sexta-feira, 1 de junho de 2012
Vídeo: A última vitória da Ferrari em Le Mans, 1965
Foi a última vitória da Ferrari nas 24 Horas de Le Mans, com domínio absoluto da marca com três carros nas três primeiras posições: o North American Racing Team, a NART, levou a vitória com o modelo 250LM #21 pilotado pelo trio Masten Gregory, Jochen Rindt e Ed Hugus (este último, apesar de ter sido inscrito oficialmente como terceiro piloto, não chegou a correr a prova); outra 250LM #26, do Team Pierre Dumay, terminou em segundo Pierre Dumay e Gustave Gosselin; em terceiro ficou o Ferrari 275GTB da Ecurie Francorchamps, pilotado por Willy Mairesse e Jean Blaton.
Foto 86: Os Porsches em Le Mans, 1970
Os Porsches 917 K e 917LH em ação durante as 24 Horas de Le Mans de 1970. Em primeiro plano, o Porsche 917LH #25 (Porsche KG Salzburg) pilotado por Vic Elford e Kurt Ahreins Jr saindo da "Tertre Rouge" para ingressar na "Mulsanne", seguido pelo Alfa Romeo 33/3 de Nanni Gali e Rolf Stommelen. Na segunda foto, uma disputa "caseira" com o outro Porsche 917K #21 (J.W. Automotive Engineering Ltda) de Pedro Rodriguez e Leo Kinnunen no mesmo local. Ambos Porsches não completaram a prova: o #25 abandonou na 18ª hora por problemas no motor; o #21 abandonou ainda no início da prova, na 4ª hora, também por problemas no motor.
A vitória foi do Team Porsche KG Salzburg, com o #23 de Hans Herrmann e Richard Attwood, seguido por outros dois Porsches da Martini International Racing Team: o 917LH #3 de Gerard Larousse e Willi Kauhsen e o 908LH de Rudi Lins e Helmut Marko completando o pódio.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
F1 Battles: Ayrton Senna vs Nigel Mansell, GP de Mônaco 1992
Ayrton Senna já havia experimentado o gosto de perder uma prova ganha no traçado monegasco. Tinha sido em 1988, ano de amplo domínio da McLaren, onde ele e Prost destroçaram a concorrência repartindo 15 vitórias entre eles e deixando uma de lambuja para a Ferrari em Monza. Mas aquela corrida de Mônaco foi perdida mais por soberba por parte do brasileiro, do que por azar. Ele tinha quase 1 minuto de vantagem sobre Prost e tinha acabado de rodar 0.4 segundos mais rápido que o francês, batendo-o na melhor volta da corrida. Como o próprio Alain diria mais tarde, Senna queria humilhá-lo naquele dia. Ayrton pagou caro há 12 voltas do fim, quando raspou na entrada da Portier e o carro saltou, indo de encontro ao guard-rail. Uma pancada simples, mas totalmente tosca.
Passados quatro anos, depois de ter ganhado em 89, 90 e 91, Senna não tinha grandes pretensões para o GP de Mônaco de 1992 devido o poderio que a Williams apresentava naquele ano. Mansell tinha ganhado as cinco primeiras corridas do ano com certa folga. E além da pole, agora ele liderava com tranquilidade em Mônaco, rumando para sua sexta vitória na temporada. Um recorde. E também estava a caminho da sua primeira vitória em Monte Carlo onde ele havia falhado por duas vezes, em 84 e 87. Ele tinha uma boa diferença para Ayrton, que vinha em segundo, o suficiente para manter a ponta sem ser incomodado nas voltas finais.
Mas Mansell, do nada, apareceu nos boxes. Trocou os pneus e voltou em segundo, com mais de 20 segundos de desvantagem para Senna que logo desapareceram quando ele colocou no McLaren do brasileiro faltando quatro voltas para o fim. A explicação veio após a corrida: ele havia acertado uma guia na entrada do túnel, fazendo com que uma das rodas danificasse. Isso se deveu ao mesmo problema que tirara a vitória de Senna quatro anos antes: arrogância. Mansell disse que já considerava certa a sua vitória no Principado, e que se imaginava na beira da piscina ao lado da mulher e dos filhos curtindo uma bela tarde de sol. O devaneio do Leão saiu caro.
