Gosto do GP em Monte Carlo! Claro que as lembranças da
infância ajudam a gostar desta corrida – que todos sabem bem do que estou
falando – mas também existe o teor histórico que permeia este circuito e junto
de outros decanos do automobilismo europeu como Spa, Monza e Silverstone,
formam um quarteto que poderia muito bem ser tratados como um Grand Slam da
categoria, algo que chegou ser cogitado um tempo atrás e que não foi levado pra
frente. Uma pena.
O que deixa a maior parte das pessoas com birra é exatamente
o fato de praticamente não existir
pontos de ultrapassagem. Isso foi importante para a conquista de Lewis Hamilton
no domingo, já que aguentar mais de 60 voltas com um jogo de pneus médios que
ao chegar na casa das trintas voltas já estavam desgastados acabou por ser uma
grande dose de destreza. Isso sem contar com um assédio de Max Verstappen que,
por mais que tenha ficado todo esse tempo atrás sem esboçar um ataque efetivo
(excetuando a tentativa na penúltima volta na freada para a chicane do porto),
o risco de ter o piloto holandês nos retrovisores é algo a se considerar. O
ataque final de Max quase pôs tudo a perder, mas Lewis foi esperto ao deixar o
carro “vazar” a chicane e evitar uma possível rodada pois já estava esterçando
para ingressar na chicane quando recebeu o toque de Verstappen. Por outro lado,
a atuação de Max mostrou que o piloto holandês está numa crescente: a sua
situação na corrida o deixava entre a espada e a cruz, uma vez que a punição de
cinco segundos que levara por conta do toque no pitlane com Bottas o forçava a
tentar de tudo para buscar a liderança. Se passasse por Lewis, existia a chance
de abrir bem mais que os cinco segundos de punição e vencer e caso continuasse
atrás do inglês, a probabilidade de terminar atrás de Bottas – então quarto na
posição física da prova – era bem grande. Acabou prevalecendo a ultima
situação, mesmo que ainda arriscasse de forma quase que suicida na penúltima volta
e acabou terminando em quarto após o acréscimo dos cinco segundos de punição e
acabou tomando, mais tarde, dois pontos na carteira por causa do ocorrido nos
boxes. Mas a evolução técnica de Max tem sido muito bem vista e talvez a sua
agressividade seja usada para determinadas situações de corrida, já que ele tem
demonstrado entender bem que terminar e coletar bons pontos também faz parte do
show que ele tão bem sabe fazer.
Vettel reconheceu que o entrevero entre Max e Bottas foi
importante para que ele chegasse na segunda posição, sabendo que isso seria
impossível e a quarta posição era o máximo a ser conseguido. Enquanto isso,
Charles Leclerc continuava com o seu inferno astral no seu GP caseiro que começou
no sábado na frustrada qualificação que estendeu para o domingo, ao tentar abrir caminho e acabar se tocando com Nico Hulkenberg na Rascasse –
local onde ele conseguira passar por
Grosjean algumas voltas antes – e furando o pneu. Mesmo trocando e pouco tempo
depois voltando para colocar, acabou desistindo na volta 16. Para Valtteri
Bottas, a oportunidade foi perdida na qualificação e piorou com o toque entre
ele e Max, que o jogou para terceiro e depois para quarto já que teve de parar
outra vez para colocar os pneus duros. E por lá ficou – mesmo que virtualmente
era terceiro – sem mesmo ameaçar Sebastian.
O GP monegasco continuou a sua sina de determinar o vencedor
já qualificação, uma vez que a pole adianta pelo menos 60% do trabalho para o
domingo e daí é o piloto quem precisa ter toda paciência e sorte para chegar ao
olimpo no principado. Independente que esteja com o melhor carro da categoria,
a atuação de Hamilton em se virar como podia com pneus que se degradavam a cada
volta é louvável. Uma vitória que ele guardará com carinho para o resto de sua
vida e até mesmo a bronca e o banho de champanhe no seu estrategista e
engenheiro após o GP.