Umas das curvas pouco badaladas de Monza é a curva Grande. Contornada a direita é a única feita totalmente com o pé cravado que leva a forte freada da variante Roggia. Ela não chega aos pés da antiga Lesmo, que dependendo do piloto, poderia ser feita de pé embaixo, mas ela tem o seu valor e exige uma dose de coragem para efetuar uma ultrapassagem. E se for por fora, fica ainda mais valorizada. Foi assim que Vettel fez para recuperar a liderança na quinta volta após ter perdido-a para um surpreendente Alonso, que saíra de quarto para primeiro numa largada fenomenal. Vettel havia perdido a liderança não por ter patinado, mas por ter se preocupado em defender-se de Hamilton que o ameaçava por fora e Alonso aproveitou a pequena brecha para assumir a liderança. Um cenário que era um sonho para os tiffosi que ficaram eufóricos. Após a saída do SC, que entrara devido ao strike causado por Liuzzi que levara consigo Rosberg e Petrov e Vettel partiu para o ataque e na quinta passagem ele mostrou que estava amadurecido o suficiente ao aplicar uma ultrapassagem, e passando com as rodas do lado esquerdo na grama, por fora sobre Alonso que nem tivera a chance de se defender-se. Tinha sido uma bela manobra e Vettel mostrara para os seus críticos mais ferrenhos, que ele também sabe ultrapassar quando preciso. Essa manobra, para mim, além de ter sido de total coragem, só serviu para confirmar que ele está amadurecido e que aprendera com os erros do passado. Em outros tempos ele teria ido parar no muro, ou acertado Alonso.
Se Vettel resolveu a sua vida rapidamente, não podemos dizer o mesmo de Hamilton, que protagonizou com Schumacher o mais belo duelo deste ano. Duas gerações de pilotos separados por 16 anos confrontaram-se de um modo franco e aberto: Michael, do alto dos seus 42 anos de pura experiência e sete títulos mundiais nas costas, segurou bravamente Hamilton, que tem a fogosidade dos seus 26 anos e já carrega na bagagem um título mundial e uma coleção infindável de belas ultrapassagens, duelaram por mais de vinte voltas contando as duas vezes em que se encontraram na pista. Michael defendeu-se como pode dos ataques de Hamilton, e em algumas situações, mudou de trajetória mais de uma vez e deu uma fechada de gelar a espinha quando Lewis mergulhou por dentro na curva Grande para tentar a ultrapassagem (antes disso, Hamilton havia feito a ultrapassagem no final da reta dos boxes, mas tomara o troco na curva Grande quando Michael o pegou por fora). Button soube bem aproveitar este momento em que seu companheiro perdera a velocidade para ultrapassá-lo e na mesma volta passar por Schumacher na freada da entrada da Ascari, por fora. O Lewis tentara desde a 4 volta, Button resolveu tudo em meia volta, para ser mais preciso, na 16ª passagem. E dizem que ele soltou pelo rádio “É assim que se faz”, dando uma pequena alfinetada em Lewis. Para o azar do campeão de 2008, ele voltara atrás de Michael logo após sua parada de box na 19ª passagem. Foi outra bela batalha, mas antes que se completassem as 30 voltas, Hamilton conseguiu passar por Schumi na freada da Ascari após Michael ter patinado na saída da segunda de Lesmo. A menor configuração de asa de Schumacher, combinando com a potência do motor Mercedes, lhe deu uma sobrevida nesta batalha pois Hamilton, tendo o mesmo motor, não conseguira passar dele nem mesmo quando usava a asa traseira nas retas. O problema é que Hamilton tinha mais asa que o normal e isso dificultava a sua aproximação. Mas também temos que dizer que Hamilton esteve altamente cauteloso e Schumacher não aliviou em momento algum nas disputas. E isso merece um post à parte.
Com os brasileiros provas distintas: Massa recuperou-se bem do enrosco com Webber após a saída do SC e fez boa corrida de recuperação, o que sugere, caso não tivesse acontecido este incidente, poderia ter brigado até mesmo pela quarta posição. Bruno fez mais um bom trabalho ao ficar em décimo no treino. Escapou da batida na largada, caiu para último, duelou com Kobayashi, Buemi e Maldonado, vencendo todas e chegou na oitava posição marcando seus dois primeiros pontos na F1. Barrichello foi um dos que foram envolvidos na batida da largada e após trocar o bico, voltou no fundo e recuperou-se até a 13ª posição, onde acabou terminando.
Pelo uso da asa móvel e KERS, Monza voltou a ter a sua famosa briga de vácuos, os “Sliptreamers”, que eram comuns quando a pista não tinha as chicanes até 1971. Vettel venceu de modo magistral livrando-se cedo de todas as brigas e sumindo na frente para garantir mais 25 pontos. Agora com 112 de vantagem para Alonso, o novo vice líder, ele pode sair bicampeão já em Cingapura, caso vença a corrida. E a F1 se despede da Europa. E a prova de Monza, no meu ver, deixará saudades principalmente quando vermos por onde a F1 vai correr até o final do ano nos circuitos insossos da Ásia e Oriente Médio. Mas para compensar, ainda teremos Suzuka e Interlagos, duas pistas onde, normalmente, os homens se separam dos garotos.
A Largada: Alonso se prepara para dar o bote em Hamilton e Vettel
Liuzzi veio varrendo quem estava na frente e levou Rosberg e Petrov consigo. Em Cingapura perderá 5 posições, mas na verdade um gancho de uma corrida seria bom ele aprender a não estragar a corrida dos outros
O grande duelo: Schumacher fez de tudo, e mais um pouco para defender-se dos ataques de Hamilton...
...até que Button e resolveu a ladainha em meia volta, passando os dois contendores
Bruno marcou seus dois primeiros pontos na F1 e teve boas disputas com Buemi e Kobayashi, acima
RESULTADO FINAL
Grande Prêmio da Itália
Circuito de Monza- 13ª Etapa- 11/09/2011
53 voltas
1. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault) - 1h20min46s172
2. Jenson Button (GBR/McLaren-Mercedes) - a 9s590
3. Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - a 16s909
4. Lewis Hamilton (GBR/McLaren-Mercedes) - a 17s417
5. Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - a 32s677
6. Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 42s993
7. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari) - a 1 volta
8. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) - a 1 volta
9. Bruno Senna (BRA/Lotus-Renault) - a 1 volta
10. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari) - a 1 volta
11. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth) - a 1 volta
12. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth) - a 1 volta
13. Heikki Kovalainen (FIN/Team Lotus) - a 2 voltas
14. Jarno Trulli (ITA/Team Lotus) - a 2 voltas
15. Timo Glock (ALE/Virgin-Cosworth) - a 2 voltas
Não completaram a prova:
Sergio Perez (MEX/Sauber)
Daniel Ricciardo (AUS/Hispania)
Kamui Kobayashi (JAP/Sauber)
Adrian Sutil (ALE/Force India)
Mark Webber (AUS/Red Bull)
Jerome D'Ambrosio (BEL/Virgin)
Vitaly Petrov (RUS/Lotus Renault)
Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania)
FOTOS: ITV.COM