O que se viu nas voltas finais foi um duelo, dos melhores da década de 90, com Mansell a atacar Ayrton impiedosamente e o brasileiro defender-se como podia, ora freando mais cedo, ora oferecendo o lado mais sujo para o inglês frear, ou então travando as rodas e deixando o carro escorregar de frente, como fez na entrada da chicane do Porto. Como o próprio Nigel disse após a batalha “Ele foi incrível! Parecia que dirigia três carros na minha frente”.
Foi a quinta vitória de Ayrton em Monte Carlo, igualando o feito de Graham Hill.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Indy 500: Assim que tem que ser
Talvez você tenha sido um daqueles que xingaram Takuma Sato
de tudo quanto foi nome, quando ele tentou aquela ultrapassagem na última volta
sobre Dario Franchitti. Mas, naquelas circunstâncias, onde se depara com uma
chance e seu subconsciente julga ser a única, o que você teria feito? O
subconsciente de um piloto de corridas varia muito. Se fosse um Helio
Castroneves, Dario Franchitti, Scott Dixon ou Tony Kanaan naquela situação,
eles esperariam por uma segunda chance, afinal sabiam bem que tinham um carro
suficientemente bom para passar seu oponente na curva seguinte, ou então
arriscariam tudo na reta oposta num jogo de vácuo. Takuma tinha um carro assim,
mas preferiu atacar quando viu uma brecha se abrir.
Indy 500 tem aquela lógica de que não há favorito. Nem o
pole-position tem essa vantagem. Afinal são 200 voltas, 500 milhas, mais de
duas horas e meia de prova, portanto para quê arriscar-se tanto. Você pode
vaguear entre a dianteira e cauda do pelotão, e se tiver um carro bem acertado
para conseguir andar bem no tráfego e sem ele, suas chances serão enormes de
ver seu rosto e nome gravados no gigante troféu “Borg Warner” e dizer “Eu
venci”. Sato tinha um bom carro, que lhe permitiu andar bem nestas condições
que descrevi agora pouco. Tinha largado em 19º e junto do duo da Ganassi,
Franchitti e Dixon, escalou o pelotão conforme as coisas iam mudando de forma,
por causa das paradas de boxes e acidentes. Aliás, foram poucos os acidentes e
mais impressionante é que três deles os carros não sofreram danos, ou quase isso.
Fora essa estatística impressionante, a prova foi tranqüila até 160 voltas
quando a corrida realmente começou. Portanto, não adianta se matar feito um
louco em acelerar e acelerar e derrepente ficar sem carro na parte que
realmente interessa: as últimas 50 voltas.
Sato estava bem e vinha entre os cinco primeiros, seguindo
de perto uma constante troca de liderança entre os vermelhos Ganassi. Furar
aquela dupla seria difícil, mas Tony Kanaan o fez de modo esplendoroso ao
costurar o pelotão arrancando de sexto para primeiro na penúltima relargada.
Fenomenal. Talvez uma das melhores relargadas dos últimos tempos. Tony liderou
com autoridade, segurando bem o assédio de Franchitti. Takuma tinha despencado
de terceiro para sexto. Marco Andretti, que havia liderado por um bom tempo a
prova na sua parte inicial, rodou e bateu, forçando a então bandeira. Apesar de
Kanaan ter sido tragado facilmente pelo pelotão, despencando para quinto, foi
Takuma que mais uma vez reapareceu como um foguete, indo para quarto e subindo
para terceiro faltando cinco voltas para o fim. Ele não teve muita dificuldade
em passar Dixon e assumir o segundo posto. Teria coragem o japonês de arriscar
tudo naquelas voltas finais contra a raposa que é Franchitti naquele
“Brickyard”? Ou Bobby Rahal seguraria o ímpeto do japa? Sato optou pela sua
coragem habitual, aquela mesma que fez a maioria em Montreal vibrar quando ele
colocou uma surrada Super Aguri por dentro para ultrapassar um atordoado Alonso
numa McLaren infinitamente superior. Ele viu o espaço na primeira curva, na
abertura da última volta e foi na fé: carro por dentro, Franchitti diminuindo o
espaço, mas Takuma abrindo caminho onde não tinha mais; os carros se esfregam,
o de Sato se desgarra e por um fio de cabelo não leva o de Dario para muro.
