terá em pista três Cadillac Serie V.R em duas equipes (oficial e a semi, pela Whellen). É a oportunidade para que possam fazer um papel muito melhor que o de 2023, quando ficou claro que tinham carros rápidos, mas por azares e acidentes, ficaram de fora da disputa direta. Mas salvaram a terceira e quarta colocações na ocasião. O outro veterano de Le Mans e quatro vezes campeão da Indycar Sebastien Bourdais, comentou sobre as chances nessa edição: "Temos uma melhor compreensão do nosso carro, que evoluiu em termos de configurações e sistemas. Gastamos muita energia otimizando isso, porque o sucesso está nos detalhes. Com 23 carros inscritos na categoria, a dificuldade é muito alta. Queremos fazer melhor do que em 2023, e fazer melhor significa vencer!

 

Peugeot

Aqui está uma equipe sedenta em voltar aos seus dias de glória no endurance mundial e tiveram um inicio promissor na etapa de abertura no Qatar quando chegaram liderar com o 9X8 - que ainda usava a configuração sem asa - e travar um duelo sensacional com Porsche e Ferrari pela vitória. Com uma nova configuração para o 9X8, que desde a etapa de Ímola está usando asa traseira e outras melhorias, e mais outras novidades para essa corrida em Le Mans, eles esperam um desempenho próximo ou melhor do que foi apresentado em Losail na abertura do campeonato. E ainda povoa na mente de todos da equipe a surpreendente liderança do carro na edição centenária de 2023. Jean Eric Vergne comentou sobre as novidades e expectativas para essa edição 2024: “Estou bastante confiante, porque as mudanças que fizemos nos tornarão mais fortes. No ano passado tivemos uma boa surpresa na corrida que liderámos na sua primeira parte. Espero que seja assim novamente este ano. Teremos uma primeira parte da resposta no domingo.”

As pesagens continuam amanhã com os outros 25 carros restantes.


sexta-feira, 17 de maio de 2024

4 Horas de Interlagos - Solidariedade e vitória para Queirolo e Muffato

 

Enfim, a vitória de Pedro Queirolo/ David Muffato
(Foto: Paulo Abreu)

Em Goiânia, quando o Império Endurance Brasil abriu a temporada 2024, tudo parecia caminhar bem para uma tranquila e imponente vitória do AJR #35 conduzido por Pedro Queirolo/ David Muffato. O ritmo convincente dessa já  veterana dupla parecia intocável, até que problemas numa das portas e mais tarde numa das rodas, tiraram deles a oportunidade de iniciar a campanha no mais alto do pódio. Não se pode negar que foi um duro golpe para eles e a TMG Racing, que gerencia o AJR verde e preto nesta temporada, mas Interlagos lhes reservou uma retomada importante e emocionante, já que a volta final foi bem dramática. 

Essa corrida foi pautada especialmente pela economia de combustível, já que pelos cálculos de algumas equipes a possibilidade de até dois Splash & Go era considerável. Portanto, que conseguiu ter um ritmo mais cadenciado no inicio poderia tentar apenas uma rápida. Esse foi o caso de Queirolo/ Muffato que optaram em usar pneus da etapa anterior no inicio da corrida - com David no comando - e apenas administrar bem o carro para que no decorrer das horas seguintes apenas aumentasse o ritmo e fosse buscar o melhor resultado. O longo Safety Car já nas primeiras voltas da corrida foi uma benção dos céus para esta dupla - este foi ativado após o forte acidente de Marco Pisani com o Ligier #22 da KTF no final da reta oposta - o que ajudou bastante nessa economia. Faltando duas horas para o final eles já estavam entre os três primeiros e liderando na geral e mesmo que houvesse a oposição do AJR #444 de Vicente Orige/ Sarin Carlesso e mais adiante do Ligier #117 de Guilherme Botura/ Gaetano Di Mauro, a dupla do carro #35 estava afinadíssima para abrir uma boa vantagem, que foi crucial para uma dramática volta final onde questões de combustível e ABS assustaram a todos da equipe TMG. David Muffato elogiou a equipe e todo trabalho, destacando, também, a apreensão na derradeira volta: “A equipe está de parabéns, foi fantástico. Mas sem emoção, não tem graça. Na última volta, tivemos um problema e o carro começou a ter uma falha, o Pedro virou 10, 12 segundos mais lento, mas deu tudo certo”. Pedro Queirolo, que finalizou a prova e esteve no olho do furacão naquela volta final, também fez seu comentário daquela situação: “Nas duas últimas voltas, achei que o combustível poderia não bastar. Ainda tivemos um problema no ABS. Na última curva, o carro estava falhando, mas de repente cresceu. Na etapa passada, passamos sufoco, mas essa é nossa”. Foi uma importante vitória para esta dupla após a decepção em Goiânia e olhando bem, o leque de estratégias que eles possuem, aliados a conhecida velocidade, é uma dupla que entra forte na busca desse tão sonhado título. Para a TMG, que até ano passado gerenciava o Mclaren da equipe Blausiegel, foi a primeira vitória na P1 e melhor: casaram de forma imediata com os protótipos. 

