quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vídeo: Indy 500, 1950

Viajar um pouco na história? Indy 500 de 1950, que contou pontos para o Mundial de Fórmula-1 daquele ano. Vitória de Johnnie Parsons.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

GP de Abu Dhabi – Kimi no controle. Vettel mantém a vantagem.



As voltas que Kimi Raikkonen passou encaixotado no câmbio do Red Bull de Vettel, no GP do Bahrein, davam indícios que o Lotus era um bom carro e que o finlandês tinha retornado em grande forma. Passaram-se os meses, alguns outros pódios, e ele voltou a discutir uma vitória, agora contra Hamilton no GP da Hungria. O inglês venceu, assim como fizera Sebastian no GP barenita, e Kimi amargou mais uma segunda colocação. No seu território predileto, Spa-Francorchamps, as chances eram boas, mas se depararam com uma McLaren extremamente rápida e confiável de Button. Ele ficou em terceiro. Depois a Lotus passou por um período de declínio técnico, e tanto ele, quanto Grosjean sofreram com o carro. Os pódios estavam distantes e a chance de vencer, ainda mais.
Kimi partiu da quarta colocação e teve a oportunidade de assumir o segundo posto quando Webber largou mal, mais uma vez. Isso possibilitou que não perdesse Hamilton de vista. Mas Lewis não estava tão inspirado quanto fora na classificação: as voltas iniciais foram difíceis e o inglês acabou errando em uma das chicanes do circuito. Prontamente Raikkonen estava no seu encalço, mas cuidadosamente resguardado. Hamilton reclamava dos pneus que não estavam aquecendo adequadamente e talvez por isso, não conseguisse imprimir o mesmo ritmo do sábado. O pior veio depois: o McLaren de Hamilton taxiou lentamente para a grama e deixou o caminho aberto para Raikkonen. O pescador de combustível traiu Lewis e sua chance de vencer em Yas Marina, esfumaçou-se. Kimi, enfim, estava no controle. E assim foi até o final da prova. Cravou voltas extremamente velozes, o suficiente para deixar Alonso o mais longe possível e poupar os pneus quando quisesse, e também para voltar à frente de Vettel, que vinha de uma magistral prova de recuperação, depois de seu pit-stop. As voltas finais, com Fernando diminuindo a diferença de modo perigoso, não abalaram Raikkonen que continuou na sua tocada a até receber a quadriculada.
A prova de Abu Dhabi foi boa de certa forma. A tensão que tomou durante todo o GP, com a expectativa de uma recuperação assombrosa de Vettel – que aconteceu – mas entremeada de armadilhas por estar partindo do fundo e mais Fernando Alonso, que partiu pra cima de seus adversários em ultrapassagens arriscadas, deu uma animada numa corrida fadada a ser sonolenta. A entrada do Safety Car por duas vezes, devido os acidentes de Rosberg e Karthikeyan e Perez com Grosjean e Webber, também foi providencial para dar a corrida o interesse que teve. De longe, foi a melhor corrida naquele local insosso.
Se Kimi foi o mais festejado do dia, Vettel foi o homem da corrida. Largou dos boxes, teve uma avaria, pequena, na asa dianteira que foi discutida se trocariam ou não e na primeira parada de box, a trocaram; cravou voltas velozes, duelou com Grosjean e por certo momento, teve hipóteses de vencer em Yas Marina. Mas teve que parar uma segunda vez e o duelo com Button, pela quarta colocação, o atrasou bastante. Mesmo assim, ele foi brilhante numa tarde de grandes pilotagens dele, Kimi e Alonso.
Os prejuízos que poderiam ser desastrosos para Sebastian Vettel depois da sua penalização no sábado, forçando-o largar dos boxes, foram minimizados com uma pilotagem vistosa e que serviu para calar a boca dos críticos. Ele saiu de Abu Dhabi com dez pontos de vantagem sobre Alonso, que mais uma vez foi lutador, nunca deixando cair a guarda e fazendo ultrapassagens arriscadas como em Webber e mais tarde em Maldonado. Salvou uma segunda colocação que lhe dá um respiro para a corrida de Austin, prova que será uma verdadeira incógnita e onde Vettel pode sagrar-se, pela terceira vez consecutiva, Tri-campeão do mundo.

sábado, 3 de novembro de 2012

GP de Abu-Dhabi - Classificação - 18ª Etapa

Dominante: sexta pole de Lewis no ano e favorito disparado para vencer em Yas Marina
(Foto: Getty Images)
Hamilton esteve imparável no anoitcer em Yas Marina. Dominou de forma tranquila, e precisa, os três estágios do classificatório e passa a ser o favorito disparado numa corrida que tende a ser tensa desde o início. Webber sairá ao seu lado, mas dependerá de uma largada sensacional para tentar, ao menos, atrasar o piloto da Mclaren amanhã. Afinal, se virar a primeira curva na frente, dificilmente alguém o alcançará.
Por outro lado as atenções não estarão voltadas para a primeira fila, mas sim para a terceira e a 24º posição: Alonso conseguiu a sétima posição no grid, o que já estava um tanto complicado para ele, pois teria que passar por Button, Raikkonen e Maldonado para tentar chegar próximo de Vettel no fim. Mas um problema no sistema de combustível - ou seria um erro de cálculo? - no RB8 de Sebastian Vettel, o forçou a parar no final do Q3 e voltar à pé para os boxes. Carro recolhido e uma série de especulações - como problema de câmbio e no alternador do motor Renault - foram ditos, até que a notícia do combustível foi anunciado após quatro horas de espera - momento em que Herbie Blash e Charlie Whiting saíram para jantar. Vettel partirá da última colocação e uma corrida que estava fadada a ser sonolenta, passou a ganhar ares de tensão.
Olhando friamente o grid, não há como indicar um domínio absoluto de Hamilton nessa corrida. Ele esteve perto de vencê-la em 2009, mas abandonou; 2010 chegou na cola de Vettel e ano passado venceu com tranquilidade. Portanto é de esperar que ele suma na frente. Webber também deverá fazer uma corrida solitária em segundo, mas tem que tomar todo cuidado com Maldonado que sairá em terceiro após a punição de Vettel. Raikkonen ficará na espreita e Button terá um Alonso que, certamente, fará uma largada agressiva, como tem sido seu costume nas últimas provas. Vettel deverá partir dos boxes, o que miniminiza as chances de encontrar HRTs e Marussias pela frente logo ao virar da primeira curva, o que poderia causar algum acidente. Tendo duas zonas de DRS e um carro veloz, ele conseguirá chegar na zona de pontos amanhã. Mas por outro lado será uma corrida de paciência para o atual Bi-campeão.

