quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Foto 804: Jonathan Palmer, Brands Hatch 1983



Uma bela oportunidade para o recém campeão da Fórmula 2 de 1983 estreando pela Williams, no GP da Europa daquele ano.
A equipe de Frank Williams alinhou um terceiro carro para Jonathan Palmer que classificou-se em 25o, enquanto que o campeão de 1982 Keke Rosberg ficava em 16o e Jacques Laffite não conseguia um lugar no grid.
Curiosamente Jonathan foi o melhor da Williams, mesmo que tenha terminado o GP europeu, disputado em Brands Hatch, duas voltas atrás do vencedor Nelson Piquet. Palmer fechou em 12o e Keke Rosberg abandonou na volta 43 por conta de problemas no motor.
A partir de 1984 Palmer passou a correr pela equipe RAM.

domingo, 22 de setembro de 2019

GP de Singapura - Vettel is back

Não é nenhuma novidade que os últimos meses para Sebastian Vettel não foram aquele mar de rosas. Inúmeros textos tentando decifrar o porquê da sua maré de altos e baixos - mais baixos, diga-se - foram escritos, mas somente o próprio piloto alemão é que poderia dizer o que de fato tem acontecido neste período. Pior: o vai e vem de aposentar e desaposentar Sebastian a cada corrida, já era um dos principais esportes de seus detratores. E para piorar, a crescente de Charles Leclerc só fazia reforçar ainda mais as ferozes críticas ao tetracampeão. Porém um território onde ele sempre foi soberbo foi palco para que ele reencontrasse a vitória.
É verdade que a princípio esta pista não favorecia a Ferrari, mas as melhorias para o carro italiano lhe deram uma sobrevida para este circuito. Por outro lado a corrida mais parecia um duelo particular entre Leclerc e Hamilton, numa extensão do que acontecera em Monza quinze dias antes. Mas as paradas de box é decidiu a corrida quando Vettel foi para a sua troca e colocou os pneus duros. Apesar da parada de Charles Leclerc ter sido na volta seguinte, o melhor ritmo de Sebastian foi o suficiente para que ele ficasse a frente de Charles quando este saiu dos boxes. Lewis Hamilton ainda ficou na pista, tentando alongar ao máximo seus pneus macios - e ao mesmo tempo esperando que um Safety Car aparecesse, algo que não aconteceu naquelas voltas.
A verdade é que a corrida decidiu-se no melhor trato de Vettel com os pilotos que iam a sua frente - como Stroll, Gasly, Ricciardo e Giovinazzi - e que ainda teriam que parar nos boxes. Superou estes pilotos com mais rapidez, enquanto que Leclerc acabou se atrapalhando com alguns - especialmente com Stroll, onde ficou em torno de três voltas para conseguir superar o canadense. Mesmo após superar estes pilotos e contando com três intervenções do SC, Charles não conseguiu aproximar-se de forma que o colocasse em total chance de ultrapassar Vettel. Sebastian conseguia uma melhor tração na saída do primeiro S e tinha um melhor rendimento no segundo setor, que dava a ele uma situação mais confortável para manter Leclerc longe e minar aos poucos as chances do piloto monegasco. Foi uma vitória no melhor estilo que consagrou Sebastian em seus tempos de ouro na Red Bull: liderando com força e dosando a diferença para o segundo, sem dar nenhuma possibilidade.
Para o líder do campeonato, a corrida foi bem atípica. Por mais que tenha tentando tomar as rédeas da corrida ao escolher ficar mais tempo na pista, sabia-se que o ritmo de sua Mercedes não seria o suficiente para que pudesse voltar na frente ou próximo das Ferrari a ponto de tentar um ataque. Ensaiou um ataque a Max Verstappen já nas voltas finais, mas sem sucesso. Já o piloto holandês foi bem mais comedido na sua pilotagem, preocupando-se apenas em terminar nos pontos e não se meter em confusão. Fechou em terceiro.
Numa corrida que foi apenas morna, esta acabou por ser o palco onde Sebastian Vettel voltou ao círculo dos vencedores. Bom para Ferrari, que conquista a sua terceira vitória consecutiva - fato que não acontecia desde 2008 -, para a Fórmula 1 e para os fãs de Vettel, que puderam extravasar um turbilhão de emoções que já estava engasgado há mais de um ano.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Foto 803: Jody Scheckter, 40 anos atrás

