terça-feira, 9 de outubro de 2012

GP do Japão: Um outro campeonato


Não é um, Vettel. É quatro!: O mundial começa a pender para o atual Bi-campeão. Tri a vista?
(Foto: Getty Images)

O desempenho inabalável de Vettel na corrida em Suzuka relembrou as suas atuações no ano passado, quando largava da ponta e desaparecia na frente encontrando os demais no pódio e nas entranhas do paddock. A desistência prematura de Alonso, mais o atraso de Webber, que foi tocado na largada por Grosjean, e a melhora considerável do RB 08, deixou Sebastian ainda mais tranqüilo e confiante para fazer um trabalho irretocável em Suzuka: fez o hat-trick e liderou de cabo a rabo uma prova que foi sem sal. Salvo alguns duelos rápidos, como o de Bruno vs Grosjean ou de Hamilton vs Raikkonen, a corrida foi sonolenta, mas muito importante para o desenrolar das próximas etapas. Agora Vettel aparece com quatro pontos de desvantagem para Alonso e a melhora do carro dos rubro-taurinos já é motivo de preocupação em Maranello.
Apostar apenas no talento e coragem de Fernando nestas últimas etapas será o que resta da Ferrari, que aparentou ter um carro decente nas etapas de meio de ano. Alonso conseguiu bons resultados como a vitória em Valência; a segunda colocação em Silverstone; a vitória em Hockenheim. E as últimas cinco etapas foram menos produtivas, se bem que a meu ver a Ferrari ficou estagnada no campo técnico, enquanto que McLaren e Red Bull cresceram a olhos vistos nesta segunda parte do mundial. Enquanto que Alonso colecionou uma quinta colocação (Hungria) e dois terceiros (Itália e Cingapura), a McLaren venceu com Hamilton e Button (Lewis venceu em Hungaroring e Monza; Button em Spa) e a Red Bull teve duas vitórias com Vettel (Marina Bay e Suzuka). E a Ferrari ainda teve que amargurar dois abandonos causados por erros: Fernando foi limado na primeira curva de Spa por uma largada tresloucada de Grosjean e em Suzuka foi a vez do espanhol errar, ao espremer Raikkonen na largada e ter um pneu furado após um toque na asa dianteira do Lotus. Apesar do ressurgimento da Red Bull nesta parte final, a Ferrari ainda acredita no titulo. O segundo lugar de Massa na corrida japonesa, com um desempenho constante, dá a entender que a Alonso poderia ter feito um trabalho ainda melhor que o apresentado pelo brasileiro. Vitória? Não, mas poderia ter conseguido chegar mais próximo de Vettel. Talvez.
Por outro lado a vitória de Sebastian é motivo de sorrisos na Red Bull. Duas vitórias seguidas e com performances satisfatórias do bi-campeão do mundo reacenderam a briga pelo mundial e o abandono de Alonso foi a cereja do bolo naquela tarde. Apesar de não ter tido nenhuma ameaça durante toda a corrida, foi legal ver como as coisas estavam ao seu controle: foi normal ver que Kobayashi e Massa, nos momentos em que estavam na segunda colocação, viraram voltas melhores, ou às vezes a melhor da corrida, e Vettel desbancá-los na volta seguinte. E as melhorias que Adrian Newey conseguiu para este carro, serão levadas para Yeongam e colocados para a prova deste domingo na Coréia. Se o carro já esteve um foguete em Suzuka, é de se esperar algo melhor ainda em Yeongam.
Kamui foi o dono da tarde em Suzuka: além da bela corrida, primeiro pódio e seu nome cantado nas
arquibancadas de Suzuka.
(Foto: Getty Images)
Sobre a prova de domingo, foi legal ver a volta de Massa ao pódio após quase dois anos de seca. E o bom de tudo isso foi o seu desempenho em toda a corrida, com velocidade constante em todas as voltas sempre virando tempos bem próximos ao de Sebastian. Mas o dono da tarde em Suzuka foi sem dúvida, Kobayashi que conseguiu um pódio em sua terra deixando a torcida extremamente feliz, ao ponto de gritarem “Kamui, Kamui, Kamui!” quando este desceu do carro no parque fechado, até o momento em que recebeu o troféu. Foi um belo momento. A McLaren não teve um bom fim de semana e a quarta e quinta colocações de Button e Hamilton, respectivamente, ainda foi lucro. Jenson teve um problema no câmbio durante a corrida que, aparentemente, foi resolvido dando a ele a possibilidade de lutar com Kamui pela terceira colocação na voltas finais. Hamilton reclamou do acertou que ele fez para o treino e corrida e teve dificuldades com o assédio de Hulkenberg e Pérez no início da prova. O quinto lugar foi de bom tamanho, frente ao desastre que poderia ter sido esta prova dele em Suzuka.
Enquanto que, aparentemente, a McLaren jogou a toalha (coisa que só acreditarei depois do GP coreano), as coisas parecem caminhar para um duelo particular entre Alonso e Vettel pelo mundial deste ano. Se Vettel tem a seu favor a sua velocidade e os coelhos que Newey resolveu tirar da sua cartola neste último quarto do campeonato, Alonso terá que acreditar na sua dose de sorte que tem falhado nos últimos tempos. E não sei se os deuses do automobilismo, como a maioria tem dito, terão mais fôlego para ajudá-lo daqui para a frente.