Pronto, as 500 Milhas estavam decididas a favor de Franchitti pela terceira vez
na sua carreira e curiosamente em bandeira amarela, como tinham sido as duas
últimas. Dixon fechou em segundo e Tony em terceiro. Dan Wheldon, último
vencedor da Indy 500 e morto na prova final do ano passado deve ter ficado
feliz pelo pódio, como bem disse Kanaan.
Para Takuma restou apenas à fama de ter sido ao segundo cara a jogar a vitória no muro, como fez Hildebrand ano passado. Mas tem as suas diferenças.
Para Takuma restou apenas à fama de ter sido ao segundo cara a jogar a vitória no muro, como fez Hildebrand ano passado. Mas tem as suas diferenças.
Hildebrand tinha uma vitória certa, garantida e carimbada.
Era só levar o carro para a faixa de tijolos e receber as quadriculadas, mas,
no entanto descuidou-se e bateu no muro da curva quatro de forma bisonha,
tosca. Sato estava na busca por uma vitória. A sua primeira, assim como o
próprio Hildebrand. Vencer a sua primeira corrida, exatamente lá em
Indianápolis, nas 500 Milhas, seria um feito e tanto. Ele, talvez, tenha
pensado muito naqueles instantes: se eu meter o carro por dentro, sem muito
espaço, posso perder o controle e bater como também posso efetuar a
ultrapassagem e ganhar a corrida. Ou então se eu deixar para depois, na reta
oposta, será que terei chance de ultrapassá-lo? Vai saber exatamente o que
passou por sua cabeça naqueles momentos. Takuma é instintivo, brigador. Tem por
necessidade a gana de ultrapassar e tentar tudo em um lance, como se fosse o
único. E seu lance seria marcante de
qualquer forma: conseguindo a ultrapassagem ou não, como acabou acontecendo. Mas
uma coisa pode escrever: ele não vai mudar o seu estilo por causa disso. Assim que tem que ser.
Grande Prêmio de Mônaco - Corrida - 6ª Etapa
Webber foi mais rápido que Vettel em todo fim de semana em Mônaco e mereceu a vitória. Agora divide a vice-liderança com o próprio Vettel, somando 73 pontos cada (Foto: AP) |
Apesar de todas as rezas, torcidas, mandingas, figas para
que a chuva caísse, a prova de Mônaco foi chata? Não. Talvez não tenha sido
fantástica, o que não foi, mas teve um tom interessante que era saber quando a
chuva viria ou, então, se a turma da frente, Webber, Rosberg e Alonso, se
agüentariam com aqueles jogos de pneus macios, que haviam colocado quando a
prova ainda rodava na casa das 20 voltas, até o fim. Isso era a grande questão,
já que Vettel, que largara apenas em nono, tinha liderado um bom par de voltas
e agora se encontrava na quarta posição faltando menos de 20 voltas para o
término. Se os líderes parassem, Sebastian sairia para uma vitória sensacional,
uma vez que ele havia saído de uma quinta fila para derrubar os favoritos
daquela prova que tinham largado nas duas primeiras filas. Ou então prevalecia
a máxima de Mônaco e ele teria que contentar-se com aquela quarta colocação. De
fato, a segunda opção foi o que acabou por se concretizar. A única chance de
modificar algo naquelas últimas voltas era, no máximo, uma chuva que só veio após
o fim da corrida, quando pilotos e engenheiros já estavam reunidos em seus
boxes discutindo os resultados prós e contras daquela corrida em Monte Carlo.
Mark Webber tornou-se o sexto vencedor diferente neste
campeonato, correndo em boa parte da prova com Nico Rosberg muito próximo.
Principalmente nas últimas sete voltas, quando não apenas Nico, mas Alonso,
Vettel, Hamilton e Massa estiveram separados apenas três segundos por algumas
voltas. Apesar de uma chuva mais pesada não ter aparecido para bagunçar a
corrida, os fracos pingos que caíram nas voltas finais, umedeceram alguns
pontos da pista, em especial a freada a chicane do Porto e a Rascasse, dois
locais críticos daquele traçado. Um erro de Webber poderia resultar num
engavetamento ou num acidente que tiraria muita gente boa que vinha atrás dele.