A imagem de um grande momento para Ferrari, tiffosi e Jody Scheckter.
Neste 9 de setembro completou 40 anos da conquista do título de Scheckter e também da sua vitória no GP da Itália, que coroou um grande ano para a equipe italiana que vencera 6 corridas (três com Scheckter e outras três com Gilles Villeneuve), apostando na confiabilidade do conjunto 312T que chegava a quarta geração de um projeto vitorioso iniciado por Mauro Forghieri, após um período negro que a equipe passou na parte técnica - que consequentemente afetou os resultados de pista - e que começou a ser dissipada a partir de 1974 e consolidada a partir de 1975, com o primeiro título da equipe num intervalo de onze anos.
Essa conquista marcaria, também, o último de um V12 da equipe italiana assim como deixaria a Ferrari imersa num longo período sem título de pilotos que seria quebrado apenas em 2000, quando Schumacher venceu o seu primeiro título pela Scuderia.
Um dia de festa que foi revivido neste final de semana, quando Scheckter pôde voltar ao circuito italiano para dar algumas voltas com a sua 312T4 para as comemorações dos 40 anos do seu título.
Um dia para lá de especial para os italianos ali presentes.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

GP da Itália: Um novo ídolo para os tiffosi



Sem dúvida que o maior sonho de quase todos os pilotos é correr pela Ferrari e em seguida conquistar a dobradinha vitória em Monza/ Titulo Mundial. Dessa forma, Charles Leclerc já realizou dois destes três sonhos com uma atuação brilhante que lhe rendeu uma conquista arrebatadora no clássico circuito italiano e automaticamente conquistou a fanática torcida italiana.
Passados mais de 24 horas desta grande conquista e mesmo estando a milhares de quilômetros, conseguimos imaginar como foi aquela tarde de 8 de setembro que ainda carregava desde Spa-Francorchamps a carga emotiva pela perda do jovem Anthoine Hubert – que foi homenageado no pódio da F2 ao tocar a Marselhesa – e depois pelas voltas que Jody Scheckter deu com a sua Ferrari 312T4 no circuito italiano em comemoração aos 40 anos do seu título mundial, conquistado ali mesmo em Monza com direito a vitória e dobradinha com seu saudoso amigo Gilles Villeneuve que levou a torcida italiana ao delírio no já distante dia 9 de setembro de 1979. Isso sem contar com a enorme festa que foi feita durante a semana por conta dos 90 anos de história da Scuderia. Ou seja: uma conquista da Ferrari naquele território seria apenas o toque final de uma semana para lá de emotiva.
Mas Charles Leclerc fez ainda mais: encarnou o espirito combativo da equipe italiana e duelou fortemente com Lewis Hamilton, sempre respondendo aos ataques do piloto inglês. No mais incisivo deles, quando Lewis conseguiu o vácuo na saída da Curva Grande e fez a tentativa para a Chicane Della Roggia, Leclerc fechou bem a passagem deixando para o piloto da Mercedes a chance de ir para a área de escape para evitar uma rodada ou batida. O lance fez a torcida vibrar nas arquibancadas. Tal duelo fez lembrar o de Fernando Alonso e Michael Schumacher em 2005 na pista de Imola, quando o então emergente e futuro campeão mundial Alonso se defendeu dos ataques ferozes de Schumacher por um bom número de voltas até vencer aquele GP de San Marino, dando a ele o reconhecimento de grande piloto. Depois que Hamilton ficou sem como atacar por conta do desgaste de pneus, foi a vez de Bottas tentar o ataque que acabou sendo inofensivo devido os erros do piloto finlandês.
A corrida ainda mostrou uma Renault consistente com seus dois carros, onde Ricciardo e Hulkenberg tiveram uma disputa caseira. Sem a presença da Red Bull, que sofreu com a falta de potência do motor Honda e ainda viu Max Verstappen largar de último por causa de troca de motor e, para piorar, ainda teve uma escapada dele logo após a largada para se livrar de um possível acidente. Mas ainda assim, saiu com a asa dianteira quebrada. Vettel também teve seu dia para esquecer, após rodar na Ascari e voltar de forma perigosa que poderia ter causado um tremendo acidente com Lance Stroll – que acabou escapando e ficando atravessado na entrada da reta oposta e também voltando perogosamente, forçando Gasly escapar pela gravilha para não acertá-lo ao meio. Sebastian despencou de quarto para o fundo do pelotão e ainda tomou um Stop&Go por conta do incidente, enquanto Stroll foi punido com o Drive Through.
A conquista de Charles Leclerc não apenas o colocou no panteão de pilotos que conseguiram vencer em Monza com a Ferrari, como também pôde dar a equipe italiana uma conquista que não vinha desde 2010. Um grande dia para a Ferrari, tiffosi e especialmente para Leclerc, de quem as pessoas esperavam muito e que agora tem visto que o garoto de Mônaco é realmente um dos grandes talentos dos últimos anos.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