domingo, 30 de setembro de 2012

Vídeo: GP da Itália, 1989

Décima segunda etapa do campeonato de 1989, o Autódromo Nacional de Monza abrigava mais uma vez o GP da Itália. Ayrton foi o pole (1'23''720), seguido por Gerhard Berger, Nigel Mansell e Alain Prost, que venceria a corrida. Berger e Boutsen completaram o pódio.
Senna abandonou na volta 44 com motor estourado; Piquet saiu na volta 23; Gugelmin abandonou na 14ª passagem e Roberto Pupo Moreno não passou da pré-qualificação.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Foto 118: A quase vitória de Mcqueen/ Revson em Sebring, 1970

Andretti ultrapassando o Porsche de Mcqueen/ Revson em um momento das 12 Horas de Sebring.
(Foto: Louis Galanos)


A maioria que entende um pouco sobre corridas e conhece, também, a carreira de Steve Mcqueen, sabe o quanto que o falecido ator/diretor de filmes era apaixonado por corridas de carros. Tanto que ele produziu a obra prima "Le Mans" em 1971 e esteve no comando de uma produção que não vingou de um filme sobre corridas na metade dos anos sessenta, que retratei aqui.

E a sua paixão não era limitada apenas em ter belos e poderosos carros de corrida, mas sim em competir também. Em 1970, nas 12 Horas de Sebring, ele esteve bem perto de uma vitória.

Ele havia comprado uma Porsche 908 e dicidiu competir na famosa prova do estado da Flórida. Naquela ocasião ele dividiu o volante do carro com seu conterrâneo Peter Revson, mas, naturalmente por ser uma equipe particular, eles sabiam que não tinham chance alguma de vencer a corrida pelo fato de enfrentarem equipes de fábrica como a Ferrari, Ford e Porsche, com seus míticos 917K.

O grid de largada mostrava o Porsche 908 #48 numa boa 15ª colocação. A pole tinha ficado com a dupla Arturo Merzario/ Mario Andretti na bela Ferrari 512S Spyder #19, seguido pelas Porsches 917K da J.W. Engineering (Jo Siffert/ Brian Redman/ Leo Kinnunen) e Porsche Audi (Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr.).

Enquanto a prova foi se desenrolando, os carros foram quebrando ou tendo problemas e com isso, Mcqueen/ Revson foram subindo de posições até se encontrarem numa bela segunda posição. Isso já era um lucro por tratar-se de uma equipe privada. Mas faltando 21 voltas para o fim, a Ferrari #19 de Merzario/ Andretti, com Mario no volante, apresentou problemas de câmbio e foi forçada a abandonar. Desse modo, o Porsche branco de Mcqueen/ Revson assumiu a liderança.

A Porsche triunfaria a corrida de Sebring, mas Ferrari virou o jogo. Minutos depois de Andretti encostar seu carro nos boxes, eles ordenaram para que o ítalo-americano voltasse para pista. O Ferrari #21, conduzido por Ignazio Giunti/ Ninno Vaccarella estava em segundo, não tão longe da Porsche, e vendo que eles tinham muito mais potência que o carro de Stuttgart ( a Ferrari tinha um V12 de 4.998cc contra o V8 de 2.997cc) entregaram o carro para Mario e ordenaram para que pilotasse tudo que podia. E assim foi feito, com Andretti a fazer uma corrida brilhante e ultrapassando uma indefesa Porsche faltando duas voltas para o fim. A diferença no final foi de mais de 22 segundos da Ferrari para o Porsche.

Algum tempo depois, Andretti explicou de onde tirou fôlego para aquela perseguição: "Eu me lembro que estavam anunciando' Steven McQueen! Steve McQueen! Steve McQueen! ". " Eles nunca mencionaram Revson, Revson. E foi ele quem fez a maior parte da corrida, porque Steve tinha um pé quebrado. Revson estava fazendo um trabalho fenomenal, obviamente, mas ele nunca foi mencionado. Então, aquilo me motivou um pouco."