Mas todos eles, sem exceção, estavam cautelosos. Alonso preferiu resguardar-se
e não atacou Rosberg, assim como Vettel também não foi incisivo para cima do
espanhol e Hamilton procurou ficar atento a um possível ataque de Massa, que
fez a sua melhor corrida nesta temporada e também desde o GP da Alemanha de
2010. Portanto, eles pensaram muito mais nos pontos que ganhariam do que em tentar
arriscar e dar com a cara no guard rail. Ainda mais num campeonato tão
embaralhado como este, perder um mísero ponto complicará bastante a no final da
temporada.
Se você estava afim de alguma emoção, deveria cobrar dos
caras da FOM que manejam as câmeras. Lá no fundo do pelotão o pau comeu solto,
principalmente com Sergio Perez que veio barbarizando, literalmente, ganhando
posições como podia ao bater rodas, rodar, ultrapassar na marra. Fez de tudo.
Kovalainen também foi sensacional ao não dar chances a Button, que fez uma das
suas mais apagadas corridas no ano, quando disputavam posições no pelotão
intermediário. Algo que fez lembrar o duelo entre Coulthard e Bernoldi, lá
mesmo em Mônaco no ano de 2001, quando o brasileiro segurou o escocês por
inúmeras voltas. Isso rendeu reclamações fortes por parte de David e Ron
Dennis. Dessa vez só Button que falou algo sobre o desempeno do finlandês, que
tem sido constante com esse carro desde 2010.
Com Alonso liderando o mundial com três pontos de avanço
sobre o duo da Red Bull, Vettel e Webber, a F1 estará em Montreal daqui algumas
semanas. Pista que costuma ser surpreendente e reservar grandes doses
adrenalina para quem assiste ou trabalha nesta corrida. Talvez possamos
conhecer o sétimo vencedor diferente por lá. E lembre-se: Hamilton é genial
naquele traçado.
Enquanto que Webber sustenta a primeira posição, Grosjean se enrosca com Alonso e Schumi. O suiço acabou por abandonar. (Foto: AP) |
Kobayashi acertou o carro de Grosjean e também abandonou por problemas na suspensão traseira. (Foto: Reuters) |
Maldonado tinha grande expectativa para esta prova, que comeou a desmoraonar-se no sábado ao ficar em último por causa de punições. Enroscou-se com De La Rosa e abandonou em seguida. (Foto: AP) |
Alonso teve a presença de Massa por um bom tempo na corrida. O espanhol terminou em terceiro e Felipe foi sexto, na sua melhor corrida dos últimos dois anos. (Foto: Reuters) |
Vettel teve possibilidades de até vencer em Monte Carlo, caso a chuva tivesse caído. Mas acabou em quarto e está três pontos atrás de Alonso na classificação. (Foto: AP) |
Resultado Final
Grande Prêmio de Mônaco - 6ª Etapa
Circuito de Monte Carlo
78 Voltas - 27/052012
Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a 0s643
Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 0s947
Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - a 1s343
Lewis Hamilton (ING/McLaren) - a 4s101
Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 6s195
Paul di Resta (ESC/Force India) - a 41s500
Nico Hulkenberg (ALE/Force India) - a 42s500
Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - a 44s000
Bruno Senna (BRA/Williams) - a 44s500
Sergio Pérez (MEX/Sauber) - a 1 volta
Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso) - a 1 volta
Heikki Kovalainen (FIN/Caterham) - a 1 volta
Timo Glock (ALE/Marussia) - a 1 volta
Narain Karthikeyan (IND/HRT) - a 2 voltas
Não completaram
Jenson Button (ING/McLaren)
Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso)
Charles Pic (FRA/Marussia)
Michael Schumacher (ALE/Mercedes)
Vitaly Petrov (RUS/Caterham)
Kamui Kobayashi (JAP/Sauber)
Pedro de la Rosa (ESP/HRT)
Pastor Maldonado (VEN/Williams)
Romain Grosjean (FRA/Lotus)
quarta-feira, 23 de maio de 2012
A caótica e emocionante Indy 500 de 1992
Por um nariz: Al Unser Jr. cruza a linha na frente de Scott Goodyear na mais ferrenha chegada da Indy 500 |
Michael Andretti desfilava certa arrogância naquele fim de
semana em Indianápolis. Segundo ele, o desempenho dos motores Ford era muito
superior aos demais principalmente frente aos Chevrolet, seus principais concorrentes:
“O motor Ford tem mais força que o Chevy
e deveremos ganhar até três milhas por hora em cada volta. Mas a única maneira
segura de saber isso é olhando para o computador. Naquela velocidade não dá
para sentir o torque.” De certa forma, apesar de sua empáfia, ele tinha
razões para acreditar que a corrida seria uma briga particular entre os carros
com motores Ford.