GP da Bélgica – Sentimentos


Charles Leclerc teve duas boas oportunidades de vencer nesta sua primeira temporada com um carro competitivo: inicialmente em Sakhir, onde fez uma apresentação de gala com direito a pole position e um ritmo alucinante que fez a Ferrari acreditar que aqueles problemas em Melbourne tinham sido circunstanciais – o que se revelaria um triste engano –, mas problemas no motor fez com que o jovem piloto de Mônaco ficasse com o gosto amargo de uma vitória que lhe escapou por muito pouco. Alguns perrengues (leia-se GPs) se passaram até que Charles voltasse a ter uma nova oportunidade de vencer, agora na Áustria e tudo caminhava-se bem se não fosse um daqueles finais de semana em que seu velho rival de época de kart – Max Verstappen – resolveu tirar um belo coelho da cartola e lhe aplicar uma dolorosa ultrapassagem nas voltas finais, lhe roubando uma possível primeira vitória. Mais uma vez a chance tinha se esvaído e Leclerc precisaria esperar por outra oportunidade – talvez outra chance tenha sido mais clara no caótico GP alemão, onde poderia ter enfrentando Max e, quem sabe, ter lhe dado o troco, mas acabou sendo uma das vitimas da ultima curva de Hockenheim. Fica para uma próxima...
No voltar da pausa de meio de temporada já com o GP da Bélgica esperava-se uma Ferrari forte e isso confirmou-se já nos treinos, onde o duo ferrarista sempre esteve à frente da concorrência com no mínimo cinco décimos de vantagem. Sebastian Vettel tinha feito o melhor tempo no primeiro treino livre e Charles Leclerc assumiu o comando de todas as atividades, chegando até uma respeitável pole position onde conseguiu cravar sete décimos sobre Sebastian Vettel, que suara o macacão para conseguir livrar o segundo lugar que parecia ficar com Lewis Hamilton na única oportunidade que a Mercedes teve de furar a bolha ferrarista nos treinos. Uma primeira fila vermelha seguida por outra prateada, onde estes últimos haviam mostrado um ritmo de prova bem interessante nas simulações feitas na sexta na parte final do segundo treino livre. A corrida prometia ser interessante, mesmo sabendo da superioridade da Ferrari nos trechos mais velozes (1 e 3) contra a Mercedes, que levava a melhor na segunda parcial.
Todo aquele clima de euforia pela espera do dia seguinte, acabou sendo ensombrado quando a tragédia se abateu sobre o autódromo belga na segunda volta da corrida 1 da Fórmula-2: a escapada de Giuliano Alesi, ocasionado por um furo de pneu já no topo da Eau Rouge/ Radillion, desencadeou o processo que levou ao brutal acidente que levaria a vida de Anthoine Hubert, de 22 anos, quando este bateu na proteção de pneus e teve seu carro ricocheteado de volta e pêgo em cheio pelo carro de Juan Manuel Correa que não teve tempo de tentar escapar. Com a noticia da morte de Hubert, que fora anunciada uma hora e meia após ele ter deixado o circuito para um hospital em Liége, a perspectiva de um final de semana espetacular para Leclerc dava lugar a um sentimento triste pela perda de uma promessa do automobilismo francês que despontava na categoria de acesso. Anthoine era amigo de longa data de Charles, desde a época do kart e junto de Esteban Ocon e Pierre Gasly, eram tidos como os “Quatro Mosqueteiros”. Foi um duro golpe para uma geração que já havia perdido Jules Bianchi, seu principal expoente em 2015 após longos meses no hospital decorrente ao acidente em Suzuka 2014, em quem depositavam as esperanças do ressurgimento dos pilotos franceses na categoria. E agora, mais uma vez, a tragédia veio abreviar a carreira de mais uma promessa francesa..
Ainda com os sentimentos aflorados, era hora de se baixar a viseira e fazer o seu melhor: Charles Leclerc esteve impecável na tarde belga e nem mesmo uma breve escapada após a reta Kemmel e a perigosa aproximação de Lewis Hamilton não abalaram a confiança de Leclerc que agarrou a chance e a transformou na sua tão esperada vitória, num final de semana que tinha tudo para ter sido a mais perfeita. Dominar um tetracampeão mundial pelos três dias é de levantar o ânimo de qualquer piloto que ainda está procurando seu lugar ao sol. As duas derrotas anteriores tinham sido exorcizadas e Charles pôde, enfim, comemorar – ainda que sem grandes exaltações devido aos acontecimentos das últimas 24 horas – a sua tão sonhada primeira vitória e, guardadas devidas proporções, a conquista de Charles Leclerc fez recordar outra triste corrida que também foi ganha sob o céu cinzento da tragédia quando Jochen Rindt venceu o GP da Holanda de 1970 e teve que passar por várias voltas no local onde seu amigo Piers Courage perdera a vida num acidente com o De Tomaso da equipe Williams na volta 22 – inclusive foi onde Rindt alimentou seu desejo de abandonar a competição ao final daquela temporada.
A mistura amarga da vitória e tragédia esteve presente neste GP, que nos alertou mais uma vez de como o motorsport é apaixonante, ingrato e cruel com todos. A vida segue e as lembranças de quem se foi ficarão marcadas para sempre.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Foto 802: Hockenheim, 25 anos atrás


