sexta-feira, 4 de junho de 2021

Foto 956: Ettore Chimeri, GP da Argentina 1960

(Foto: Bernard Cahier/ Getty Images)

Ettore Chimeri com o Maserati 250F inscrito pelo próprio, durante o GP da Argentina que abria o Mundial de Fórmula 1 de 1960. Foi o seu primeiro e único Grande Prêmio na categoria, sendo que havia se inscrito para o GP dos EUA de 1959, mas não correndo

Chimeri nasceu na Itália - em Lodi - mas a sua família mudou-se para a Venezuela logo em seguida. Ettore tornou-se um dos pilotos mais populares da Venezuela e isso se intensificou quando ele iniciou a sua carreira internacional a partir do Grande Prêmio da Venezuela para Carros Sport, realizado em Caracas, nos anos de 1955 até 1958.

Na Fórmula-1 ele fez a tentativa para o GP dos EUA de 1959, realizado em Sebring, mas não conseguindo competir. Conseguiu, enfim, entrar para o GP da Argentina, mas problemas elétricos o tiraram da prova na volta 23ª volta. Na semana seguinte terminaria em quinto no GP de Buenos Aires, que foi vencido por Maurice Trintignant.

Passados quinze dias do GP argentino, Ettore Chimeri acabou falecendo após um acidente durante os treinos para o GP de Libertad, realizado em Cuba. Sua Ferrari 250 TR bateu numa barreira e acabou caindo em um barranco. Ele chegou ser socorrido, mas acabou morrendo a caminho do hospital. 

O nome de Chimeri faz parte do Salão da Fama do Automobilismo Venezuelano desde 2004. 

Hoje Ettore Chimeri completaria 100 anos.

Foto 955: Michael Doohan, Nations Grand Prix 1990

 

(Foto:Professional Sport/ Getty Images)

O grande Michael Doohan em ação no Grande Prêmio das Nações (GP da Itália) com a Honda NSR500, onde ele terminaria na terceira posição, com a vitória ficando para Wayne Rainey e a segunda posição para Kevin Schwantz. O GP, que foi realizado na pista de Misano, foi a quarta etapa do Mundial de 500cc de 1990.

Era a segunda temporada de Doohan na 500cc após ter feito sua estréia em 1989 pela Rothmans Honda/HRC onde fez dupla com seu compatriota Wayne Gardner. Na ocasião, Michael terminou o campeonato na 9ª posição com 81 pontos e um pódio, conquistado no GP da Alemanha em Hockenheim. Ele ainda conseguiria outra posição entre os cinco primeiros, ao fechar em quarto no GP do Brasil realizado em Goiânia. 

Voltando a 1990, Doohan conseguiu a primeira vitória nas 500cc no GP da Hungria, penúltimo GP da temporada, que era o primeiro realizado em solo húngaro. Michael fez a pole, mas a sua largada não foi das melhores e o fez cair para quinto, atrás de um pelotão liderado por Wayne Rainey, Eddie Lawson, Kevin Schwantz e Wayne Gardner. 

Michael Doohan consegue alcançá-los, passando por Gardner, Schwantz até chegar em Lawson, que comete um erro após ser ultrapassado pelo australiano. Michael continua em grande ritmo até chegar em Rainey e ultrapassá-lo para assumir a liderança - pouco tempo depois, a Yamaha de Rainey acaba quebrando, nesta que foi a primeira quebra do recém coroado campeão. Doohan apenas administrou a vantagem para vencer a sua primeira corrida nas 500cc com mais de 25 segundos de vantagem sobre Lawson e 54 segundos sobre Schwantz. 

Michael Doohan completa 56 anos hoje.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Vídeo: Bruce Mclaren, Can-Am, Elkhart Lake 1967

 


O vídeo da prova de abertura do campeonato da Can-Am de 1967, que entrava na segunda temporada de existência. O campeonato foi do dia 3 de setembro ao dia 12 de novembro com seis etapas compondo o calendário.

A prova em Road America abriu aquela temporada onde a expectativa girava em torno de um possível duelo entre os Mclaren M6A conduzido pelo duo neozelandês Bruce McLaren e Denny Hulme contra o Chaparral 2G de Jim Hall. Porém, este último, enfrentou sérios problemas de confiabilidade no motor Chevrolet e o caminho ficou aberto para que o duo da McLaren pudesse dominar amplamente o campeonato. 

Para aquela corrida em Road America a primeira fila foi dominada pela Mclaren, com a pole ficando para Bruce e o segundo lugar para Denny. Ao final de 1 hora e 54 minutos de prova, era Hulme quem sairia vitorioso. 

O campeonato ficou entre eles, com Denny vencendo as três primeiras corridas (Elkhart Lake, Bridgehampton e Mosport), Bruce vencendo outras duas na sequência (Laguna Seca e Riverside) e John Surtees, a bordo de um Lola T20 MK2 Chevrolet, vencendo a prova final em Las Vegas chamada de "Stardust GP". Bruce venceu o campeonato com três pontos de vantagem sobre Hulme (30 x 27), com Surtees - então campeão de 1966 - em terceiro com 16 pontos. 

Este campeonato de 1967 foi apenas o início de uma fase dourada da McLaren na Can-Am, vencendo os campeonatos de 1967 até 1971. Bruce venceu o de 1967, Denny Hulme venceu em 1968, 1969 e 1970 - período que ficou conhecido como "The Bruce and Denny Show"; Peter Revson venceu a edição de 1971.

Hoje completa 51 anos da morte de Bruce Mclaren, que aconteceu em testes com o M8D na pista de Goodwood.


Foto 954: Jan Lammers, Volvo 850, BTCC 1994

 


O já experiente Jan Lammers se equilibrando em duas rodas com o icônico Volvo 850 da equipe Tom Walkinshaw, durante uma das etapas da temporada de 1994 do BTCC. 

Lammers já era um velho conhecido de Tom Walkinshaw, tendo corrido para ele na época do World Sportscar Championship. Foi nessa época que Jan conseguiu os melhores resultados da carreira ao vencer duas edições das 24 Horas de Le Mans (1988 e 1990), as 24 Horas de Daytona de 1990 e levar o vice-campeonato mundial no WSC em 1987 - em parceria com John Watson -, enquanto que Raul Boesel ficava com o título daquele ano. 