Vettel e o RB8 no final do Q3: 150ml custaram a terceira colocação no grid.
Partirá de 24º.
(Foto: Getty Images)
Grid de Largada para o Grande Prêmio de Abu-Dhabi - 18ª Etapa

1. Lewis Hamilton (GBR) - McLaren-Mercedes - 1min40s630
2. Mark Webber (AUS) - Red Bull-Renault - 1min40s978
3. Pastor Maldonado (VEN) - Williams-Renault - 1min41s226
4. Kimi Raikkonen (FIN) - Lotus-Renault - 1min41s260
5. Jenson Button (GBR) - McLaren-Mercedes - 1min41s290
6. Fernando Alonso (ESP) - Ferrari - 1min41s582
7. Nico Rosberg (ALE) - Mercedes - 1min41s603
8. Felipe Massa (BRA) - Ferrari - 1min41s723
9. Romain Grosjean (FRA) - Lotus-Renault - 1min41s778
10. Nico Hulkenberg (ALE) - Force India-Mercedes - 1min42s019
11. Sergio Pérez (MEX) - Sauber-Ferrari - 1min42s084
12. Paul di Resta (GBR) - Force India- Mercedes - 1min42s218
13. Michael Schumacher (ALE) - Mercedes - 1min42s289
14. Bruno Senna (BRA) - Williams-Renault - 1min42s330
15. Kamui Kobayashi (JAP) - Sauber-Ferrari - 1min42s606
16. Daniel Ricciardo (AUS) - Toro Rosso-Ferrari - 1min42s765
17. Jean-Éric Vergne (FRA) - Toro Rosso-Ferrari - 1min44s058
18. Heikki Kovalainen (FIN) - Caterham-Renault - 1min45s280
19. Charles Pic (FRA) - Marussia-Cosworth - 1min45s426
20. Timo Glock (ALE) - Marussia-Cosworth - 1min45s480
21. Vitaly Petrov (RUS) - Caterham-Renault - 1min45s489
22. Pedro de la Rosa (ESP) - HRT-Cosworth - 1min45s766
23. Narain Karthikeyan (IND) - HRT-Cosworth - 1min46s382
*24. Sebastian Vettel (ALE) - Red Bull-Renault - 1min41s073
*Punido pela FIA por ter menos de um litro de gasolina no tanque.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Foto 124: Ricardo Rodriguez, 50 anos atrás

(Foto: carlosghys.com)

(Foto: Divulgação)

Pedro e Ricardo Rodriguez
(Foto: Motorsport Retro)
Numa época de senhores, ele se destacou rapidamente e para muitos ele chegaria ao topo em breve. Ricardo Rodriguez tinha uma carreira meteórica: havia começado a pilotar aos 14 anos com motos; aos 15 já pilotava carros Sport, estreando com Riverside a bordo de Porsche Spyder RS e depois viria a ganhar o Tourist Trophy em Nassau. Um ano antes tentou uma vaga nas 24 Horas de Le Mans, que foi prontamente recusada - talvez pela sua pouca idade (14 anos). Não desistiu e em 1959 ele debutou na corrida dividindo um OSCA com seu irmão mais velho, Pedro. Eles não completaram a corrida, mas Ricardo voltou em 1960 e foi ao pódio (2º) depois de dividir o volante do Ferrari 250 TR da equipe NART com André Pilette.
A Ferrari lhe confiou um carro para o GP da Itália de 1961 e rapidamente se colocou na primeira fila, ao lado de Wolfgang Von Trips. A prova que viria a ser fatídica, devida a morte de Von Trips, foi também um cartão de visitas do jovem mexicano que duelou por muitas voltas com Phil Hill e Richie Ginther - seus companheiros de Ferrari - pela liderança da prova. Infelizmente um problema o tirou da prova.
Mas ele continou na Ferrari para 1962 pilotando na F1 e Mundial de Sports Car: venceu a Targa Florio com os belgas Oliver Gendebien e Willy Mairesse. Na F1, marou seus primeiros pontos ao chegar em quarto no GP da Bélgica e foi sexto na Alemanha.
Na corrida extra-oficial que foi disputada no México, na pista de Mixhuca Magdalena, a Ferrari não enviou sua equipe, mas autorizou que Ricardo corresse. O jovem mexicano, então com 20 anos, assinou um contrato para disputar aquela corrida pela equipe de Rob Walker, que utilizava os Lotus. Infelizmente o jovem mexicando nem chegou a disputar a corrida em sua cidade natal: a suspensão do Lotus quebrou na rápida Peraltada e seu carro foi de encontro ao muro, matando-o instantaneamente.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Foto 123: Parceria

(Foto: Dale Kistemaker)
Williams e Renault em um momento de 1984, provavelmente em Mônaco, durante os treinos. As duas viriam a firmar uma parceria sólida nos anos 90, que resultou em 9 títulos naquela década.
A foto é do sempre genial Dale Kistemaker.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Foto 122: Piquet, 25 anos atrás

O terceiro de Piquet: derrotando Williams e Mansell
(Foto: Sutton Images)
E num dia como hoje, Mansell foi para a barreira de pneus e deixou o caminho livre para Nelson Piquet vencer o seu terceiro Mundial de Pilotos na F1 em Suzuka. Piquet disputou a prova após largar em quinto, mas abandonara na volta 46 por causa do motor Honda Turbo que viera a estourar.
Mas nada disso importava: Tri-campeonato no bolso, o primeiro de um piloto brasileiro na F1, e mais uma de suas célebres frases foi destilada ao ser perguntado para quem ele dedicaria o título: “Dedico este título para Nelson Piquet”. Simples e direto. Boa Nelson!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Foto 121: Zandvoort

Chris Amon e Jacky Ickx, durante o chuvoso GP da Holanda de 1968. Ickx terminou em quarto e Amon, que largou da pole, em sexto.
Jackie Stewart venceu a prova com a sua Matra MS10, seguido por Jean Pierre Beltoise e Pedro Rodriguez. 

