terça-feira, 13 de julho de 2021

Foto 991: Alberto Ascari, GP da Grã-Bretanha 1953

 

Alberto Ascari durante o GP britânico de 1953
(Foto: irishmirror)


Que excitante havia sido aquela etapa da França de semanas atrás. O confronto entre a velha guarda (Fangio) contra a nova geração (Hawthorn), tinha ganhado contornos épicos a ponto daquela corrida, por conta do duelo destes dois pilotos, ser chamada de "Corrida do Século". E não era para menos: com aquela disputa visceral com várias trocas de posições nas últimas trinta voltas, o público presente tinha sido brindado com uma exibição de gala da mais alta qualidade. Ferrari e Maserati tinham ficado no mesmo nível, o que facilitou esse duelo assim como a disputa pela terceira posição entre Gonzalez e Ascari onde o argentino acabou levando a melhor.

Agora as atenções estavam voltadas para Silverstone, cujo lugar, com uma boa série de retas, seria um lugar perfeito para que o duelo entre a irmandade do esporte a motor italiana pudesse dar continuidade a grande disputa. E para os ingleses seria uma boa oportunidade para poderem torcer por seu herói Mike Hawthorn.

Mesmo sabendo de suas limitações frente a Ferrari e Maserati, as equipes inglesas foram em peso para o seu GP caseiro ao colocar um bom contingente para esta etapa: a HWM levou quatro modelos 53 para Lance Macklin, Peter Collins, Duncan Hamilton e Jack Fairman; a Connaught teve cinco carros, sendo três modelos UMA oficiais que ficaram sob cuidados de Principe Bira, Ken McAlpine e Roy Salvadori. Os outros dois Connaught particulares eram de Tony Rolt – inscrita por Rob Walker, que tornaria-se uma das mais populares equipes particulares da categoria até os anos 70 – e outro pela Ecurie Ecosse, que foi pilotada por Ian Stewart; a Cooper não entrou como equipe oficial, o que prejudicou a participação de Stirling Moss por não terem tido tempo de recuperar o carro danificado em Reims, mas isso não impediu a equipe de ter seis carros inscritos de forma particular: Ken Wharton e Bob Gerard inscreveram dois T23 em seus nomes, enquanto que a Ecurie Ecosse alinhou um T20 para Jimmy Stewart (irmão de Jackie Stewart); Alan Brown pilotou um T23 da  RJ Chase; Peter Whitehead esteve com um T24 da Atlantic Stable; e Tony Crook inscreveu por conta própria um T20. Todos o Cooper inscritos utilizavam motores Bristol. 

A Ferrari alinhou o habitual modelo 500, o que jogou por terra a expectativa criada de que a equipe alinharia um novo carro para esta etapa inglesa. Além destes modelos 500 para Alberto Ascari, Luigi Villoresi, Giuseppe Farina e Mike Hawthorn, Louis Rosier levou o seu já tradicional Ferrari Azul inscrito pela sua equipe Ecurie Rosier. A Maserati continuou com seu modelo A6GCM e seu esquadrão de sempre com os argentinos Juan Manuel Fangio, Jose Froilan Gonzalez, Onofre Marimon e o italiano Felice Bonetto. Emmanuel de Graffenried alinhou o quinto Maserati de forma particular. 

Também era esperado um passo da Gordini que pretendia aproximar-se mais da “Irmandade Italiana”, onde os boatos indicavam um novo motor L8 para a equipe francesa a partir daquele Grande Prêmio. Mas a Gordini apareceu em Silverstone com o seu tradicional motor L6 para empurrar o Tipo 16. Ao contrario de Reims onde levaram quatro carros, apenas três foram inscritos para Jean Behra, Harry Schell e Maurice Trintignant. Louis Chiron voltou a inscrever-se com o seu OSCA modelo 20, mas o experiente piloto de Mônaco não compareceu para aquele GP britânico.

Chuva e pole para Ascari

Estes treinos em Silverstone foram marcados pelas fortes chuvas que caíram no circuito desde a quinta-feira, quando os trabalhos iniciaram. Peter Whitehead até ensaiou uma zebra ao fazer o melhor tempo na quinta com o seu Cooper, conseguindo colocar dois segundos de vantagem sobre Mike Hawthorn. Mas a possível zebra desapareceria na sexta quando, ainda com chuva, Ascari aumentou o ritmo e se impôs para cravar a pole com uma marca um segundo melhor que a de Froilan Gonzalez, que fechou em segundo. Mike Hawthorn venceu a disputa contra Fangio e se colocou em terceiro, dois décimos mais lento que Gonzalez – o que lhe valeu uma série de cumprimentos dos integrantes da Ferrari e um abraço do chefe da equipe Nello Ugolini. Fangio, Farina, Villoresi e Marimon fecharam as sete primeiras posições habituais para as duas equipes italianas. Os Gordini de Trintignant e Schell apareceram seguida e Tony Rolt, com seu Connaught, fechou os dez primeiros. Whitehead acabou ficando em 14º no  grid, sendo o melhor dos particulares.

Ascari vence de ponta a ponta

Apesar de um inicio impressionante de Fangio, que pulara de quarto para primeiro assim que contornou a Copse, este não conseguiu dar continuidade na liderança da prova quando escapou e caiu na tabela de classificação. Assim foi o único momento onde Alberto Ascari não foi líder neste GP bretão, conseguindo maximizar o poder de fogo do Ferrari 500 naquele dia a seu gosto. Porém não teve tranquilidade por um tempo, onde Gonzalez esteve em seu encalço por uma série de voltas e com grandes chances de assumir a liderança, mas sempre com Alberto respondendo as ações do argentino. Foi uma reedição do duelo que ambos tiveram em Reims semanas antes, onde Froilan Gonzalez acabou por superar o italiano ao desalojá-lo da terceira posição. Mas desta vez era a liderança da corrida que estava em jogo e após uma exibição abaixo do que já era conhecido na França, agora era uma questão de honra para Ascari mostrar que ainda tinha as coisas sobre controle. Trocaram as melhores voltas por um bom tempo até que o Maserati do argentino apresentou vazamento de óleo, o que lhe valeu uma bandeira de box. Gonzalez foi a contragosto tanto que chegou discutir com os comissários sobre tal decisão, o que lhe custou duas voltas de desvantagem para Ascari. Froilan Gonzalez conseguiu recuperar-se na corrida para terminar em quarto.

Outro de quem se esperava muito – principalmente a torcida local – e não conseguiu grande coisa, foi Hawthorn. Depois de uma qualificação sensacional onde ganhou ainda mais a confiança da Ferrari, o piloto inglês teve um sábado atribulado que iniciou ainda na largada ao despencar de terceiro para sexto. As coisas piorariam quando ele rodou forte na Woodcote e caiu na classificação, mas o golpe final nas suas pretensões para o seu GP caseiro foi quando chegou nos boxes e descobriu um vazamento de  óleo que acabou sendo o causador de sua rodada na volta anterior. A exemplo de Gonzalez, Mike viu sua oportunidade arruinada ao perder três voltas, mas conseguiu retornar ao GP para terminar em quinto após um belo duelo com Tony Rolt, que vinha em bom ritmo com seu Connaught e enfrentou de igual para igual Mike. Porém é preciso salientar que Hawthorn acabou herdando duas posições que podiam tê-lo deixado de fora da casa dos pontos: Marimón estava em boa forma nesta corrida em Silverstone, brigando fortemente contra Farina pela quinta posição já havia umas voltas quando o motor do seu Maserati estourou. Quase que no mesmo instante, foi a vez de Villoresi dar adeus ao GP por problemas no eixo do Ferrari. Isso possibilitou a ida de Froilan Gonzalez para terceiro, mas que foi logo superado por Farina.

Além de Tony Rolt, outro destaque no pelotão intermediário foi Jimmy Stewart: o piloto escocês foi muito bem na sua primeira aparição no campeonato mundial, mostrando que não era apenas o seu macacão xadrez que chamava atenção. Jimmy, que havia diputado freneticamente contra Bira as posições naquele GP e vencido o desafio,  ia a frente de Felice Bonetto, que tivera de fazer três paradas nos boxes – coisa que alguns fizeram, no máximo, apenas uma parada para reabastecimento – quando acabou rodando na curva Copse no momento que a chuva era forte em todo circuito, já no final do GP e ficando de fora.

Como já foi mencionado, a chuva que havia caído nos treinos de quinta e sexta voltou logo no final da corrida. Enquanto que muitos diminuíram a velocidade quando a tempestade – acompanhada por granizo – chegou, Ascari continuou apertando o ritmo até conseguir abrir uma diferença de um minuto sobre Fangio que havia herdado a posição de Gonzalez quando este teve o seu vazamento de óleo. Mas o argentino não chegou ser uma grande ameaça a Alberto, o que facilitou ainda mais o trabalho do italiano.

Ascari passou para vencer o GP da Grã-Bretanha seguido por Fangio – que foi o único a não levar volta de Alberto – Farina, Gonzalez e Hawthorn fechando as posições pontuáveis. Bonetto conseguiu ainda uma sexta colocação enquanto que Principe Bira levou o Connaught ao sétimo lugar, sendo o melhor dos carros ingleses. O melhor entre os particulares foi Ken Wharton que terminou em oitavo com o Cooper.

Alberto Ascari completaria 103 anos hoje.

Foto 990: Jarno Trulli, GP da Alemanha 1997

 


Jarno Trulli durante o GP da Alemanha de 1997 a bordo do Prost JS45. Era a sua terceira prova pela equipe de Alain Prost, tendo estreado no GP da França em substituição a Olivier Panis que havia se acidentado durante o GP do Canadá. Trulli havia feito a primeira parte do mundial pela Minardi. 

Neste GP da Alemanha, então 10ª etapa do mundial, ele largou na 11ª posição e após o complemento da primeira volta já estava em sétimo logo atrás da Williams de Jacques Villeneuve. Por boa parte da prova os dois estiveram próximos, com o italiano sempre com 1 segundo ou menos de atraso para o canadense. Apenas na 23ª volta, por conta das paradas de boxes que iam à frente, Jarno chegou ocupar a terceira posição e voltaria para sétimo na volta 25 quando fez a sua parada de box e reiniciando a sua disputa com Villeneuve. 

Na volta 34 é que acontece o ataque de Jarno contra Jacques, quando ele ultrapassa o canadense que acaba rodando e ficando atolado na brita enquanto que italiano assumia o quinto posto. Trulli ainda teria a oportunidade de chegar em terceiro - ele subiria para quarto após o abandono de Giancarlo Fisichella - quando estava se aproximando de Mika Hakkinen, mas problemas nos freios acabaram deixando de lado essa oportunidade. 