O piloto holandês foi chamado por Walkinshaw para pilotar os novos Volvo 850 na temporada de 1994 e Lammers teve Rickard Rydell como companheiro naquele ano. A TWR (Tom Walkinshaw Racing) partiu com dois carros, sendo o #14 para Lammers e o #15 para Rydell. Porém, o holandês não teve boas impressões com o robusto carro sueco, que mais tarde viraria entre os fãs do BTCC e da marca de Gotemburgo, um dos grandes icônes do carros de turismo: “A primeira vez que dirigi o carro na garagem da propriedade de Tom, não tive um bom pressentimento sobre isso. E quando saí dos boxes pela primeira vez em Snetterton e mudei da primeira para a segunda, fiquei tão feliz que só assinei por um ano! ”. Realmente as coisas não foram das melhores naquele ano de estréia do 850: Lammers teve como melhor posição naquela temporada um quinto lugar na segunda prova da rodada dupla em Brands Hatch (11ª Etapa). Rydell teve um quinto lugar em Oulton Park (5ª Etapa) e um quinto lugar na primeira corrida da rodada dupla em Knockhill (9ª Etapa) como melhores resultados. Rydell fechou aquele campeonato em 14º com 27 pontos, logo à frente de Lammers que marcou apenas 18 pontos. 

Este campeonato do BTCC marcou a estréia da Alfa Romeo com o lendário Alfa 155 e automaticamente deu a Gabrielle Tarquini a possibilidade de disputar o título, com o desempenho impressionante do carro italiano que já mostrava as suas qualidades. Apesar das controvérsias em torno das asas montadas nos carros italianos, com reclamações vindas das demais equipes, onde aconteceu até mesmo a saída da Alfa Romeo da etapa de Oulton Park em forma de protesto, as asas foram permitidas, mas com um ângulo mais baixo - o que não mudou em tanto a performance do carro. Tarquini venceu o campeonato com 298 pontos contra 222 de Alain Menu, que pilotava um Renault Laguna. 

Jan Lammers completa 65 anos hoje.    

terça-feira, 1 de junho de 2021

Foto 953: Jo Gartner, Procar BMW M1, Mônaco 1980

 


Uma das jovens promessas do automobilismo austríaco em ação. Na foto, Jo Gartner no comando do BMW M1 durante a etapa de Mônaco do Procar BMW M1 de 1980. Gartner não terminou.

Jo Gartner acabou sendo chamado por Helmut Marko para substituir o austríaco Markus Höttinger, que morreu na etapa de Hockenheim da Fórmula-2 naquele ano de 1980. Gartner pilotou para a equipe de Marko naquele conquistando uma quarta colocação em Donington e ficando em sexto na etapa final em Ímola. Ao todo, Gartner marcou 16 pontos e terminou em 13º no campoenato que foi vencido por Nelson Piquet. 

O piloto austríaco ficou de 1980 até 1983 na Fórmula-2 onde conseguiu apenas uma vitória na etapa de Pau, quando herdou o primeiro lugar após a desqualificação de Alain Ferté. Gartner chegou a Fórmula-1 em 1984 pela Osella e ali ele disputou oito GPs e seu melhor resultado foi no GP da Itália, quando terminou em quinto. Mas seus dois pontos não foram computados já que ele estava pilotando os egundo carro da Osella - a equipe italiana havia inscrito apenas um carro que foi compartilhado entre Gartner e Piercarlo Ghinzani durante a temporada e com a entrada de mais um carro apenas naquela etapa da Itália, os pontos de Gartner não entraram para a estatística da temporada de 1984.

Gartner seguiu para o endurance onde estava a florescer como um dos melhores pilotos da disciplina, e com um pouco mais de experiência poderia muito bem a ser um dos mestres das provas de resistência. Sua conquista nas 12 Horas de Sebring de 1986, fazendo trio com Bob Akin e Joachim Hans Stuck, só confirmava as suas qualidades - algo que tinha sido bem visto na sua participação nas 24 Horas de Le Mans de 1985 ao ficar em quarto com o Porsche que ele dividiu com David Hobbs e Guy Edwards.

Hoje completa 35 anos que a promissora carreira de Jo Gartner foi interrompida quando o Porsche 962C da Kremer Racing bateu no guard rail da reta Mulsanne e saindo para fora da pista e desintegrando-se após capotar, bater nas árvores, num poste telefônico e depois iniciar um incêndio. Gartner tinha 32 anos. 

Foto 952: Martin Brundle, Silverstone 1991

 

Martin Brundle à frente do Sauber Mercedes de Karl Wendlinger/ Michael Schumacher
em Silverstone 1991

A carreira de Martin Brundle é muito mais associada a sua passagem na Fórmula-1 do que qualquer outra categoria, mas o piloto inglês, neste intervalo na categoria, teve seus momentos de brilhantismo no mundo dos Sportscar. Ele venceu o World Sportscar Championship de 1988 pela Jaguar com o comando de seu velho conhecido Tom Walkinshaw, que já havia lhe dado oportunidades no Campeonato Europeu de Carros de Turismo em 1983. Naquele mesmo ano, Brundle ainda juntaria ao seu futuro título mundial a vitória nas 24 de Daytona válida pela IMSA e passariam-se mais dois anos até que ele conseguisse pela Jaguar, pilotando o modelo XJR-12 com John Nielsen e Price Cobb, a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1990

Em 1991 Brundle estava a serviço da Brabham na Fórmula-1 quando foi chamado pela Jaguar para disputar as três primeiras etapas do Mundial de Sportscar (WSC) pela Jaguar. Na prova de abertura, para a disputa dos 430km de Suzuka (Fuji Film Cup), Brundle dividiu o comando do XJR-14 com Teo Fabi, mas abandonaram a prova com 4 voltas após uma pane elétrica. Nos 430Km de Monza (Trofeo Fillippo Caracciolo) ele estava inscrito nos dois Jaguares que foram pilotados por Derek Warwick (#3) e Teo Fabi (#4). Nesta etapa ele venceu em dupla com Warwick e ficou em segundo com Fabi, mas por conta das regras da época, onde o piloto que andasse em dois carros na mesma etapa não marcaria pontos, o inglês saiu zerado desta etapa italiana. A próxima corrida eram os 430Km de Silverstone (Trofeu Castrol BRDC Empire).

Para essa etapa ele foi inscrito novamente nos dois carros, tanto que ele acabou marcando a pole com o #4 que também era de Teo Fabi, mas na corrida ele acabou largando com o #3 de Derek Warwick e foi com este carro onde ele enfrentou problemas e teve que fazer uma prova de recuperação, onde o próprio Brundle destaca como a melhor de sua carreira. 

Os problemas começaram poucos metros após a largada, quando a terceira marcha do Jaguar #3 não entrava mais. Para piorar, logo na segunda volta, o cabo do acelerador também quebrou e isso obrigou o campeão de 1988 a ir prematuramente aos boxes para reparos que duraram cerca de seis voltas. Com o #3 problemático, a Jaguar acabou colocando Warwick no carro de Teo Fabi - o que causaria a não pontuação do britânico naquela etapa após uma série de idas e vindas nas divulgações do resultado final, a ponto da Jaguar entrar até mesmo com recurso para reaver os pontos de Warwick e que acabou dando em nada. 