O Ford tinha sofrido algumas modificações visando retomar a
supremacia em Indianápolis, que tinha sido perdida para os Chevrolet ao final
dos anos 80. O novo Ford, batizado de Cosworth XB, foi um dos mais rápidos
durantes os treinos daquele mês de maio, perdendo apenas para os Buick V8 do
Team King Racing conduzido por Roberto Guerrero, que veio marcar a pole e
quebrar o recorde do circuito ao andar na casa de 230MPH. As duas primeiras
filas eram formadas por carros com motores Buick e Ford Cosworth. O melhor dos
Chevrolet aparecia na terceira fila, na oitava posição com Danny Sullivan da
equipe Galles. No “Carburation Day”, do dia 21 de maio, Mario Andretti cravou o
melhor tempo e logo em seguida mais outros três carros com motor Ford ficaram
nas posições seguintes, mostrando a real força dos propulsores. Mas a corrida é
longa e imprevisível. Bem típico da Indy 500.
O dia da prova estava com a temperatura baixa, devido uma
frente fria que chegara da noite anterior. Isso era horroroso para uma
tentativa de esquentar os pneus com aquele tempo como se comprovou horas
depois, quando Roberto Guerrero, então pole-position, rodou em plena reta
oposta quando tentava aquecer os pneus de seu Lola-Buick. O resultado foi uma
batida no muro interno que danificou a suspensão dianteira, impedindo-o de
voltar para a prova (igualando, assim, Cliff Woodbury em 1929 e Pancho Carter
em 1985). Bizarrice total. Mas ele não foi o único. O novato Phillipe Gache fez
mesmo, mas retornou aos boxes e pôde continuar na prova até a volta 61, quando
bateu e abandonou de vez.
Aliás, aquela 76ª Edição da Indy 500 foi uma das mais
acidentadas em boa parte por causa da temperatura baixa do dia da prova. Se nos
treinos nada mais que quatro pilotos se acidentaram com gravidade (Pancho
Carter, Hiro Matsushita, Nelson Piquet e Jovy Marcelo – que viria morrer após
este acidente) na corrida outro punhado de pilotos também visitaram o Hospital
Metodista de Indianápolis: Mario Andretti, Jeff Andretti, Rick Mears, Emerson
Fittipaldi e Jim Crawford passaram alguns dias na cama do hospital devido às
fraturas e escoriações.
A corrida, em si, foi de domínio quase que enjoativo de
Michael Andretti que imprimiu um ritmo diabólico enquanto esteve em pista.
Mesmo com as interrupções por parte de bandeiras amarelas provenientes de
acidentes ou incidentes, ele estava pronto para retomar a velocidade e
disparar na frente rumando para sua possível primeira vitória no Brickyard.
Mais atrás, de modo compassivo, Al Unser Jr e Scott Goodyear que estavam
a escalar o pelotão sobrevivendo as armadilhas impostas pelo mal aquecimento
dos pneus. Al Jr, que largou em 12º, encontrava-se numa liderança momentânea na
volta 144 depois de uma série de pit stops, mas perderia em seguida para Michael
quando entrou para fazer sua parada. Goodyear vinha mais atrás, mas já entre os
dez melhores.
Na volta 166 volta, Michael mostrou o quanto estava decidido
a vencer: cravou a melhor volta em 229.118 MPH. Talvez aquilo fosse um excesso
de arrogância, uma vez que naquela altura ele tinha mais de dez segundos de
avanço sobre o segundo colocado Al Unser Jr. Mesmo após a última parada de box,
que aconteceu entre as voltas 171-177, Andretti voltou com uma margem ampliada
para 23 segundos sobre Scott Goodyear, que agora ocupava a segunda colocação.
Ou seja, a vitória estava mais do que garantida.
Enquanto que Mario Andretti saiu com alguns dedos quebrados após bater de frente... |
...Al Unser Sr. foi o terceiro, na corrida que consagrou seu filho. |
Mas quando foram pegar o leite na geladeira para deixar no
ponto para que Michael pudesse bebê-la no “Victory Circle”, o infeliz parou seu
carro branco no gramado com problemas no motor... Ford Cosworth. A empáfia de
Michael de antes da prova, tinha terminado com a pressão do óleo em níveis
alarmantes. Foi um dia doloroso para a família Andretti, em todos os sentidos.