Enquanto que Gerhard Berger reencontrava a vitória - que viria ser a última dele na Fórmula-1 -, com Michael Schumacher em segundo e Hakkinen em terceiro, Trulli marcava seus primeiros pontos na categoria com o quarto lugar conquistado. O jovem italiano explicaria mais tarde a seu ótimo desempenho no veloz circuito alemão: “Não estou surpreso”, diz Trulli, “Hockenheim sempre sorriu para mim na F3: ganhei seis vezes em 95 e 96! Esses pontos me permitem agradecer a Alain Prost por me dar a minha chance sem colocar nenhuma pressão sobre mim.” Com estes três pontos conquistados Jarno fechou o mundial na 15ª posição.

Jarno Trulli completa hoje 47 anos.

domingo, 11 de julho de 2021

Vídeo: Pedro Rodriguez, Oulton Park 1971

 


O Spring Trophy, intitulado Rothmans Daily Express, foi uma prova extra campeonato realizado em Oulton Park. A corrida aconteceu em 9 de abril de 1971.

Esta prova marcou a derradeira vitória de Pedro Rodriguez a bordo de um carro da Fórmula-1, com o mexicano conquistando esta com o BRM P160 após largar da terceira posição. Jackie Stewart (Tyrrell) foi o pole, mas perdeu as duas primeiras posições para Rodriguez e Peter Gethin (Mclaren).

A última vitória oficial de Pedro Rodriguez remonta aos 1000km de Zeltweg realizado em junho do mesmo ano válido pelo Mundial de Marcas, em parceria com Richard Attwood.

O mexicano acabou falecendo semanas depois durante uma prova da Interserie em Norisring, quando estava pilotando uma Ferrari 512S da equipe de Herbert Muller há exatos 50 anos.

Pedro tinha 31 anos.


Foto 989: Rolf Stommelen, 750km de Nurburgring 1974

 


Rolf Stommelen com o Alfa Romeo T33/TT/12 da Autodelta que ele dividiu com Carlos Reutemann durante os 750km de Nurburgring, terceira etapa do Mundial de Marcas de 1974.

Por conta da crise do petróleo os tradicionais 1000km foi reduzido para 750km, ato que se tornou até comum em algumas categorias naquele ano. Além desta redução na quilometragem da prova em Nurburgring, a etapa de Paul Ricard também desceu de 1000km para 750km. 

Essa edição dos 750km de Nurburgring acabou ficando para a Matra com os "Jean Pierre" Jarier e Beltoise levando a vitória após o outro Matra MS670C de Gerard Larousse/ Henri Pescarolo ter apresentado problemas de motor ao funcionar apenas onze dos doze cilindros - este problema voltaria acontecer em Watkins Glen com Larousse/ Pescarolo e a vitória ficando Jarier/ Beltoise.

Ainda em Nurburgring, a Alfa Romeo ocupou as outras duas posições do pódio ficando em segundo com Stommelen/ Reutemann e em terceiro com Andrea De Adamich/ Carlo Facetti. O outro Alfa de Arturo Merzario/ Brian Redman ficou apenas em nono. 

A temporada de 1974 do Mundial de Marcas foi um passeio da Matra, tendo vencido nove das dez etapas e a Alfa Romeo ficando apenas com a vitória nos 1000km de Monza que abriu o campeonato com Arturo Merzario/ Mario Andretti conseguindo esta conquista. 

Rolf Stommelen ficou na Autodelta de 1970 até 1974, sem conquistar nenhuma vitória na geral (mas vencendo duas em classe, nos 1000km de Buenos Aires e 12 Horas de Sebring em 1971) e com um punhado de segundos lugares como melhores resultados. 

Quando ele juntou-se a Autodelta a equipe tinha o T33/3 em fase de desenvolvimento e por isso com falta de confiabilidade, levando-o a falar "Somos lentos, mas somos divertidos". Outra piada interna envolvia ele e os outros dois pilotos da casa, Andrea De Adamich e Masten Gregory que, assim como Rolf, usavam óculos e dessa forma a equipe passou a ser chamada de "Os três cegos".

Rolf Stommelen completaria 78 anos hoje. 

sábado, 10 de julho de 2021

F1 Battles: Jean Pierre Jarier vs Mario Andretti, GP da Alemanha 1981

 


O Grande Prêmio da Alemanha de 1981 foi a 10ª etapa daquele mundial. A pole ficou para Alain Prost (Renault) com a marca de 1’47’’50.

Na corrida ele teve uma boa disputa contra as Williams de Alan Jones e Carlos Reutemann, mas estes dois enfrentam problemas mais tarde: Carlos abandonou com problemas de motor na volta 27 e Alan também acabaria por ter falhas no motor, que tirou do australiano a chance de vencer.

Melhor para Nelson Piquet (Brabham) que assumiu a liderança na volta 39 para vencer o GP alemão, com Prost em segundo e Jacques Laffite (Ligier) em terceiro.

O vídeo a seguir destaca a disputa entre Jean Pierre Jarier (Osella) e Mario Andretti (Alfa Romeo) pelas posições 8 e 9 na corrida.

Jean Pierre Jarier completa 75 anos hoje.


quinta-feira, 8 de julho de 2021

Foto 988: Adeus, Carlos Reutemann

 

Apesar do semblante sempre sério e por muitas vezes melancólico, tudo isso desaparecia quando
o argentino estava em ação

Alguns pilotos nascem com o signo do azar ou das más escolhas em sua vida e isso impera por toda sua carreira, como se fosse uma penalização por coisas feitas em encarnações passadas. Na Fórmula-1, especificamente, tivemos um dos casos mais conhecidos que foi o de Stirling Moss: o britânico dispensa maiores apresentações, já que foi um dos mais brilhantes da década de 1950 e início dos anos 1960. Mas ele carregava o azar de ter pilotado por boa parte da primeira década da categoria ao lado de Juan Manuel Fangio e ter perdido para o "El Chueco" em 1955, 1956 e 1957. Com a aposentadoria de Fangio no ínicio de 1958, parecia que, enfim, ele entraria para o grupo dos campeões até que viesse a perder o título de 1958 para seu compatriota Mike Hawthorn que havia feito um campeonato muito mais regular que o de Moss, mesmo que Stirling tenha vencido quatro provas contra uma de Mike. Infelizmente ele não teria mais nenhuma chance clara de ser campeão do mundo, apesar de seu enorme talento estar sempre em evidência com uma pilotagem elegante, conseguindo vitórias magistrais como em Mônaco e Alemanha no ano de 1961. O acidente em Goodwood 1962 encerrou de vez a chance de Moss chegar ao seu título mundial. Guardada as devidas proporções, Carlos Reutemann era como Stirling Moss: um piloto de grande excelência com talento suficiente para ser campeão uma vez ou até mais, mas que levava consigo o signo dos azares e más escolhas.  

Desde a sua aparição impressionante em Buenos Aires 1972, na prova de abertura do mundial daquele ano, quando ele foi o pole, deixou uma boa impressão do que o argentino poderia fazer ao volante de um carro mais competitivo. A sua evolução na Brabham no decorrer dos anos resultou em quatro vitórias e o terceiro lugar no mundial de 1975, mas a troca pelos motores da Alfa Romeo a partir de 1976 acabou minando qualquer chance tentar, ao menos, disputar diretamente o titulo mundial. Isso resultou apenas em três pontos em 1976 e uma saída para a Ferrari a partir do GP Itália - que acabou sendo a sua última corrida naquela temporada. 

Mas estas escolhas de Reutemann acabariam sendo a sua marca registrada, não por serem as mais corretas, mas pelo fato de serem feitas em momentos que não lhe dariam as reais chances de vencer o mundial: a equipe da Ferrari ainda estava voltada a Niki Lauda em 1977, o que resultou no segundo campeonato para o austríaco, mas a partir do momento que ele saiu da equipe ao final daquele ano Reutemann passou a ser o primeiro instantaneamente. Apesar do Ferrari 312T3 de 1978 ser um bom carro e em situações normais até que poderia levá-lo ao olimpo, Carlos encontrou pela frente uma afinadíssima Lotus com seu modelo 79 que arrasou aquele mundial e colocou Mario Andretti e Ronnie Peterson - este de forma póstuma - nas duas primeiras posições do mundial de pilotos, enquanto que o argentino, que dominara seu jovem companheiro e futura estrela na categoria Gilles Villeneuve, ficava em terceiro repetindo o mesmo resultado de três anos antes. 

A sua estadia na Ferrari deteriorou-se e em 1979 ele mudara para a Lotus, então campeã, mas a sua renovada esperança em ser campeão esbarrou num fraco desempenho do repaginado Lotus 79 que foi superado de forma rápida pelos rivais em pouco tempo. Isso significava que ele precisaria de novos ares para tentar seu tão sonhado título - que ironicamente acabou ficando com Jody Scheckter que o substituiu na Ferrari...

A Williams era a equipe do momento, mas ao mesmo tempo o território de Alan Jones: em 1980 Carlos foi o terceiro, apenas comboiando a batalha entre Jones e Nelson Piquet pelo título daquela temporada que acabou ficando para o bravo australiano. Mas 1981 seria o ano onde Carlos Reutemann teria a sua grande oportunidade, a mais real entre todas que ele teve em quase dez anos de categoria. Porém, a sua desavença com Alan Jones a partir do chuvoso GP do Brasil, onde ele ignorou veementemente as ordens da Williams em inverter as posições com Jones, acabaria por selar seu destino naquela temporada: o final melancólico do argentino no derradeiro GP daquele ano, realizado no estacionamento do Caesar's Palace, foi a amostra de como ele ficou sozinho no naquele embate que foi criado dentro da equipe Williams após os eventos de Jacarepaguá. Mesmo que sua reclamações sobre o péssimo carro que tivera naquele último GP, onde o câmbio não estava em melhores condições, a sua queda na classificação - que iniciara da melhor forma possível com a obtenção da pole - foi enterrando suas chances de conquistar o campeonato que ficou nas mãos de Nelson Piquet. E, para piorar, seu desafeto Alan Jones venceu tranquilamente com direito a grande festa por parte da Williams - e este sentimento só pioraria mais quando, se olharmos para o inicio do mundial, a corrida realizada em Kyalami, que deveria ser a prova de abertura e foi tida como extra-oficial, Reutemann venceu e teve Piquet em segundo e isso lhe daria dois pontos à frente do brasileiro e garantiria seu título. Um azar e tanto...