A conquista de Queirolo/ Muffato não significou que esta corrida tivesse um favorito disparado. O Sigma #12, pilotado por Sergio Jimenez/ Marcelo Vianna/ Christian Rocha teve um ótimo inicio ao liderar praticamente toda primeira hora, mas problemas elétricos e outros percalços durante a prova, os tiraram da briga pela vitória - ainda teve outro Sigma P1 de #11 conduzido por Henrique Assunção/ Fernando Ohashi/ Emilio Padron, que receberam esse carro de Jindra Nicolau para que pudessem competir nessa etapa. A FTR, equipe pela qual este trio compete, foi uma das afetadas pela enchente no Rio Grande Sul assim como a Mottin, que também não pode estar nessa etapa pelo mesmo motivo. Voltando ao trio do #11, eles também tiveram uma prova bem atribulada após a primeira hora quando problemas hidráulicos apareceram constantemente, forçando algumas paradas do protótipo de cor azul pela pista. 

Além da conquista do AJR #35, os outros dois que estavam presentes tiveram um bom andamento. O de #30 da Power Imports, pilotado por Alexandre Finardi/ Rafael Martins, enfrentou problemas no sábado durante a qualificaão, mas na corrida, com Rafael Martins no comando, a ritmo foi excelente chegando a ocupar a segunda posição em certo momento, mas problemas no motor acabou deixando o protótipo branco de fora da corrida. O AJR #444 da JLM pilotado por Orige/ Carlesso saiu na pole, mas perderia a liderança ainda nas primeiras voltas para o Sigma #12. No entanto, o ritmo da dupla era muito bom, mas acabariam perdendo três voltas para o líder no decorrer da corrida e isso os deixaria de fora da briga - o que foi uma pena, afinal tinham um jogo de pneus novinho e podiam, quem sabe, entrar na briga pela vitória em Interlagos. 

O Ligier de Leandro Ferrari/ Guilherme Moraes
(Foto: Paulo Abreu)
Os Ligier estiveram bem, ainda que dois dos cinco carros franceses caíssem durante a corrida por conta de acidentes. O #22 da KTF Sports, pilotado por Renan Guerra/ Marco Pisani e que foram os vencedores da corrida de abertura, ficaram de fora logo de cara após o acidente de Pisani no final da
reta oposta. Apesar do forte acidente - que não foi explicado e a camera não captou - Marco saiu andando do carro. O outro Ligier, o de #22 da Autlog - gerenciado pela BTZ - pilotado por Leandro Ferrari/ Guilherme Moraes esteve muito bem na corrida e sempre entre os primeiros. Talvez aparecesse a oportunidade na parte final da corrida quando fez o ultimo pit-stop, mas ao sair dos boxes acabou exagerando e batendo na barreira de pneus da pista de rolamento, decretando o abandono da dupla. 

