quinta-feira, 17 de setembro de 2020

88ª 24 Horas de Le Mans – Toyota comanda o primeiro dia de atividades em Sarthe

 


Três meses após o adiamento da edição deste 2020 por conta da pandemia do Covid-19, os carros do Mundial de Endurance puderam, enfim, invadir a pista de Sarthe para dar inicio às atividades para esta edição de número 88 das 24 Horas de Le Mans.

As atividades constituíram em quatro fases: a realização de dois treinos livres (de três horas cada), seguido pela qualificação que serviu para definir o grid de largada do sétimo para trás de cada classe e definindo os seis primeiros das quatro classes que passaram para a Hyperpole, que será realizada na sexta. Por fim, a terceira sessão de treinos livres que durou quatro horas começando a tarde e invadindo a noite.

LMP1

(Foto: Toyota Gazoo Racing/ Twitter)

A Toyota ditou o ritmo nessa classe sem tomar conhecimento das demais. Desde o primeiro treino livre já mostrava que, mesmo com o peso adicional, parecia ter afetado em nada a sua performance. Kazuki Nakajima, com o Toyota #8, fez a melhor marca do primeiro treino livre ao chegar em 3’21’’656 e colocar 0’’334 décimos sobre o gêmeo #7 que fez o tempo de 3’21’’990. A Rebellion, com seu #1, ficou em terceiro naquele treino com a marca de 3’23’’155 e a quarta colocação ficando para o outro Rebellion #3 que fez o tempo de 3’25’’216. A ByKolles aparece em quinto com seu ENSO CLM P1/01-Gibson em quinto, atingindo o tempo de 3’28’’442.

O segundo treino livre foi ainda melhor para a Toyota, quando o #8, agora conduzido por Sebastien Buemi, chegou a melhor marca desta atividade ao fazer 3’19’’719. Foi quase um segundo (0’’8 décimos, precisamente) que o Toyota #7 que ficou na casa de 3’20. Para a Rebellion foi uma sessão que eles contaram apenas com a presença do carro #3 na pista que marcou o terceiro tempo. O #1 da equipe, conduzido por Bruno Senna/ Norman Nato/ Gustavo Menezes, ficou praticamente de fora deste segundo treino já que precisou trocar o motor. O ByKolles ficou em quarto nessa classe e quinto no geral, uma vez que ficou atrás do Oreca LMP2 da Racing Team Nederland que ocupou o quarto posto na classificação geral.

No treino classificatório, foi a vez do Toyota #7 dar as cartas e fazer a marca de 3’17’’089 vindo pelas mãos de Kamui Kobayashi que colocou dois décimos sobre o seu compatriota Kazuki Nakajima que fez o segundo melhor tempo. O Rebellion #1 aproveitou bem da saúde do novo motor para cravar o terceiro tempo, mesmo que ainda tenha ficado quatro segundos de atraso em relação aos Toyotas. A Bykolles mostrou alguma velocidade e se meteu entre as duas Rebellion ao ficar em quarto. O Rebellion #3 ficou em quinto. Como a classe tem apenas cinco carros, eles passaram automaticamente para a Hyperpole.

A terceira sessão de treinos, que incluiu a parte da tarde e a noite em Sarthe, viu a Rebellion tomar de assalto a primeira colocação quando Louis Deletraz pôs o #3 da equipe suíça no topo com a marca de 3’19’’158. A Rebellion ainda mostraria força nesta sessão, quando o #1, com Gustavo Menezes no comando, ficou em terceiro com o tempo de 3’19’’775. A segunda colocação foi ocupada pelo Toyota #7 que fez o tempo de 3’19’’638 com Kamui Kobayashi ao volante. O Toyota #8 ficou em quarto e o ByKolles #4 acabou em quinto na classe e 18º na geral, após ter tido a frente danificada numa escapada na Tertre Rouge quando Bruno Spengler pilotava.

Apesar do maior peso que é levado pelos dois Toyotas, a equipe japonesa não pareceu sentir os efeitos e dominou com certa folga estas atividades que aconteceram mais cedo. A esperança dos entusiastas é que a Rebellion esteja escondendo o jogo, justamente para jogar as cartas na mesa quando realmente precisa que é na maratona das 24 Horas, mas sua performance no terceiro treino joga uma luza de esperança  nesta expectativa.. Em relação a ByKolles, a única expectativa é que consigam, ao menos, ter um breve melhora nas próximas atividades e que tenham uma jornada decente.

