terça-feira, 18 de outubro de 2011

Indycar: É preciso eliminar os ovais?

Qualquer acidente que aconteça no automobilismo, principalmente os fatais, a primeira coisa que se faça é caçar as bruxas. É algo muito comum: aqui no Brasil, por exemplo, a última a ser execrada foi a “Curva do Sol” após seus três acidentes que resultaram em mortes nos últimos 3 anos (dois deles nesse ano), e que cessou após a construção da chicane. O momento, agora, é de tentar levantar a bandeira de que realmente é necessário a Indycar correr em ovais.
Após estes acontecimentos, até entendo a comoção que a morte de Dan gerou e é normal que pensem assim, mas eu vejo que é um tanto radical. A Indycar tem vários problemas e acredito que, eliminando os ovais, não resolverá tudo. Primeiramente é o bom senso que deve prevalecer. Não é aceitável que o organizador coloque 34 carros para competir num oval médio e alta velocidade, já que os pilotos da Indy costumam andar lado a lado durante toda a prova. Ano passado, durante uma das provas noturnas, cheguei a falar no Twitter que o pessoal tem que ter uma dose cavalar para andar assim em ovais, devido a proximidade com que eles ficam durante todo o percurso de pé embaixo. Outra coisa que li após os acontecimentos do domingo, é que os pilotos estavam receosos quanto à realização da corrida no oval de Las Vegas. Não sei se há alguma associação de pilotos por lá nos moldes da GPDA, que existe na F1. É um modo dos pilotos externarem as suas opiniões junto à comissão desportiva do evento para pedir melhorias e, se for o caso, até o cancelamento d evento por falta de segurança. Algo parecido foi feito nos tempos da CART quando foram correr num oval (não me lembro o ano e nem o nome do circuito) e entrarem na pista para os primeiros treinos e, devido à inclinação das curvas que era alta, os pilotos saíam dos carros sentido fortes náuseas. A prova foi cancelada e a categoria não voltou mais lá. Os pilotos novatos, principalmente os pagantes, também foram alvo de críticas, afinal não tem nenhuma experiência neste tipo de circuito. Até aceito as críticas, mas numa hecatombe daquelas proporções, com carros andando próximos um dos outros, até mesmo os mais experientes poderiam causar uma batida daquelas, e até mesmo uma falha mecânica, como uma quebra de suspensão, por exemplo, também poderia contribuir para um “Big One”. Os velhos Dallara, que se aposentaram nesta prova, também estão defasados. Desde 2001 ou 2002 que estão presentes na categoria e corriam junto do já extinto G-Force que ficou até 2004. Sofreram algumas mudanças em suas estruturas entre 2002 e 2005 quando a Indy passou por um momento complicado com vários acidentes graves, onde deixou alguns pilotos de fora. Sem contar, claro, com a falta de atualizações em sua aerodinâmica. A grande falha no acidente foi a quebra da santoantonio que deveria ter salvado a vida de Wheldon. Mas será que essa estrutura agüentaria tal impacto? Lembrei na hora do acidente que matou Greg Moore em 1999 que por coincidência, também era uma prova decisiva da CART entre Juan Pablo Montoya e... Dario Franchitti. O grande azar de Greg, que estava com o pulso machucado antes da corrida e que foi liberado para correr (outra falha), é que além de ter passado por uma ondulação interna do oval de Fontana que descontrolou seu carro, o bólido ganhou mais velocidade e decolou de lado quando passou pela grama que ficava na parte interna do oval. Com batida no muro interno, com o carro voando contra o concreto num ângulo péssimo, o santoantonio não agüentou e cedeu, matando Moore instantaneamente. Do mesmo modo foi o acidente que matou Dan. Essa estrutura é feita para evitar que, com o capotamento do monoposto, o piloto não bata imediatamente a cabeça no chão, mas num acidente desse calibre, onde os carros ganham uma velocidade anormal quando são projetados no ar, não há santoantonio no mundo que agüente a pancada. Para aos padrões da Indy, que corre em Super Speedways, acho válido uma rigorosa sessão de crash-tests para aumentar a força deste item, assim como é feito na F1 com os chassis, em especial os monocoques. E se não passarem no teste, voltam para a fábrica para uma melhoria.
Com relação aos ovais, estes tiveram uma melhoria nos últimos anos. Os muros de concreto puro ganharam a proteção do “safe barrier” ou “soft wall”, como queiram, e isso tem amenizado bastante as pancadas laterais, de traseira e/ou frontais que, normalmente, sempre machucava. Os alambrados ficaram mais altos para não haver a chance de voar destroços dos carros para o público em caso de acidentes e a grama interna, principalmente as das saídas de curvas que levam à reta oposta, foram extintas e substituídas por asfalto exatamente após o acidente de Greg Moore em 1999. Jimmie Johnson, piloto da NASCAR, disse que a Indy não deveria mais correr em ovais por entender que um carro desses, desgovernado, fica extremamente complicado de segurar numa pista dessas e que a categoria é mais atraente em pistas de rua e estrada. Como eu disse no início, eliminar os ovais do calendário da Indy, não resolverá o problema, mas caso venha acontecer (o que seria chato, a meu ver), que tirem os Super Speedways. Estas pistas são onde se atingem as maiores velocidades e que os acidentes mais espetaculares, e graves, acontecem. Mas não se pode tirar totalmente este tipo de circuito, pois é tradição desde o início do século passado a Indy correr neles. Os ovais de média velocidade, como Milwaulke e Ste Petersburg, são mais “mansos”, portanto poderiam ficar no lugar do Super Speedways no calendário. Claro que isso é uma hipótese e acredito que essa idéia não vingará, até porque é complicado imaginar a categoria ficar sem a sua prova maior, as 500 Milhas de Indianápolis, prova que rendeu o nome da categoria.
A Dallara batizou o novo chassi, que será utilizado ano que vem, de DW01 em homenagem à Dan Wheldon que era o piloto que vinha fazendo vários testes com esse carro. É um modo trágico, mas Dan pode contribuir para a melhora da segurança dos carros e pistas da Indy. O fato de o novo Dallara chamar-se de DW01 já é um começo, pois a cada vez que os pilotos sentarem nele para correr em 2012 lembrarão que aquele carro leva as iniciais de alguém que morreu pela falta de segurança e bom senso e assim brigarão para a melhoria do esporte num todo, para que não aconteça mais acidentes como o de domingo passado.
Os riscos sempre vão continuar presentes, mas é válido que trabalhem mais e mais para diminuírem. E isso vale para todos. 
 Uma justa homenagem: o novo Dallara receberá o nome de DW01 em lembrança a Dan Wheldon, chujo carro estava sendo testado pelo próprio já há algumas semanas em Indianápolis

