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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Sobre as 24 Horas de Daytona e Fernando Alonso



É claro que é um tanto tarde para falar sobre as 24 Horas de Daytona. Uma que eu estava em Interlagos neste fim de semana trabalhando na abertura da temporada do Campeonato Paulista de Automobilismo e outra que os últimos dias tem sido corridos, portanto o tempo tem sido bem escasso. Tanto que nem tive tempo de ver os melhores momentos da prova. Mas pude ler os comentários via Twitter – assim como os vídeos por lá –  e também alguns textos. A partir disso, meio que as cegas, vou procurar ser breve no texto.
Com tanto bons pilotos bem distribuídos pelas equipes, principalmente entre os DPi, era de se esperar uma corrida de alta qualidade e foi o que se confirmou. Para quem presenciou as atuações de Fernando Alonso, Helio Castroneves, Alexander Rossi, Jordan Taylor, Felipe Nasr, Pipo Derani, Kamui Kobayashi, Juan Pablo Montoya e tantos outros, não tem do que se queixar. Principalmente ao ver duelos memoráveis de Alonso vs Castroneves e Jordan Taylor vs Pipo Derani em meio a um aguaceiro de fazer inveja ao dilúvio universal. Aliás, a chuva torrencial acabou por roubar, talvez, o grande momento que seria aquela última hora e meia de corrida num possível duelo entre Nasr e Alonso pela ponta da corrida. Infelizmente o brasileiro acabou errando e Fernando aproveitando bem a chance para assumir a liderança num momento que tornaria-se crucial, já que a prova seria interrompida minutos depois. Apesar de sabermos sempre e também lembrarmos aos demais que corridas de endurance o conjunto é que se faz o forte para este tipo de competição, não podemos, também, deixar de destacar quando algum piloto faz a diferença no volante. Por tantas vezes destacamos, por exemplo, as atuações alucinantes e letais de Pipo Derani que pilotava de forma mágica nos seus turnos finais para arrancar vitórias marcantes e importantes. Nestas 24 Horas de Daytona foi Fernando Alonso quem teve seu grande destaque ao fazer turnos importantes para que o Cadillac #10 se mantivesse na dianteira da prova: o seu primeiro turno, ao pegar o carro da mão de Jordan Taylor na nona colocação e entregar para Kobayashi  na liderança da prova em torno de 16/ 18 segundos de vantagem para o segundo colocado – após duelar fantasticamente com Helinho – e depois assumir o comando do carro após o turno de Van Der Zande e andar até três segundos mais veloz que os outros que vinham em seguida já no meio de uma chuva pesada, só mostra o quanto que o espanhol ainda tem lenha para queimar. E claro, é que se espera dele em qualquer que seja as condições. Mas sempre devemos lembrar – sempre – que ele não estava sozinho no carro.
Apesar de não ter tido o resultado esperado, Alessandro Zanardi continua a nos inspirar, queira num carro de corrida ou nos handcycling. Ao assumir o comando do BMW M8 adaptado, Zanardi passou a ser um dos pilotos mais comentados da prova exatamente por sua perseverança e também pela velocidade, que não deve em nada para os demais. Infelizmente problemas no volante – que acabou tendo que ser trocado toda a barra de direção – acabou por limitar o quarteto.  Zanardi ainda foi extremamente elegante ao elogiar as atuações de fizeram!”. Mesmo que não tenha as dez pernas, ainda sim é um grande piloto e claro, um dos maiores exemplos do esporte mundial.
Por  falar em Farfus, este foi o brasileiro com melhor sorte ao vencer a prova na categoria GT Le Mans. O BMW M8 #25 foi conduzido por Farfus, Connor De Phillipi, Philip Eng e Colton Herta assumiu a liderança pouco antes da interrupção, quando o Ford GT #67 de Richard Westbrook, Ryan Briscoe e Scott Dixon precisou ir aos boxes para um rápido reabastecimento. Não apenas custou uma possível vitória, como também o pódio ao fecharem em quarto na classe.
Ainda sobre os brasileiros, além da segunda colocação de Nasr e Derani (e mais Eric Curran) com o Cadillac #31, Rubens Barrichello fechou em quinto com o Cadillac #85 da JDC – isso, sem contar que tiveram um acidente e foram recuperando. Talvez tivessem tido melhor sorte caso não acontecesse o acidente. Na sua despedida das pistas, Christian não teve melhor sorte por conta de problemas no seu Cadillac #5 que limitaram bastante o desempenho do trio, deixando-os na nona colocação. Para os demais brasileiros que estavam na classe GTD, a sorte não os acompanharam: mesmo tendo marcado a pole na classe, com Marcos Gomes ao volante, a trinca brasileira (Gomes, Chico Longo e e Victor Franzoni) mais o italiano Andrea Bertolini, despencaram na classificação e se recuperaram para fechar em sétimo na classe; o Acura com tripulação 100% feminina – que contou com Bia Figueiredo entre as garotas – teve contratempos e fechou em 13º; Daniel Serra não teve grandes hipóteses na prova ao ter o Ferrari #51 com a suspensão quebrada quando Paul Dalla Lana estava ao volante.