Com o carro arrumado, Martin Brundle partiu para uma grande prova de recuperação: "Depois disso, saí e dirigi loucamente, passando carros à esquerda, à direita e ao centro." relembra Brundle, que ficaria ainda mais furioso quando viu que todo seu esforço após uma hora e meia andando no limite o levara apenas ao 14º lugar. Nesta tentativa de recuperação, Brundle estabeleceu o recorde para a categoria em Silverstone com a marca de 1'29''372 - o ritmo de Martin foi tão impressionante que das suas 79 voltas apenas quatro foram mais lentas que o mais veloz estabelecido por um carro não Jaguar (Michael Schumacher, com o Sauber C291 Mercedes Benz, fez a marca em 1'33''798). 

Martin Brundle conseguiu escalar o pelotão e fechar em terceiro, com quatro voltas de desvantagem para seus companheiros Teo Fabi/ Derek Warwick que venceram de ponta a ponta, e com três de atraso para a jovem dupla da Sauber Mercedes formada por Karl Wendlinger/ Michael Schumacher. Outro fato que impressionou foi que Brundle não esperava fazer toda a prova, que teve uma duração de 2 horas e 12 minutos, no comando do carro. Ele relembra o fato: "Terminei em terceiro, mas não bebi no carro porque não esperava dirigir mais do que 45 minutos e estava exausto.". Isso acabou lhe rendendo uma pergunta durante a conferência de imprensa, quando lhe perguntaram sobre o "quanto tinha sido dificil pilotar por toda corrida?", e de imediato, o homem que ainda era um aspirante e que em dentro de poucos meses mudaria para a Fórmula-1, Michael Schumacher, virou impressionado e completou a pergunta para Brundle "Você pilotou a corrida inteira?", o que arrancou risos de Martin Brundle. 

O piloto inglês não pilotou mais naquele campeonato do World Sportscar e o seu lugar foi ocupado por David Brabham para o resto do mundial a partir da etapa de Nurburgring. Brundle voltou-se para o Mundial de Fórmula-1, onde salvou dois pontos com Brabham em Suzuka. 

Hoje Martin Brundle completa 62 anos.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Foto 951: Andrea De Cesaris, Monte Carlo 1994

 


O veterano Andrea De Cesaris com o Jordan 194 Hart durante o final de semana do GP de Mônaco de 1994. Ele acabaria por garantir um ótimo quarto lugar. 

De Cesaris substituiu Eddie Irvine na equipe Jordan por duas corridas naquela ocasião após o irlandês pegar um gancho de três provas (no GP do Pacifico Aguri Suzuki foi o substituto) por ter sido considerado culpado no acidente que envolveu ele, Jos Verstappen e Martin Brundle no GP do Brasil. O italiano apareceu no fatidico GP de San Marino e qualificou em 21º e abandonou na volta 50. 

Em Mônaco ele o 14º tempo, ficando a frente de Rubens Barrichello que retornava ao cockpit do Jordan após a sua ausência em Ímola. Alguns pilotos que iam a sua frente tiveram os mais variados problemas e acabaram abandonando e/ou caíssem na classificação e isso permitiu que o italiano chegasse ao quarto lugar voltasse a marcar depois de quase um ano e meio - a última vez tinha sido no GP do Japão de 1992, quando ele também terminou em quarto com a Tyrrell. 

Andrea De Cesaris acabou indo para a Sauber em substituição ao convalescente Karl Wendlinger, que se acidentara em Mônaco. O italiano ficou na equipe do GP do Canadá até o GP da Europa, em Jerez, e neste período ele salvou um ponto no GP da França e abandonou nas demais. Foi a última aparição do folclórico italiano na Fórmula-1. 

Hoje De Cesaris completaria 62 anos. 

Vídeo: Gilles Villeneuve, GP de Mônaco 1981

 


A então sexta etapa do Mundial de Fórmula-1 de 1981, onde Gilles Villeneuve aproveitou-se do acidente de Nelson Piquet e dos problemas de motor que Alan Jones enfrenta em seu Williams - com direito a uma parada de box para fazer um breve reabastecimento, uma vez que o Cosworth apresenta algumas falhas e os leva a acreditar que o problema podia ser uma possivel pane seca. Mas isso não foi suficiente para aplacar um impressionante Gilles Villeneuve que passou a andar ainda mais forte para atacar Jones na reta de largada e assumir a liderança, para delírio da torcida que o já incentivava algumas voltas antes. 

Foi a primeira conquista de Gilles em Mônaco - e em solo europeu -, assim como a primeira do turbocomprimido da Ferrari na categoria. 

Uma tarde magnifica para um dos pilotos mais populares da Fórmula-1.

Abaixo o resumo do que foi aquela prova, realizada há exatos 40 anos.


domingo, 30 de maio de 2021

105ª Indy 500 - Para a eternidade

O novo integrante do quarteto: Helio chega ao seu quarto triunfo em Indianápolis e se iguala a A.J. Foyt, Al Unser e Rick Mears com quatro vitórias na Indy 500
(Foto: Indycar NBC/ Twitter)

Não dá para negar que havia uma chance.  A atmosfera daquela pista centenária chega ser palpável até mesmo para que assiste a quilômetros de distância. É um local que não cansamos de falar que "parece ter vida própria ao escolher seus vencedores". O Indianápolis Motor Speedway sempre nos proporciona o melhor do motorsport, misturando drama, suspense e emoção em doses cavalares a ponto de deixar os espectadores quase que sem respirar nas voltas finais.

Foi quase impossível não ficar impressionado com o espetáculo que Hélio Castroneves e Alex Palou nos proporcionou nesta 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Dois extremos da competição, duas gerações bem diferentes onde o jovem espanhol, que desponta desde 2020 como uma das grandes promessas da categoria, buscando seu lugar ao sol contra um veterano de guerra, de tantas vitórias e que estava tentando entrar de vez para a história do Brickyard há mais de uma década. Aquelas vinte e poucas voltas para o final foram um bailar dramático para saber quem daria o derradeiro passo e vencer a clássica americana.
Era uma briga de gato e rato onde ninguém mais parecia se intrometer, onde estes dois pilotos esperavam apenas o momento certo para dar a cartada final.