GP da Índia: A quarta consecutiva


Punho cerrado, a quarta vitória consecutiva: o Tri de Vettel mais nítido
(Foto: Divulgação)
Se havia alguma batalha esperada para esta prova indiana, certamente era reservada do terceiro posto para trás. Não acreditava nenhum pouco que alguém se intrometesse na possível dobradinha dos carros da Red Bull. Vettel foi bem numa largada onde ele se defendeu de um possível ataque de seu companheiro, e ao virar da primeira curva não sofreu o incomodo de mais ninguém. Por outro lado é de se elogiar a largada agressiva de Alonso, que conseguiu livrar-se das Mclarens ainda no início da corrida e isso o ajudou muito para que não tivesse maiores problemas durante o resto do certame.
Apesar dos problemas que os Red Bulls enfrentaram, com Webber ficando sem o KERS por boa parte da corrida e Vettel tendo um problema no assoalho, que não afetou sua pilotagem no fim, ficou ainda mais claro que será complicado alguém conseguir segui-los nesta reta final de campeonato. Gostei do ritmo da McLaren no final da corrida, onde seus dois pilotos fizeram ótimas voltas que culminou na melhor feita por Button. Mas por outro lado foi uma pena que isso não tenha acontecido desde o começo da prova, pois teria sido interessante o duelo com Alonso e Webber e porque não, com Vettel mais à frente. Fernando também foi um brigador constante, como é de sua natureza. Conseguiu rodar voltas iguais aos dos líderes e em alguns momentos, até mais veloz, mas ele sabia que não seria possível alcançá-los e o problema no KERS de Mark foi providencial e o ajudou a minimizar o possível estrago que desenhava desde a formação do grid. Ele sai com treze pontos de desvantagem para Vettel. Sinceramente, foi um baita lucro.
Com uma pista que pouco consome pneus, a única coisa eficaz foi o DRS na longa reta do circuito de Buddh. Levar pneus macios e duros para lá não é uma boa, já que visam um bom número de ultrapassagens na corrida. E o mais engraçado é que o erro foi cometido duas vezes, já que em 2011 levaram os mesmos compostos e a corrida foi chata ao extremo. Este ano foi um pouco melhor, com alguns duelos nas posições intermediárias, mas nada que fosse tão animador no geral. Talvez pneus macios e super macios para o ano que vem, possam, quem sabe, dar uma melhorada nesta corrida que se apóia basicamente na asa móvel para promover as ultrapassagens.
Vettel dominou como quis a corrida e mostrou mais uma vez, junto de Webber, que o RB 08 está num nível parecido com o de 2011. Abrem uma grande vantagem e controlam a diferença sem forçar tanto o ritmo, o que ajuda a conservar os pneus e o equipamento. Mas ainda sim a confiabilidade mecânica é o calcanhar de Aquiles do RB 08, como ficou visto em Buddh. Pelo menos o problema com Vettel não foi tão crítico, pois ele tinha mais de dez segundos de vantagem para Alonso quando o problema apareceu faltando menos de dez voltas para o fim.
Fora estes problemas eles partem como favoritos para a corrida de Abu-Dhabi na próxima semana, lugar que Vettel dominou nos últimos anos e de onde poderá sair com uma mão na taça.


sábado, 27 de outubro de 2012

Crash: GT Tour FFSA 2012, Paul Ricard

Na corrida 1 da última etapa do Campeonato Francês de GT, disputado hoje em Paul Ricard, três carros se envolveram num acidente na largada. O Ferrari de Ludovic Badey rodou - ou foi tocado - e foi direto no muro. Outros dois, na tentativa de desviar da confusão, acabou por aumentá-la: o Porsche de Philippe Gache rodou e bateu no muro, um pouco mais abaixo de onde a Ferrari batera. O outro carro foi o Audi de Guilvert Gregory, que atravessou a reta batendo forte do lado interno. Os pilotos nada sofreram.
A prova consagrou a dupla Anthony Beltoise e Henry Hassid, que venceram a corrida e o campeonato com um Porsche 911. O pódio foi completado por Morgan Moullin Trafford e Fabien Barthez (sim, o próprio ex-goleiroda seleção francesa) com uma Ferrari 458 e a terceira colocação foi do multi campeão Sebastian Loeb e Vannelet Gilles, com uma Mclaren MP4/12C.

GP da Índia – Classificação – 17 ª Etapa


Mais uma para Vettel: quinta pole no ano, a 35ª da carreira
(Foto: Getty Images)
Mesmo tendo Webber como o seu maior adversário, a pole de Vettel foi fácil apesar dos 44 milésimos que o separou do tempo de Mark. Aparentou que Sebastian cravaria a marca em qualquer estágio do Q3 e nem mesmo uma escapada durante a volta de aquecimento, atrapalhou a sua concentração. Parece que ele quis mostrar ao mundo que “sim, também posso errar!”, mas que se bem a maioria dos adversários gostaria mesmo é que ele tivesse cometido este erro na volta que valeu a pole.
Do mesmo modo como nas últimas três etapas, a Red Bull sobrou e o melhor carro aparece três décimos atrás: Hamilton ficou com a terceira posição e me passou a idéia de que poderia ter discutido a posição de honra no grid com as Red Bulls, caso não tivesse errado em quase todas as suas voltas velozes. Sua condução agressiva me deu a impressão que estava a tentar extrair tudo o que tinha do carro, mas teve vários contratempos. Button esteve bem e ficou com a quarta colocação, sendo que foi deposto da terceira colocação por Lewis no final do treino.
Enquanto que os rubro taurinos e os cromados têm o que festejar, na Ferrari a coisa parece tensa. Alonso reclamou veemente das novas atualizações do carro, que não surtiram efeito algum. Se bem que pelos treinos livres parecia que ele estava em boa forma, mas o fato mesmo é que em treinos classificatórios, como tem sido este ano, a Ferrari ficou a dever. Ele sairá em quinto e terá a compania de Massa, que fez um bom trabalho em Buddh. Para a Ferrari o restará é tentar lutar por um pódio (o terceiro lugar) para amenizar o possível estrago que poderá acontecer na classificação de pilotos.
Destaque para o bom desempenho das Williams, que tem Maldonado na nona colocação. Bruno poderia ter levado o outro carro para o Q3, mas um erro em sua volta veloz custou caro e sai apenas em 13º. Ao menos ele destacou que o ritmo de prova é bom, o leva a crer que os pontos, para os dois pilotos, são possíveis.   
A corrida desenha-se mais uma vez para Vettel. Não acho que Webber se intrometerá com seu colega, se bem que ele já disse que caso esteja na frente não dará passagem para o seu companheiro, pois ainda tem chances de título. Mas uma boa saída dele (que é raro) pode ser interessante para a corrida, assim como uma boa largada de um dos caras da McLaren também ajudaria bastante a termos uma corrida legal amanhã. Até porque, segundo Hamilton, o ritmo deles é bom o suficiente para incomodar as Red Bulls.
Mas ainda creio que a disputa, pra valer, será da segunda posição para baixo.