Como bem disse Mario Andretti, Mcqueen não pôde fazer a corrida em grande parte por ter um pé quebrado devido um acidente de moto. E o Porsche 908 que quase venceu as 12 Horas de Sebring, foi usado como camera-car nas 24 Horas de Le Mans daquele ano.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Foto 117: A bagunça do Hexa

Tinha apenas ouvido falar sobre a bagunça e bebedeira que rolou na festa do hexa-campeonato de Michael Schumacher, conquistado em Suzuka 2003. E de fato, foi uma comemoração e tanto.

GP de Cingapura - O contra-ataque de Vettel



Vettel está com 29 pontos de desvatntagem para Alonso no campeonato. Mas tanto ele, quanto
Alonso, terão trabalho em alcançar a Mclaren nas provas restantes deste mundial.
(Foto: Paul Gilham/Getty Images)

A julgar pela pole de sábado e seu desempenho durante a corrida em Marina Bay, estava quase certo que Lewis Hamilton poderia sair do GP cingapuriano colado em Fernando Alonso no campeonato. Por outro lado a sua possível conquista ainda teria que passar pela prova de fogo que estava se desenhando após a primeira parada de box: Vettel estava próximo dele, muito mais do que antes. A diferença entre eles estava oscilando entre um a dois segundos e isso indicava que o piloto da McLaren teria, em breve, alguns problemas em segurar os ataques de Sebastian que vinha virando voltas melhores que o inglês. Mas mesmo com uma batalha sendo prevista para as voltas seguintes, os dois estavam em boas situações, afinal Alonso encontrava-se na quarta colocação encaixotado em Maldonado sem conseguir nenhuma manobra de ultrapassagem. E caso terminasse assim, a diferença de Hamilton e Vettel para Fernando, cairia bastante. Um resultado animador até aquele momento.
Mas o problema de câmbio que tirou Lewis surpreendentemente da prova de Cingapura, deu à Vettel a chance de vencê-la e retornar com força na luta pelo título. Aquele abandono forçado em Monza, quando estava em quarto, talvez tenha colocado muitas dúvidas na cabeça do bi-campeão do mundo e a vitória em Marina Bay, após duas horas quase que intermináveis, o colocou de volta na disputa. Alonso também tem o que comemorar: não era um fim de semana para grandes aspirações para ele. Carro pouco competitivo – apesar de ter apresentado bom rendimento nos treinos livres, caindo apenas na classificação – que o forçou a apresentar uma performance cadenciada devido o alto desgaste dos pneus, principalmente traseiros, do seu Ferrari. Não foi à toa que em determinadas voltas, Fernando tomasse quase que meio segundo nos tempos em relação à Pastor Maldonado e Paul Di Resta e em outras, andar próximo das marcas alcançadas por Hamilton e Sebastian. Ele arriscou em não tentar uma terceira troca de pneus e foi salvo pelas duas entradas do Safety Car. Quanto à Hamilton, ele parecia feliz com o carro, mas a quebra foi um golpe duro. Ele venceria a corrida, mas discordo dele quando disse que “seria a mais fácil”. Vettel estava com tempos de volta muito parecidos com o dele e quando abandonou o alemão já estava na sua cola. A batalha seria uma questão de tempo e Lewis teria muito trabalho. Mas o rádio da equipe falando que fizeram de tudo, quando ele abandonou, indica que já estava com algum problema.
Já sobre a corrida, foi nada de especial. Alguns duelos interessantes no meio do pelotão quebraram o sono dessa prova, mas não o suficiente para animar a noite em Marina Bay. Aliás, o tempo de duração dessa prova tinha que ser revista: além de ser castigante para os pilotos, devido à alta umidade, para o público também se torna cansativa. Qualquer entrada do SC nessa prova altera o tempo de duração que, com andamento normal, já chega a quase 1h50. Umas cinqüenta o cinqüenta e cinco voltas, já estaria bom. Não é à toa que a chamei de “As 2 Horas de Marina Bay”.
Agora faltando seis provas para o fim, Alonso ainda tem a corrida de Suzuka para ficar na liderança do mundial, já que está com 29 pontos de avanço sobre Vettel. A sua salvação é que a Ferrari, pelo que apresentou em pistas com mais velocidade, tem se saído bem. Foi assim que obteve os pódios em Silverstone, Hockenheim e Monza. Mas terá que batalhar e contar com a sorte contra uma McLaren que tem feito provas sensacionais nessa segunda parte do campeonato, cravando três vitórias consecutivas e quatro poles. E Vettel também poderá enfrentar problemas com um Red Bull que tem sido pouco competitivo em pistas que tem longas retas. Mas vale lembrar que em 2010, nessa altura do campeonato, é que ele começou a sua arrancada rumo ao primeiro título.


sábado, 22 de setembro de 2012

O tributo da BBC à Sid Watkins

E a BBC fez um belo tributo à memória de Sid Watkins, que faleceu na semana passado aos 84 anos e que dedicou 26 deles a F1, transformando-a mais segura e deixando de lado o dias de carnificina que marcou boa parte da categoria nestes suas seis décadas de existência.