 

LMP2

(Foto: Racing Team Nederland/ Twitter)

A Racing Team Nederland aparece como a favorita neste primeiro dia em Sarthe, após liderar as primeiras atividades do dia especialmente o segundo treino livre e a qualificação.

No primeiro treino livre eles tinham a liderança até pouco antes do final, quando Keita Yamashita, da High Class Racing, ao fazer o tempo de 3’29’’873 contra 3’29’’918 que alcançado por Giedo Van Der Garde no Oreca 07 da Racing Team Nederland. A terceira colocação ficou para o #38 da JOTA Sport.

O segundo treino livre teve a liderança absoluta do time holandês, que fez o tempo de 3’27’’185 com Nicky De Vries ao volante. Este tempo foi suficiente para coloca-los na quarta posição na geral, superando o ByKolles. Com quase um segundo de atraso, apareceu na segunda posição o #37 da Jackie Chan DC Racing e em terceiro o #38 da JOTA Sport. Esta atividade foi marcada pelos dois acidentes com os dois Oreca 07 da IDEC Sport que se acidentaram em momentos distintos do treino: o #28, pilotado por Paul Lafargue, bateu na saída da segunda chicane, danificando bem a dianteira do carro ainda na primeira hora de treino. Quando este estava sendo levado aos boxes, o #17 conduzido por Dwight Merriman, bateu um pouco antes de chegar na entrada dos boxes e, a exemplo do #28, também danificou bem a dianteira. Será um trabalho bem puxado para a equipe que, logicamente, não participou da qualificação.

 Na qualificação a Racing Team Nederland continuou a andar forte e estabelecer a melhor marca dessa classe com o tempo de 3’26’’648, feito novamente por De Vries. O #37 da Jackie Chan DC Racing, #22 da United Autosport, #26 da G-Drive Racing, #32 da United Autosport e o #33 da High Class Racing, passaram para a Hyperpole.

No terceiro treino livre foi o Oreca 07 #30 da Duqueine Racing que fez a melhor marca desta atividade, com o tempo de 3’28’’013 feito por Tristan Gommendy. A segunda posição ficou para o #32 da United Autosport e a terceira posição para o #26 da G-Drive.

 

LMGTE-PRO

(Foto: Aston Martin Racing/ Twitter)

Assim como foi em 2019, a Aston Martin teve um bom inicio de trabalhos em Sarthe ao liderar a primeira sessão de treinos e a qualificação, sempre com dobradinhas. A única equipe a importunar os carros ingleses foram os Porsche no segundo treino livre.

Na primeira atividade os dois Aston Martin Vantage ocuparam as duas primeiras colocações, com o #97 chegando a marca de 3’’53’’930 – com Alex Lynn ao volante – e o #95 ficando em segundo com o tempo de 3’54’’992, que foi alcançado por Nick Thiim. A terceira posição foi do Ferrari 488 GTE Evo da AF Corse #51 com 3’55’’186.

A Porsche apareceu muito bem após ocupar as duas últimas posições dessa classe no primeiro treino livre, sentindo bem a falta de um treino que pudesse ambientar o novo 911 RSR-19 antes da batalha que é em Sarthe. No entanto, o segundo treino livre foi uma lufada de ar fresco para eles, que puderam se colocar em primeiro e terceiro na segunda prática, com o #92 e #91 respectivamente. O Porsche #91 fez o tempo de 3’52’’783 com Michael Christensen ao volante. A segunda posição ficou com o Aston Martin #97.

A qualificação voltou a ver os Aston Martin Vantage ditarem o ritmo com o #95 ficando em primeiro (3’50’’872) e o #97 em segundo (3’50’’925). As demais posições foram ocupadas pelos dois Ferrari da AF Corse e pelos dois Porsche da Porsche GT Team que avançaram para a Hyperpole.

O terceiro treino livre voltou ver a Porsche em primeiro na tabela de tempos, com o #92 liderando com o tempo de 3’52’’177 feito por Kevin Estre. Os dois Aston Martin vieram em seguida, com o #97 fazendo a marca de 3’52’’442 e o #95 com o tempo de 3’52’’632.