Grid de largada para o GP da Índia – 17ª Etapa


1º - Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - 1min25s283
2º - Mark Webber (AUS/Red Bull) - 1min25s327
3º - Lewis Hamilton (ING/McLaren) - 1min25s544
4º - Jenson Button (ING/McLaren) - 1min25s659
5º - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1min25s773
6º - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1min25s857
7º - Kimi Raikkonen  (FIN/Lotus) - 1min26s236
8º - Sergio Pérez (MEX/Sauber) - 1min26s360
9º - Pastor Maldonado (VEN/Williams) - 1min26s713
10º - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - sem tempo
11º - Romain Grosjean (FRA/Lotus) - 1min26s136
12º - Nico Hulkenberg (ALE/Force India) - 1min26s241
13º - Bruno Senna (BRA/Williams) - 1min26s331
14º - Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - 1min26s574
15º - Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso) - 1min26s777
16º - Paul Di Resta (ESC/Force India) - 1min26s989
17º - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber) - 1min27s219
18º - Jean-Eric Vergne (FRA/Toro Rosso) - 1min27s525
19º - Vitaly Petrov (RUS/Caterham) - 1min28s756
20º - Heikki Kovalainen (FIN/Caterham) - 1min29s500
21º - Timo Glock (ALE/Marussia) - 1min29s613
22º - Pedro de la Rosa (ESP/Hispania) - 1min30s592
23º - Narain Karthikeyan (IND/Hispania) - 1min30s593
24º - Charles Pic (FRA/Marussia) - 1min30s662


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Foto 120: Estréia

Jody Scheckter e Gilles Villeneuve descendo juntos a reta de Kyalami, durante o GP da África do Sul de 1979. Foi a prova que marcou a estréia do 312T4 que acabou vencendo aquela corrida pelas mãos de Villeneuve e tendo Scheckter na segunda colocação, fazendo assim a primeira dobradinha ferrarista no ano.
O GP sul-africano também marcou a primeira pole de um carro com motor Turbo: Jean Pierre Jabouille fez a primeira marca nos treinos para a Renault, mas abandonou a corrida com problemas de motor.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Documentário: Stefan Bellof - Uma carreira inacabada

Documentário sobre a curta carreira de Stefan Bellof exibida pela TV alemã ARD em 1986, contando seus dias desde o Kart, passando pelo mundo dos Sport Prototipos e sua curta participação na F1. Infelizmente os vídeos não tem nenhuma legenda em inglês, o que já facilitaria para muitos.

sábado, 20 de outubro de 2012

GP do Brasil de 2007: O título de Raikkonen



Kimi Raikkonen durante os treinos de sexta em Interlagos
(Foto: Zimbio)


O GP da China, 16ª etapa do mundial de 2007, tinha sido um presente dos Deuses para Raikkonen. Lewis Hamilton, que naquele tempo era super badalado por ser um novato que chegou e destronou Fernando Alonso da McLaren, estava na ponta do campeonato e na liderança da corrida chinesa. Era uma oportunidade de ouro para Lewis: ele tinha doze pontos de vantagem sobre Fernando (107x95) e dezessete sobre Raikkonen (107x90) e isso lhe dava a chance de sair de Xangai com o título nas mãos caso vencesse a prova.

A pista molhada devido à chuva que caíra antes da corrida, forçou a todos largarem com pneus intermediários. A lembrança da pilotagem magistral de Hamilton no dilúvio em Fuji uma semana antes tinha sido reforçada nas voltas iniciais da corrida chinesa, com ele a abrir uma boa vantagem para Raikkonen. Desta vez, ao contrário da corrida do Japão, a Ferrari não errara em colocar um pneu diferente para aquela condição de pista – em Fuji, com toda aquela água na pista, eles mandaram os dois carros com pneus intermediários, enquanto todo o grid saiu com pneus biscoito para chuva forte. Desse modo, seus dois pilotos tiveram que trocá-los em uma das 15 maçantes voltas que o pelotão teve que fazer atrás do Safety Car por causa da chuva. Em condições normais, sem o Safety, a prova teria sido arruinada por inteiro. Voltando à prova da China, Hamilton estava se se distanciando de Raikkonen e quando parou nos boxes na volta 15, tinha em torno de oito segundos de vantagem. Uma boa diferença, mas Kimi continuou na pista e só parou nos boxes na volta 19. Tinha desempenhado um bom papel ao fazer boas voltas e quando voltou atrás de Lewis, a diferença não era tão grande assim. Os quatro primeiros (Lewis, Raikkonen, Massa e Alonso) tinham optado por não trocar os pneus apostando numa chuva que estava prestes a cair. Naquele momento a pista tinha um trilho bem definido em quase todo o traçado, mas com a chuva que demorava a cair, os pneus intermediários começavam a se desgastar. Devido a sua pilotagem mais bruta, Lewis começou a perder aderência dos pneus, principalmente os traseiros que já estavam gastos. Raikkonen passou a pressioná-lo e Hamilton defendeu-se como pôde, até que o finlandês assumiu a liderança na entrada da primeira curva após o inglês alargar a entrada da curva por causa dos pneus, que nitidamente já estavam na lona. Kimi passou e foi embora, enquanto que Hamilton tentava se equilibrar no que restava dos pneus. O fim da linha para o garoto prodígio da McLaren foi a entrada do box, quando ele não conseguiu segurar a escapada de frente do MP4-22 indo atolar na caixa de brita. Apesar do esforço comovente em tentar tirar o carro dali, Lewis saiu cabisbaixo e crente que o seu primeiro “Match Point” para o título estava perdido. Raikkonen venceu tranquilamente aquela corrida, seguido por Alonso e Massa. Agora os três postulantes ao título estavam próximos: Lewis tinha quatro pontos de vantagem sobre Fernando (107x103) e sete para Raikkonen (107x100). Interlagos vivenciaria, pela terceira vez consecutiva, uma decisão de mundial.


