Não é um, Vettel. É quatro!: O mundial começa a pender para o atual Bi-campeão. Tri a vista? (Foto: Getty Images) |
O desempenho inabalável de Vettel na corrida em Suzuka
relembrou as suas atuações no ano passado, quando largava da ponta e
desaparecia na frente encontrando os demais no pódio e nas entranhas do
paddock. A desistência prematura de Alonso, mais o atraso de Webber, que foi
tocado na largada por Grosjean, e a melhora considerável do RB 08, deixou
Sebastian ainda mais tranqüilo e confiante para fazer um trabalho irretocável
em Suzuka: fez o hat-trick e liderou de cabo a rabo uma prova que foi sem sal.
Salvo alguns duelos rápidos, como o de Bruno vs Grosjean ou de Hamilton vs
Raikkonen, a corrida foi sonolenta, mas muito importante para o desenrolar das
próximas etapas. Agora Vettel aparece com quatro pontos de desvantagem para Alonso
e a melhora do carro dos rubro-taurinos já é motivo de preocupação em
Maranello.
Apostar apenas no talento e coragem de Fernando nestas
últimas etapas será o que resta da Ferrari, que aparentou ter um carro decente
nas etapas de meio de ano. Alonso conseguiu bons resultados como a vitória em
Valência; a segunda colocação em Silverstone; a vitória em Hockenheim. E as
últimas cinco etapas foram menos produtivas, se bem que a meu ver a Ferrari
ficou estagnada no campo técnico, enquanto que McLaren e Red Bull cresceram a
olhos vistos nesta segunda parte do mundial. Enquanto que Alonso colecionou uma
quinta colocação (Hungria) e dois terceiros (Itália e Cingapura), a McLaren
venceu com Hamilton e Button (Lewis venceu em Hungaroring e Monza; Button em
Spa) e a Red Bull teve duas vitórias com Vettel (Marina Bay e Suzuka). E a
Ferrari ainda teve que amargurar dois abandonos causados por erros: Fernando
foi limado na primeira curva de Spa por uma largada tresloucada de Grosjean e
em Suzuka foi a vez do espanhol errar, ao espremer Raikkonen na largada e ter
um pneu furado após um toque na asa dianteira do Lotus. Apesar do ressurgimento
da Red Bull nesta parte final, a Ferrari ainda acredita no titulo. O segundo
lugar de Massa na corrida japonesa, com um desempenho constante, dá a entender
que a Alonso poderia ter feito um trabalho ainda melhor que o apresentado pelo
brasileiro. Vitória? Não, mas poderia ter conseguido chegar mais próximo de
Vettel. Talvez.
Por outro lado a vitória de Sebastian é motivo de sorrisos
na Red Bull. Duas vitórias seguidas e com performances satisfatórias do
bi-campeão do mundo reacenderam a briga pelo mundial e o abandono de Alonso foi
a cereja do bolo naquela tarde. Apesar de não ter tido nenhuma ameaça durante
toda a corrida, foi legal ver como as coisas estavam ao seu controle: foi
normal ver que Kobayashi e Massa, nos momentos em que estavam na segunda
colocação, viraram voltas melhores, ou às vezes a melhor da corrida, e Vettel
desbancá-los na volta seguinte. E as melhorias que Adrian Newey conseguiu para
este carro, serão levadas para Yeongam e colocados para a prova deste domingo
na Coréia. Se o carro já esteve um foguete em Suzuka, é de se esperar algo
melhor ainda em Yeongam.
Kamui foi o dono da tarde em Suzuka: além da bela corrida, primeiro pódio e seu nome cantado nas arquibancadas de Suzuka. (Foto: Getty Images) |
Sobre a prova de domingo, foi legal ver a volta de Massa ao
pódio após quase dois anos de seca. E o bom de tudo isso foi o seu desempenho
em toda a corrida, com velocidade constante em todas as voltas sempre virando
tempos bem próximos ao de Sebastian. Mas o dono da tarde em Suzuka foi sem
dúvida, Kobayashi que conseguiu um pódio em sua terra deixando a torcida
extremamente feliz, ao ponto de gritarem “Kamui, Kamui, Kamui!” quando este desceu
do carro no parque fechado, até o momento em que recebeu o troféu. Foi um belo
momento. A McLaren não teve um bom fim de semana e a quarta e quinta colocações
de Button e Hamilton, respectivamente, ainda foi lucro. Jenson teve um problema
no câmbio durante a corrida que, aparentemente, foi resolvido dando a ele a
possibilidade de lutar com Kamui pela terceira colocação na voltas finais.
Hamilton reclamou do acertou que ele fez para o treino e corrida e teve
dificuldades com o assédio de Hulkenberg e Pérez no início da prova. O quinto
lugar foi de bom tamanho, frente ao desastre que poderia ter sido esta prova
dele em Suzuka.
Enquanto que, aparentemente, a McLaren jogou a toalha (coisa
que só acreditarei depois do GP coreano), as coisas parecem caminhar para um
duelo particular entre Alonso e Vettel pelo mundial deste ano. Se Vettel tem a
seu favor a sua velocidade e os coelhos que Newey resolveu tirar da sua cartola
neste último quarto do campeonato, Alonso terá que acreditar na sua dose de
sorte que tem falhado nos últimos tempos. E não sei se os deuses do
automobilismo, como a maioria tem dito, terão mais fôlego para ajudá-lo daqui para a frente.