A ultrapassagem de Hélio Castroneves na abertura da penúltima volta ainda reservava alguma emoção para aqueles quilômetros finais, pois Alex ainda tinha velocidade de sobra para tentar uma reação na entrada da volta final. Como um bom suspense, numa prova onde quase não se viu os conhecidos tráfegos, este apareceu na volta final para aumentar ainda mais o drama. Para aqueles que acompanham a mais tempo a Indy 500 ou para quem assistiu as antigas edições, a lembrança de Al Unser Jr se atrapalhando no tráfego e permitindo a chegada de Emerson Fittipaldi, que naquelas voltas finais parecia nocauteado, era algo a considerar. Mas desta vez as coisas foram diferentes: Hélio não apenas soube lidar bem com essa situação, como usou o vácuo de seu algoz de 2014, Ryan Hunter Reay, para abrir um pouco mais a vantagem sobre Palou para vencer e entrar de vez para a história com a sua quarta conquista. O que parecia até então um eterno trio de pilotos a vencer por 4 vezes em Indianápolis, formado por A.J.Foyt, Al Unser Snr e Rick Mears, estabelecido há exatos 30 anos, agora passa a ser um quarteto com a chegada de Hélio Castroneves.

Hélio contra os garotos
Hélio Castroneves e Alex Palou: um duelo de gerações em Indianápolis
(Foto: Meyer Shank/ Twitter)

Era de se esperar que os veteranos de Indianápolis tivessem um desafio acirrado vindo da nova geração que está prestes a tomar de assalto a categoria. Tínhamos a esperança de ver Scott Dixon, Tony Kanaan, Hélio Castroneves batalharem contra o furor juvenil de Colton Herta, Alex Palou, Rinus Veekay e Pato O'Ward e isso seria sem dúvida o grande atrativo, mas as quedas de Dixon e Kanaan por conta de problemas de reabastecimento e estratégia, deixaram essa disputa pendendo mais para os novatos. Apesar de uma breve intromissão de Hunter Reay e Conor Daly, Hélio passou toda prova ladeado pelos jovens leões que pareciam famintos em tomar o controle da situação. Mas aos poucos alguns destes foram ficando para trás, como Veekay e Herta, deixando a missão de tomar o terreno por conta de Palou e O'Ward. Hélio usou de toda sua experiência para dobrar estes jovens destemidos que deram um belo suadouro no velho de guerra, mas como Castroneves conhece bem cada centímetro daquela pista - e com lições em derrotas anteriores - o veterano soube muito bem trabalhar para conter toda essa onda jovem e conquistar uma magnífica vitória, onde a experiência sobrepôs a fogosidade juvenil.
Porém, verdade seja dita: a categoria será destes garotos pelos próximos anos, mas estes senhores ainda tem muita lenha para queimar.


Uma vitória para lavar a alma


(Foto: Indycar NBC/ Twitter)

Foi muito bom rever Hélio Castroneves vencer e escalar os alambrados de Indianápolis pela quarta vez, tendo feito isso pela primeira vez há vinte anos. Desde a sua saída da Penske é que se imaginava o que poderia ser da sua carreira sem ter por perto uma equipe de ponta para lhe dar toda condição de buscar vitórias e títulos. Mas a abertura de sua temporada com a vitória nas 24 Horas de Daytona, e com uma pilotagem exuberante, ainda mostrava que o velho de guerra tinha muito o que fazer por aqui. E a conquista de hoje em Indianápolis, só confirma que ele ainda está em forma para buscar ainda mais vitórias e títulos do alto de seus 46 anos.

Para aqueles que julgaram e/ou ainda julgam o piloto brasileiro por não ter conquistado um título na categoria, apesar de ter números respeitáveis, a sua quarta conquista em Indianápolis fala por si só. O reconhecimento de rivais, ex-companheiros de equipe, mecânicos, chefes de equipes, de lendas como Mario Andretti - que o recebeu com um carinhoso beijo na cabeça assim que o encontrou, numa das mais belas cenas desta edição - mostra o tamanho que é conquistar uma vitória em Indianápolis, que sobrepõe qualquer que seja uma conquista de título no campeonato - apesar da importância que também tenha. 

Foi uma tarde mágica que há tempos não tínhamos, reunindo uma imensidão de fatores que nos fizeram trancar a respiração nas voltas finais e soltar o ar com um alivio acompanhado por um sorriso e lágrimas nos olhos. Para nós que amamos esse esporte que por muitas vezes é tão cruel, são estes momentos que nos fazem lembrar do quanto é belo e especial. O automobilismo, o motorsport em sua essência, sempre entrega tudo isso que vivenciamos hoje. É mais uma edição de Indy 500 que tivemos a oportunidade de testemunhar a história, uma grande história, acontecer diante de nossos olhos e o fato de ter um brasileiro ali, só nos orgulha ainda mais. 

Para o Grande André Ribeiro que nos deixou semana passada e que era um grande especialista em circuitos ovais, é uma grande homenagem. 

E que venha a quinta vitória. 

Parabéns, Hélio!

Foto 950: Bill Vukovich, Indy 500 1955

 


Um dos últimos registros de um dos melhores pilotos que já passaram por Indianápolis. Na foto, Bill Vukovich durante a Indy 500 de 1955 com o seu Kurtis Kraft 500 Offenhauser. Ele era o atual duplo vencedor da Indy 500, já que havia ganho em 1953 e 1954, mas as coisas não sairiam da melhor forma naquela tarde de 30 de maio. 

A 39ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, realizada em 30 de maio de 1955, contou com seus habituais 33 participantes. Desses 33 pilotos, 20 usavam modelos Kurtis Kraft enquanto que os demais usavam modelos Kuzma (4), Silnes (1), Trevis (2), Epperly (1), Phillips (1), Schroeder (1), Pawl (1), Stevens (1) e Pankratz (1) e todos usavam motores Offenhauser. Para Frank Kurtis, projetista dos chassi Kurtis, era uma oportunidade de se consolidar de vez como o melhor chassi em Indianápolis uma vez que tinham ganho quatro das últimas cinco edições – estava empatado em vitórias com a Duesenberg (4) e a duas de alcançar os chassi Miller que contabilizavam seis conquistas.

A qualificação em Indianápolis

O Pole Day em Indianápolis foi prejudicado pelos ventos fortes e isso forçou todos a tentarem arriscar as suas voltas na parte da tarde, esperando uma melhora nas condições do tempo – que também trazia ameaça da chuva. Porém, quando não era esperado nenhum carro tentando a pole, Jerry Hoyt levou seu Stevens Offenhauser da equipe de Jim Robbins para a pista e cravou a marca de 140.045 mph que lhe garantira a pole provisória. Apesar da tentativa de alguns para fazer suas voltas ainda naquele dia, como os casos de Tony Bettenhausen, Sam Hanks e Pat O’Connor, os fortes ventos atrapalharam suas voltas e mais ninguém tentou voltas. Dessa forma Jerry Hoyt, que não fora avisado do acordo de que as tentativas seriam feitas à tarde, acabou ficando na pole. As demais colocações foram definidas nos demais dias (15, 21 e 22 de maio). Por conta de uma falha no volante ao final dos treinos do dia 15, Manny Ayulo sofreu forte acidente e veio falecer no dia seguinte.