Dos outros três Ligier restantes, o #42 da equipe Foresti Sport, conduzido por Lucas e Victor Foresti, fechou em sétimo e isso garantiu ao Victor a vitória na subclasse "Endurance Legends" destinado a pilotos acima de 50 anos. Para os outros dois a disputa foi mais árdua, com os Ligier #117 de Botura/ Gaetano e #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes precisando recuperar voltas para que pudessem entrar na briga pela vitória, o que proporcionou uma aula de pilotagem dos quatro pilotos, especialmente de Gaetano - que conseguiu entrar na volta do #35 e quase consegue a vitória - e da dupla formada por Xande e Marcos, que ainda tiveram que lidar com um furo de pneu no inicio da corrida e também com problemas elétricos e na bomba de combustível. Mas o terceiro lugar foi festejado: “O terceiro lugar foi ótimo para o campeonato, já que saímos daqui na vice-liderança e bem próximos dos primeiros colocados”, comentou Marcos Gomes. Xandinho Negrão também destacou o bom resultado, perto do que foram as adversidades que eles tiveram: “Não foi a corrida que a gente sonhava, mas estamos vivos na disputa pelo título e tenho certeza de que, na próxima, vamos evoluir mais”. “Não dá para reclamar de nada hoje, não. O terceiro lugar, perto de tudo o que passamos, foi bem positivo. Ficamos a somente dez pontos da liderança, então acho que devemos sair daqui com motivos para comemorar”.

Estreia com vitória para Suzuki/ Baptista

Uma importante vitória para a dupla Rafael Suzuki/ Ricardo Baptista
(Foto: Paulo Abreu)

Infelizmente essa classe GT3 esteve bem esvaziada mais uma vez, mas isso não privou de termos uma corrida bem interessante entre as duas Mercedes da RC Competições vs o novo Porsche 911 GT3 R 992 da Stuttgart Motorsport. 

A vitória da dupla Rafael Suzuki/ Ricardo Baptista com o Mercedes AMG GT3 #27 foi construída a partir da pole position e estiveram muito bem no controle ao suportar a pressão inicial do Porsche #55 e depois para abrir uma volta de vantagem sobre os demais competidores dessa classe para chegar a uma confortável conquista. Rafael Suzuki, que fez a sua estreia com pela GT3, tendo passado um bom tempo andando com o AJR da Power Imports, falou sobre essa conquista e também de todos os problemas que os gaúchos tem enfrentado nestes últimos dias: "Agradeço a receptividade da equipe RC e também ao Ricardo Baptista. Estrear com vitória e ainda por cima em Interlagos é sempre especial, sou grato pela oportunidade. Dedico ao pessoal da Edenred, nossos parceiros aqui na Endurance, eles têm muitos colaboradores no Rio Grande do Sul e eu tenho muitos amigos também por lá. Foi uma semana difícil para o povo gaúcho, de muita solidariedade nesse momento difícil, então eu dedico essa vitória para eles também." Ricardo Baptista também comentou sobre esta vitória: "Foi muito boa a corrida, tivemos um pouco de sorte com o safety entrando durante a nossa parada do box. Infelizmente não conseguimos fazer a primeira etapa por conta da chegada do carro que demorou mais do que esperávamos." A equipe RC ainda teria o outro Mercedes de #83 de Marco Billi/ Maurizio Billi/ Max Wilson em segundo. 

O novo Porsche 911 GT3 R 992
(Foto: Paulo Abreu)
O novo Porsche 911 esteve com bom ritmo e na parte final pressionou o Mercedes #83 na briga pela
segunda posição, mas acabou recuando e ficando em terceiro. Mas as impressões dos três pilotos - Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller - foram as mais positivas do carro que deve ter uma nova configuração de câmbio para a etapa de VeloCittà:

Marcel Visconde: "O carro é muito confortável e apresentou dirigibilidade superior. Me senti bem menos desgastado após mais de uma hora de corrida. Mas é um carro que oferece muitos ajustes, que ainda precisamos estudar mais. Para a próxima etapa teremos uma nova relação de câmbio, mais curta".

Ricardo Maurício: "O carro se comportou muito bem e surpreendeu pelo ritmo, considerando que tivemos pouco tempo de pista para trabalhar nele. Mas depois de ajustes no câmbio é carro para conquistar a vitória"

Marçal Muller: "O carro tem muito downforce, o que melhora muito o compartimento nas curvas"

A outra Mercedes AMG presente na corrida foi a de #63 de Guilherme Ribas/ Sergio Ribas que ficou em quarto nessa classe.