 

LMGT-AM

(Foto: Aston Martin Racing/ Twitter)

Assim como na PRO, a Aston Martin teve uma boa jornada com seu carro oficial, o #98 pilotado por Paul Dalla Lana/ Ross Gunn/ Augusto Farfus, que lideraram o primeiro treino livre (3’55’’484) e o classificatório (3’52’’778). A Porsche, através do #77 da Dempsey-Proton Racing, liderou a segunda sessão de treinos com a marca de 3’53’’961 – inclusive, se colocando entre os carros da PRO ao ficar atrás dos quatro mais rápidos daquela classe.

Além do Aston Martin #98, passaram para a Hyperpole o Aston Martin #90 da TF Sport, o Porsche #86 da Gulf Racing, o Ferrari #61 da Luzich Racing, o Porsche #77 da Dempsey-Proton Racing e o Porsche #56 da Team Project 1.

A terceira atividade foi dominada novamente pela Aston Martin #98 que fez o tempo de 3’54’’590, seguido pelo Ferrari #60 da Iron Lynx e pelo Porsche #88 da Dempsey-Proton Racing. Essa classe ainda viu o acidente do Ferrari #62 da Red River Sport se acidentar na freada para a primeira chicane, quando Bonamy Grimmes estava ao volante.

As atividades continuam amanhã, com a definição das três primeiras filas de cada classe na Hyperpole e depois com o quarto treino livre que terá duração de 1 hora.

Resultados: Treino Livre 1, Treino Livre 2, Qualificação e Treino Livre 3

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Foto 887: François Cevert e Jean Pierre Beltoise, Le Mans 1973


 

François Cevert no comando do Matra MS 670B da Matra-Simca durante um dos estágios das 24 Horas de Le Mans de 1973. Ele dividiu o carro #10 com Jean Pierre Beltoise, mas não completaram a prova depois que Beltoise teve um estouro num dos pneus e acabou batendo quando ocupavam a quinta colocação já na 12ª hora de prova. 
Além do carro de Cevert e Beltoise, a Matra inscreveu dois modelos MS 670B e um MS670: Henri Pescarolo/ Gerard Larousse (#11) e Jean Pierre Jabouille/ Jean Pierre Jassaud (#12) pilotaram os MS 670B e Patrick Depailler/ Bob Wollek (#14).
A corrida foi um verdadeiro duelo entre Matra e os três 312PB inscritos pela Ferrari, que foi pautado pelos problemas mecânicos dos dois lados. As coisas começaram a se resolver pela manhã, quando o Ferrari 312PB de Jacky Ickx/ Brian Redman apresentou problemas no escapamento e logo em seguida apareceu o Matra #11 de Pescarolo/ Larousse com os freios defeituosos. Ambas equipes consertaram os problemas, mas a Matra foi mais rápida na ação e entregou o carro #11 na liderança da prova. Finalmente, já perto do fim, o Ferrari de Ickx/ Redman abandonou com o motor avariado. Pescarolo e Larousse acabaram por vencer com seis voltas de vantagem sobre o Ferrari 312PB de Arturo Merzario e José Carlos Pace e com 24 voltas sobre o outro Matra de Jean Pierre Jabouille e Jean Pierre Jassaud. 
Para a Matra foi a segunda conquista consecutiva em Sarthe, após ter vencido em 72 com Henri Pescarolo e Graham Hill com o MS 670.
Na ocasião as 24 Horas de Le Mans completava 50 anos de existência. 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Foto 886: Vic Elford e Kurt Ahrens Jr., Le Mans 1970

 


Belissima foto do Porsche 917 LH pilotado por Vic Elford e Kurt Ahrens Jr. durante as 24 Horas de Le Mans de 1970. O carro foi inscrito pela KG Salzburg ao lado do outro que foi conduzido por Hans Hermann e Richard Attwood. A equipe era comandada pela mãe de Ferdinand Piëch, Louise Piëch e isso causou certo desconforto e surpresa para John Wyer que estava à frente do desenvolvimento do Porsche 917 desde o final de 1969 e a sua equipe, a J.W. Engineering, era tida como a oficial da Porsche. 
Enquanto que o Porsche 917 LH de Elford/ Ahrens ficou pelo caminho na 18ª hora por um problema no motor - após ter completado 225 voltas -, o #23 conduzido por Hermann/ Attwood passou para dar a fábrica alemã a sua primeira conquista na geral em Le Mans. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