Mas ainda tinha a corrida, ora! E que final, que
final! As últimas oito voltas foram de total perseguição de Goodyear contra Al
Unser Jr., que havia ultrapassado o piloto canadense antes da quebra de
Michael. Todos nas arquibancadas estavam de pé para ver aquele final.
Para Scott Goodyear aquilo era um prêmio. Havia largado em
último, após seu companheiro de equipe Walker, Mike Groff ter classificado seu
carro – ambos trocaram de carros, com Goodyear a pilotar o de Mike Groff e vice
versa. Porém já havia sido dito que eles voltariam ao seus carros originais
depois da classificação. O problema é que Scott batera o carro de Groff no
último dia de treinos do “Bump Day” e este último conseguiu qualificar o carro
#15 na 26ª colocação. Com a troca, Goodyear assumiu o carro acabou tendo que
largar em 33º. Em relação a Al Unser Jr. a chance de vencer a sua primeira 500 Milhas de Indianápolis voltara para ele, afinal este havia
perdido a chance de vencer em 1989 quando bateu no muro durante uma perseguição
a Emerson Fittipaldi.
Goodyear tentou por duas vezes ultrapassar Al Jr., e foi na
segunda que, por muito pouco ele não conseguiu. Emparelhou com Al Jr. na reta
principal, mas não teve motor suficiente para conseguir passar na frente. Assim
Al Unser Jr. vencia a sua primeira Indy 500 por uma mísera diferença de 0’043
segundos. Um piscar de olhos, ou menos disso.
Enquanto que Little Al entrava para a história, Michael
lamentava os acontecimentos daquele dia: “Este
lugar é cruel, muito cruel. Primeiro aconteceu o acidente com papai, depois com
Jeff. Eu sabia que Jeff estava mal. Eu sabia que ainda tinha um trabalho duro
para fazer, mas realmente era impossível manter a concentração. E eu nunca tive
um carro tão perfeito na mãos.” Michael, naquela ocasião, tinha tornado-se
o terceiro piloto a liderar mais voltas (160) na Indy 500 a não levar a vitória.
O outro piloto era... Mario Andretti, que havia liderado 170 voltas em 1987.
Família azarada.
Por outro lado, a família Unser não tinha do que reclamar:
Al Jr havia ganhado sua primeira Indy 500, a oitava do clã (Al Unser Sr. tinha
4 vitórias e o tio Bobby Unser outras 3). A outra coincidência era de que a
prova tinha sido disputada pela 3ª vez na sua história em um dia 24 de maio, e
os vencedores nestas datas eram... da família Unser: Bobby Unser venceu em 1981
e Al Unser Sr vencera em 1987. Azar para uns, sorte para outros.
Al Unser Jr. ainda venceu outra edição da Indy 500, em 1994,
quando disputou diretamente contra Emerson Fittipaldi a vitória quando eram
parceiros de Penske. Scott Goodyear teve a sua segunda chance em 1995. Venceria
se não tivesse cometido a idiotice de ter entrado nos boxes quando nem tinham o
chamado, deixando assim a primazia para Jacques Villeneuve.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Poesia e Velocidade, por Dale Kistemaker
-Como tá o som Johansson? -Alto, alto... (Foto: Dale Kistemaker) |
Fotos! Tenho uma certa paixão por elas. Sendo uma bela imagem, não importando de qual tema venha a tratar, fico horas e horas a vê-la sem cansar. Assim é como deve ser visto o trabalho primoroso do fotográfo americano Dale Kistemaker, que acompanhou a F1 por quase toda a década de 80, à partir do GP de Long Beach de 1982.
Seu trabalho foi um dos posts de hoje do site MotorSport Retro, onde belas fotos da Ferrari é mostrada por lá. Mas não é apenas da rossa que é feito o seu blog. Fotos variadas de grandes equipes - ou nem tanto assim - da década de 80, estão retratadas em belas imagens. O lado humano também é muito explorado por lá.
Então eu recomendo o grande trabalho deste americano que viajou nos GPs da "década turbo" que foi a dos anos 80.
Aí fica o lin do seu Poetic Of Speed, o blog de Dale Kistemaker. Bom divertimento!
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