7 comentários:

  1. belo texto. e o fato que vc se referiu dos pilotos se recusarem a correr foi no texas em 2001, os carros estavam atingindo velocidades absurdas e os pilotos tinham medo de simplesmente desmaiar enquanto dirigiam. Acho que tirar os ovais da indy é loucura, sempre correram lá não faria sentido. acho que esse chassi novo é bem mais seguro do esse, que já era pra ter substituido há muito tempo.

    abs

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  2. Elimine os ovais e a Indy morre.
    É o único diferencial dela, todo o resto não faz sentido sem os ovais.

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  3. O que tem que ser eliminado são os pilotos ruins. Não se pode dar um carro que atinge velocidades absurdas em ovais a gente com pouca experiência e/ou qualificação.
    Hoje o grid da Indy aceita qualquer um que apareça com um bom patrocinador, independente de ter ou não capacidade de guiar um foguete na pista.

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  4. Rubem Rodriguez Gonzalez Filho18 de outubro de 2011 às 20:47

    Repito as palavras de meu pai,Rubem Rodriguez Gonzalez,De Itaboraí
    ''Honestamente acho ovais uma imbecilidade, parece autorama. O risco alí é eminente e os acidentes fatais até que são em numero reduzido nessa irracionalidade que se chamam ovais.
    Mas fazer o quê? americano adoooora essa bosta e os acidentes hão de existir sempre e com um grau de severidade grave, pois o limite de proteção que se pode dar a um piloto dentro dessa casca de ovo que é um monoposto já está no seu limite. é uma questão de física e as leis da física não foram feitas por políticos para serem negociadas ou barganhadas.

    Mas a irracionalidade americana de transformar um ótimo evento numa bosta porque ao invés de colocar os carros em um circuito de verdade os coloca em um oval aonde o cara só acelera, acelera e vai a 5G nas curvas , todas para o mesmo lado e aquela sensação de tédio horrível que só uma corrida em oval pode proporcionar e que não vai terminar nunca. esse rollerball automotivo faz parte da cultura(?) americana, que tal qual o Narciso não conhece nada que não seja espelho, traduzindo: só o que ocorre em solo americano é o que interessa e o resto do mundo é isso mesmo: o resto.
    Só discordo do Corradi no que tange a "segurança" proporcionada por um dos algozes da F-1 de verdade que é esse pulha do Hermann Tilke, assassino de autódromos e ideólogo e projetista de verdadeiras bostas de asfalto.

    Para finalizar, sinto muito a morte do Wheldon. A morte de qualquer jovem deve ser lastimada e no seu caso ainda deixou dois filhos que jamais vão lembrar dele pois são ainda bebês. Mas tenho uma relação meio fria com mortes em acidentes automobilisticos, fazem parte do risco assumido e é parte inerente da profissão que abraçaram. e o melhor é que abraçaram essa profissão não por necessidade ou falta de opção, diferentemente de nós simples mortais que muitas vezes nos expomos a riscos e não raro a morte em funções ou profissões exercidas em locais extremamente perigosas por falta de opção, é aquilo ou o desemprego na luta pela subsistência. bem diferente de pilotos, alpinistas, iatistas e outros . Não sou sádico, só me consolo que ao menos morreu fazendo aquilo que gostava, se não traz ninguém de volta fica pelo menos o alento e um certo conforto para os que ficaram, vá com deus Dan Wheldon."
    Nada a acrescentar