Vitória tranquila para a Porsche na GT4

Apesar da perda da pole, Allan Hellmeister/ Jacques Quartiero conseguirama vitória na classe
(Foto: Paulo Abreu)


Apesar de alguns momentos onde o Audi da Eurobike/ MC Tubarão esteve na liderança por conta das paradas de box, essa classe teve um amplo domínio dos dois Porsche 718 Cayman Sportclub desde a qualificação até a bandeirada final. A pole desta classe ficou reservada o #718 conduzido pelo quarteto formado por Kreis Júnior/João Tesser/Giuliano Bertuccelli/Eric Santos, uma vez que esta posição parecia ser certeira para a dupla do outro Porsche de #21 de Jacques Quartiero/ Allan Hellmeister e o próprio Allan comentou sobre isso: “A perda da pole foi um tapa na cara da humildade para a gente. Fomos bem nos treinos, mas não conseguimos fazer a pole”. Mas na corrida, a dupla do #21 conseguiu assumir a liderança logo de inicio e administrou bem a vantagem, já que o do quarteto do #718 enfrentou um furo de pneu no começo e isso os deixou em desvantagem.

Hellmeister elogiou o companheiro de equipe:  "O Jacques fez um ótimo terceiro stint e me entregou o carro numa posição muito competitiva. Aí foi só administrar os pneus e todo o equipamento. Nossa vitória realmente veio do stint do Jacques". 

Quartiero destacou a temperatura da pista e o bom comportamento do #21 nesta condição: "Apesar de a pista estar bem quente, conseguimos manter um bom ritmo, porque o carro estava muito bom". 

A segunda posição, assim como em Goiânia, ficou para o #718 e Giuliano Bertucelli demonstrou a sua satisfação em estar nas provas de Endurance, assim como destacar o bom carro que tem em mãos: "Estou gostando muito de correr no Endurance. O carro é muito bom de pilotar".

A trinca da Eurobike/ MC Tubarão: bom presságio
(Foto: Paulo Abreu)
Por mais que o ritmo não esteja dentro do ideal, os três carros levados pela Eurobike/ MC Tubarão para
Interlagos - 
o BMW M2 CS #64 pilotado por Enzo Visconde/ Kim Camelo; o Audi RS 3 LMS #5 com Henry Visconde, Tiel Andrade e Felipe Steyer no comando; e o BMW 320i #89 conduzido por Fernando Rebellato e Rodrigo Garcia - trouxeram boa sensação para os pilotos e equipe, dando um interessante horizonte para as próximas etapas. Henry Visconde comentou sobre os desempenhos: “Houve um pequeno contratempo com o Audi RS 3 LMS devido a uma sobrepressão de óleo, mas foi prontamente resolvido. O BMW 320i também surpreendeu positivamente, apesar de necessitar de alguns ajustes nos freios. Estou satisfeito com os resultados e acredito que aprendemos valiosas lições internas para a próxima corrida".

Além das duas primeiras posições terem sido ocupadas pelos carros da Stuttgart, a terceira posição ficou para o BMW#64 de Visconde/ Camelo. 


A vitória da Solidariedade em Interlagos

Foram mais de 20 toneladas de donativos arrecadados em Interlagos juntando os dois eventos - Porsche Club e Império Endurance Brasil - mostrando que a categoria, mais uma vez, esteve na ponteira da solidariedade, agora para ajudar a todos do Rio Grande Sul frente a mais grave de todas as enchentes que aquele local já passou. 

De lembrar que a categoria foi a primeira a retornar e iniciar a campanha durante o período da pandemia em 2020, quando iniciou o campeonato e Interlagos no segundo semestre e junto a campanha de arrecadação para ajudar aqueles que passaram momentos apertados por conta da pandemia. 

Mais uma vez eles estiveram na liderança, que pôde ser vista, também, entre as próprias equipes, já que Jindra Kraucher emprestou um dos Sigma G5 P1 para que o trio formado por Henrique Assunção/ Fernando Ohashi/ Emilio Padron pudessem competir nessa etapa, já que a FTR não pôde vir. “A Tech Force monta tão bem os carros que não teremos grandes dificuldades. Contaremos com a colaboração de mecânicos em São Paulo e esse é o espírito: colaboração mútua para superarmos as dificuldades diante da crise”, destacou Jindra. 

As ações de arrecadações continuaram por todo restante dessa temporada. 

A próxima etapa, as 4 Horas de Velocittá, será nos dia 15 de junho.


Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...