GP da Toscana – Cartão de Visitas

 

Lewis Hamilton num dos mais belo cenários desta temporada: vitória de número 90ª
(Foto: Mercedes/ Twitter)

Qualquer circuito que venha fazer sua estreia na Fórmula-1 sempre vai gerar uma grande curiosidade. Mugello não é tão desconhecida assim: além de ser uma das pistas de testes da Ferrari, é um das catedrais sagradas do motociclismo. Para os entusiastas, exclusivamente daqueles que acompanham apenas a Fórmula-1, era um novidade a ser observada com atenção: uma mistura de curvas velozes com partes mais estreitas e com caixas de brita por todos os lados, essa corrida servia como uma grande oportunidade de ver como seria esta primeira aparição da categoria neste circuito centenário.

A julgar pela primeira largada, a corrida passava um cenário interessante: a melhor largada de Bottas jogou Hamilton para segundo e isso trazia uma possibilidade de vermos como seria um possível duelo entre os dois pilotos da Mercedes, uma vez que Valtteri esteve muito bem nesta pista em todos os treinos – exceto na qualificação, onde Lewis mostrou mais uma vez seu passo de gigante ao anotar a sua 95ª pole na carreira. Mas o enrosco logo na segunda curva que eliminou Verstappen e Gasly, fez com que o SC fosse acionado para a retirada dos carros. Quando relargada foi autorizada, o múltiplo acidente na parte de trás envolvendo Lattifi, Giovinazzi, Magnussen e Sainz, fez com que a bandeira vermelha entrasse em ação. Dessa forma, assim como na última semana em Monza, teríamos um novo procedimento de largada parada.

Essa nova largada deu a Hamilton a chance de pular na dianteira, aproveitando-se bem do vácuo do Mercedes de Valtteri para contornar a curva por fora e assumir a liderança. Mesmo com Bottas tentando optar em usar compostos diferentes do de Hamilton, o finlandês acabou tendo de parar antes por conta do desgaste e também por ter reclamado de vibrações nos pneus e assim foi chamado antes, colocando os pneus duros. Hamilton  veio parar uma volta depois e colocar os mesmos compostos. O acidente de Lance Stroll na veloz Arrabiata 1 fez com que o SC entrasse mais uma vez e Bottas teve um oportunidade de parar e fazer sua parada para colocar os pneus macios, porém Hamilton, que havia passado pela reta dos boxes exatamente quando foi acionado o Safety Car, conseguiu ainda tempo para completar a volta, trocar para os macios e voltar na frente de Valtteri – para mais uma vez a bandeira vermelha entrar em ação e forçar uma nova largada parada. Desta vez, não teve nenhuma surpresa: Hamilton conseguiu controlar bem sua vantagem para Bottas – que oscilava entre 1.3 segundos até 2.0 segundos – para conquistar sua sexta vitória na temporada.

Apesar de toda a bagunça causada pelos acidentes, a corrida foi interessante do terceiro para baixo. Sem a presença de Max – que seria o terceiro ocupante natural do pódio – a terceira posição foi objeto de desejo: Charles Leclerc chegou ocupar essa posição por algum momento, mas todos sabiam que ele não teria muito o que fazer frente a carros mais velozes e se viu despencar pela tabela para terminar em oitavo; Lance Stroll era outro que podia muito bem ter levado este terceiro lugar, mas os problemas na seção traseira de seu carro acabou jogando-o no muro de pneus da Arrabiata 1 e fazendo um belo estrago em seu Racing Point; Daniel Ricciardo parecia ser o piloto da tarde e fez relembrar seus tempos de Red Bull, onde imprimia sempre boa velocidade após as relargadas e isso o fez subir para terceiro. Talvez até conquistasse o pódio, não fosse a bandeira vermelha e isso deixou caminho aberto para que Alex Albon subisse de produção e partisse para o ataque e ultrapassasse o australiano. O anglo-tailandês ainda deu uma perspectiva de que poderia alcançar as Mercedes, que foi logo rechaçada com o aumento de ritmo dos dois carros negros. Mas foi o suficiente para que Alex subisse, enfim, ao pódio pela primeira vez. Quem teve a oportunidade de marcar o primeiro ponto neste campeonato foi George Russell, que viu a oportunidade aparecer após a série de acidentes. Infelizmente não teve tempo – e nem folego – para conseguir atacar e ultrapassar Sebastian Vettel – este escapou duas vezes dos acidentes, sendo que na primeira teve a asa dianteira danificada após acertar o carro rodado de Sainz – que acabou em décimo. E para a Ferrari, que comemorou o seu GP de número 1000 em Mugello, o estrago bem reduzido frente a péssima temporada que é feita até aqui. 