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  5. Assim como morreram Jeff Kresnoff, Gonzalo Rodriguez, Greg Moore e Dan Wheldon, todos por falhas no santo antônio, nada será feito, como nunca foi feito na Indy... infelizmente.

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  6. Tanta coisa foi dita já e um montão que ninguem falou ainda !!
    Nem vamos saber direito o que aconteceu, foi muito rápido e compactado esse acidente, ou acidentes!
    Lembro que antes da mudança que ocorreu na indy os novatos andavam o ano inteiro com um "R" escrito atrás da asa traseira para identifica-los, e mesmo assim antes de ingressar na categoria principal esses pilotos tinham que passar pela "light" da mesma categoria..
    Hoje eu não sei se ainda é assim, parece que não.
    Pelo que tenho lido quem tem a "grana" paga e anda..
    Outra coisa que me parece importante é que se fala até hoje em turbulencia do carro que vai atrás, e nesses bolo todo com esse monte de carros uns grudados nos outros devem gerar tamanha turbulencia tanto traseira como lateral que se passar um avião um pouco mais baixo por lá é possível que esses carros puxem o avião pra baixo.. Lógico que estou falando de forma ilustrativa do problema que esses piltos devem enfrentar nessas corridas de altissima velocidade.. Veja, se não me engano (vi o acidente uma unica vez) e me pareceu que o problema todo começou com um carro vermelho que escapou sozinho de sua tragetória normal no meio do bolo.. Esse problema pode ter sido gerado por uma falta de pressão do ar, ou um pneu furado, sei lá! Dizem até que era um novato que estava pilotando o carro.
    Outra coisa importante, já que os pilotos estão meio que passageiros de seus carros, pois já provaram que a essa velocidade por mais apto que a pessoa esteja o tempo de reação é inferior ao que é nescessário para uma
    possível reação ao problema. Os caras tem nas mãos a tecnologia nescessária para fazer com que em luz ou bandeira amarela um dispositivo controlado pela direção de prova corte a aceleração de todo carro que entre nessa zona de perigo.. Só não a usam por conivencia para com o show. Mas é um dispositivo muito importante para a segurança ativa dos envolvidos..Poderiam limitar a velocidade por ex: á uns 60% do que se usaria naquele setor, eliminando assim a falta de observação de um ou outro piloto que está agindo sob efeito da adrenalina...Já usam essa versão de limitador de velocidade para os boxes, só que controlado pelos pilotos, poderiam usa-la de forma geral para todos e em igualdade de condições. Tecnologia para isso já tem, só falta usar...
    Outra coisa com relação ao santo antonio, ele deveria sim ter condições de sobreviver ao impacto com pouquissimas deformação, e não desintegrar como aconteceu...Só para exemplificar tivemos um acidente pavoroso, perigoso, com um Audi acho que foi na Le Mans, o carro se destruiu completamente, mas o cokpit continuou ileso e preservou a integridade fisica do piloto. Todos nós nos perguntamos na ocasião de como é que aquele carro voltou para a área de pista..Isso só vem a criar dúvidas quanto a fabricação ou validade do monoposto do Dan Wheldon..Carros veloses, com o antigo efeito solo, mas os estratores trazeiros se tornam mesmo um míssil se rumo ao decolarem, ainda mais com aquele bico rente ao chão, que sem o efeito solo se torna um verdadeiro flap posiçionado para decolagens..
    Continua.....