A sua retirada repentina logo após o GP do Brasil foi uma tremenda surpresa para todos, mas logo depois ele explicaria: "Achei que estava me recuperando, mas me senti cansado. Começar na mesma equipe não me motivou. Eu estava cercado pelo mesmo ambiente em que não me sentia confortável. Eu estava olhando para o rosto de (Frank) Williams, para o de (Patrick) Head, e inevitavelmente eu estava vendo Las Vegas (derradeira etapa de 1981). Parar de correr parceia a melhor coisa para mim". Como em algumas de suas atitudes anteriormente na categoria, aquele seu rompante acabaria por dar chance ao seu novo companheiro Keke Rosberg chegar ao título daquele ano por conta da melhor regularidade numa temporada tão complicada e aberta como foi aquela de 1982. Para muitos, caso Reutemann tivesse ficado, ele teria reais chances de chegar ao título. Coisas da vida...

Carlos Reutemann foi um dos mais populares de sua geração. Esteve nas melhores equipes, mas nem sempre no melhor momento dessas ou, então, tendo que travar alguma batalha com o "o dono do pedaço" nestas. Mas as suas qualidades nunca foram postas em dúvida: sempre muito técnico, regular e veloz quando era preciso, ele se destacou numa era onde a Fórmula-1 começava a se transformar passando de uma época romântica para outra mais profissional, técnica, ambiciosa, internacional, algo como um adolescente que acabara de virar adulto e estava pronto para ganhar o mundo. E Reutemann ainda estava em forma no meio desta transformação toda.

Apesar deste título nunca ter chegado, o carinho conquistado pela torcida argentina, que via nele um sucessor de Juan Manuel Fangio, nunca arrefeceu. Talvez aí tenha morado o seu principal titulo, de ter sido respeitado e reconhecido como um dos grandes da Fórmula-1 por todo período que esteve presente. 

Carlos Reutemann faleceu no último dia 7 de julho aos 79 anos, após uma longa batalha contra um câncer no fígado e também de uma hemorragia no estomago. 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Video: Jo Siffert, GP da Áustria 1971

 


O Grande Prêmio da Áustria foi a oitava etapa do mundial de Fórmula-1 de 1971. Esta corrida foi dominada amplamente pelo suíço Jo Siffert que marcou um Grand Chelem – o único de sua carreira na categoria – ao fazer a pole, melhor volta, vencer e liderar todas as 54 voltas da prova austríaca.

A segunda posição ficou para Emerson Fittipaldi e a terceira para Tim Schenken, nesta que a foi a sua única aparição num pódio na Fórmula-1. Essa prova também marcou a estréia de Niki Lauda na categoria, competindo pela March.

Hoje Jo Siffert completaria 85 anos


Foto 987: Jo Schlesser, Daytona 500 1964

 


Jo Schlesser com o seu Ford'64 no final de semana das 500 Milhas de Daytona de 1964. Foi a sua única aparição numa prova da NASCAR. 

Esta edição da Daytona 500 contaria com a estréia do novo motor da Chrysler 426ci Hemi, mas os dirigentes da NASCAR acabaram rejeitando o uso deste ainda nos primeiros treinos por conta grande superioridade aos demais. Dessa forma, as equipes da Chrysler tiveram que guardá-los antes do inicio dos treinos seguintes e qualificação. 

Essa prova teve a vitória ficando para Richard Petty com o seu '64 Plymouth mostrando um grande domínio da prova ao liderar 184 voltas das 200 programadas, colocando um recorde que vigora até hoje. Para ele foi a primeira vitória na tradicional prova, igualando seu pai Lee Petty que venceu a edição de 1959. Richard ainda venceria outras seis vezes. 

Para Jo Schlesser, ele fez uma boa prova e terminou em 13º com oito voltas de atraso para Petty. 

Hoje completa 53 anos da morte de Jo Schlesser durante o GP da França de 1968.

Foto 986: Alessandro Nannini, GP do Brasil 1988

 


Alessandro Nannini com o Benetton B188 Ford durante o final de semana do GP do Brasil de 1988, que abria a temporada da Fórmula-1. Para o piloto italiano, era a sua estréia na Benetton após duas temporadas a serviço da Minardi. 

Mas o final de semana de Nannini não foi dos mais tranquilos: ele teve problemas eletrônicos em seu carro e ficou apenas em 12º, enquanto que seu parceiro de equipe, Thierry Boutsen, ficava em sétimo. 

Na corrida, Alessandro ocupava a sétima posição após uma ótima largada que significava uma boa chance de marcar seus primeiros pontos na Fórmula-1, mas o motor Ford acabou deixando o italiano na mão na volta sete. Ele teria que esperar até a corrida seguinte, em San Marino, para marcar seu primeiro ponto ao terminar em sexto. 

Nannini teve uma boa carreira na equipe italiana ao marcar um total de 65 pontos nas três temporadas em que esteve na Benetton. Ele ainda venceria o controverso GP do Japão de 1989, nesta que foi o seu único triunfo na categoria. 

Infelizmente a carreira de Nannini para a Fórmula-1 foi interrompida num acidente de helicóptero já perto do fim da temporada de 1990, sendo substituído por Roberto Pupo Moreno. Porém, ele ainda teve uma boa carreira no DTM/ ITC competindo pelo esquadrão da Alfa Romeo com o mítico Alfa 155. 

Alessandro Nannini completa 62 anos hoje.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Foto 985: Luigi Musso/ Olivier Gendebien, Targa Florio 1958

 

(Foto: Bernard Cahier)

A belíssima foto de Bernard Cahier do Ferrari 250 TR conduzido por Luigi Musso durante o Targa Florio de 1958. Ele dividiu a condução do Ferrari com o belga Olivier Gendebien. 

A Targa Florio retornava ao calendário do Mundial de Carros Sport após três anos de recesso, uma vez que as provas de estrada na Itália continental estavam proibidas - um reflexo do desastre em Le Mans 1955. 

Para esta edição - a 42ª da história - a Ferrari escalou quatro 250 TR para as duplas Mike Hawthorn/ Wolfgang von Trips, Luigi Musso Olivier/ Gendebien, Phil Hill/ Peter Collins e Gino Munaron/ Wolfgang Seidel. Os principais rivais para aquele ano remontavam a Aston Martin, que levou apenas um DBR1 para Stirling Moss/ Tony Brooks, e a Porsche que inscreveu três modelos diferentes: o 356A Carrera para Alfonso Tiele (que não participou), um 550 RS para Giorgio Scarlatti/ Edgar Barth e um 718 RSK que foi dividido entre Jean Behra e Giorgio Scarlatti que faria, assim, uma dupla jornada nos carros alemães.

A prova foi um passeio do Ferrari #106 de Musso/ Gendebien, onde a dupla parecia estar alheio a tudo enquanto que seus companheiros sofriam dos mais diversos problemas: von Trips bateu seu Ferrari e precisou fazer um longo caminho até chegar aos boxes para os reparos; Hill escapou em um dos trechos chegando a cair numa vala, onde perdeu bastante tempo; Munaron/ Seidel abandonaram na penúltima volta. 

Se os outros Ferrari apresentaram ou enfrentaram problemas, Musso fez quatro primeiras voltas num ritmo alucinante até entregar o carro para Gendebien. A grande ameaça a dupla era por conta do Aston Martin conduzido por Moss, que estava no encalço ao realizar, assim como fizera Musso, voltas alucinantes - com direito a cravar a melhor volta na ocasião com a marca de 42 minutos e 17s -, mas o câmbio do DBR1 não aguentou e quebrou na quarta volta. 

A condução de Gendebien foi precisa, por mais que não fosse brilhante como fizera Musso, mas foi o suficiente para deixar o mais longe possível o Porsche de Jean Behra que fazia uma grande prova até ali ocupando o segundo lugar. A boa vantagem construída por Luigi e muito bem administrada por Olivier, dava uma grande tranquilidade para a dupla. 

Mas numa corrida longa como essa, é quase impossível realizá-la sem ter um problema: quando faltava três voltas para o fim, Musso teve um vazamento de fluído de freios o que o fez diminuir bastante o ritmo por conta da falta de freios - chegando perder até quatro minutos em uma volta para Behra. Ele foi aos boxes, fez os reparos e entregou o carro para Gendebien que ainda retornou com três minutos de avanço. Nas voltas restantes, o piloto belga voltou ao ritmo e ampliou de três para cinco minutos a vantagem sobre Behra/ Scarlatti para conquistar uma grande vitória. A terceira posição ficou para a Ferrari de Von Trips/ Hawthorn. 

Hoje completa exatos 63 anos da morte de Luigi Musso, que aconteceu durante o GP da França de 1958 realizado em Reims.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Vídeo: Os 40 anos da primeira vitória de Alain Prost, Dijon 1981

 


O Grande Prêmio da França foi a oitava etapa do mundial de 1981 e foi palco da primeira vitória de Alain Prost na Fórmula-1. Ele largou da terceira posição, mas acabou herdando a liderança após a interrupção da prova por conta das fortes chuvas.

A segunda posição ficou para John Watson (Mclaren) e a terceira para Nelson Piquet (Brabham), que havia feito uma primeira parte de corrida excepcional.

Foi a primeira vitória de uma das carreiras mais bem sucedidas da história da Fórmula-1


domingo, 4 de julho de 2021

GP da Áustria - Território de Max

 




Foi apenas uma extensão do que foi visto na semana passada, quando o circuito austríaco sediou o GP da Estíria. Talvez tenha sido ainda mais contundente do que fora uma semana atrás, com Max Verstappen dominando todas as voltas de ponta a ponta e cravando a melhor volta - isso sem contar a pole position.

Max dominou amplamente e não havia nenhuma chance para os demais nesta tarde no Red Bull Ring, com o holandês abrindo boa vantagem já nas primeiras voltas. E ficando alheio a qualquer ameaça, ele teve apenas o trabalho de fazer uma condução agressiva aproveitando tudo que o carro da Red Bull lhe oferecia. Executou da melhor forma possível para marcar seu primeiro Grand Chelem (pole, melhor volta, todas voltas lideradas e vitória). Uma corrida solitária, mas que de todas as formas mostrou o real estado deste campeonato.

A Mercedes esperava algo para hoje, mas não contavam com um Lando Norris inspirado que segurou Lewis Hamilton por um bom par de voltas e quando o heptacampeão conseguiu assumir o segundo posto, a seu atraso para Max já beirava os dez segundos. Daí em diante a diferença apenas aumentava e as coisas para Lewis, especificamente, só piorou após ele ter uma queda de rendimento que deu a Bottas - com aval da Mercedes - para atacar Lewis que não deu resistência. Valtteri garantiu o segundo posto, enquanto que Hamilton, mesmo parando pela segunda vez, não achou ritmo para conseguir avançar.