Uma trágica Indy 500

As primeiras 26 voltas daquela Indy 500 foram de tirar o fôlego, devido a grande batalha que se entregaram Jack McGrath e Bill Vukovich – este último atrás de sua terceira vitória consecutiva na grande prova. Neste período, McGrath liderou seis voltas e Vukovich as outras vinte, mas nunca sem ganhar grande distância de Jack. O duelo terminou na volta 27 quando Bill passou a distanciar-se mais devido a sua melhor velocidade e também por conta dos problemas que McGrath vinha enfrentando, ao deixar bastante fumaça por um bom par de voltas.

A prova teve um período tranquilo sem registrar acidentes, mas na 56ª passagem deseronlou o caos quando Rodger Ward bateu e capotou seu carro na entrada da reta oposta. No mesmo instante, Al Keller tentou desviar do carro Ward fechando a passagem  e acertando o carro de Johnny Boyd que acabou também vindo para linha de dentro exatamente no momento que Bill Vukovich estava para colocar uma volta neles. Neste momento em que o carro de Boy atravessou, Vukovich tentou escapar pelo lado externo quando acabou acertando o carro de Johnny e levantando voo e caindo do lado de fora da pista, vindo a capotar algumas vezes num estacionamento que ficava ao lado. O carro de Bill caiu com as quatro rodas para o alto e acabou incendiando. O grande bicampeão e favorito a uma terceira conquista em Indianápolis, morreu no local exatamente quando liderava a prova. A sua morte foi anunciada nos altos falantes do circuito. Edi Elisian ainda tentou salvar seu amigo ao parar o carro na grama e atravessar a pista, mas nada pode fazer. Bill Vukovich tinha 36 anos e era um dos pilotos mais populares e queridos do automobilismo norte americano.

Antes da tragédia, McGrath havia abandonado por conta de problemas no magneto e agora a batalha pela vitória em Indianapolis passava para as mãos de Jimmy Bryan e Bob Sweikert que se revezaram na dianteira da prova entre as voltas 57 e 88, quando Bryan teve problemas na bomba de combustível e abandonou a prova. Bob ficou na liderança da volta 89 até a 132 quando foi aos boxes. Neste instante, a liderança passou a ser de Art Cross que ficou até a volta 156 quando passou  apresentar problemas – que o levaria abandonar na volta 168 – e foi ultrapassado por Don Freeland, que nem teve muito tempo para apreciar a dianteira da prova já que na passagem 160 foi ultrapassado por Bob Sweikert.

Bob liderou a prova sem maiores sustos, vindo a conquistar a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. A segunda posição ficou para Tony Bettenhausen – que havia largado em segundo e nas primeiras voltas tentou acompanhar o ritmo de Vukovich e McGrath sem sucesso – e a terceira para Jimmy Davies.

Foi a última edição das 500 Milhas de Indianápolis organizada pela AAA (American Automobile Association), que estava à frente da organização da prova desde a sua primeira edição em 1911. A partir de 1956 a prova ficou a cargo da USAC (United States Auto Club).

Hoje completa 66 anos da morte de Bill Vukovich e também desta edição da Indy 500.

sábado, 29 de maio de 2021

Foto 949: Al Unser, Indy 500 1971

 



A segunda das quatro... Al Unser Snr. com o Colt Ford durante o mês de maio da Indy 500 de 1971.

Esta edição, a 55a da história das 500 Milhas de Indianápolis, teve a pole de Peter Revson como a mais veloz da história até então com a marca de 178,696 milhas por hora (287,6 km / h). Mas Peter Revson não teve muita chance de aproveitar a dianteira, já que Mark Donohue assumiu a liderança e mostrava um ritmo muito bom quando seu McLaren Offenhauser, de propriedade de Roger Penske, abandonou na volta 66 com problemas de câmbio. Al Unser assumiu a liderança, dando a ele a oportunidade de defender sua vitória do ano anterior, mas antes disso ele precisou duelar contra Joe Leonard. Porém, este último saiu de cena na volta 123 com problemas de câmbio, deixando Al Unser com mais tranquilidade na liderança. Mas Al Unser ainda passaria por dois sustos, onde pilotos se acidentaram próximo a ele: David Hobbs e Rick Ruther se envolveram num acidente na volta 111 após o carro de Hobbs ter estourado o motor na entrada da reta principal. O outro aconteceu na volta 167 quando Mike Mosley perdeu uma roda e bateu na curva quatro, ricocheteando e indo para a parte interna. Bobby Unser tentou desviar e também bateu no muro externo. Tudo isso aconteceu pouco tempo depois que Al Unser passou pelo local.

O piloto americano venceu a sua segunda Indy 500 de modo consecutivo, tornando-se o primeiro desde Bill Vukovich a conquistar este feito (Vukovich venceu em 1953 e 1954). Para Al Unser ainda tem uma outra importante marca, ao ser o único piloto a vencer a grande prova no dia de seu aniversário.

Essa edição também é lembrada pelo quase desastre que foi a queda da plataforma onde se encontrava os fotógrafos na entrada dos boxes, quando o Pace Car (Dodge Challenger) pilotado por Eldon Palmer, um revendedor local, perdeu o controle e acertou o local onde estavam os fotógrafos. O acidente não vitimou ninguém, mas 29 pessoas ficaram feridas sendo duas com mais gravidade. Consta que Palmer teria treinado a entrada dos boxes com um cone laranja, onde ele deveria frear, mas teriam retirado no dia da prova e deixado Eldon sem o ponto de referência e assim ocasionado o acidente. Por conta disso, a partir de 1972, apenas pilotos e/ou ex-pilotos é que poderiam pilotar o Pace Car.

Enquanto que Al Unser completa 82 anos hoje, aquela Indy 500 que o coroou pela segunda vez vencedor, completa 50 anos.

Foto 948: Johnny Servoz-Gavin, Monza 1968

 


A caminho de um grande resultado... O Matra MS10 pilotado por Johnny Servoz-Gavin durante o GP da Itália de 1968. Ele fechou em segundo, neste que foi o nona etapa do campeonato de Fórmula-1 daquele ano. 

