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Uma dose de sorte para Nico: os problemas com Hamilton e Vettel deram ao piloto alemão a chance de vencer pela
segunda vez neste ano e mostrar que o carro da Mercedes, aparentemente, está com desgaste de pneus bem menor
do que em outras etapas.
(Foto: Divulgação) |
Que últimas sete voltas mágicas que vimos em Silverstone. Um
Mark Webber pilotando feito um alucinado, na sua última corrida naquele
circuito com um carro de F1, após uma péssima largada que o jogou de quarto de
13º e que depois o jogaria para as últimas posições para trocar o bico avariado
por causa de um toque com Grosjean. Terminou em segundo e com mais duas voltas
poderia tentar uma ultrapassagem sobre Nico Rosberg, na disputa pela vitória.
Fernando Alonso foi outro mestre ao se aproveitar bem dos pneus novos que
trocara naquelas voltas com Safety Car e confesso que achei que aquele pit-stop
tinha sido um tiro no pé. Mas o piloto espanhol arrancou para assegurar uma
importante terceira colocação, mesmo após ter sofrido um baita susto com o
estouro do pneu traseiro esquerdo do McLaren de Perez que ia à sua frente na
“Hangar Straigth”. Lewis Hamilton, pela sua velocidade e circunstâncias que
viriam mais tarde dar a conquista à Rosberg, poderia ter saído de Silverstone com
uma bela vitória diante de seu público, mas o estouro do pneu esquerdo traseiro
na oitava volta arruinou sua corrida obrigando-o a fazer uma prova de
recuperação a exemplo do que fizera Webber e Felipe Massa. Este último tinha
feito uma largada soberba ao sair de 11º para quinto na largada e estar forte
atrás de Sutil quando o Ferrari rodou em uma das curvas após um estouro do pneu
traseiro... esquerdo que também o jogara para fim do pelotão. Mesmo que todas
essas recuperações tenham tido a ajuda do Safety – que reagrupou o pelotão nas
suas duas entradas – e também pelo uso do DRS, não podemos negar que foram sete
voltas de automobilismo em estado puro, com os pilotos a correrem sem ter a
preocupação – que tem sido habitual – de economizar pneus.
Com relação aos pneus suicidas, ou pneus bomba, estes
chegaram a um ponto crítico que, particularmente, imaginava que teriam um
desgaste altíssimo em alguma etapa, até mesmo maior do que foi apresentado na
corrida da Espanha. Mas as explosões dos pneus, todos os traseiros esquerdos,
dos carros de Hamilton, Massa, Vergne – estes três com intervalos de duas ou
três voltas de um para o outro – e de Perez, causou certa preocupação com o
estágio que esta atingindo a Pirelli com a construção destes. Diga-se um
estagio negativo, uma vez que, por muita sorte, estes pneus não terem estourado
em curvas de alta. Imagino o estrago que teria sido se um deles tivesse
explodido durante o contorno de uma “Copse” ou na seqüência rápida que é a
“Maggots”, “Chapel” e “Club”. A não utilização do Kevlar na construção destes
pneus foi um erro grave por parte da Pirelli, que já está investigando as
causas destes estouros. A FIA, enfim, não esperou para que acontecesse algo de
mais grave – lembre-se que a bruxa está à solta no mundo dos motorsports – e
resolveu fazer uma reunião extraordinária para saber o que de fato aconteceu em
Silverstone e as medidas que devem ser tomadas para as próximas etapas. E
lembrar que a o GP da Alemanha, em Nurburgring, será no próximo domingo deixa
um ar de suspense o que poderá acontecer com a Pirelli.