A caminhada de Fernando Alonso

Michael Levitt/ Images LAT

Esta conquista de Fernando Alonso em Daytona o coloca num quadro dos mais interessantes, juntando-se a grandes nomes do passado: tornou-se o terceiro campeão de F1 a vencer a clássica americana (Phill Hill em 1960 e Mario Andretti em 1972 foram os outros dois a conseguirem o tal feito); passa a ficar apenas de uma vitória de igualar A.J Foyt (que venceu as 24 Horas de Le Mans, 24 Horas de Daytona e Indy 500), isso sem contar que caso vença em Indianapolis, não apenas igualará Foyt como também Graham Hill na sua tão cobiçada Triplice Coroa (24 Horas de Le Mans, GP de Mônaco e Indy 500).
Por outro lado sabemos bem que caso ele tivesse conquistado tudo na Fórmula-1, dificilmente veríamos o espanhol em outras praças tentando estes feitos. Por outro lado, os acontecimentos na carreira de Alonso acabaram lhe abrindo a mente para outras “drogas” e isso tem feito muito bem a ele e também para o esporte: contar com um piloto de renome em provas importantíssimas do automobilismo mundial dá aos fãs dele e também de outras categorias a chance de conhecer melhor outros mundos. Principalmente para o fã árduo da Fórmula-1 que tem uma mente um tanto fechada para com outras categorias.
Apesar de ser chato em algumas situações o tanto que falam sobre o Fernando Alonso, também entendo a enorme má vontade que boa parte tem para com ele. Chega ser até engraçado – e ridículo também – ver comentários onde pessoas chegam creditar a vitória apenas ao piloto A ou B, ignorando a performance elogiadíssima de Alonso em Daytona. Como disse no texto anterior, ninguém ganha uma prova de endurance sozinho já que o conjunto num todo é importante para o sucesso da equipe e nem perde sozinho também, porém uma atuação de determinado piloto pode sim fazer a diferença na parte final do resultado. Por mais que se rasguem de raiva, este foi o caso do final de semana passado – mas nunca sem desmerecer o trabalho de seus parceiros de equipe Jordan Taylor – que foi igualmente brilhante na chuva –, Kamui Kobayashi e Van Der Zande – que sustentaram bem o Cadillac entre os primeiros nos seus turnos.
A verdade é que Alonso continua em grande forma e em maio terá seu desafio supremo na Indy 500, onde poderá alcançar para já ou não a sua tão sonhada Triplice Coroa.