Não tem como negar que Lando Norris foi o nome do final de semana desde que passou perto de fazer a pole, perdendo por 48 milésimos para Verstappen. A sua prova frente Hamilton foi excelente, respondendo a qualquer investida que Lewis pudesse fazer até que o Mercedes o ultrapassasse. Mas a sua disputa contra Sergio Perez é que, por muito pouco, não arruinou a sua corrida ao tomar uma punição de cinco segundos após disputar com o mexicano na curva três. A escapada de Sergio na brita foi julgada pelos comissários que entenderam que Lando não deu o devido espaço. Mas isso foi apenas um detalhe, já que ele pagou a punição e continuou em quarto, sempre próximo das Mercedes e acabou contando com o problema de Lewis para subir ao terceiro lugar e garantir mais um pódio. 

Para os demais foi um misto de emoções: Perez tomou duas punições de dez segundos após lances com Charles Leclerc, onde ele também foi julgado por não dar o devido espaço para o piloto d Ferrari que acabou indo para a brita em duas situações. Marko não perdoará...

Carlos Sainz esteve em grande forma, mais uma vez escalando bem o pelotão e chegando em quinto ao superar um combativo Charles Leclerc que também esteve muito bem, mesmo que tenha batido rodas com Perez em duas situações que podia muito bem ter lhe custado muito caro.

Daniel Ricciardo este bem também, sempre disputando fortemente as posições e tendo um fim de semana, ao menos, decente frente aos outros que tivera anteriormente.

Pierre Gasly teve um final de semana ao menos, já que na última semana nem fez a primeira volta completa após abandonar com o eixo traseiro esquerdo arrebentado. Teve boa disputa com Daniel Ricciardo, onde acabou por perder. Mas salvou bons pontos, enquanto que seu companheiro Yuki Tsunoda cometeu dois erros graves e primários ao queimar a linha de entrada dos boxes duas vezes, deixando de lado uma boa chance de marcar pontos.

Fernando Alonso pode ter ficado furioso com o acontecido na qualificação, quando perdeu a chance de fazer uma boa volta e teve que batalhar pelos pontos. Seu duelo com George Russell foi ótimo e as duas gerações deram uma aula de como disputar e dar espaço para os demais, sem comprometer a corrida do adversário. Alonso levou o último ponto da corrida nas voltas finais, tirando de Russell a oportunidade de marcar pontos com a Williams - já que na última semana ele também tinha a chance, mas problemas na sua parada de box tirou essa chance.

A corrida ainda teve o lance final entre Vettel e Raikkonen que se enroscaram após a curva três, com Kimi acertando Sebastião num acidente que podia ter alguma gravidade.

Estes dois GPs foram dominantes para a Red Bull e, claro, para Max Verstappen, que somou o máximo possível de pontos e que sai agora com uma boa vantagem sobre Lewis.

Para Silverstone, onde terá a realização da Sprint Race para a definição do grid, será um palco importante para ver onde que a Mercedes estará já que eles levarão atualizações para tentar, pelo menos, igualar a Red Bull.

A batalha será interessante no velho aeródromo.

Foto 984: Jan Magnussen, Laguna Seca 1996

 


O jovem Jan Magnussen a bordo do Penske Mercedes da Hogan Penske Racing durante a etapa de Laguna Seca, a última etapa do campeonato da CART de 1996.

Magnussen foi escalado pela Penske para substituir Paul Tracy na prova de Mid-Ohio, já que o canadense havia machucado a sexta vértebra em Michigan. O caminho de Magnussen para ocupar o lugar de Tracy naquela prova foi ajudado pela Mercedes, uma vez que o dinamarquês fazia parte do Mercedes-Benz Junior Team - e por coincidência ele havia estreado na Fórmula-1 em 1995 também em substituição a Mika Hakkinen na McLaren. 

Na época Roger Penske comentou sobre a chegada do jovem Jan a equipe: "Desde os incidentes no Marlboro 500, tivemos tempo de nos reunir como uma equipe e formular um plano para seguir em frente. Temos a sorte de ter alguém do calibre de Jan para preencher para os nossos pilotos (Tracy e Emerson Fittipaldi). Jan tem uma vasta experiência em circuitos e estamos ansiosos por trabalhar com ele até ao final da temporada. ".

Jan estreou em Mid-Ohio largando na 18ª posição e terminando na 14ª posição, com duas voltas de atraso para o vitorioso Alex Zanardi, que na época já iniciava a sua caminhada para dominar a categoria pelos próximos anos. 

Em seguida, Magnussen seguiu para a equipe Hogan onde ficou no lugar de Emerson Fittipaldi que iniciava a sua recuperação do terrível acidente de Michigan - que mais tarde selaria de vez a sua aposentadoria da CART. Jan fez uma boa qualificação em Road America ao fazer o décimo tempo, mas a sua prova não duraria muitas curvas ao ficar atolado na brita logo após a largada; em Vancouver fez o 19º no grid, mas abandonou na volta 48 após um principio de incêndio.

O seu melhor resultado na ocasião remonta ao GP de Laguna Seca, onde terminou em oitavo após largar em 16º. 

Magnussen voltaria à CART em 1999 pela Patrick Racing ao fazer sete provas (Detroit, Mid-Ohio, Chicago, Vancouver, Laguna Seca, Houston e Queensland). Seu melhor resultado nestas provas foi apenas em Vancouver ao terminar na sétima colocação. 

Jan Magnussen completa 48 anos hoje. 

Vídeo: René Arnoux Vs Jacques Laffite, Áustria 1981

 


Grande Prêmio da Áustria foi a 11ª etapa do mundial de Fórmula-1 de 1981.

A prova foi vencida por Jacques Laffite a bordo do Ligier JS17 Matra, com René Arnoux em segundo e Nelson Piquet em terceiro.

Mas antes de chegar a esta vitória, que era a quinta de sua carreira, Laffite travou um bom duelo com seu compatriota Arnoux.

René Arnoux completa 73 anos hoje.


sexta-feira, 2 de julho de 2021

Foto 983: Reg Parnell, Swedish Winter GP 1947

 


Um sorridente Reg Parnell ainda em seu ERA Type A após vencer o Swedish Winter GP, realizado no aeroporto militar de Rommehed localizado em Borlänge. A prova aconteceu em 9 de fevereiro de 1947. 

Essa prova contaria com quinze participantes, mas houve um grande problema: o navio que traria alguns destes carros - onze ao todo - ficou encalhado no gelo, o que desfalcou o grid. Apenas quatro carros estiveram presentes para aquela corrida em Rommehed: Reg Parnell com ERA, Gustav Nobelius com um Bugatti 35, Leslie Brooke com um ERA Type B e George Abecassis com ERA Type A. A pista recebeu uma cobertura de areia sobre o gelo e a temperatura da prova estava de 29 graus negativos.

A prova foi realizada com vinte voltas e chegou apenas três carros: foi vencida por Parnell, seguido por Leslie Brooke - que ainda fez a melhor volta - e George Abecassis. Gustav Nobelius abandonou na terceira volta como motor quebrado. 

Com o Swedish Winter GP sendo um grande fisco, o promotor fez uma outra etapa na Suécia com o nome de Grande Prêmio de Estocolmo realizado em 23 de fevereiro, e desta vez com o grid um pouco mais cheio num total de onze participantes - incluindo alguns que ficaram presos no gelo da corrida anterior. A pista estava localizada em Vallentuna e tinha um total de 4,99 km, com a prova sendo feita num total de 25 voltas. 

Assim como havia sido na prova anterior, esta foi vencida por Parnell que usou de uma boa estratégia para conseguir mais aderência em meio ao gelo do circuito: ele usou rodas traseiras duplas para conseguir gerar o máximo possível de grip. Alguns pilotos protestaram, mas em seguida retiraram as reclamações após consultarem o regulamento da prova e não constatarem nenhum empecilho para o tal uso. A segunda posição ficou para George Abecassis (ERA) e Eugène Chaboud (Delahaye). A corrida foi realizada com 15 graus negativos. 

Reg Parnell participou de seis GPs na Fórmula-1 tendo como melhor resultado o terceiro lugar no GP da Grã-Bretanha de 1950, o primeiro GP da história da Fórmula-1. Ele marcaria nove pontos ao todo durante a sua estadia na categoria, onde participou de algumas provas. 

Ele esteve no comando da primeira aparição da Aston Martin na Fórmula-1 e depois comandou a sua própria equipe, a Reg Parnell Racing, que ficaria mais conhecida como Yeoman Credit Racing Team. 

Reg Parnell completaria 120 anos hoje. 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Foto 982: Kazuyoshi Hoshino, Fuji 1976

 


Os últimos preparativos da Heros Racing no Tyrrell 007 onde Kazuyoshi Hoshino (de azul), o popular piloto japonês e atual campeão da F2000, se preparava para assumir o volante. Foi a estréia dele e da equipe naquele primeiro Grande Prêmio do Japão de 1976, que encerrava aquela temporada e que ainda teria como atrativo a decisão do título entre Niki Lauda e James Hunt. 

Apesar de todas as atenções estarem voltadas para os dois postulantes ao título, a torcida japonesa no Fuji Speedway tinha para quem torcer, afinal três pilotos locais alinhavam para aquele primeiro GP: além de Hoshino, Noritaka Takahara (Surtees) e Masahiro Hasemi (Kojima) também fizeram seu debut. Havia um quarto japonês na lista, mas este não pode largar: Masami Kwashima deveria ter corrido pela Wolf Racing, mas a perda de seu patrocinador ainda na sexta-feira o deixou de fora e foi substituído por Hans Binder. 

Hoshino marcou o 21º tempo, mas foi na corrida onde ele pôde mostrar as suas qualidades que lhe valeram o apelido de "Nippon ichi hayai otoko" - algo como "O homem mais rápido do Japão". Com a pista encharcada após as terríveis chuvas que fizeram até mesmo atrasar o GP - e por em dúvida a realização deste - ele usou do seu conhecimento naquela pista para realizar uma grande largada: ele partiu da 21ª posição e quando completou a primeira volta, o Tyrrell branco e vermelho de #52 estava em oitavo e já pressionando pilotos do calibre de um Clay Regazzoni e Patrick Depailler.  