O GP da Itália foi mais uma vez pautado pelo jogo de vácuo, mas antes disso, nos treinos, John Surtees passava para conquistar a primeira pole da equipe Honda - e consequentemente a última do inglês na categoria. A corrida foi uma batalha interessante pela liderança reunindo os melhores pilotos do grid, com Surtees, Bruce Mclaren, Jackie Stewart, Chris Amon, Jo Siffert e Denny Hulme travando uma grande disputa. Mas os problemas mecânicos e/ou acidentes foram tirando alguns destes competidores do caminho, como Amon (que acidentou-se após escorregar no óleo deixado por um dos Honda, quando contornava a Lesmo), Surtees (que também bateu o carro na sequência do acidente de Amon); Mclaren abandonou na volta 35 com vazamento de óleo; Stewart teve problemas no motor Cosworth do Matra na volta 42; e Siffert teve a suspensão traseira quebrada na volta 58. 

As últimas dez voltas (a prova tinha 68 voltas em seu total) foi apenas para Denny Hulme administrar a vantagem de mais de 1 minuto que ele tinha sobre Servoz-Gavin que estava a travar um grande duelo contra a Ferrari de Jacky Ickx. Porém, o belga precisou ir aos boxes para colocar mais gasolina, o que abriu a oportunidade do francês da Matra ficar com o segundo lugar e Ickx com o terceiro. 

Este segundo lugar foi o melhor resultado da carreira de Johnny Servoz-Gavin na categoria, cuja estréia se deu no GP de Mônaco de 1967 pilotando pela Matra. Ele encerrou a sua carreira na Fórmula-1 e de piloto no GP de Mônaco de 1970, quando estava a serviço da Tyrrell, ao não qualificar-se para o GP. Apesar de nunca ter assumido tal fato, acredita-se que o ferimento em um dos olhos durante uma prova de rally, tenha influenciado bastante na sua decisão de largar o automobilismo. 

Hoje completa 15 anos da morte do piloto francês.

Foto 947: Ukyo Katayama, Hockenheim 1996

 


Bela foto de Ukyo Katayma com o Tyrrell 024 Yamaha durante o final de semana do GP da Alemanha de 1996, então 11ª etapa daquele Mundial de Fórmula-1. 

Essa prova é muito lembrada pelo ótimo desempenho do decano da categoria Gerhard Berger, onde o austríaco surgiu com seu Benetton para desafiar a Williams de Damon Hill. Mas a falha no motor Renault do Benetton na volta 42 tirou de Berger a oportunidade de reencontrar a vitória dois anos depois, sendo que a última havia sido exatamente ali em Hockenheim 1994 quando ele estava na Ferrari. O caminho ficou aberto para Damon Hill vencer o GP alemão, nesta que foi a sua sétima vitória no ano. Jean Alesi e Jacques Villeneuve completaram o pódio. 

Ukyo Katayama largou na 16ª posição e abandonou na volta 19 após um acidente. A temporada de Katayama não foi das melhores, tendo como melhor resultado a sétima colocação na Hungria. 

Ao todo foram seis temporadas de Ukyo Katayama (1992-1997) na Fórmula-1, sendo em 1994 a sua melhor aparição na categoria o marcar cinco pontos e com bons desempenhos ao volante do Tyrrell 022 Yamaha. 

Hoje o piloto japonês completa 58 anos.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Foto 946: Eddie Sachs, Indy 500 1963



Um sorridente Eddie Sachs a brincar com o pneu que soltou de seu carro durante a Indy 500 de 1963, após ele rodar e bater no muro da curva 3 na volta 189. Este acidente era resultado de uma grande polêmica naquele momento da prova.

Essa edição de 1963 é mais conhecida pela primeira incursão da Lotus na grande prova, quando Colin Chapman levou dois Lotus para Jim Clark e Dan Gurney desafiarem os grandes Roadsters. A batalha entre Parnelli Jones e Jim Clark foi o ponto alto e começou a intensificar quando o americano partiu para conquistar a pole como uma questão de honra, em não deixar que os "forasteiros" tomassem a posição.

A corrida trasncorreu da melhor forma possível, sem grandes sustos. A se destacar a grande disputa entre Parnelli Jones e Jim Hurtubise pela liderança por um bom número de voltas, até que este último tivesse problemas com vazamento de óleo e abandonasse na volta 102. Um pouco antes disse, na volta 80, uma leve fumaça acompanhada de vazamento de óleo do carro de Parnelli Jones também foi avistado. 

A prova ganhava em emoção com a chegada de Jim Clark à segunda posição, com o escocês iniciando aproximar-se de Jones. O americano conseguiu manter-se à frente mesmo com as paradas de box quando a prova estava em bandeira amarela devido alguns acidentes. Porém, um destes acidentes, o de Eddie Sachs na volta 189 após ter rodado na curva 3 e batido, acabou gerando a grande polêmica - o próprio Sachs havia rodado dez voltas antes no mesmo local. 

O ponto a ser levantado girava em torno do vazamento do carro de Parnelli Jones que aumentava consistentemente, sendo relatado na volta 180. O então comissário chefe Harlan Fengler chegou cogitar mostrar a bandeira preta para Parnelli. O período onde a prova ficou sob amarela por conta do acidente de Sachs, viu uma grande discussão entre Fengler A.C Agajanian, então chefe de equipe de Parnelli Jones, e Colin Chapman: enquanto que Agajanian pressionava e argumentava para que a bandeira preta não fosse mostrada, colocando seu ponto de vista de que vários outros carros também tiveram grandes vazamentos durante a prova e nada foi feito, Colin agitava do outro lado pressionando veementemente para que a bandeira fosse mostrada para Jones. A decisão de Fengler seguiu o caminho para que não fosse mostrada nenhuma bandeira. Isso gerou bastante controvérsia, onde muitos acreditam que se fosse um outro piloto não americano no lugar de Jones com o carro vazando óleo, muito provavelmente teriam desqualificado. 

A corrida foi retomada e Parnelli Jones partiu para vencer a sua única Indy 500, com Jim Clark em 
segundo e A.J.Foyt em terceiro. Mas a discussão não ficou reservada a pista apenas: num almoço no dia seguinte, Eddie Sachs levantou essa questão de que o vazamento do carro de Parnelli Jones é que havia ocasionado a suas rodadas e acidente. Parnelli Jones relembra esse episódio: “No dia seguinte, antes do banquete, fomos a um almoço Autolite no antigo Holiday Inn do outro lado da rua do Speedway”, lembra Parnelli. “Sachs veio e disse que queria me dar os parabéns pela vitória, mas disse que eles deveriam ter me dado a bandeira preta. Eu disse: 'Deixe-me dizer uma coisa, Eddie. Em primeiro lugar, a pista estava oleosa o dia todo e acho que você girou porque sua roda estava solta. 'Não, eu girei no seu óleo', disse ele.