Aquele ano foi a minha quinta participação num GP do Brasil, ininterrupta desde que comecei em 2003. Trabalhei naqueles três dias no PSDP (Posto de Sinalização e Direção de Prova) e pude acompanhar, não totalmente a fundo, porque eu tinha que desempenhar o meu trabalho, a atmosfera daquela decisão. E o melhor é que estão muito frescas na minha memória aqueles dias em Interlagos. Um privilégio.
A visitação, que sempre acontece de quarta-feira, estava bem movimentada e o box mais visitado era o da McLaren. Não apenas por ter o habitual treinamento de pit-stop, que algumas equipes realizam neste
dia, mas também a esperança de ver Alonso ou Hamilton por ali. De quarta é bem raro eles aparecerem no autódromo, principalmente os superstars, que estão envolvidos em reuniões e eventos promovidos pelos patrocinadores. Mais a frente, estava a Ferrari, também fazendo o seu treino de pit-stop, mas com um número baixo de curiosos. Na quinta-feira, dia em que os pilotos aparecem no autódromo para realizarem o reconhecimento do circuito, pude ver Hamilton pela primeira vez. Ele parecia tranqüilo, bem descontraído ao lado de alguns integrantes da McLaren, sorrindo e conversando enquanto caminhava pela pista. Não vi nem Raikkonen e muito menos Alonso. Talvez já tivessem feito este reconhecimento pela manhã.

A figura de Hamilton foi a que mais apareceu no pit Lane naqueles dias. Entre a sexta e sábado era normal eu avistar o inglês conversando com os integrantes da equipe. Ele havia ganhado a simpatia do público brasileiro: era rápido, jovem, destemido, tinha peitado Fernando Alonso e o tirado do sério dentro da McLaren, virando assim o queridinho e esta simpatia aumentou ainda mais quando ele participou de uma festa na quinta a noite e repetidamente, durante um discurso, falava o nome de Senna. Isso foi motivo de aplausos calorosos. E Lewis nunca escondeu de ninguém que era um fã de Ayrton, tanto que ele fez questão de ir ao túmulo do piloto. Usar o nome de Ayrton, frente a um público que ainda o venera, foi uma bela cartada do piloto inglês que conquistou mais alguns admiradores para apoiá-lo na batalha do título. Se Lewis fazia uma social com o público paulistano, Raikkonen preferiu ficar na dele, se bem que estivesse tentado a cair na noite para comemorar o seu aniversário de 28 anos.
Como eu disse, a quinta-feira é o dia onde os astros aparecem. Reuniões com engenheiros de provas, um caminhar pelo circuito fazem parte do cronograma de qualquer piloto. E pelos relatos que soube, o mais tranqüilo de todos era... Fernando Alonso, que havia chegado mais descontraído e sorridente, bem diferente da face carrancuda e azeda que havia demonstrado semanas antes no GP da China, quando ele acusou a McLaren veemente de está-lo sabotando. Hamilton passou apressadamente e Raikkonen estava gelado, como sempre. Os três, mais Felipe Massa, participaram de uma coletiva de imprensa onde o clima continuou sereno, sem ataque por nenhuma parte. Era momento de concentrar-se para a batalha que se seguiria pelos próximos três dias.

Na sexta-feira pela manhã, por volta de 5:30, chegamos ao autódromo. Bandeirinhas, bombeiros, resgate e equipe médica são praticamente os primeiros a chegarem à pista. Mas antes disso, existe a equipe de apoio que chega uma hora antes para deixar tudo organizado nos postos de sinalização. E esse trabalho só se encerra na boca da noite de cada dia, quando jogos de bandeiras, rádios, fones de ouvido, capacetes, são contados e guardados em ordem numérica que corresponde ao posto onde trabalham os bandeirinhas. Ou seja, são 23 postos (PSDP mais os 22 postos espalhados pela pista) que precisam ter o material totalmente conferido para não haver problemas no dia seguinte. Pois bem, chegando ao autódromo sexta pela manhã, uma fina chuva nos recepciona. Só me lembro de ter soltado “Hoje vai ser foda!”, imaginando o trabalhão que seria para o pessoal de resgate a pé, que ficam expostos no tempo, para resgatar algum carro que rodasse e/ou batesse e com a chuva caindo forte. O meu primeiro GP do Brasil foi o de 2003, onde choveu na sexta, fez um sol fraquinho no sábado e caiu um dilúvio no domingo. E posto onde trabalhei? No posto 4, que fica na parte externa saída da curva do Sol e entrada da reta oposta. Quem tiver boa lembrança e viu aquela corrida, sabe bem o que aconteceu naquele pedaço. Fora a chuva que praticamente alagou o posto (ele fica próximo a um barranco e o chão do posto ficava encravado na terra, portanto a água escorria e ia para dentro) e nos forçou a abrir uma valeta com pedaços de pau para que a água escorresse. Mas a chuva daquela sexta não era tão forte para isso, mas molhou bem a pista e deixou as coisas mais interessantes.

Aproveitei a minha estadia no pit-lane para tirar umas fotos, claro. E entre elas, estas duas de Jacques
Laffite (folheando um encarte da  4 Rodas que conta a sua vitória em Interlagos 1979, que ele autografou
para mim) e também Hans Stuck, que parou uma animada conversa para que eu pudesse fotografá-lo.
Gente boa estes senhores!