Apenas por esta largada impressionante já valeria o destaque, mas Kazuyoshi continuou a impressionar quando na segunda volta superou Depailler e Regazzoni para subir ao sexto lugar e continuar marchando rumo a conquistas maiores. Ele ainda subiria para quinto na famosa terceira volta, onde Niki Lauda desistiu da corrida por conta das terríveis condições da pista e climática. 

O valente japonês sobe mais uma posição na sexta volta quando Vittorio Brambilla, então segundo colocado, foi aos boxes para trocar os pneus dianteiros. Hoshino estava agora em quarto e marchava fortemente para buscar o terceiro colocado Jody Scheckter: ele pressiona o sul-africano por duas voltas e na décima passagem ele realiza a ultrapassagem sobre o Tyrrell de Jody para assumir o terceiro posto. Um resultado até ali inimaginável, mas que já vale e muito a inscrição do piloto japonês. 

Na 14ª volta Hoshino é superado por Brambilla, que faz uma bela recuperação com os novos pneus dianteiros que lhe dá uma melhor aderência na pista ainda molhada. Os pneus Bridgestone do Tyrrell de Kazuyoshi Hoshino começam a perder rendimento e ele vira presa fácil para Jochen Mass e Depailler que o supera nas voltas seguintes. Na volta 20, Hoshino vai para os boxes trocar o pneu dianteiro direito e voltar num distante 16º lugar. 

Após esta troca de pneu ele ainda conseguiu avançar para o 15º lugar, mas a sua prova não iria muito longe: na 27ª volta ele acabou abandonando após a sua equipe não ter mais pneus sobressalentes para trocar, numa altura que ele sofria bastante com o desgaste. Apesar de deste desaire, a sua participação no primeiro GP japonês tinha sido marcante. 

Ele voltaria em 1977 pela Kojima, mas esta prova foi bem diferente: apesar de sua qualificação ter sido bem melhor que a de 1976 - ele fizera o 11º tempo - a maior dificuldade do Kojima 009 impossibilitou o piloto local a ter um desempenho igual ou melhor que o de um anos antes. Ele passou toda prova em posições do fundo, mas ainda terminaria em 11º conforme os da frente iam abandonando. Foi a sua última aparição na categoria. 

Kazuyoshi Hoshino teve uma até de certa forma eclética: foi campeão japonês de motocross em 1968 nas classes 90cc e 125cc com Kawasaki; foi bicampeão da F2000 em 1975 e 1977, em 1978 venceu a Fórmula 2 (ambas categorias precursoras da Fórmula Nippon, atual Super Fórmula) e ele voltaria a ganhar na Fórmula Nippon em 1987, 1990 e 1993. 

Ele venceu por cinco vezes o campeonato Fuji Grand Champion Series que era realizado exclusivamente no Fuji Speedway, levando a taça em 1978, 1982, 1984, 1985 e 1987. Ainda nos carros esporte, ele venceu os 1000km de Fuji de 1985, prova que era válida para o Mundial de Marcas, formando trio com Akira Hagiwara e Keiji Matsumoto pilotando um March 85G Nissan que foi inscrito pela sua equipe Hoshino Racing, nesta que foi a sua única vitória a nível mundial. Em 1990 ele venceu o Japanese Touring Car Championship com um Nissan Skyline GT-R. 

Junto de Toshio Suzuki, ele venceu outra prova clássica do endurance japonês ao levar os 1000km de Suzuka pilotando um Nissan R90CP, válido pelo Japanese Sport Prototype Championship (JSPC) - ainda com Toshio Suzuki, ele levaria os títulos de 1991 e 1992 do JSPC. Em 1998, sempre a serviço da Nissan e formando trio com Aguri Suzukie Masahiro Kageyama, ficou em terceiro nas 24 Horas de Le Mans de 1998 pilotando o modelo R390 GT1. 

Hoshino encerrou sua carreira em 2002, mas ainda continua envolvido com as provas, especialmente na Super GT e Super Fórmula, onde sua equipe já obteve sete títulos. 

Kazuyoshi Hoshino completa 74 anos hoje.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Foto 981: Giuseppe Farina, Nurburgring 1953

 

(Foto: Motorsport Images)


Na foto, Giuseppe Farina durante o GP da Alemanha de 1953 que ele acabaria por vencer. Foi a sétima etapa daquele mundial. Foi uma tarde de aulas por parte dele e de Alberto Ascari, onde os dois italianos eclispsaram seus oponentes com atuações de gala.

Dos 35 inscritos para aquele GP alemão treze eram de equipes locais: Veritas teve sete carros inscritos e todos de forma particular: Wolfgang Seidel, Willi Heeks, Theo Helfrich, Oswald Karch, Ernst Loof, Hans Hermann e Erwin Bauer eram os pilotos que representavam os Veritas; AFM teve três modelos 6 com motor BMW inscritos pelo antigo piloto da Auto Union Hans Stuck, Theo Fitzau e Günther Bechem; Edgard Barth inscreveu um EMW, Rudolf Krause um Greifzu e Ernest Klodwig um Hek. Todos estes três carros usavam motores BMW. 

A Ferrari levou sua equipe oficial com Alberto Ascari, Giuseppe Farina, Luigi Villoresi e Mike Hawthorn. Outras três Ferrari foram inscritas particularmente: uma Ferrari 500 pela Ecurie Francorchamps, pilotada por Jacques Swaters, e outra 500 inscrita por Louis Rosier a partir de sua equipe Ecurie Rosier e a terceira Ferrari era uma 166C que vinha da equipe suíça Ecurie Espadon e que foi conduzido por Kurt Adolf. 

A Maserati estava desfalcada nesta prova: Jose Froilan Gonzalez se machucara durante uma prova em Portugal e desfalcaria a equipe italiana nesta corrida. Dessa forma a Maserati alinhou apenas três carros oficiais para Juan Manuel Fangio, Onofre Marimon e Felice Bonetto. O quarto Maserati vinha de Emmanuel de Graffenried, sempre de forma particular. 

A Gordini não estrearia nessa prova o seu motor V8  e sendo assim, não traria novidades: alinhou três T16 para Jean Behra, Maurice Trintignant e Harry Schell. Connaught teve quatro carros nessa prova, sendo três oficiais para Principe Bira, Roy Salvadori e Kenneth McAlpine. O quarto Connaught vinha da equipe belga Ecurie Belge com Johnny Claes ao volante. 

A Cooper retornou com sua equipe oficial, mas alinhando apenas um Special com motor Alta para Stirling Moss após este ter ficado de fora do GP da Grã Bretanha. Outros três Cooper T23 com motor Bristol foram inscritos por equipes particulares: dois por conta da Equipe Anglaise e pilotados por Alan Brown e Helm Glockler e o outro de for particular por Rodney Nuckey.


Ascari é o pole. E com sobras

Assim como acontecera em Silverstone, as primeiras atividades foram com chuva e isso inibiu a entrada de boa parte dos pilotos para tentarem acertar os carros. Foi tão atípico que Mike Hawthorn, ao invés de levar seu Ferrari 500 para pista, acabou levando um carro Sport da Ferrari para fazer testes. Outros tempos...

No sábado quando o tempo teve uma pequena melhora, foi o momento certeiro para que Alberto Ascari botasse o seu passo de gigante sobre os demais e cravasse a pole com a marca de 9’59’’8, cerca de 3’9 segundos mais veloz que Fangio que terminara em segundo. Farina ficou com a terceira posição, com 0’’4 décimos de atraso para o piloto argentino. Mike Hawthorn era o quarto,  treze segundos mais lento que o tempo feito por Ascari. A surpresa ficava por conta de Maurice Trintignant que colocara seu Gordini na quinta colocação, conseguindo furar a bolha dos carros italianos. Villoresi, Bonetto, Marimon, Behra e Schell completaram os dez primeiros do grid.


Aula de Ascari. Vitória de Farina


Esse GP alemão foi praticamente uma continuidade do que foi visto em Silverstone semanas atrás, mas com um adendo importante que foi a atuação de Ascari ao volante da Ferrari ainda mais impressionante do que fora na corrida britânica. 

Fangio fez boa largada, mas seria superado logo em seguida por Ascari que imediatamente abriu larga vantagem, chegando a impressionantes dez segundos ao final da primeira volta. Foi o inicio de uma aula vertiginosa de virtuosismo e velocidade nas inúmeras curvas do Nordschleife pelas voltas seguintes, onde o italiano começou a fazer voltas velozes a cada passagem quebrando o recorde da pista e chegando a 37 segundo de vantagem sobre Fangio na quinta volta, num momento em que o argentino reeditava o famoso duelo de Reims com Mike Hawthorn (onde ambos disputaram a vitória palmo a palmo, chegando a percorrer as longas retas do traçado rodoviário de Reims lado a lado). 

Mas a coisas passaram a dar errado para Ascari assim que ele iniciou a sexta volta, quando um cubo de roda quebrou e o fez perder a roda dianteira direita. Alberto conseguiu levar o Ferrari aos boxes enquanto via seus rivais o ultrapassarem e as coisas se tornaram ainda mais difíceis quando os mecânicos ferraristas não estavam prontos para a tal parada, fazendo-o perder ainda mais tempo no box enquanto estes tentavam achar o cubo de roda – que acabou sendo pego emprestado de um dos Ferrari particular. Ascari voltou em nono, para rapidamente subir o pelotão até a quinta posição, onde percebeu que estava muito longe do quarto colocado que era Luigi Villoresi. 

O então campeão do mundo solicitou trocar de carro com Villoresi que, apesar de não concordar com aquilo, acabou acatando a decisão e cedendo o carro #4 para Ascari e assumindo o #1 do campeão. Dessa forma, Alberto subia para quarto, tentando ainda alcançar uma vitória improvável, enquanto que Villoresi caia para 13º e daí começava a segunda parte da grande atuação de Alberto, onde o italiano continuou sua sucessão de voltas velozes para tentar resultar numa recuperação épica que o levaria a uma possível vitória. Infelizmente, ainda quando rodava em quarto e estava se aproximando de Hawthorn, o azar voltou a atacar quando o motor a Ferrari passou a fumaçar até que o forçou abandonar na volta 17. Uma aula de pilotagem que resultou em apenas um ponto pela melhor volta (9’56’’000) para o italiano e também o reconhecimento – mais uma vez – de sua destreza e velocidade pura ao volante de um carro de corrida..