domingo, 25 de novembro de 2018

GP de Abu Dhabi - Um GP emotivo


Não há muito o que falar da corrida em si, a não ser a bela disputa entre Esteban Ocon e Max Verstappen – que fez boa parte dos fãs esperarem outro enrosco dos dois jovens pilotos, relembrando o famoso lance de Interlagos. No entanto, apesar da grande batalha entre eles, foi Max quem levou a melhor na disputa chamando para si, mais uma vez, os holofotes da sua já conhecida combatividade por mais que extrapole os limites da esportividade em algumas ocasiões. Outro ponto a ser destacado remonta a largada, quando Nico Hulkenberg acabou capotando a sua Renault após tocar com a Haas de Romain Grosjean. Foi de comprovar que o uso do Halo neste tipo de condição precisa ser estudado pela comissão técnica da FIA: afinal de contas, um capotamento em que o piloto, num passado não muito distante, conseguia sair com certa rapidez – vide Fernando Alonso em Melbourne 2016 – hoje encontra um dispositivo que dificulta ao extremo a sua saída rápida. Talvez a aflição de Hulkenberg em sair logo do Renault possa ser tomado como ponto de partida para uma melhor compreensão de como pode ser usado um Halo, sem que comprometa o piloto em uma situação de capotamento.
A vitória de Lewis Hamilton parecia que nem viria após a sua parada precoce (volta 8) para colocar os pneus super softs e ter que aguentar até o final. O cenário parecia ser para Valtteri Bottas que poderia, enfim, sair do zero numa temporada em que os outros cinco pilotos das três principais equipes venceram corridas. Mas infelizmente as coisas desandaram para Bottas após o seu primeiro pit-stop até que terminasse num melancólico quinto lugar. Daniel Ricciardo, na sua derradeira corrida pela Red Bull, também se candidatava-se a postulante a vitória ao conseguir empurrar a durabilidade de seus pneus para além das trinta voltas. Mas após a sua parada de box, nada mais pôde fazer terminando em quarto. Sebastian Vettel terminou em segundo, num desfecho de temporada que parecia – até a prova de Spa – ser dos sonhos.
Mas a prova acabou sendo emblemática por marcar uma série de despedidas: Kimi Raikkonen não chegou ao fim da prova, terminando a sua segunda passagem pela Ferrari com este abandono, acaba por ser um grande alivio para o campeão de 2007 que pareceu bem mais descontraído após o anúncio de sua saída para a Sauber em 2019; Charles Leclerc até que teve bom inicio nesta corrida ao ocupar a quarta posição após saída de Raikkonen, mas com a sua parada de box teve que escalar o pelotão para terminar em sétimo na sua derradeira corrida pela Sauber. Enquanto Leclerc teve uma despedida na casa dos pontos, seu companheiro de Sauber Marcus Ericsson não completou a prova ao abandonar na volta 24, fechando assim o seu ciclo na F1. Em 2019 estará respirando os ares da Indycar, quando estará a serviço da SPM. Pierre Gasly é outro que não completou a prova por problemas no motor Honda de sua Toro Rosso e apenas trocará de “local”, uma vez que irá para a Red Bull em 2019 – aliás, uma dupla bem interessante para ser vista na próxima temporada esta que será formada por Verstappen e Gasly. Esteban Ocon também não teve melhor sorte ao abandonar na volta 44 a sua Force India, na derradeira prova pela equipe. Ano que vem estará de fora da temporada, no entanto será piloto de testes da Mercedes ao lado de Stoffel Vandoorne, que também realizou a sua ultima prova na F1 pela Mclaren. Sainz, que estrá na Mclaren em 2019, se despediu da Renault com um oitavo lugar.
Restou  para Fernando Alonso a despedida mais emotiva desta corrida: além das muitas homenagens que lhe foi rendida durante a semana e também nos três dias de evento, a sua volta de desaceleração recebeu a escolta de Hamilton e Vettel num sinal de respeito por estas suas 17 temporadas que lhe valeram dois mundiais pela Renault no biênio 2005/2006. Apesar das polêmicas que se envolveu, Fernando Alonso foi um personagem importante até mesmo para o desenrolar da Fórmula-1. Fará falta sim, para seus fãs e admiradores, mas não tanto para os seus haters.
Essa prova final de Abu Dhabi, apesar de não ser a melhor do calendário, ao menos guardou uma carga interessante de emoções, algo que não víamos desde o GP da Austrália de 1993. Mas para uma situação dessa, merecia um palco melhor

domingo, 25 de junho de 2017

GP do Azerbaijão: Uma bakunça bem vinda

Confesso que ano passado olhei bem pouco  para esta pista de Baku. Exatamente por estar extasiado pela final das 24 Horas de Le Mans de 2016, que acontecera minutos antes, a prova do Azerbaijão foi bem apagada mostrando o tamanho da burrada que foi colocá - la no mesmo dia e minutos depois da grande clássica francesa. Mas de toda forma, também não foi das melhores aquela prova que foi vencida por Rosberg na ocasião. Talvez os pilotos estivessem mais receosos, sei lá.
Porém, um ano depois, as coisas foram bem diferentes e muito agradáveis com pilotos mais bem familiarizados com o tratado.  Uma corrida bem doida, onde ineficiência do trabalho do resgate foi um ponto negativo ao demorarem além da conta para retirar o carro de Kvyat. Os vários toques entre os pilotos e também nos muros, que ajudaram a espalhar uma série de pedaços de carro para todo canto forçando a entrada do SC e mais adiante uma bandeira vermelha. E o que dizer do entrevero de Hamilton e Vettel, onde Lewis diminuiu o ritmo e Sebastian acertou-o por trás para depois bater contra o inglês, indicando a sua revolta com a possível conduta do piloto da Mercedes. É uma discussão que renderá muito pano para manga, principalmente por conta, também, da demora dos comissários em resolver o assunto. Enquanto que Vettel tomou um stop&go de 10 segundos - que na verdade foram 32 segundos, se somarmos os dez da punição mais os 22 entre entrada e saída de box - Lewis não foi punido, mas o encosto de cabeça que soltou - se,  obrigou uma parada extra.
Quem se beneficiou foi Ricciardo, que se recuperou bem na prova para estar no lugar certo quando os dois líderes do mundial sofreram seus problemas e vencer uma corrida que não desenhava de modo algum para Red Bull, apesar do bom rendimento mostrado por eles nos dois primeiros treinos livres - fico imaginando o que se passou na cabeça dos caras da Force Índia quando viram o resultado de Daniel. Melhor ainda foi ver Lance Stroll escapar das armadilhas que essa corrida reservou para fazer um trabalho sólido e sem erros e conseguir um pódio que até  semanas atrás, se alguém ousasse falar isso, seria taxado de louco sonhador e "Lancete". Talvez seu único erro tenha sido nas voltas finais, quando relaxar demais e deixou que Bottas se aproximasse demais para perder o segundo lugar na linha de chegada para o finlandês. Aliás, Bottas conseguiu recuperar-se bem para terminar num improvável segundo lugar. Boas provas de Ocon, que a cada prova vai incomodando e mais e mais Sérgio Pérez - o incidente dos dois nessa etapa também vai render bastante na Force Índia - Kevin Magnusse, que chegou a flertar com o pódio e Fernando Alonso, que enfim teve uma prova limpa de problemas e que escalando o pelotão e escapando como podia dos acidentes e incidentes para marcar os dois primeiros pontos dele e da Mclaren no ano.
Foi um GP magnífico em Baku, justamente num lugar onde eu pouco esperava algo assim.
Agora imaginem uma prova ali com chuva