Esta prova significou a 100ª vitória da Mercedes na Fórmula-1, enquanto Hamilton chegou a sua 90ª conquista e fica, assim, a uma vitória de igualar a marca de Michael Schumacher – que pode ser empatada já na prova da Rússia daqui quinze dias – e ainda teve o recorde de 222 GPs na zona de pontos.

Até o final da temporada a história estará feita.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Video 500cc: Kenny Roberts vs Barry Sheene, GP da Grã-Bretanha 1979


A grande disputa entre o holandês Wil Hartog (Suzuki #3), o americano Kenny Roberts (Yamaha #1) e o britânico Barry Sheene (Suzuki #7) pela liderança no GP da Grã-Bretanha de 1979, então 11ª etapa das 500cc. No decorrer da prova a disputa ficou entre Sheene e Roberts com os dois se alternando na liderança em algumas oportunidades, até que o americano conseguiu uma boa distância a parecia ter uma conquista relativamente com folga. Mas Sheene conseguiu diminuir bem a distância na última volta para cruzar a linha de chegada lado a lado com Roberts. A vitória ficou com Kenny por três centésimos e em terceiro ficou Hartog, com quatro segundos de atraso. Este GP é considerado com um dos melhores da história da categoria.
Essa prova marcou o retorno da Honda a classe principal, inscrevendo duas NR500 para Mick Grant e Takazumi Katayama. Ambos não completaram a prova.
Barry Sheene completaria hoje 70 anos. 

Foto 885: Ronnie Peterson, 24 Horas de Le Mans 1970

Ronnie Peterson nas 24 Horas de Le Mans de 1970: única participação

Ronnie Peterson durante o fim de semana das 24 Horas de Le Mans de 1970. Na foto, o sueco com a Ferrari 512S #7 da equipe oficial da Ferrari (SEFAC Ferrari) na freada para Arnage. Na ocasião ele dividiu o carro com Derek Bell, mas não tiveram grande sorte ao abandonarem na 39ª volta após um problema na válvula. Foi a unica aparição de Ronnie em Sarthe.

O piloto sueco ainda teve outras oportunidades de participar das 24 Horas de Le Mans, mas por alguns infortúnios acabou por não acontecer: em 1969 foi escalado como reserva nos carros da Scuderia Filipinetti; em 1971 esteve na lista de reserva pela mesma Scuderia Filipinetti, onde dividiria o Ferrari 512M com Jean Pierre Jabouille; e a última possibilidade foi em 1972 quando estava a serviço da Ferrari, onde conduziria uma 312PB com Tim Schenken e Mario Andretti, mas a inscrição foi retirada. 

Naquele mesmo ano de 1972, Ronnie esteve a serviço da Ferrari no Mundial de Marcas onde pilotou o Ferrari 312PB junto de Tim Schenken. A dupla conseguiu duas vitórias naquela temporada: nos 1000Km de Buenos Aires e nos 100Km de Nurburgring. 

Hoje completa exatos 42 anos da morte de Ronnie Peterson, após o terrível acidente de um dia antes no GP da Itália de 1978. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Foto 884: A primeira em Monza

 

(Foto: Alpha Tauri/ Twitter)


A vitória de Pierre Gasly nesse último domingo passa a ser uma dos melhores momentos da Fórmula-1 nos últimos anos. Uma vitória carregada de emoções e revitalizante para um piloto que passou por maus bocados em 2019 até o seu heroico pódio em Interlagos naquele ano.

Por outro lado, a sua conquista o coloca na lista de pilotos que venceram seu primeiro GP na Fórmula-1 no solo sagrado de Monza. Ele é o oitavo piloto a conseguir essa façanha e agora vamos aos outro sete que compõe esse grupo.