Se Ascari teve seus azares, Giuseppe Farina voltou aos seus grandes dias ao efetuar uma bela prova em Nurburgring. Apesar de ter um inicio tímido, onde se viu atrás de Fangio e Hawthorn – que já estavam anos luz de Ascari –, Farina pareceu ter sido inspirado pela velocidade de Alberto assim que este teve seu problema na roda na volta seis. Giuseppe descontou em uma só volta 10 segundos que o separava de Hawthorn e consequentemente Fangio e foi uma questão de tempo para que ele chegasse a liderança – que aconteceu na volta sete. Dali em diante Farina continuou com seu ritmo forte, chegando se aproximar do recorde de volta de Ascari e aumentando a diferença dele para Fangio, que terminou em mais de um minuto de vantagem na sua melhor corrida naquele ano. Fangio fechou em segundo com problemas de escapamento, mas a folga que ele tinha sobre Hawthorn que vinha em terceiro ajudou a manter a posição. 

Foi a derradeira vitória do primeiro campeão mundial.

Hoje completa exatos 55 anos da morte de Giuseppe Farina, quando ele se encaminhava para assistir o GP da França de 1966.

terça-feira, 29 de junho de 2021

Foto 980: Harry Schell, Reims 1956

 

(Foto: Motorsport Images)

Um desempenho e tanto... Na foto Harry Schell na reta dos boxes de Reims durante o GP da França de 1956, onde ele competiu pela Vanwall. O GP francês foi o quinto da temporada. 

Harry Schell formou a trinca da Vanwall naquele final de semana junto de Mike Hawthorn - que substituiu Maurice Trintignant, que foi para a Bugatti nesta corrida - e com Colin Chapman, que havia trabalhado naquele chassi VW56 e vinha realizado algumas provas especialmente em corridas de carros esporte. 

A corrida foi de domínio amplo dos Lancia D50 Ferrari, com Juan Manuel Fangio cravando a pole e dividindo a primeira fila com seus companheiros Eugenio Castellotti e Peter Collins - os outros Ferrari aparecendo em nono com Alfonso De Portago e em 11º com Olivier Gendebien. Os três Vanwall apareciam em seguida com Schell em quarto, Chapman em quinto - a posição foi marcada por Schell já que Colin não conseguira grande desempenho nos treinos, mas este teve azar de não largar após bater o carro no warm-up - e Hawthorn em sexto.

O início da prova foi extremamente pautada pelos três primeiros da Ferrari se distanciando dos demais e enquanto isso acontecia, a Vanwall perdia o carro de Harry Schell com problemas de motor na volta cinco. Ficava apenas o carro de Mike Hawthorn na pista entre os cinco Ferrari, mas o inglês também abandonaria a corrida por cansaço já que ele havia competido nas 12 Horas de Reims - prova que foi suporte do GP francês. Mike foi para os boxes e entregou o carro para Harry na volta dez. 

Harry voltou na oitava posição e aos poucos passou a escalar o pelotão e com boa velocidade, comparável aos líderes. Na vigésima volta ele já estava em quarto e encurtando a distância para o três melhores Ferrari, que era liderado por Fangio. Porém, neste período onde o franco-estadunidense avançava, a equipe Ferrari acreditava que Schell era apenas um retardatário que estava tentando recuperar a volta para líderes, mas a informação de que ele estava na mesma volta dos líderes chegou um pouco tarde já que Harry estava na cola dos três Ferrari, especialmente dos carros de Castellotti e Collins que ocupavam a segunda e terceira posições respectivamente. 

Com informação de que Harry era um competidor direto e não um retardatário, os dois pilotos passaram a bloquear as investidas do piloto da Vanwall, chegando a percorrer em algumas voltas lado a lado nas grandes retas, o que impossibilitava qualquer que fosse a tentativa de Schell. Na volta trinta Harry conseguiu ultrapassar os dois Ferrari de uma vez e partiu para o ataque sobre Fangio, que passou a responder os ataques com melhores voltas e isso durou por três voltas até que Castellotti e Collins conseguiram recuperar as posições sobre Schell. 

E piloto da Vanwall voltava a ser bloqueado pelos dois Ferrari, mas o seu carro já não tinha a mesma velocidade de antes até que na volta 56 o carro apresentou problemas na bomba de combustível. Ele chegou ir aos boxes, mas a equipe acabou mandando-o de volta a prova. Ele - e Hawthorn - terminaria na 10ª posição em uma prova que ele havia tido o seu grande desepenho - até melhor que o que fizera em Pedralbes, no GP da Espanha de 1954, quando ele chegou liderar algumas voltas após uma bela largada. 

A corrida foi vencida por Peter Collins, com Castellotti em segundo - a Ferrari interveio na batalha dos dois jovens por medo de que abandonassem, já que Fangio estava fora da briga pela vitória após ter perdido quase uma volta para arrumar um cano de combustível que havia quebrado que o fez terminar em quarto. Jean Behra ficou com o terceiro lugar. 

Harry Schell completaria 100 anos hoje. 

domingo, 27 de junho de 2021

GP da Estíria - Fácil... até demais

 

Mais uma vitória para Max Verstappen. E com autoridade
(Foto: Red Bull/ Twitter)

Foi um passeio. Não tem nenhuma definição que possa exemplificar o que foi visto no Red Bull Ring, com a equipe dona do circuito realizando uma prova que beirou a perfeição com um piloto tão bem casado com o carro.

Max Verstappen esteve um degrau acima desde os treinos, sempre com dois a cinco décimos mais veloz que Hamilton e isso foi muito bem visto durante a corrida com o holandês elevando a diferença para o inglês aos poucos até estagnar na casa dos 4 segundos, que variava até os 4,5 segundos. E isso se manteve até mesmo após os pit-stops, onde Lewis chegou até mesmo baixar para os 3,8 segundos, mas a diferença voltou a subir quando faltava em torno de 20 voltas a partir do momento em que os pneus duros de Hamilton passaram a sofrer desgaste - e claro, com o inglês passando a administrar a borracha para que não perdesse terreno no final, já que sua diferença para Bottas era bem mais confortável. Lewis parou na penúltima volta e colocou os macios para pegar o ponto da melhor volta, que acabou por conseguir.

Para a Mercedes, ao menos, a terceira posição de Bottas foi um consolo, pois na pista seria difícil superar Sergio Perez - e eles ainda foram ajudados com o parada mal sucedida do mexicano, que teve uma pequena demora na troca do pneu traseiro esquerdo que consumiu 4.5 segundos na primeira parada. Por mais que Perez tenha feito uma segunda troca para os médios, ele não teve tempo suficiente para pegar o terceiro de Valtteri.

Essa corrida também marcou um bom ritmo de Lando Norris que fez as primeiras voltas em terceiro, mas que acabou cedendo as pressões de Perez e Bottas quando os macios caíram de rendimento, mas o inglês manteve-se bem em quinto para somar mais uns bons pontos para a McLaren e ele também na tabela de pilotos. Os rapazes da Ferrari estiveram em grande forma também, com Sainz cravando um sólido sexto lugar, após largar em 12o, e Charles Leclerc se recuperando bem na prova após ter a asa quebrada num toque com Gasly ainda na largada - que custou o abandono do francês após o furo do pneu traseiro esquerdo e em seguida a quebra total do eixo. Charles escalou o pelotão para chegar a um belo sétimo lugar.

Lance Stroll se manteve entre os dez primeiros a prova inteira, mas o seu final de semana, num todo, foi altamente proveitoso e conseguiu coletar bons pontos para a Aston Martin. Fernando Alonso foi outro que teve um fim de semana muito bom, mostrando que está voltando a velha forma após algumas dificuldades no início. A décima posição ficou para Yuki Tsunoda, que salvou o dia da AlphaTauri que poderia ser bem melhor caso Gasly não tivesse o grande azar na primeira volta.

Com a prova da Áustria sendo lá mesmo no Red Bull Ring, o cenário tende a ser parecido com o deste final de semana, o que é uma péssima notícia para a Mercedes. Porém, a mudança de tempo - que era esperado para este fim de semana - pode chegar para o próximo e com o uso de pneus de gama mais macia, pode dar um outro olhar.

Mas tratando-se da casa da Red Bull e com um Max Verstappen inspiradissimo, a tendência é que vençam também.  

Foto 979: Carlo Facetti, Daytona 1981

 

Carlo Facetti com o Ferrari 308 GTB "Carma FF" em Daytona 1981

Rápido, brilhante e frágil. Talvez assim podemos chamar esta jóia idealizada e feita por Carlo Facetti, usando como base uma Ferrari 308 GTB que ficou conhecida como "Carma FF". 

A idéia surgiu em 1979 quando Carlo Facetti, após três ótimos anos competindo no Campeonato Europeu de Turismo - onde foi segundo em 1977, quarto em 1978 e campeão em 1979 e sempre competindo com o BMW 3.0 CSL - voltou a sua mira para o Campeonato Mundial de Marcas com a sua recém criada equipe Achile Motors, em parceria com seu amigo - e piloto - de longa data Martino Finotto. 

A principio eles tiveram um Lancia Beta Montecarlo Turbo onde disputaram o Mundial de Marcas de 1980, mas eles mudaram os planos para 1981 para tentar desafiar o poder de fogo dos Porsche 935 que já dominavam amplamente o Grupo 5 - que era dedicado a carros de preparação ilimitada, mas que mantivessem o carroceria o mais próximo possível dos carros de rua. Não a toa que muitos muitos se dirigissem à esse regulamente como "Silhouete". O carro escolhido para tentar essa jornada foi uma Ferrari 308 GTB 3.0, um carro que não estava nem próximo dos Porsches - uma vez que a Ferrari não estava envolvida nas provas de resistência desde meados dos anos 70, portanto qualquer que fosse a evolução de um carro da marca, isso ficaria por conta de quem adquirisse. 

A transformação do Ferrari 308 GTB começou a partir de sua carroceria, originalmente de fibra de vidro e que foi substituída por uma de aço. Em seguida o motor V8 de três litros recebeu cabeçotes de quatro válvulas - num trabalho que o mesmo Facetti fizera no V6 do Ferrari Dino que equipou o lendário Lancia Stratos - e dois turbocompressores, que foram colocados logo atrás do motor, e o V8 ainda teve instalado uma injeção de combustível da Kugelfisher. O intercooler foi posicionado ao lado do piloto, com o duto sendo montado quase que formato de um banco. O motor chegou a debitar 750cv para as corridas e 840cv para classificação, mas podia chegar até impressionantes 950cv.

Como mandava o regulamento, Carlo Facetti fez uma nova carroceria que preservava ao máximo a aparência com o 308 GTB de rua, porém com um melhoramento na aerodinâmica e mais largo. A dianteira levava uma grande tomada de ar para resfriar o motor e também o intercooler, além de ter uma aparência mais arredondada - nos paralamas traseiros foram instalados difusores que ajudavam, além do resfriamento do motor, na parte aerodinâmica. O sistema de freio era bem parecido com os dos Porsche 935.