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Indy 500 2017: A epopéia alonsiana em Indianápolis

Durante estes últimos dias, o sentimento de um resgate de tempos românticos do automobilismo esteve bem aflorado. De uma época onde pilotos do velho continente atravessavam o Atlântico para desafiar os melhores da Indycar e, em outras oportunidades, os grandes dos EUA iam para a Europa desafiar os sensacionais pilotos daquele local em pistas como a de Sarthe. Foi assim que Lotus e Jim Clark escreveram seus nomes no Brickyard e também Graham Hill, cravando a sua marca no mais famoso oval do mundo. Também temos de lembrar a odisséia da Ford em Le Mans ao desafiar e vencer a Ferrari naquela década. A.J.Foyt, um dos maiores do automobilismo americano e também mundial, foi para Sarthe e na sua primeira tentativa deixou seu nome entre os melhores daquele tempo ao vencer a edição de 1967. Foram tempos onde as trocas de experiências entre os dois mundos do motorsport enriqueceram tanto o conhecimento das duas praças, quanto o folclore quer que seja da F1, Indycar e Mundial de Marcas. Destas três citadas, o Endurance ainda tem esta alma de ver grandes pilotos destes dois mundos disputando palmo a palmo vitórias. A presença de Fernando Alonso nesta 101ª Edição das 500 Milhas de Indianápolis recuperou, ainda que momentaneamente, este sentimento de vermos os grandes nomes da F1 desafiar os melhores da Indycar exatamente no território onde o orgulho das corridas norte-americanas aflora que é a Indy 500.

O desempenho

Foram bons dias com um Alonso focado em aprender os macetes do fabuloso oval e isso transformou o seu Rookie Test num grande evento, a ponto de elevar a audiência de um simples teste para a casa de 2 milhões de espectadores. Para um povo que gosta de celebrar cifras altissimas, seja qual for o campo, essa marca deve ter sido bem recebida. O decorrer dos dias foram ainda mais frutíferos, com uma série de matérias televisivas, textos mostrando a carreira do piloto espanhol e mais as expectativas de como seria o desempenho dele por lá. Os treinos livres mostraram como Fernando estava mais a vontade em Indianapolis, com boas velocidades e um avanço gradual no seu desempenho e na classificação o seu quinto lugar foi pra lá de festejado, mostrando que estava praticamente no encalço dos melhores da Indycar. Mas, ainda tínhamos a corrida. E essa, sem dúvida, era a prova final se realmente o espanhol estava no mesmo nível dos demais.
Apesar de uma largada conservadora, despencando de quinto para nono, Alonso se aprumou após as primeiras voltas e começou a escalar o pelotão até assumir a liderança, causando enorme frisson. E assim foi até a volta 179, com um Fernando Alonso em boa forma e desafiando pilotos com muito mais experiência de Indianapolis como Tony Kanaan, Helio Castroneves, Ryan Hunter-Reay e outros. O seu velho azar deu as cartas faltando 21 voltas para o término, numa altura onde ele começava a subir no pelotão e tentar o sexto posto contra Ed Jones, quando o motor Honda estourou na reta principal. Ao descer do carro, Alonso foi envolvido por uma multidão de reporteres e fotografos tentando uma declaração do grande piloto após a sua ótima exibição na Indy 500. O público ficou de pé para aplaudir o espanhol, que deixara de lado o GP de Mônaco para disputar a clássica americana. Afinal de contas, não é todo ano que algum piloto da F1 se dispõe para tal aventura em outra categoria.
A sua descontração na coletiva de imprensa, ao pegar uma caixinha de leite e bebê-la, arrancou boas gargalhadas de quem estava presente. Foi uma versão de um Alonso mais leve divertido, se descontraindo com pilotos como Tony Kanaan, que lhe arrancaram boas risadas que não viamos há tempos. Era um outro clima. Um outro Alonso.
Foi bem legal.