    GP to

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  7. ... continuando
    Infelismente muita gente já vinha comentando dos possíveis problemas desses carros em circuitos rápidos e cheios de turbulencia.. Logicamente vão continaur a falar até o ínicio da próxima temporada.. Que tera carro novo e muita coisa nova em nome da segurança. Mas o cockpit continua aberto e não vão fecha-lo..
    Quanto ao muro, é fato que o pessoal da indy é que inventou o sistema de deformação, foi uma inovação e um paliativo de primeira linha para a eliminação gradual da gravidade de um acidente, porém essa inclinação que esse circuito tem é maior do que aquela curva de monza tinha, que jogava os carros pra fora da pista.. Esse muro do jeito que está construido, segundo alguns cálculos está errado na sua falta total de inclinação, ele deveria acompanhar um certo grau para fora com é em indianápolis por ex: para fazer com que os carros continuem a sua tragetória até a perda de velocidade e consequentemente do perigo eminente, salvo quando o carro depois de desacelerar sofre um impacto lateral, é claro...
    As telas de proteção continuam com poucos cabos de aço para esticamento de sua malha, e um carro desses deve ter seu peso multiplicado por algumas dezenas de vezes pela velocidade que atinge uma tela dessas... e outra, os postes que sustentam essas telas são aqueles de sempre...
    Então muita coisa contribuiu para esse acidente.. Mas o pior mesmo é a negligencia dos envolvidos com o assunto segurança... Piloto e chefe do box só tem uma obrigação nas corridas que é a velocidade... A segurança deve vir muito antes disso, bem antes...
    Como disse a algum tempo o piloto Tonny Canaã
    em uma entrevista.. ""Os carros da indy são feitos para suportar os choques contra esses muros, por isso pesam tanto, os F-1 são de construção "diferente". Se um F-1 bater nele poderá se desintegrar pois a estrutura é outra..E nos carros atuais da indy já temos alguns carros que estão superando a barreira do limite de segurança física para o piloto"""""...
    E isso já fazem alguns anos!! E hoje???
    Bom meu amigo.. Eu vou deixar esse assunto pra lá pois os pilotos assumem os riscos, sabiam que era mais perigoso do que em outras corridas, mesmo assim arriscaram.. Fazer o que!!
    Eles são profissionais, vivem disso e melhor o fazer por gostar da velocidade, da superação e da adrenalina...
    Mas são eles os que pagam o maior preço disso tudo.. E Alguns com a própria vida, infelismente...

    GP to

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Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...