GP de Cingapura – Classificação – 14ª Etapa

(Foto: Getty Images)
Vettel parecia decidido que poderia marcar uma pole em Cingapura. Havia sido o melhor nos três treinos realizados até ali, mas sabia que não seria tão fácil afinal a presença de Hamilton sempre foi constante. E ainda teria Jenson Button e Alonso no seu encalço. Mas nada disso aconteceu: Vettel fez uma boa volta, nada excepcional, e lhe rendeu o terceiro lugar. Hamilton, sim, estava num nível acima e pareceu que escondera tudo para o treino classificatório: marcou uma pole com mais de 0’’5 de vantagem sobre... Maldonado, que foi a grande estrela do dia ao levar a sua Williams a primeira fila.
Os rivais de Hamilton, além de Vettel que marcou o terceiro tempo, aparecem dentro dos sete primeiros: Button é quarto; Alonso marcou o quinto tempo e Webber está em sétimo. Raikkonen aparece apenas em 11º, mas talvez tenha sacrificado o Q3 a fim de reservar um jogo de pneus para amanhã. Ele fez apenas uma volta rápida no início do Q2 que, no momento, lhe deu a primeira colocação. E depois disso, não entrou mais na pista.
Fernando Alonso é quem saiu no lucro, pois não acreditavam muito que ele pudesse colocar seu Ferrari entre os primeiros. E não só colocou seu carro em quinto, como a fez com pneus super macios usados. Sem dúvida uma volta de respeito por parte do piloto espanhol e um pódio amanhã é possível.  
Massa e Bruno ficaram na Q2: enquanto que Felipe conseguiu apenas o 13º tempo, Bruno bateu quando estava na sua volta veloz, danificando a suspensão do seu Williams. Com isso ele largaria na 17ª colocação, mas com a troca de câmbio, perderá cinco posições e largará em 22º. Corrida sofrível para os dois.
Apesar de o treino ter sido fraco, a corrida pode até ter alguma diversão para o público. Os pneus super macios se degradam rapidamente e boa parte dos caras do Top dez está com esse composto. É bem provável que tenhamos troca de pneus com menos de dez voltas de corrida e durante todo o certame os desempenhos vão variar muito devido a esse desgaste. Aposta para amanhã? Pela performance apresentada, sem dúvida que é em Hamilton, mas a sua largada será tensa por ter ao seu lado Maldonado que sempre lhe causa problemas. E o venezuelano, que tantas vezes já fora advertido neste ano, disse que não mudará seu jeito de pilotagem por isso. E ainda temos a volta de Grosjean, que sairá em sexto.
Cingapura será pequena para eles.

Grid de Largada - GP de Cingapura - 14ª Etapa



1. Lewis Hamilton (GBR/McLaren) - 1min46s362
2. Pastor Maldonado (VEN/Williams) - 1min46s804
3. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - 1min46s905
4. Jenson Button (GBR/McLaren) - 1min46s939
5. Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1min47s216
6. Paul di Resta (GBR/Force India) - 1min47s241
7. Mark Webber (AUS/Red Bull) - 1min47s475
8.
Romain Grosjean (FRA/Lotus) - 1min47s778
9. Michael Schumacehr (ALE/Mercedes) - sem tempo
10. Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - sem tempo
11. Niko Hulkenberg (ALE/Force India) - 1min47s975
12. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - 1min48s261
13. Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1min48s344
14. Sergio Perez (MEX/Sauber) - 1min48s505
15. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso) - 1min48s774
16. Jean Eric-Vergne (FRA/Toro Rosso) - 1min48s489
17. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber) - 1min49s993
18. Vitaly Petrov (RUS/Caterham) - 1min50s846
19. Heiki Kovalainen (FIN/Caterham) - 1min51s317
20. Timo Glock (ALE/Marussia) - 1min51s370
21. Charles Pic (FRA/Marussia) - 1min51s762
22.
Bruno Senna (BRA/Williams) - sem tempo*
23. Narain Karthikeyan (IND/HRT) - 1min53s222
24.
Pedro de la Rosa (ESP/HRT) - 1min54s219 *
*Punidos com a perda de cinco posições por trocar o câmbio

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...