Um serviço ao motorsport 

A ida de Alonso para a Indy 500 também ajudou a angariar novos fãs para a tradicional prova. Pessoas que sabiam da prova, mas que não tinham muita paciência para assistir, devido à duração desta ou até mesmo por preconceito. Sabemos que o público da Fórmula 1, em sua maioria, tem apenas olhos para a categoria europeia e não abre exceçāo para outra. A presença de Fernando no outro lado do Atlântico ajudou, e muito, começar a mudar este pensamento arcaico herdado ainda dos tempos que Bernie Ecclestone comandava a F1 e procurava tirar da frente qualquer outra categoria que "ousasse" tomar o lugar da sua jóia. No decorrer desta prova, vimos as pessoas descobrindo um novo mundo onde o automobilismo é vivido a pleno e os pilotos podem se descontrair entre eles e também com os fãs. Fotos e vídeos de Alonso em momento zoeira com alguns pilotos da Indycar deixaram muita gente de boca aberta. Afinal aquele cara ranzinza da F1 parece que havia sumido do mapa, mas na verdade a convivência numa outra praça muito mais suave que aquela panela de pressão que tão bem conhecemos, fez surgir um piloto muito mais descontraído. As pessoas que assistiram a Indy 500 pela primeira vez, uma parte delas, saíram maravilhadas com o que viram mesmo após o abandono de Alonso. Mesmo se Alonso não volte em 2018, a semente para novos adeptos da Indycar podem ter aparecido nem que seja, apenas, para assistir a Indy 500. A sacada genial de Zak Brown em levar Fernando Alonso para a Indy 500 deste ano, foi bom para todos os lados. Talvez o prêmio de melhor estreante para Alonso - que causou certa polêmica, sendo que a maioria apoia que o prêmio deveria ir para Ed Jones, que fechou em terceiro - nem tenha sido apenas por conta de seu belo desempenho no Brickyard, mas também por ter ajudado a elevar o nome da prova a  níveis que há tempos não acontecia. Um outro Alonso - Sabemos dos perrengues que o espanhol tem enfrentado na F1 nos últimos anos, especialmente de 2015 para cá com os inúmeros problemas da Honda. Estes últimos dias foram dos mais proveitosos na terra do Tio Sam e fizeram - no se soltar mais e curtir o ambiente mais amistoso que é o da Indy. Agora se isso vai servir para enfrentar o restante da temporada, só Deus sabe. Um possível retorno à Indianápolis até chegou a ser descartada, mas pareceu voltar atrás nesta decisão. Porém, dependerá bastante de onde ele vai estar no próximo ano. Se ainda estiver pela Mclaren, a chance será grande - se bem que dependerá,  também,  em que condição eles estarão no campeonato - e se for por outra equipe, ficará impossível e o retorno à pista americana ficará mais para frente. De toda forma, as portas estão abertas para ele. Tanto para a disputa da Indy 500, quanto para o campeonato inteiro.

Sobre esta aventura na Indy 500 

Foram dias mágicos estes, onde acabei imaginando como foram aqueles dias da década de 60 onde Brabham, Clark, Hill, Stewart e outros foram tentar a glória na maior corrida de monopostos do mundo. Fernando Alonso resgatou um sentimento perdido no tempo,  onde contratos e proibições tiraram a chance de um grande da F1 tentar brilhar na Indy 500. Independente se ele tenha aceitado o desafio por estar numa condição nada favorável na categoria, onde dificilmente voltará a conquistar algo, o que valeu mesmo foi a coragem e o instinto de ir buscar uma marca que ficou adormecida nas últimas décadas que é de conquistar a Tríplice Coroa do automobilismo, feito alcançado apenas por Graham Hill - atualmente apenas Juan Pablo Montoya é quem tem a tal chance de alcançar esta marca, caso vença em Le Mans na classe principal. Apesar das críticas de colegas por ele ter deixado o GP de Mônaco de lado, a verdade é que ele ganhou bastante pontos por ter feito a escolha que tornou-se a mais correta. Após esta experiência produtiva, Alonso já aprendeu bastante os macetes do mais famoso oval do mundo. Não importa se seja ano que vem ou mais para frente, ele estará lá novamente para tentar vencer a grande prova. E a comunidade automobilistica agradece.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

GP da Itália: Não é nada, mas...