(Foto: Paulo Abreu)

O asfalto de Interlagos era novíssimo e tinha, aparentemente, corrigido as inúmeras ondulações que era uma queixa freqüente dos pilotos. Era normal ao final de cada de dia você ir por toda a extensão da reta dos boxes e oposta, ver o tanto de marca amarela que ficava no asfalto devido a raspagem da prancha de madeira. E o cheiro forte de madeira ficava suspenso no ar fazendo-lhe sentir que estava numa carpintaria, e não numa pista de corridas. O primeiro treino foi realizado com pista molhada e Raikkonen dominou, com Alonso no seu encalço por meio segundo. A tarde, com a pista seca, foi a vez das Mclarens dominar com Hamilton cravando o melhor tempo, seguido por Alonso, Massa e Raikkonen. Acabado a F1, entrava a Porsche Cup e depois o Trofeo Maserati, mas ainda era possível ver movimentações nos boxes com mecânicos empurrando carros pra lá e pra cá, alguns pilotos se dirigindo para reuniões. Hamilton foi um dos que passaram e me lembro que havia um grupo de cinco, ou seis caras, que estavam na velha arquibancada de frente para os boxes e que o chamaram. Era intervalo entre as categorias suporte, portanto Lewis ouviu bem quando o chamaram e acenou. Mas os torcedores deram uma bela trollada nele ao gritarem o nome de “Alonso, Alonso, Alonso...” e caírem na gargalha. O inglês recolheu o aceno rapidamente e saiu cabisbaixo, aumentado o ritmo do passo rumo ao paddock. Deve ter passado uma baita vergonha, certeza. Outro que passou e foi ovacionado foi Massa. Ele tinha crédito de sobra com a torcida naquela época por conta da sua vitória maiúscula no ano anterior. Vencer naquele ano era bem provável, mas iria depender muito de como estivesse o cenário da corrida, pois ele tinha um companheiro na disputa de um título mundial. Com os treinos livres da Porsche e Maserati se encerrando, era hora de arrumar as coisas e ir para casa repor as energias.

Mais uma vez, às 5:30 da madrugada, lá estávamos nós, mas dessa vez sem chuva e com o céu limpo, sem nenhuma nuvem. E o sol apareceu forte, mas a sombra das sete da manhã no pit-lane nos protegia agradavelmente. Todos os bandeirinhas – ou quase todos – e pessoal de resgate, médico, bombeiros, foram para os boxes fotografar os carros. É um momento legal, pois todas as equipes já estão trabalhando e boa parte dos carros fica pelo lado de fora das garagens montadinhos, esperando o momento certo para dar início ao treinamento de pit-stop. Portanto é uma sessão de fotos por nossa parte, uma vez que dentro da pista isso é quase impossível (se bem que sempre damos um jeito e fotografamos). Durante esta uma hora de visitação, um amigo meu que fala muito bem inglês, conversou com um dos mecânicos da McLaren antes que eles começassem o treinamento. Ele perguntou como estava o clima entre os pilotos e o mecânico, um homem negro e forte que era responsável pelo abastecimento, lhe disse que estava bom, mas Hamilton aparentava estar mais nervoso que Alonso. Isso até soava normal, afinal de contas o franco atirador naquele momento era o espanhol, bi-campeão do mundo, e não o garoto que o destronou com uma pilotagem arrojada e que agora estava a poucos pontos de ser campeão mundial. Era surpreendentemente engraçado, mas Fernando estava mais tranqüilo naqueles dias de GP do Brasil e a FIA, para garantir que a McLaren daria tratamento igual a suas duas estrelas, mandou o argentino Carlos Funes – delegado técnico da entidade – para ser o observador na equipe de Woking. Talvez aí estivesse a explicação para tamanho sossego de Fernando.
Com a pista devidamente montada, o terceiro treino teve o seu início e as Ferraris continuaram na ponta, tendo Massa em primeiro e Lewis em segundo. Raikkonen aparecia em terceiro e Alonso tinha sido apenas o oitavo. De toda a forma, uma briga particular entre italianos e ingleses. Intervalo longo, com mais de 2 horas. Momento dos bons para o pessoal relaxar, tirar um cochilo, ir ao posto vizinho para jogar papo fora ou ir atazanar a torcida do setor G, no final da reta oposta.  

A classificação começou às 14:00 horas com a sua habitual divisão em três partes, mas a que interessava mesmo é a Q3. Nenhuma surpresa aconteceu nas duas primeiras partes e três protagonistas do embate, mais Felipe Massa, passaram tranqüilamente pela Q2 que foi liderada por Raikkonen. As duas Mclarens puxaram o pelotão na saída dos boxes, tendo as duas Ferraris em seguida. A batalha pela pole era tensa, mas Felipe resolveu isso a favor da Ferrari com uma volta perfeita cravando a marca de 1’11’’931, 0’’151 mais veloz que Hamilton. A torcida veio abaixo, gritando o nome de Massa e as coisas poderiam ter sido perfeitas para os italianos caso Raikkonen não tivesse sido atrapalhado por Lewis em um momento do Q3, quando os dois se encontraram na pista e o inglês não deixou espaço suficiente para Kimi na curva Chico Landi que teve de usar a zebra de forma agressiva. Perdeu alguns décimos, mas não ligou muito para esse fato: “Não, não foi nada. Perdi poucos décimos, talvez. Lewis poderia ter feito a coisa mais fácil, mas acabou dificultando. Ele se desculpou. Essas coisas acontecem no tráfego.” Respondeu ele tranquilamente após ser perguntado se havia ficado bravo com aquele lance. Kimi tinha ficado com o terceiro lugar, logo atrás de Massa e Lewis. Alonso, quietinho, marcou o seu quarto lugar. O restante da tarde foi destinado aos treinos classificatórios da Porsche Cup e Trofeo Maserati, mas o que mais era comentado é de como seria o comportamento dos quatro primeiros na largada. Hamilton manteria a tranquilidade? Raikkonen seria o azarado de sempre? Massa venceria ou teria que ceder passagem para o finlandês? Ou Alonso daria o bote final? As respostas para estas perguntas tinham hora marcada: às 14 horas de domingo!