“Eu disse: 'Não, você não fez isso, Eddie. A pista estava oleosa o dia todo por causa de um monte de carros, não só o meu. Eu disse algo como 'Acho que você é um mentiroso'. E ele disse o mesmo de volta para mim e começamos a discutir. Eu disse: 'Eu devia te dar um soco na boca'. E ele disse: 'Vá em frente'. Então eu o dei  o soco.


“Eddie era um cara tão legal e a parte engraçada sobre isso é que ele tinha sangue saindo da boca e uma bandeira preta na mão e um cara tirou uma foto disso. Eddie não apareceu no banquete naquela noite, mas uma foto dele saiu no jornal no dia seguinte. ”

A melhor parte disso é que mesmo com toda essa rusga por parte deles, o acontecido não afetou a amizade deles: “Eddie era o Muhammed Ali das corridas.” Parnelli comenta. “Quando você colocava Sachs no microfone, não conseguia tirá-lo. Mas ele era bom para corridas e nós superamos nossa discussão e nos tornamos amigos novamente depois disso. ”

Eddie Sachs era um dos pilotos mais populares da Indycar naquele tempo e também um dos mais divertidos, levando a alcunha de "Clown Prince for Auto Racing" (algo como Principe Palhaço das Corridas de Carro). Em Indianápolis era um dos mais competitivos também, como bem mostra as suas poles de 1960 e 1961, onde nesta última esteve próximo de vencer. Mas preferiu fazer a sua parada de box na volta 197 quando percebeu que o pneu traseiro direito podia estourar. Com a parada a liderança e vitória acabou indo para as mãos de A.J.Foyt, que coletava, assim, a primeira de suas quatro Indy 500. Sachs foi questionado sobre a parada de box, já que estava tão próximo de vencer e a sua resposta foi "Prefiro terminar em segundo do que morrer!"

Infelizmente, na edição de 1964, Eddie não teve essa sorte ao ser acolhido pelo carro em chamas de Dave McDonald logo no início da Indy 500. Os dois pilotos acabaram morrendo pouco tempo depois. 

Hoje Eddie Sachs completaria 94 anos.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Foto 945: Piers Courage, Watkins Glen 1968

 


O veloz Piers Courage com o BRM P126 da equipe de Reg Parnell durante o GP dos EUA em Watkins Glen, 11ª e penúltima etapa do Mundial de Fórmula-1 de 1968. O piloto inglês abandonou na volta 93 com problemas na suspensão. 

Essa prova marcou a estréia de Mario Andretti na categoria e de imediato marcando a pole pela Lotus, mas problemas com o bico e mais tarde com a embreagem o tiraram da corrida na 32ª volta. Bobby Unser, então vencedor vigente da Indy 500 daquele ano, também participou da prova com um BRM P138 oficial e abandonou com 35 voltas de corrida com motor quebrado. Assim como Mario, foi também a sua estréia na categoria, mas tornou-se na sua única aparição na Fórmula-1. O outro estadunidense na prova, Dan Gurney, foi o quarto pilotando um McLaren. A prova foi vencida por Jackie Stewart, com Graham Hill em segundo e John Surtees em terceiro. 

Aquele ano de 1968 foi a primeira temporada completa de Piers Courage na Fórmula-1, tendo estreado em 1966 com a Lotus na Alemanha e depois fazendo outras duas provas pela equipe de Reg Parnell em 1967 na África do Sul e Mônaco - nestas três tentativas ele abandonou e ainda teve uma não qualificação para o GP britânico de 1967. Em 1968, ainda pela equipe de Reg Parnell, ele teve dois bons resultados no GP da França (6º) e na Itália (4º). 

Foi na equipe de Frank Williams onde ele teve seus dois melhores resultados ao ficar em segundo nos GPs de Mônaco e Estados Unidos em 1969. E ainda teve dois quinto lugares nos GPs da Grã-Bretanha e GP da Itália, fechando aquele mundial com 16 pontos. 

Infelizmente a promissora carreira foi tragicamente interrompida no acidente em Zandvoort, durante o GP da Holanda de 1970, que lhe custou a vida quando estava a serviço de Frank Williams, pilotando um De Tomaso. 

Hoje Piers Courage completaria 79 anos.

Foto 944: Pierre-Henri Raphanel, Mônaco 1989

 


Pierre-Henri Raphanel com a sua Coloni FC188B com a qual ele classificou-se para o GP de Mônaco de 1989, nesta que foi a sua única corrida na Fórmula-1.

Raphanel estreou na categoria no GP da Austrália de 1988 pela Larousse, mas não conseguindo a qualificação. Esse calvário continuou quando ele mudou-se para a Coloni em 1989, mas em Mônaco ele conseguiu avançar nas pré-qualificações e ter a oportunidade de tentar qualificar-se para o GP em Monte Carlo. Mas antes disso, houve um pequeno problema relacionado a dinheiro: um de seus patrocinadores não havia pagado e seu empréstimo bancário tinha acabado, o que quase o levou a não participar deste GP. Raphanel relembra: "Meu patrocinador não pagou e um empréstimo bancário tinha acabado: Enrico Bertaggia estava lá esperando para entrar no carro. Mas na manhã da pré-qualificação, Enzo Coloni me disse que eu estaria pilotando. Ele sabia que eu tinha vencido a corrida de Fórmula 3 em Mônaco 1985 e tinha obtido bons resultados em circuitos de rua.".

Enzo Coloni acabou garantindo e cumprindo a promessa e Raphanel teve a oportunidade de ficar em terceiro na pré-qualificação e subir para o qualificação, onde tentaria um lugar entre os 26 pilotos. Apesar de ter alguns contratempos na qualificação, Henri conseguiu um bom 18º lugar no grid - a frente de gente muito boa e experiente como Nelson Piquet, Eddie Cheever, René Arnoux, por exemplo - mas a sua corrida não foi muito longe, terminando na 19ª volta com o câmbio quebrado. Raphanel ficou na Coloni até a prova da Hungria, mudando-se para a Rial no GP da Bélgica e ficando por lá até a Austrália, sem conseguir mais nenhuma qualificação. 

A carreira de Raphanel foi um pouco melhor nos carros esporte e protótipos. Falando especialmente nas 24 Horas de Le Mans, ele teve 14 participações com três bons resultados na geral: foi terceiro em 1987 com um Courage C20 da Primagaz Competition, ao lado de Yves Courage e Hervé Regout; ficou em segundo em 1992 pilotando um Toyota TS010 da Team Tom's junto de Masanori Sekiya e Kenny Acheson; e ficou em segundo em 1997 com o McLaren F1 GTR da Gulf Team Davidoff/ GTC Racing pilotando com Jean Marc Gounon e Marc Olofsson - eles venceram na classe GT1.