Como já era de se saber, a Mclaren-Honda não teria uma grande jornada em Monza exatamente por saber que as características da pista italiana não favorecerem muito a motor japonês, que ainda sofre com a falta de potência. Claro,as coisas melhoraram de forma considerável desde o retorno da parceria em 2015, mas ainda existe um caminho a ser percorrido para que o duo volte aos dias de glória.
Mas o que chamou a atenção mesmo foi a melhor volta alcançada por Fernando Alonso na antepenúltima volta da corrida. Ok, tirou proveito da situação onde ele colocou pneus super macios e com um carro bem mais leve, cravou a melhor marca da corrida dando à Honda uma estatística que ela não conquistava desde o GP de Portugal de 1992, quando Ayrton Senna fez a volta mais rápida daquele GP naquela que foi a primeira - e mais bem sucedida - encarnação da parceria Mclaren Honda. Outro quesito onde os anglo-nipônicos conseguiram um bom passo foi no Speed Trap: Jenson Button - que ficou em sexto na tabela das melhores voltas do GP - alcançou 358,3 Km/h ficando apenas 1Km/h da melhor que foi feita por Lewis Hamilton (359,0). Fernando Alonso ficou na 11ª posição na tabela, alcançando 349,9 Km/h.
A tabela abaixo mostra um pouco do que foram estes quesitos da Mclaren, comparando o GP italiano de 2015 e deste ano:
Apesar do desempenho global deles na prova deste ano não terem sido muito diferente, exatamente por saberem que a pista não os favorecia muito,estes resultados isolados mostram o quanto melhoraram em um ano. Pegar uma pista como esta de Monza para fazer essa relação de forças, é uma boa exatamente por ser um circuito veloz e o que nos mostra é que a Honda parece ter dado um bom passo para que no futuro estejam fortes para enfrentar Mercedes, Ferrari e Renault.
Fernando Alonso tem razão quando disse que "esse resultado vai apenas para as estatísticas", mas já é um grande avanço perto do inferno que passavam até um ano atrás.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Vídeo: Para descontrair

Deve ter rolado (certamente) dias antes do fim de semana para o GP da Grã-Bretanha. Mika Hakkinen, David Coulthard, Jenson Button, Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne, as três gerações de pilotos da Mclaren, se divertindo no kart.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Foto 562: Out

(Foto: The Guardian)
Realmente escapar sem nenhuma lesão após um big crash daquele em Melbourne (segundo informações, a pancada foi de 46G), seria um enorme milagre. E nos exames de ressonância feita pela equipe médica em Fernando Alonso hoje, acusou uma fratura na costela e pneumotorax, que segundo o piloto, já está curada. Mas mesmo assim, a equipe médica da categoria decidiu vetá-lo para esta prova.
Stoffel Vandorne, piloto de testes da Mclaren e que este ano vai competir na Super Fórmula no Japão, vai substituir o espanhol no Bahrein.
Esta é a segunda vez que Alonso ficará fora de um GP. A outra foi no ano passado,quando sofreu um acidente nos testes da pré-temporada e ficou de fora do GP da Austrália.

domingo, 20 de março de 2016

Foto 560: Susto

E de vez em quando aparece os traços de beleza no meio de uma situação tão crítica, como esta do momento exato onde o Mclaren Honda de Fernando Alonso começa a desintegrar.
O clique é de Daniel Kalisz.

sábado, 14 de novembro de 2015

Foto 547: O canto do Alonso

Fernando Alonso parace ter gostado do "Mergulho do Lago", trecho que antecede a curva da "Junção" em Interlagos. Ontem ele havia parado ali quando o motor Honda abriu o bico e hoje voltou a ter o mesmo problema, parando no mesmo local.
Mas dessa vez foi diferente: pegou o banquinho de pesca - que deve ser de algum bombeiro - sentou-se e foi assistir o restante do Q1, como se estivesse na sala de casa ou na praia. Trocou algumas palavras com um rapaz do resgate à pé e ainda deu uma piscada para a câmera, que filmou boa parte daquele momento rilex do piloto espanhol. Após retornar aos boxes, ele e Button ainda foram tirar um sarro no pódio, cumprindo "a meta" que eles e a Mclaren Honda haviam traçado no início do ano, antes de caírem na real e verem o tamanho da encrenca que tinham pela frente.
O bom de tudo é que adotaram um importante mantra: melhor rir do que chorar!
E isso tem rendido ótimas montagens.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Ron Groo

A galera que já acompanha os inúmeros blogs sobre automobilismo espalhados pela rede, conhece bem a faceta bem humorada e sarcástica com qual Ron Groo conduz brilhantemente seus textos no Blig Groo.
E hoje ele relembra o GP de 2006, onde um certo alemão roubou a cena numa das melhores atuações de sua carreira.