Voltando a corrida, esta parecia já ter dono quando Hamilton
teve o seu problema de pneu: Vettel estava muito bem na dianteira da corrida e
conseguira manter uma diferença confortável sobre Nico Rosberg, mas o câmbio
quebrado faltando dez voltas para o fim tirou dele uma boa oportunidade de
ampliar ainda mais a sua diferença para Fernando Alonso, que agora é de 21
pontos. Mas foi importante esta corrida para verificarmos que a Red Bull,
aparentemente, resolveu os problemas de desgaste de pneus o que possibilitará
Sebastian a impor seu ritmo nas corridas seguintes. A Mercedes também teve um
final de semana muito bom: a pole de Hamilton e constância de Nico atrás de
Vettel, não deixando seu conterrâneo desaparecer na frente, mostra o quanto que
o teste secreto pode ter ajudado para resolver o crônico problema de desgastes
de pneus, que tanto castigava os carros prateados. A Lotus, que parecia ter a
chance de ver Raikkonen no pódio, viu o seu ótimo piloto cair posições após a
saída do Safety Car numa aposta de não trocar pneus e tentar se equilibrar no
baixo consumo que tem este carro com a borracha italiana, mas eles não contavam
com os foguetes que foram Webber, Alonso e Hamilton naquela parte final com os
pneus novinhos. A quinta posição foi amarga para eles. Já a Ferrari levou para
Silverstone mais um daqueles famosos pacotes de novidades que se saíram um
verdadeiro fracasso na classificação, mas que na corrida parece ter surtido
algum efeito com o bom andamento que teve Alonso e Massa – não digo apenas na
parte final da corrida, mas antes da segunda entrada do SC – com Massa tendo um
ótimo início de prova e Alonso conseguindo discutir as posições intermediárias
com chances de arrebatar um pódio mesmo que não houvesse essas intervenções.
Mas o carro apresentou um grave problema de saída de frente na entrada das
curvas e de saída de traseira após o contorno das curvas. De se destacar
amplamente o bom trabalho de Sutil e Ricciardo nessa corrida, o que mostra que
os carros de Force India e Toro Rosso podem dar um trabalho extra para os times
de ponta em algum circuito nessa segunda parte do mundial, em especial pistas
rápidas como Spa, Monza e Suzuka.
Os sustos que os pneus da Pirelli proporcionaram em
Silverstone me fez retroceder oito anos, quando a Michelin retirou do grid do
GP dos EUA todos os carros calçados com a sua borracha devido à deformação que
estes sofriam na veloz curva 13 (curva 1 do oval), que resultou num forte
acidente de Ralf Schumacher naquela ocasião durante os treinos. Apesar de na
época ter achado ridículo, vejo que hoje os franceses tinham razão naquela atitude.
Talvez isso não passasse pela cabeça dos homens da Pirelli se ali estivessem e
mandariam os carros para a pista. E o resultado seria catastrófico.
Resultado Final
Grande Prêmio da Grã-Bretanha
Circuito de Silverstone - 52 Voltas
8ª Etapa - 30/06/2013
1 - Nico Rosberg(ALE/Mercedes) - 1h32m59s456
2 - Mark Webber(AUS/RBR) - a 0s765
3 - Fernando Alonso(ESP/Ferrari) - a 7s124
4 - Kimi Raikkonen(FIn/Lotus) - a 7s756
5 - Lewis Hamilton(ING/Mercedes) - a 11s257
6 - Felipe Massa(BRA/Ferrari) - a 14s573
7 - Adrian Sutil(ALE/Force India) - a 16s335
8 - Daniel Ricciardo(AUS/STR) - a 16s500
9 - Paul Di Resta(ESC/Force India) - a 17s993
10 - Nico Hulkenberg(ALE/Sauber) - a 19s700
11 - Pastor Maldonado(VEN/Williams) - a 21s100
12 - Valtteri Bottas(FIN/Williams) - a 25s000
13 - Jenson Button(ING/McLaren) - a 25s900
14 - Esteban Gutiérrez(MEX/Sauber) - a 26s200
15 - Charles Pic(FRA/Caterham) - a 31s600
16 - Jules Bianchi(FRA/Marussia) - a 36s000
17 - Max Chilton(ING/Marussia) - a 1m07s600
18 - Guiedo van der Garde(HOL/Caterham) - a 1m07s700
19 - Romain Grosjean(FRA/Lotus) - a 1 volta
Não completaram:
Sergio Pérez (MEX/McLaren) - 47 voltas
Sebastian Vettel (ALE/RBR) - 42 voltas
Jean-Eric Vergne (FRA/STR) - 36 voltas
Volta mais rápida: Mark Webber(AUS/RBR): 1m33s401, na volta 52