O carro ficou pronto ainda para 1980, levando o nome de Carma FF - que foi originado das iniciais do nome de CARlo e MArtino e o FF dos sobrenomes de Facetti e Finotto - e foi testado e também inscrito para provas em Mugello e Vallelunga, mas não competindo. A estréia do Carma FF se deu nas 24 Horas de Daytona de 1981: na ocasião a equipe Jolly Club Italia levou um Lancia Beta Montecarlo para Martino Finotto/ Carlo Facetti/ Emanuelle Pirro e junto o Carma FF que inicialmente foi pilotado por Facetti e Finotto. Na qualificação o Carma FF #10 obteve a sexta colocação no grid, sendo o único não Porsche 935 dos dez primeiros, mostrando a tremenda velocidade que o carro possuía - em contraste, o Lancia #24 aparecia apenas em 21º. 

Facetti largou da sexta posição e cravou ainda no início da prova, mais precisamente na segunda volta, a melhor volta da prova (1'48''140), mas o carro não aguentou o ritmo infernal daquelas voltas iniciais: ele abandonou na volta cinco com problemas no coletor e também com falhas elétricas. Facetti ainda salvou um quinto lugar na geral (terceiro na classe GTX) ao lado de Finotto e Pirro com Lancia, ficando 99 voltas dos vencedores Bob Garretson/ Bob Rahal/ Brian Redman que estavam ao volante de um Porsche 935 K3/ 80.

O Carma FF em Kyalami 1981

O Carma FF competiu nas 6 Horas de Mugello, mas abandonou com problemas de ignição na volta 20 quando estavam na sexta posição. Para os 1000km de Monza as coisas pareciam melhores, quando Facetti levou o carro a pole, mas os problemas não deram trégua: ainda na formação de grid, o carro apresentou uma falha na bomba de combustível e nem largaram. Nas 6 Horas de Silverstone eles
fizeram o sexto tempo na qualificação, mas o câmbio quebrou na volta 95. Nos 1000km de Nurburgring eles saíram na 28ª posição, mas eles também não largaram após um acidente de Facetti. Nas 6 Horas de Enna Pergusa eles largaram da pole, mas um incêndio acabou forçando o abandono após três voltas. O Carma FF apareceu mais uma vez naquele ano de 1981 nas 9 Horas de Kyalami e o resultado foi o mesmo: fez uma bela qualificação (2º) e abandonou durante a corrida. 

Os inúmeros problemas do Carma FF fez com que o carro foi aposentado ainda jovem. Também é preciso ser dito que a falta de recursos para Carlo Facetti e Martino Finotto, ajudaram a acelerar essa aposentadoria precoce de um carro que tinha potencial, mas por conta de sua fragilidade mecânica não pôde avançar nas provas em que se apresentava bem. As suas poles em Monza, Enna Pergusa e o excelente início em Daytona, mostravam o poder de fogo do carro. 

Facetti e Finotto deixaram o Carma FF de lado a partir de 1982, optando por um Osella-BMW PA9. 

Além de seu grande talento de preparador e construtor, Carlo Facetti foi um dos melhores pilotos italianos em provas de carros sport e de turismo, com vitórias no Giro d'Italia de 1976 com um Lancia Stratos Turbo; o título de 1971 no Campeonato Italiano de Sportscar com um Chevron-Ford B19; nas Mil Milhas Brasileiras de 1970 terminou em terceiro com um Alfa Romeo T33/ 2 Spyder; e o já citado título no Europeu de Carros de Turismo de 1978. 

Hoje Carlo Facetti completa 86 anos.  

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Foto 978: Richard Seaman, GP da Suíça 1938

 

(Foto: Motorsport Images)

O outro inglês da Mercedes... Richard Seaman a toda velocidade durante os treinos para o GP da Suíça de 1938, a bordo do Mercedes W154.

O GP da Suíça marcou o amadurecimento de Seaman como piloto, dando a ele uma respeitável colocação não apenas dentro da equipe Mercedes, mas também como um dos melhores pilotos da Europa naquela ocasião. A sua vitória no GP da Alemanha, realizado em Nurburgring, havia sido uma amostra das qualidades do jovem inglês, mas em Bremgarten mostrou-se ainda mais impressionante mesmo que o resultado não tenha saído a seu gosto. 

A começar pela qualificação, Richard - que utilizou o mesmo carro que usou em sua vitória em Nurburgring - foi impressionantes três segundos mais veloz que seus dois companheiros de Mercedes - Hermann Lang e Rudolf Caracciola - que dividiram a primeira fila com ele. Na corrida, que foi realizada sob uma chuva torrencial, Richard conseguiu sustentar a primeira posição e abrir larga vantagem sobre o Auto Union de Hans Stuck que vinha em segundo, mas sendo acossado por Caracciola - que logo passaria por Hans na quarta volta. 

Apesar de seu desempenho ser notável, competir contra a classe de Caracciola, um conhecido especialista em pista molhada, não seria nada fácil. Mas Seaman teve uma única falha nesta prova: ele ficou preso atrás de dois retardatários e não conseguia superá-los, e foi neste momento que entrou a genialidade de Caracciola para esperar o momento certo e superar os três em uma única manobra. Até o fim da corrida, as posições entre os dois companheiros de equipe ficou inalterada com Caracciola vencendo, Richard em segundo e Manfred von Brauschitsch em terceiro, dando a Mercedes mais uma trinca em 1938. Hermann Lang não completou a prova, que foi cheia de percalços para ele: rodou logo após a largada, atrapalhando o Auto Union de Tazio Nuvolari - que teve uma prova cheia de problemas com seu Type D - e ainda teve o óculos quebrado por uma pedra, vindo a ferir um de seus olhos. 

Hoje completa 82 anos da morte de Richard Seaman, ocorrido no GP da Bélgica de 1939.

Foto 977: Johnny Herbert, GP do Canadá 1989

 


Uma tentativa duplamente dolorosa... Johnny Herbert com o Benetton B188 durante os treinos para o GP do Canadá de 1989, então sexta etapa do campeonato. 

Para a Benetton, num todo, foi um final de semana para esquecer em Montreal: Alessandro Nannini e Johnny Herbert não acharam o melhor acerto para o carro desde os treinos livres, o que refletiu - e muito - na qualificação: Nannini arrancou um 13º lugar, enquanto que Herbert não teve melhor sorte. Além dos problemas de manejo do carro, ele sentia fortes dores no tornozelo afetado no seu acidente no final de 1988 em Brands Hatch, ainda quando competia na Fórmula 3000. Juntando tudo isso, Johnny não conseguiu qualificar-se para o GP canadense ao ficar na 29ª posição. 

O calvário da Benetton completou-se no domingo quando Nannini foi aos boxes para trocar os pneus para pista molhada pelos slick. O problema é que isso foi feito quando os carros já estavam em regime de volta de formação de grid, o que é proibido. Além de Nannini, Nigel Mansell e Luis Perez-Sala também efetuaram a troca para os slicks, mas apenas Alessandro e Nigel é que saíram para pista. O correto era ter largado dos boxes - sendo que a saída devia estar fechada e/ou com algum fiscal para sinalizar para aqueles que pretendessem sair - mas apenas luzes amarelas que estavam piscando. Sala fez o correto: esperou todos os carros passarem para depois ele sair do box. Para Nannini e Mansell restaram apenas levar bandeira preta e serem desqualificados do GP. 

Este GP veio marcar a primeira vitória de Thierry Boutsen na Fórmula-1, assim como o retorno da Williams ao círculo dos vencedores, fato que não acontecia desde o GP do México de 1987 quando Mansell venceu. Patrese ficou em segundo, também dando a Williams a dobradinha que não vinha desde o México 1987, e Andrea De Cesaris em terceiro - que não conquistava desde o terceiro lugar obtido na Bélgica em 1987.

Depois dessa não qualificação de Johnny, ele acabou sendo dispensado pela Benetton para que pudesse se recuperar de forma mais adequada pelos próximos três meses. Ele acabou sendo substituído por Emmanuele Pirro. Herbert ainda retornou em duas provas naquela temporada, mas pela Tyrrell: abandonou na Bélgica e não qualificou em Portugal. O inglês marcou cinco pontos naquele ano, com o quarto lugar no Brasil e o quinto nos EUA. 

Johnny Herbert completa 57 anos hoje.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Foto 976: Michèle Mouton e Fabrizia Pons, Rallye Sanremo 1981

 


O momento de quebrar a escrita dos rallies... Michèle Mouton e Fabrizia Pons deixando o típico rastro de poeira em um dos estágios do Rallye de Sanremo de 1981 com o Audi Quattro. Era a décima etapa do Mundial de Rally daquele ano. 

Michèle e Fabrizia disputaram a liderança e a vitória desta etapa desde o segundo estágio quando subiram da 13ª posição - onde terminaram no primeiro estágio - para a quarta posição, ficando apenas vinte segundos da primeira colocação, que era ocupada pelos italianos Michele Cinotto e Emilio Radaelli que também estavam a bordo de um Audi Quattro. E essa colocação de Michèle/ Fabrizia melhoraria no terceiro estágio, quando subiram para segundo e relegaram o Porsche 911 SC de Walter Röhrl e Christian Geitsdörfer - que lideraram o primeiro estágio - para terceiro. Porém, o melhor conhecimento do percurso por conta de Cinotto/ Radaelli davam a eles uma vantagem e isso contribuiu para que elevassem a diferença para a dupla feminina de 20 segundos para 32. 

Porém, no terceiro estágio, é onde se deu a grande disputa entre as duas duplas da Audi: foi uma troca de melhores performances aguerridas, onde Cinotto ganhava e perdia em algumas especiais, enquanto que o mesmo acontecia com Mouton. Mas o italiano é quem teve seus azares ao perder onze segundos após quase acertar um carro civil que lhe atravessara a frente e depois ele teve que lutar contra uma febre que o acometia. Por conta disso, numa tentativa de responder o grande avanço de Michèle/ Fabrizia - que a esta altura já liderava com onze segundos -, ele perdeu o controle de seu Audi e acabou abandonando. A dupla franco-italiana continuou a sua grande jornada naquele estágio para encerrar com mais de três minutos de vantagem sobre Röhrl/ Geitsdörfer e também para o Ford Escort de Ari Vatanen/ David Richards que estavam com 1 segundo de atraso para o segundo colocado. 