Grande Prêmio do Brasil 2006




"Dois mil e Seis...

O ano do segundo título de Fernando Alonso e da primeira vitória de Felipe Massa em Interlagos.
Também foi o último Grande Prêmio do Brasil disputado por Michael Schumacher pela Ferrari, quando o alemão se aposentou pela primeira vez.

Foi seu último grande ato na categoria.
Havia chances matemáticas de que o alemão hepta campeão conseguisse sua oitava estrela no topo de seu capacete.

Eram pequenas, sim... O adversário era jovem, ambicioso, contava com uma equipe que trabalhava totalmente para si e era apadrinhado pela encarnação do capeta em pessoa, mas até o desfecho da corrida ninguém ousava dizer que era impossível.

Michael dependia de uma composição de resultados que consistia em ter que vencer a corrida e que o asturiano não marcasse pontos.

A coisa ficou ainda mais complicada quando no Q3 dos treinos de classificação o alemão ficou sem tempo.

Aparentemente nem ele e nem sua torcida pareceu se preocupar já que no Q2 o alemão havia marcado um tempo melhor até que o tempo oficial da pole posítion de seu companheiro de equipe, Felipe Massa.

Nem mesmo com Fernando Alonso largando na quarta posição e já na décima volta ser o terceiro colocado.

Michael que havia largado em décimo e no fim da primeira passagem pela reta oposta já havia feito duas ultrapassagens.

Mais algumas voltas e o alemão já era o quinto, mas um pneu furado o mandou para a última posição.

Fim das esperanças de título, mas começo do show.

Schumacher pilotou como um alucinado tirando de sua Ferrari tudo que poderia dar e um algo a mais.

Ultrapassou gente em todos os pontos da pista (lembrando que ainda não existia DRS) incluindo seu sucessor no time vermelho, Kimi Raikkonen, no fim da reta de largada de forma espetacular e – até certo ponto – humilhante assumindo a quarta posição nas ultimas voltas da prova.

Para coroar a apresentação, ainda fez a volta mais rápida da corrida. (1.12:162 no giro de número setenta)

O alemão se aposentou das pistas (esqueça seu comeback pela Mercedes, não conta) deixando nos fãs – dele e da categoria – um gosto de quero mais e a certeza de que aquele piloto contestado por muitos era um dos personagens mais importantes da F1 em sua era pós-romântica.

Todo o resto sobre ele é dor de cotovelo.

E deste mal não sofremos."

domingo, 8 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Tati Coimbra

Para quem acompanha os blogs sobre automobilismo certamente conhece um pouco da Tati Coimbra, uma das comandantes do Blog Octeto Racing Team (que completou 8 anos de existência no dia 4 de novembro) que trata, especificamente, dos pilotos preferidos de cada uma das integrantes. E a Tati é fã confessa de Fernando Alonso.
Enfim, a Tati nos mostrará o GP do Brasil preferido dela.

Grande Prêmio do Brasil 2006


(Foto: Tati Coimbra)


"22 de outubro de 2006. GP do Brasil em Interlagos. Fernando Alonso campeão. O bicampeão do mundo mais jovem da história. Este recorde já não “nos” pertence mais, mas as lembranças daquele dia ainda estão guardadas no meu coração. Vivas e inesquecíveis.

Foi naquele domingo ensolarado que tive a minha experiência consciente em um autódromo (quando criança fui ao saudoso Jacarepaguá, mas não me lembro) e em uma corrida de F1. E logo de cara, tive a sorte de ver o meu piloto e equipe favorita campeões do mundo. Ao vivo e em cores. Pertinho de mim.


Tudo naquele fim de semana foi especial. Lembro-me ter chegar logo cedo ao autódromo, para tão famosa fila para o setor A, ainda tudo escuro, mas já com minha bandeira das Asturias pendurada nas costas. E sob os olhares curiosos e perguntas soltas no ar: “que bandeira é esta?!”, eu desfilava o orgulho de carregar as cores do meu piloto campeão. Azul e amarelo, as mesmas da minha equipe. Ô que saudades que tenho dos bons tempos de Renault.

Passei “fome”, sede e senti muito calor, MUITO mesmo, mas nada disso me fez sair do lugar até que a corrida terminasse e eu pudesse respirar aliviada com o mais um título assegurado. Embora o campeonato estivesse praticamente decidido, era contra Schumacher e a ferrari (com letra minúscula mesmo) que estávamos disputando, e com contra eles era fundamental bom manter os
(Foto: Tati Coimbra)
olhos abertos, tanto para o bem quanto para o mal.