Todo mundo comportado: A foto oficial da Turma de 2007
(Foto: Paulo Abreu)

Seis da manhã e já estávamos em Interlagos. Meia hora mais tarde do que nos dois dias anteriores o que equivale há meia hora ou uma hora a mais de sono. Muito bom, pois quando se chega ao domingo você já está cansado pacas de todo aquele evento e para o pessoal que acha os F1 barulhentos e que com aquele barulho não se consegue dormir engana-se, pois quando chega à metade da prova o cansaço dos outros dias bate e o barulho vira “música de ninar” para nossos ouvidos. Mas aquela corrida era tensa, principalmente as primeiras voltas. Numa corrida dessas envolvendo disputa de titulo, e não digo somente com relação à F1, a atenção dos comissários de pista (bandeirinhas) tem que ser redobrada, pois um toque entre os postulantes durante uma disputa direta pode resolver a fatura para um dos dois lados. Se bem que hoje com o número quase que infindável de câmeras espalhadas pela pista, o trabalho do comissário de pista ficou relegado ao segundo plano na parte de informar a central de provas sobre o ocorrido na pista. Mas ainda sim a nossa informação ajuda muito, pois podemos reportar a ocorrência antes que as imagens cheguem à direção de provas.    

O sol estava mais forte do que no sábado e a previsão de chuva era quase nula, fato que se confirmou pelo resto da tarde sem nenhuma nuvem que trouxesse ameaça de, ao menos, uma ligeira pancada d’água. Dessa vez não houve visitação, até porque os carros estavam no parque fechado e por volta de nove da manhã eles foram retirados do box (não me lembro qual) e levados por suas respectivas equipes. A manhã foi movimentada com as duas corridas suporte da Porsche e Maserati, que foram muito boas por sinal. Com o tempo totalmente livre, desde as 10:50 da manhã, o público teve que apreciar passeios de carros de luxo até o momento em que os pilotos se dirigiram para a reta dos boxes, em cima de um caminhão aberto, para a tradicional foto de fim de ano. Foi possível ver um Massa tranqüilo, conversando animadamente com Heidfeld e Kubica; Button, Barrichello e Coulthard faziam o mesmo e na linha de trás e Rosberg, junto do estreante Nakajima, Sutil e Yamamoto, gargalhavam por alguma piada. Na linha de frente, sentados lado a lado, foi possível ver que Raikkonen, Alonso e Hamilton, não trocaram palavras. Permaneceram como estátuas. Uma pequena correção no boné de um e de outro, mãos entrelaçadas colocadas por sobre as pernas e mais nenhum movimento. O que tinha de descontração aconteceu no caminhão, com Hamilton a conversar de canto com seu amigo de longa data, Adrian Sutil; Fernando papeando alegremente com Webber, Kovalainen (estava ao lado de um estático Raikkonen), Kubica e Fisichella. O caminhão partiu para o desfile dos pilotos por todo o circuito e retornou aos boxes. Os pilotos desceram do caminhão e sumiram pelo box três, mas Hamilton era o mais assediado por fãs e imprensa junto de Felipe. Fernando e Kimi aproveitaram o embalo e desapareceram. Agora era esperar por quase uma hora e meia até a largada, e neste período apareceu um doido varrido com helicóptero que deu voou rasante na reta dos boxes e depois na oposta, levantando muita sujeira naqueles locais. Claro, um trabalhinho para os bandeirinhas em deixar a pista limpa.

A largada para o título: Raikkonen já havia deixado Hamilton para trás
(Foto: F1 Fan)

Faltando trinta, vinte minutos, o box foi aberto para o alinhamento. Corre corre por parte das equipes para levar os equipamentos para o grid e os carros já estavam rodando pela pista. Com todos eles no grid, foi possível ver alguns pilotos se dirigindo ao banheiro para o último “pit-stop”. Hamilton passou sisudo com seu pai o acompanhando, com passos firmes e sem olhar para os lados. E foi assim também na volta. Alonso e Kimi passaram que quase lado a lado, sem trocar palavras e na volta, o espanhol foi o primeiro a passar.

O sinal de cinco minutos restantes para que todos esvaziem o grid começa a tocar. A cada apagar de uma luz vermelha, é um minuto a menos e uma buzina (como aquelas de caminhões) é tocada. Com o grid vazio, o sinal é dado para a volta de apresentação. Neste momento o Claudio, comissário responsável pelo painel eletrônico de onde é acionada as luzes de largada e representante da direção de provas da FIA, mais Charlie Whiting, diretor de provas da FIA, já estavam no PSDP e conversavam entre eles. Os carros chegam e logo se alojam nos seus lugares de largada. A cada carro que para nos colchetes, a respiração e o batimento cardíaco aumenta e isso não é exclusividade dos pilotos. Nós bandeirinhas, principalmente na hora da largada, entramos numa grande tensão porque, afinal de contas, aquele é o momento mais tenso da corrida onde pode acontecer qualquer acidente de grandes proporções. Conforme Charlie apertou uma dos botões, as luzes vermelhas foram acendendo uma a uma e os motores subindo os giros, formando um barulho brutal. Assim que as cinco luzes apagaram, por dois segundos os giros baixaram. A largada foi dada. Raikkonen foi esperto e pulou na frente de Hamilton, que parecia estar pregado na sua posição. O finlandês chegou a emparelhar com Massa na entrada do “S”, mas teve que recolher o carro bruscamente que o forçou a tourear o Ferrari depois de uma pequena escapada de traseira. Lewis estava na sua cola e parece não ter visto que Fernando se colocava do lado de fora na descida do “S” e efetuando a ultrapassagem na entrada da curva do sol. Hamilton havia perdido duas posições em poucos metros e as coisas ficariam piores quando ele tentou passar Alonso por fora na curva Chico Landi e escapado, despencando mais outras quatro posições. A primeira volta terminava com Massa em primeiro, Raikkonen na sua cola e Alonso em terceiro. Hamilton aparecia em oitavo. Uma volta desastrosa para o novato e esperançosa para Raikkonen e Alonso.