Hoje Pierre-Henri Raphanel completa 60 anos.

Foto 943: Robin Widdows, Le Mans 1969

 


O britânico Robin Widdows com o Matra MS 630/650 durante as 24 Horas de Le Mans de 1969. Ele compartilhou o carro com Nanni Galli, tendo largado em 18º e terminado em 7º com 42 voltas de atraso para a dupla do Ford GT40 #6 de Jacky Ickx e Jackie Oliver, que venceu aquela edição.

Falando em Ford GT40, essa foi a última vitória da marca oval com seu lendário carro, numa das melhores chegadas quando Ickx passou o Porsche 908 pilotado por Hans Hermann (que dividiu com o Gérard Larousse) para vencer por míseros 120 metros. A história vocês pode ler aqui, onde é falado sobre a saga do Porsche 917 até a sua primeira vitória em Le Mans.

Além dessa participação em Le Mans, que foi a única em sua carreira, Robin Widdows esteve correndo pela Matra nas 6 Horas de Watkins Glen onde dividiu o carro com Jean Guichet. Eles abandonaram com problemas na embreagem, enquanto que o outro Matra, conduzido por Pedro Rodriguez e Johnny Servoz-Gavin, terminou em quarto. 

Robin Widdows ainda teve uma participação na Fórmula-1 quando pilotou um Cooper no GP da Grã-Bretanha de 1968. Ele abandonou na volta 34 com problemas de ignição. 

Outro detalhe interessante sobre a carreira de Robin Widdows foi a sua participação em dois Jogos Olímpicos de Inverno em 1964 (Insbruck, Áustria) e 1968  (Grenoble, França) pela equipe britânica de bobsleigh. Aqui fica uma lista de alguns pilotos que chegaram a competir em Jogos Olímpicos.

Robin Widdows completa 79 anos hoje.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Foto 942: Silvio Moser, Clermont-Ferrand 1970

 

(Foto: Motorsport Images)

Uma tentativa frustrada... Silvio Moser com o Bellasi F1 70 durante os treinos para o GP da França de 1970, realizado em Clermont-Ferrand. Era a sexta etapa do Mundial. Moser não qualificou-se para este GP, seguindo os exemplos de Alex Soler-Roig e Peter Lovely.

Essa não qualificação de Silvio Moser com o Bellasi na Fórmula-1 foi apenas mais um entre tantas tentivas. O carro desenvolvido por Vittorio Bellasi a pedido do próprio Moser, que não podia mais alinhar seu Brabham BT24 nas provas devido a nova regra de uso de chassi monocoque mais tanque de combustíveis flexíveis. Problemas financeiros e o baixo desempenho do carro, não ajudaram muito na incursão de Moser na Fórmula-1, salvo as duas únicas classificações: largou em 24º e abandonou com treze voltas após o motor superaquecer e a outra qualificação se deu no GP da Itália de 1971, quando saiu em 22º e abandonou após cinco voltas com a suspensão quebrada. Foram seis tentativas de qualificar-se, falhando em quatro.

Moser ainda pilotou o Bellasi em provas de Fórmula-2 na Colômbia e depois utilizou o carro no GP da Argentina de 1971, prova que não contou pontos para a Fórmula-1. Nesta prova em Buenos Aires, realizada em duas baterias, ele terminou em 11º na primeira abandonou na segunda. 

O piloto suíço foi um dos bons em categorias menores, especialmente nas Fórmulas 2 e 3, onde ele acabaria por voltar após o fracasso com a Bellasi. 

Hoje completa 47 anos da morte de Silvio Moser, que ocorreu devido a ferimentos num acidente durante os 1000km de Monza de 1974.

Foto 941: Sam Posey, Indy 500 1972

 


A tradicional foto de Indianápolis... Sam Posey com o Eagle Offenhauser da equipe Champ Carr Incorporation com o qual correu a Indy 500 de 1972. Ele largou em sétimo e terminou em quinto, nesta que foi a única participação na grande prova. 

Esta edição de 1972 - a 56ª da história - foi vencida por Mark Donohue e deu a Roger Penske a primeira conquista em Indianápolis, inciando uma grande história que renderia mais 17 conquistas para o Capitão. Mas essa prova teve o dominio quase que absoluto de Gary Betenhausen, então companheiro de Donohue na Penske, ao liderar 138 voltas - porém, problemas na ignição o deixaram de fora na volta 176. Com o abandono de Betenhausen, a prova passou para as mãos de Jerry Grant e quando parecia que ele teria a chance de vencer, foi aos boxes para fazer a troca de pneus e reabastecimento, mas a parada foi feita no box destinado a Bobby Unser - então seu companheiro de equipe e que havia abandonado na volta 31 - e isso lhe valeu uma desqualificação. O caminho ficou aberto para Donohue assumir a primeira posição na volta 188 e liderar para a sua única vitória na Indy 500.   

A Indy 500 de 1972 ainda tem algumas curiosidades: Bobby Unser quebrou o recorde do circuito durante a obtenção da pole, com a média de 195.940 mph (315,3 km/h). A média foi 17,244 mph (27,8 km/h) mais rápido que a marca alcançada por Peter Revson em 1971; um sistema de luzes chamado "Electro-Pacer Light" foi usado pela primeira vez para auxiliar o pilotos, indicando que deveriam diminuir a velocidade e caso de acidentes - era um período em que a USAC não usava o Pace-Car e esse sistema lembra um pouco o que é usado hoje em provas de Endurance, como o "Full Course Yellow" ou o "Virtual Safety Car"; Jim Nabors iniciava em 1972 a sua tradicional presença para cantar a igualmente tradicional "Back Home Again Indiana". Ele foi chamado de última hora por Tony Hulman para cantar o tema e mesmo com pouco tempo para ensaiar - ou nem chegou ensaiar - Jim desempenhou bem o papel que ele ficou responsável até 2014, com raras exceções. 

Sobre Posey, este não voltou mais como piloto a Indianápolis, mas assumiu o posto de comentarista e repórter a partir de 1974, ficando até 1995. Ele também trabalhou em coberturas das Olimpiadas de Inverno de 1984 (Sarajevo) e de 1988 (Calgary) - e claro, Posey foi um dos ótimos pilotos a passar na Trans-Am, USAC Indycar e teve duas participações na Fórmula-1 nos GPs dos EUA de 1971 e 1972 pilotando pela Surtees.

Sam Posey completa 77 anos hoje.