 


1960 – Phil Hill –
O campeonato daquele estava totalmente nas mãos das equipes britânicas, tendo vencido as oito primeiras etapas das dez programadas para aquele mundial. Para o GP da Itália, o traçado escolhido foi o completo – com a utilização do anel externo da pista de Monza. O piso de concreto utilizado na bancada do oval prejudicava bastante a performance dos carros ingleses – por causa dos fortes solavancos – e nisso acabou que as equipes oficiais da Lotus, Cooper e BRM se retiraram daquela etapa e apenas os Cooper de propriedade de alguns pilotos particulares é que participou.

Foi a deixa para a Ferrari chegar a sua primeira e única vitória naquele ano: inscreveu quatro carros, sendo três D246 para Phil Hill, Richie Ginther e Willy Mairesse e uma 156P de motor traseiro para Wolfgang Von Trips.

Hill largou da pole (a primeira dele) e passou para vencer pela primeira vez na Fórmula-1 após duelar com Ginther, que terminou em segundo e Mairesse em terceiro. Ele tornou-se o primeiro americano a vencer uma corrida oficial na Europa após 40 anos, quando Jimmy Murphy venceu o GP DA França de 1921 em Le Mans pilotando um Duesenberg. Foi também a última conquista de um carro com motor dianteiro na Fórmula-1.

Phil repetiria a vitória em Monza um ano depois, no trágico GP de custou a vida de Von Trips e que era seu rival na disputa pelo titulo em 1961. Hill acabou por ser o campeão.

 


1965 – Jackie Stewart
– A temporada de 1965 levava a marca de Jim Clark e Lotus, que até ali tinha vencido seis vezes no mundial – e ainda carregava a fabulosa conquista da Indy 500. Em Monza a batalha foi inteiramente entre os pilotos britânicos onde Clark, Graham Hill, Jackie Stewart (estes dois com a BRM) e uma rápida intervenção de John Surtees (Ferrari), deu o tom naquela corrida regada ao uso do vácuo com as constantes trocas na liderança entre Clark, Hill e Stewart até a 57ª volta quando Jackie assumiu a liderança de vez.

Jim Clark abandonou na volta 63 por problemas de vazamento de óleo e deixou a disputa para Jackie e Hill, com o inglês ainda incomodando o escocês em algumas oportunidades. Mas Stewart reassumiria a liderança de vez na volta 74 para vencer seu primeiro GP na Fórmula-1.



1966 – Ludovico Scarfiotti –
O piloto italiano era um dos melhores de sua geração naquela década de 60, tendo vencido provas no Mundial de Marcas – incluindo a conquista nas 24 Horas de Le Mans de 1963 com Lorenzo Bandini pilotando pela Ferrari – e também com dois títulos no Campeonato Europeu de Subida de Montanha em 1962 e 1965.

Scarfiotti tinha feito já algumas provas na Fórmula-1, tendo estreado no GP da Holanda de -1963 onde terminou em sexto e participou, também, de algumas provas extra-campeonato incluindo a famosa corrida em Syracuse no ano de 1967 onde ele dividiu a conquista com seu companheiro de Ferrari Mike Parkes após terem cruzado a linha de chegada juntos, computando a mesma velocidade (182,90 KM/H) e cravando um incomum empate.

No GP da Itália de 1966 Scarfiotti largou da segunda posição, com a pole ficando para seu companheiro de Ferrari Mike Parkes – que marcava a sua primeira pole na categoria. Após uma má largada que o jogou para sétimo, Ludovico escalou o pelotão aos poucos para assumir a liderança na 13ª volta e perde-la momentaneamente na 27ª passagem para Mike Parkes e recuperá-la em seguida, para se tornar o primeiro italiano a vencer o GP da Itália desde Alberto Ascari, que havia vencido em 1952 também pela Ferrari. E agora era vez de Ludovico herdar essa marca, ao ser o último italiano a vencer o GP italiano e com Ferrari.

Scarfiotti morreria dois anos depois numa prova de Subida de Montanha em Berchtesgaden (ALE) ao volante de um Porsche 910 durante os treinos.