Mas o meu piloto venceu. Deu tudo certo. Tudo foi perfeito. Emocionante. E mesmo depois de 9 vezes indo a Interlagos (este ano será minha 10ª. vez consecutiva) e algumas derrotas dolorosas, eu ainda me arrepio e sinto a mesma emoção da primeira vez que estive lá. Isso porque sei que foi lá que Fernando Alonso fez seu nome, por duas vezes.  E foi lá vivi de um dos dias mais felizes da minha vida."

sábado, 7 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Beatriz Lourenço

A Beatriz Lourenço é fã do Kimi Raikkonen e muito antes dele, de Mika Hakkinen. Não hesitei em chamá-la para escrever sobre o GP do Brasil mais marcante, pois sabia muito bem qual seria a escolha dela.
Pois bem, hoje quem comanda por aqui é a Senhorita Be!

Grande Prêmio do Brasil, 2007



"Quando o Paulo me convidou pra escrever um texto sobre minhas memórias do GP do Brasil eu adorei a ideia porque eu amo F1, amo escrever e sou fã do Kimi Raikkonen... E qualquer chance que eu tiver pra juntar as três coisas é uma ótima chance que eu não deixaria passar.

Tudo começou em 25 de setembro de 2005, o dia do GP do Brasil. 'Tava um tempo esquisito, uma tarde meio escura em São Paulo, e eu estava - como sempre - assistindo a corrida e torcendo pra chuva. Lembro que o Kimi estava disputando com o Alonso o título e lembro exatamente a minha raiva e tristeza quando o asturiano saiu campeão (naquela época o mais jovem campeão) e lembro desse dia em detalhes porque, logo depois da corrida, eu recebi o primeiro pedido de namoro da minha vida, de um moço que tinha decidido me pedir naquele dia porque queria que eu não ficasse triste depois da derrota do meu piloto predileto. Eu aceitei, é claro - o que fez a derrota ser deixada em segundo plano e aquele GP se tornar inesquecível.

Dois anos depois, em 2007, eu estava em ano de vestibular e tinha dado uma pausa no namoro com o moço do GP 2005 porque eu queria (precisava) passar na USP e estudar era a minha prioridade. Tinha terminado gostando do cara, correndo o maior risco da vida, e não estava nem um pouco feliz com isso. A temporada 2007 foi uma das melhores pra mim: O ano foi tão bom que até o Alonso, que eu DE-TES-TA-VA desde 2005, tinha se tornado uma figura menos odiável depois do surgimento do Hamilton. A McLaren era minha equipe predileta e eu não tinha engolido a ida do Kimi pra Maranello. 

Nem as vitórias do Kimi na Austrália, na França, na Inglaterra e em Spa tinham diminuido meu ranço - embora eu, no fundo, considerasse um grande avanço se comparado a temporada 2006 (Mercedes, NUNCA te perdoarei!).

No GP da China, quando o Hamilton fez aquela lambança. eu subi a plaquinha do "Eu acredito" e tava na maior expectativa pro GP do Brasil de 2007.
E ele chegou.

21 de outubro, um domingão que era uma pausa entre dois vestibulares e começou com uma mensagem de "vamos nos ver depois da corrida?" do ex-namorado. Falei que só ia sair de casa se o Kimi ganhasse e ele debochou, dizendo que eu ia perder o vestibular porque jamais sairia. E fui pra corrida.
Massa na pole, Lewis em segundo, Alonso em quarto atrás do Kimi... E todo mundo apostando que o título ficaria com alguém dos prateados. E tudo levava a crer que sim já que a combinação do Kimi era a mais difícil das três (tinha que ganhar e torcer pro Alonso não chegar em segundo e pro Hamilton não chegar entre os cinco).

Na última parada nos boxes o Kimi assumiu a ponta e ficou lá até o fim, contando com uma boa dose de sorte (e a minha torcida) pra se tornar campeão Mundial da temporada 2007 por UM PONTO de diferença pro Alonso e pro Hamilton, que terminaram empatados com 109 pontos.

Terminei aquele dia vestindo vermelho, na rua, comemorando e jurando amor eterno à Ferrari, ao Kimi e ao ex-namorado, que se tornou namorado de novo aquele dia e pelos próximos 3 anos.
Dessas três paixões a única que dura até hoje é a do Kimi. Já a Ferrari e o (novamente e em definitivo) ex-namorado... Bem... O que comentar, não é mesmo?

Vamos focar no GP do Brasil que esse ano, mesmo sendo só pra cumprir tabela, tem tudo pra ser uma prova emocionante JUSTAMENTE POR ISSO.

E fiquem de olho nos finlandeses disputando o quarto lugar do mundial, hein? O Bo77as já andou dizendo por aí que não vai deixar barato as duas últimas corridas. Vale a pena separar a pipoca e sentar a bunda na frente da TV (ou ver in loco, se você é do tipo que vê in loco)."

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...