O quarto estágio começou bem para a dupla do Audi Quattro #14 ao conseguirem manter a diferença para o Porsche de Röhrl/ Geitsdörfer, e as coisas melhoraram quando o Porsche quebrou a suspensão traseira após um salto e teve que abandonar. Agora a batalha seria contra o Ford de Vatanen/ Richards, mas apesar do melhor manejo do Audi contra o Ford, os problemas apareceram para Michèle/ Fabrizia: uma pinça de freio quebrou e elas tiveram que fazer reparos e ainda levaram uma penalização de dois minutos. O melhor desempenho de Vatanen/ Richards em um dos trechos fez a diferença descer ainda mais - 38 segundos -, mas a troca do eixo no Audi #14 deu a Mouton/ Pons a chance de retornar a tempo e equilibrar o jogo no final do dia. Elas perderam mais quatro segundos e fecharam aquele estágio com 34 segundos de avanço sobre o Ford Escort de Vatanen/ Richards. 

A disputa seria acirrada naquele quinto e último estágio: abrindo o caminho no meio da noite os dois oponentes partiram e o Ford Escort #4 era o mais veloz naquele inicio, já conquistando oito segundos sobre o Audi, mas aí veio o infortúnio de Vatanen: na ânsia de tirar a diferença, Ari toca num muro e acaba perdendo o controle do carro que acerta uma pedra e de imediato destrói o eixo dianteiro, forçando ele abandonar a luta pela vitória e completar a prova em sétimo. Para Michèle/ Fabrizia foi apenas um detalhe, onde os azares do estágio anterior quase tiraram delas a chance de vencer. A dupla franco/ italiana apenas administrou a vantagem três minutos sobre o Talbot Sunbeam Lotus de Henri Toivonen/ Fred Gallagher (Grupo 2) para vencerem o Rally de Sanremo. Para Michèle Mouton não apenas foi a primeira vitória, como também tornou-se a primeira mulher a vencer um rally no Campeonato Mundial. 

Algum tempo depois ela relembrou esse grande dia: "Eu me lembro não apenas porque foi uma vitória, mas também porque foi uma grande luta até ao último dia. Fabrizia me lembrou na outra noite que tínhamos um problema com as pastilhas de freios, então perdemos muito tempo. Terminamos a um dia para o final, 34 segundos na frente de Ari Vatanen. Nós dirigimos para a última especial, de noite. Voltamos para o hotel e eu não consegui dormir, quatro horas pela frente e sem dormir. Então chego ao inicio da etapa, tem cerca de 42 km, olho para Fabrizia e disse: 'Tudo bem, esquecemos tudo e fingimos que estamos de novo na primeira especial do rali, porque um de nós vai perder'. E assim, Ari bateu numa pedra e nós vencemos o rali."

A grande Michèle Mouton completa hoje 70 anos.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Foto 975: Louis Chiron, Berna 1936

 

A foto autografada de Louis Chiron durante as atividades em Berna 1936

Não foi um grande momento... na foto, Louis Chiron com a Mercedes W25C durante os treinos para o GP da Suíça de 1936, realizado nas ruas de Berna. 

Nesta ocasião o piloto de Mônaco foi como reserva dos outros quatro pilotos da Mercedes - Rudolf Caracciola, Manfred Von Brauschistch, Luigi Fagioli e Hermann Lang. Destes quatro, Lang era o que estava combalido ao ter a mão direita enfaixada após quebrar o dedo mindinho durante o GP da Alemanha em Nurburgring. O pequeno incidente se deu no momento que Hermann tentou trocar de marcha rapidamente e acabou esbarrando no painel do carro, vindo a quebrar o dedo. Porém, a sua substituição não foi precisa. Louis Chiron participou do primeiro treino com o carro reserva e ficou na terceira posição, logo atrás de Caracciola (1º) e Bernd Rosemeyer (2ª posição). 

A corrida foi mais uma vez desastrosa para a Mercedes: apesar de ter tido Caracciola na pole e liderando as primeiras voltas, fazendo um duelo impressionante contra o Auto Union de Bernd Rosemeyer por sete voltas, ele acabou sendo superado pelo jovem compatriota que acabaria por vencer a corrida. Para a Mercedes restou apenas o prejuízo de mais uma decepção: Fagioli abandonou na volta 6 com uma biela quebrada; Caracciola saiu na volta 29 com eixo traseiro quebrado; Von Brauschitsch teve os freios traseiros travados na volta 50. O único Mercedes que sobreviveu a essa hecatombe foi o de Hermann Lang - que acabou dividindo o volante com Fagioli mais tarde - ao terminar na quarta posição com uma volta de atraso para Rosemeyer. 

Enquanto que para a Mercedes foi um desastre, para a Auto Union foi mais um grande resultado: além da vitória de Bernd, teve os carros de Achille Varzi e Hans Stuck completando o pódio e o carro de Rudolf Hasse e Ernst Von Delius ficando em quinto. 

Louis Chrion foi para a Mercedes por recomendação de Caracciola, que era seu grande amigo desde os tempos de Alfa Romeo. Mas a chegada do experiente monegasco não foi no melhor momento da Mercedes, que sofria bastante para achar o acerto correto do W25. Chiron estreou pela equipe na prova de Mônaco e foi limado logo na segunda volta e em Nurburgring, para o GP da Alemanha, ele acabou capotando o carro, mas saiu ileso. Depois destes treinos em Berna, ele não voltaria mais ao cockpit da Mercedes - assim também como a equipe, que retirou-se do restante da temporada por reconhecer que estava em crise técnica. 

Hoje completa 42 anos da morte de Louis Chiron. 

domingo, 20 de junho de 2021

GP da França - Um duplo nocaute na Mercedes

 

(Foto: Red Bull)


A principal expectativa para esta prova na França era se a Mercedes recuperaria de seus dois grandes desaires nas provas anteriores, em Mônaco e Azerbaijão. Por outro lado, também seria curioso ver como a Red Bull se comportaria como a equipe a ser batida neste atual momento.

Os treinos livres revelaram um bom equilíbrio, dando a entender que o inferno vivido pela Mercedes nas últimas provas tinha sido apenas pontual, enquanto que a Red Bull continuava a sua tocada veloz e precisa com Max Verstappen. Aliás, a pole de Max foi uma jóia com o holandês conseguindo responder a uma possível ressurreição de Lewis Hamilton para este lugar que ele tão bem domina. Ele conseguiu melhorar a sua pole provisória por dois décimos no exato momento em que Lewis estava numa de suas grandes voltas, próximo a tomar a pole de seu oponente. Foi um passo importante para o menino dos olhos da Red Bull. Porém, a batalha era algo a considerar, já que Bottas havia também melhorado com o terceiro lugar e Perez em quarto. Uma briga direta entre Red Bull e Mercedes.

A largada de Max Verstappen foi boa, mas com ele se perdendo na primeira curva deu a Hamilton a chance de assumir a ponta da corrida. Sem dúvida alguma foi um grande presente para o inglês, que soube bem administrar a vantagem para Max ao evoluir aos poucos a diferença que chegou ser acima dos três segundos. Ou seja: uma Mercedes com bom ritmo de prova e na ponta, estava bem encaminhada para tentar retomar a sua rotina de vitórias naquela clássica pista.

Mas a coisas mudaram: com o desgaste de pneus aparecendo, o que restou foi a Mercedes parar Bottas primeiro na tentativa de pegar Verstappen na segunda posição, mas este foi esperto e parou na volta seguinte anulando, assim, qualquer chance do finlandês tentar pegar a posição. Porém, foi a Mercedes quem se deu mal ao parar Hamilton na volta seguinte e acreditar que ele poderia voltar na frente de Max, mas este conseguiu fazer uma bela volta e pegar a liderança do piloto inglês. Foi o primeiro nocaute da Red Bull sobre a Mercedes.

Dessa forma, Hamilton iniciou uma caçada a Max pelas voltas que se seguiram: o inglês tinha um carro mais equilibrado nos dois primeiros setores, mas os 2km de velocidade que a Red Bull tinha a mais faziam diferença na primeira parte da Mistral e as coisas melhoravam para eles logo após a Signes, onde Max conseguia abrir uma pequena diferença que não deixava Hamilton ter chances de atacar na reta dos boxes. Foi uma briga de gato e rato que demorou um bom par de voltas, até que certo momento arrefeceu por conta do desgaste dos pneus. Foi nesse momento que Max questionou a equipe sobre os pneus e voltas depois ele estava deixando a liderança de lado para ir a uma troca dos pneus duros para os médios, tentando uma arriscada situação faltando em torno de 18 voltas para o fim. Mercedes estaria próxima de provar do seu próprio veneno?

Max retornou em quarto e em poucas voltas despachou seu companheiro Sergio Perez, para depois ir buscar Valtteri Bottas um pouco antes da Signes e assumir a segunda posição. Os vários retardatários que estavam entre ele e Hamilton, ajudaram o inglês da Mercedes a segurar a diferença na casa dos 4,5 - 5 segundos. Os pneus gastos deram a Hamilton um trabalho a mais - tanto que ele errou na parte sinuosa - mas ele ainda conseguia diminuir o prejuízo para o holandês. Sem a presença natural dos retardatários, Max aproximou -se ainda mais rápido para assumir a liderança faltando uma volta para o fim, quando passou sem grande dificuldade por Hamilton na primeira parte da Mistral e partir para uma vitória espetacular, devolvendo aquela derrota que eles tiveram em Barcelona em situação bem parecida. Foi o segundo nocaute na Mercedes durante a corrida.

Ficará a pergunta se a Mercedes deveria ter parado Hamilton mais cedo na primeira parada e se deveriam ter seguido Verstappen na segunda. Pelo ritmo que eles apresentaram em Paul Ricard a chance de vencer era real, mas erraram nas estratégias de tentar neutralizar qualquer que fosse os movimentos da Red Bull com Max. E além de perder a prova, ainda perderam a chance de ter Bottas em terceiro, já que o mesmo avisara que aqueles pneus não aguentariam até o fim.

Para a Red Bull, que venceu as últimas três corridas - e com autoridade - é um momento especial para eles e certamente vão embalados para correr duas vezes em casa e com grandes chances de maximizar todos os resultados num local onde Max Verstappen costuma brilhar ainda mais.

Temos um campeonato em aberto. Sem sombra de dúvida

Foto 1041 - José Carlos Pace, 1000km de Osterreichring 1972

  (Foto: David Phipps/ 4Quatro Rodas) Não é tão fácil ingressar numa equipe de ponta de uma grande categoria, e a coisa parece ainda mais co...