 


1970 – Clay Regazzoni –
Vencer pela Ferrari é sempre um previlégio. Se for pela primeira vez, engrandece o piloto, mas se este pacote for todo num GP da Itália em Monza, eleva o piloto a imortalidade junto aos Tiffosi. Para o novato Clay Regazzoni, que passou parte daquele ano revezando o volante do 312B com o também novato Ignazio Giunti, a corrida foi um dos grandes presentes na sua carreira.

Apesar de todo clima tenso pela morte de Jochen Rindt durante os treinos, a corrida aconteceu e Regazzoni estava num ótimo terceiro lugar – com seu companheiro de Ferrari, Jacky Ickx, na pole e Pedro Rodriguez (BRM) em segundo.

As primeiras trinta voltas foram uma batalha visceral que envolveu Ickx, Rodriguez, Regazzoni, Jackie Stewart, Jackie Oliver e Denny Hulme no revezamento pela liderança, mas a partir da 31ª volta Stewart passou a batalhar exclusivamente com Regazzoni.  A partir da volta 54, Clay assumiu de vez a liderança para conquistar a sua primeira vitória na Fórmula-1 e ver a pista de Monza se transformar num mar de Tiffosi que agora tinham um novo ídolo.

Regazzoni ainda venceria em Monza cinco anos depois, quando levou o GP da Itália de 1975 com a Ferrari.




1971 – Peter Gethin –
Poderia um piloto sair de uma posição de meio de grid e vencer em Monza? Com um bom carro e conseguindo usar bem o beneficio do vácuo, essa chance cresceria consideravelmente.  Peter Gethin (BRM) marcou apenas o 11º tempo naquele grid para o GP da Itália que teve como pole Chris Amon com a Matra. Mas o britânico soube usar bem o turbilhão de vácuo em Monza naquele dia.

A corrida foi uma das mais disputadas da história, onde os seis primeiros passaram a corrida separados por meros meio segundo. Clay Regazzoni, Ronnie Peterson, Jackie Stewart, François Cevert, Mike Hailwood, Jo Siffert e Chris Amon foram os pilotos que trocaram a liderança até a 51ª passagem até que Peter Gethin, que havia ficado a corrida toda comboiando este grupo, começou a escalar o pelotão até chegar à liderança na volta 52. Ele perderia a liderança na passagem 54, mas recuperaria na volta 55 para vencer o seu único GP com a apertada vantagem de um centésimo para Ronnie Peterson.

A média horária alcançada por Peter Gethin foi de 242.616 KM/H . Em termos de comparação, naquele mesmo ano, Al Unser venceu a Indy 500 com a média de 253.850 KM/H.



2001 – Juan Pablo Montoya –
A fama do colombiano já estava em alta quando o GP da Itália daquele ano foi realizado. Sua coragem frente aos demais e, principalmente, Michael Schumacher, chamava atenção e credenciava o jovem piloto a ser um dos grandes astros.  

Aquele GP da Itália foi realizado sob forte tensão após o ataques as torres gêmeas em Nova York (11 de setembro) e do grave acidente sofrido por Alessandro Zanardi um dia antes na etapa de Lausitzring válida pelo campeonato da CART.

Montoya largou da pole e viu em Rubens Barrichello (Ferrari) e no seu companheiro de Williams, Ralf Schumacher, seus dois grandes opositores naquela edição. Juan Pablo acabou por vencer a corrida, com uma margem de cinco segundos sobre Rubens e dezessete sobre Ralf.

Montoya voltaria a vencer no circuito em 2005, pela Mclaren.



2008 – Sebastian Vettel –
A estrela em ascensão do automobilismo alemão teve seu dia de rei em Monza ao cravar a pole em condições bem adversas, onde a chuva foi constante. Na corrida, a soberania do jovem Sebastian Vettel continuou e ele liderou quase todas as voltas, perdendo a liderança por apenas quatro voltas para Heikki Kovalainen (19-22) e retomando para vencer de modo convincente pela primeira vez na categoria – e também para a então jovem equipe Toro Rosso, que havia surgido do que era a Minardi.

Essa conquista de Vettel o credenciaria para a equipe principal, a Red Bull, em 2009, onde ele veio conquistar seus quatro campeonatos consecutivos (2010-13) e tornar-se um dos grandes da categoria.  

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...