E Yamamoto resolveu a brincadeira com uma "voadora" em Fisichella, no início da segunda volta
(Foto: F1Fan)

Apesar de uma pancada que Fisichella levara do Spyker de Sakon Yamamoto, forçando o abandono de ambos, a corrida foi tranqüila até a oitava volta quando foi visto um dos Mclarens lento na descida do lago. Imaginava-se que fosse Alonso, mas a verdade é que tratava-se de Hamilton que lutava loucamente com os inúmeros botões do volante. O carro tinha entrado em ponto morto e pelas repetições da câmera on-board, parece que Lewis acionada o botão sem querer forçando o carro a entrar naquele modo. Mais tarde soube que a McLaren tinha inspecionado o câmbio do carro do britânico pela manhã de domingo, para achar o problema que forçava a caixa de marchas a entrar naquela situação. Mas parece que nada tinha sido resolvido, apesar de que falavam que estava tudo em ordem. Porém agora eles viam seu pupilo despencar dez posições e perder quase que trinta segundos, até conseguir botar o carro para funcionar corretamente. O que estava ruim tinha ficado ainda pior. E na frente continuava a guerra de nervos entre Massa-Raikkonen-Alonso.

E assim a prova continua, até depois da primeira rodada de pit-stops que ainda deixa as três primeiras colocações como antes. Hamilton vinha lutando bravamente pelas posições intermediárias e já estava próximo dos dez primeiros. Ainda era pouco. Ele precisava chegar pelo menos em quinto, contanto que continuasse aquela formação, para garantir o seu título. Na volta 31, com toda aquela tensão dentro da pista, foi possível ver uma entrada desastrosa de Kazuki Nakajima, que derrubou alguns mecânicos da Williams na hora de pit-stop. Mas ao menos ninguém saiu machucado seriamente, e o filho de Satoru pôde voltar para corrida e duelar com Coulthard e fazê-lo rodar na entrada do “S” do Senna quando o veterano escocês tentou passá-lo.

Felipe estava mais tranqüilo. Tinha cerca de três ou quatro segundos de diferença para Kimi, mas uma escapa em um ponto do circuito o fez perder dois segundos e isso possibilitou a chegada do finlandês. Alonso estava bem distante, mais de 20 segundos de desvantagem. Parecia desinteressado, relaxado. Estava curtindo a prova enquanto que Hamilton fazia o que podia para entrar na casa dos oito primeiros.

A volta 50 foi decisiva. Massa entrou nos boxes e fez a sua parada e volta em segundo. Duas voltas depois é vez de Alonso ir ao pit e voltar em terceiro. E Raikkonen? Este ficou na pista e cravou voltas velozes, que lhe deram a primeira colocação quando ele voltou da sua parada na volta 53. A Ferrari tinha feito o seu jogo de equipe de um modo mais sutil, sem nenhuma canalhice. E naquele momento o jogo era aceitável: Hamilton estava em oitavo, Alonso era um peso morto na terceira colocação, mas Kimi precisava subir para o primeiro lugar para garantir o seu título. Apesar do burburinho do final da corrida, onde os poucos rebeldes queriam crucificar a Ferrari por mais um jogo de equipe, a maioria acabou por concordar com o acontecido. Ah, mas ainda tinha uma corrida pela frente. Eram dezoito voltas agonizantes que aumentavam a tensão a cada passagem de Rosberg e Kubica, que lutavam desenfreadamente pela quarta colocação desde a volta 39. A batalha dos dois foi belíssima, mas para os torcedores da Ferrari aquilo era uma tortura. Um enrosco dos dois, seguido de abandono, daria a Lewis a possibilidade de subir para quinto (tinha herdado a sétima colocação após uma parada de box de Trulli) e assegurar seu mundial. Mas isso não aconteceu.

Momentos pós vitória: a comemoração de Raikkonen, a faixa da Ferrari e o pódio,
com Alonso sorrindo feito uma criança e Raikkonen normal, como se nada tivesse acontecido

(Fotos: Paulo Abreu)

Raikkonen seguiu forte com sua Ferrari. Faltando três voltas, um aglomerado de pessoas da Ferrari apareceu nos boxes com uma faixa “Orgoglio Ferrari” e se encaminhou para o parque fechado, montado com grades em frente ao box 1. Kimi venceu a prova, seguido rapidamente de Massa que o escoltou por aquelas dezoito voltas finais. Um tempo depois passou Alonso, que parece ter festejado. Rosberg e Kubica apareceram em seguida lutando pela quarta posição; Heidfeld foi sexto e Hamilton passou em sétimo e gentilmente agradeceu os aplausos do público e Trulli fechou em oitavo. Finalmente Kimi era campeão, por uma diferença de um ponto sobre o duo da McLaren que terminaram empatados em 109 pontos. Um desfecho surpreendente.

Kimi estacionou seu carro e saiu, vibrando ao seu modo: sem muito entusiasmo. Recebeu os cumprimentos de Massa, Alonso e depois de Hamilton. No pódio foi possível ver que Alonso parecia o mais feliz, sempre sorridente, enquanto que Massa não esboçou nenhum sorriso e Kimi continuou gelado, como se nada tivesse acontecido. Receberam seus troféus, espocaram a champanhe beberam e seguiram para a sala de imprensa. Após os festejos, as coisas ficaram tensas quando souberam que Williams e BMW estavam sendo investigadas por irregularidade na gasolina. Segundo os comissários técnicos, o combustível colocado nos tanques estaria abaixo da temperatura permitida por regulamento que é de até 10 graus Celsius abaixo da temperatura ambiente. Ou seja, caso fossem punidas, Rosberg, Kubica, Heidfeld e Nakajima corriam o risco de serem desclassificados. Desse modo, Lewis herdaria a quarta colocação com a desclassificações de Rosberg (4º), Kubica (5º) e Heidfeld (6º) e o título cairia no seu colo. Mas nada foi atribuído as equipes e assim o título de Raikkonen se manteve.

Para nós bandeirinhas, era mais um GP do Brasil de F1 que terminava. Agora era hora de guardar as coisas, contar as novas histórias, trocar fotos e por aí vai. Mais um ano se passaria e Interlagos viveria momentos mais tensos e emocionantes do que o de 2007.

(Foto: F1 Fan)

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...