Um enrosco que eliminou 11 carros na largada; o famoso e tenso incêndio no Benetton de Jos Verstappen durante o reabastecimento; um raro abandono de Michael Schumacher; Williams na corrida, mas fora de combate; uma primeira fila ferrarista que não acontecia desde o GP de Portugal de 1990; e para finalizar, uma grande vitória de Gerhard Berger dando a Ferrari uma vitória após 59 GPs, desde a conquista de Alain Prost em Jerez De La Frontera em 1990 - e para o próprio Berger, uma conquista que não vinha desde Adelaide 1992.
Um 31 de julho inesquecível para os tiffosi.
Há exatos 25 anos.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

GP da Alemanha - Roda Gigante



Há dias que as coisas não andam bem. Isso é algo que faz parte do cotidiano e este GP alemão foi uma amostra de como as coisas podem caminhar mal e de uma hora para outra dar certo, e também fazer o caminho inverso. No sábado uma desastrosa atuação da Ferrari tirou seus dois carros de combate na classificação, sendo que Vettel nem participou por causa de problemas no turbo e Leclerc, que conseguira avançar para o Q3, nem participou por causa de problemas na injeção de combustível. Uma ducha bem gelada numa classificação de prometia ser das melhores deste ano devido a grande proximidade que eles tinham em relação a Mercedes. Esta última conseguiu cravar a pole com Hamilton, sem grandes oposições e Max Verestappen conseguiu quebrar uma possível dobradinha da equipe alemã ao se meter entre os dois carros prateados. Apesar de ser uma corrida que se desenhava para a Mercedes, é sempre algo a se considerar quando se tem um piloto como Verstappen ao lado.
Porém  a corrida foi outra coisa: dificilmente alguém apostaria numa tarde tão caótica para a Mercedes e seus pilotos, principalmente após um inicio tão sólido por parte de Hamilton que vinha abrindo uma boa vantagem, inicialmente para Bottas e depois para Max – que se recuperara da má largada. Mas a escolha de pneus slick para uma pista que volta e meia parecia secar e depois molhar, foi o convite para uma tarde para ser tomada como grande lição aos anfitriões: Lewis relutou em trocar para slick, mas acabou aceitando a ideia e quando o fez, não conseguiu segurar o carro na última curva do circuito e batendo na barreira de pneus e danificando a asa dianteira. Foi o inicio de uma série de trapalhadas, começando pelo corte de caminho que o inglês deu na entrada de box – que já havia feito em 2018 e não resultado em nada, ao contrário deste ano que acabou tomando cinco segundos de punição – e depois na casa de loucos que a Mercedes se transformou assim que o inglês chegou para a sua troca, uma vez que não estavam preparados para aquilo. Para uma equipe que tanto blefou nos pitstops, não souberam lidar com o imprevisto e isso custou mais de 50 segundos. Um desastre que foi maior após o abandono de Valtteri Bottas, que não foi capaz de superar Lance Stroll na luta pelo terceiro lugar e acabou rodando e batendo na curva 1 – lugar onde Hamilton fizera algo parecido, mas que escapara ileso. Uma corrida que prometia ser uma grande festa pelos 125 anos de automobilismo e também de envolvimento da Mercedes na competições, acabou por ser a mais desastrosa da fabrica alemã – que desembolsou 25 milhões de euros para a manutenção da corrida – neste seu período vitorioso que se iniciou em 2014.
A exemplo das duas Mercedes, Charles Leclerc também teve – apesar de pequena – uma hipótese de conseguir algo maior nesta corrida. Seu ritmo era bom, conseguindo até se aproximar de Max e Bottas, mas o seu erro no mesmo local onde mais tarde Hamilton viria errar, custou uma boa oportunidade de tentar uma vitória – visto o que aconteceu ao duo da Mercedes em seguida. É claro que não dá para adivinhar as coisas, mas ao olhar o que aconteceu depois certamente deve bater um remorso daqueles.
Alheio a tudo isso e seguindo uma cartilha onde a cautela é primordial, Sebastian Vettel fez uma prova de recuperação muito boa. Mas temos que dizer que, mesmo fazendo uma bela largada, o piloto alemão passou boa parte da corrida encaixotado na Alfa Romeo de Kimi Raikkonen sem conseguir esboçar um ataque. Após uma escapada de Raikkonen no famigerado local é que Vettel pôde subir para sétimo, mas mesmo assim ainda não conseguira entrar na casa dos cinco primeiros devido as paradas de box que o jogava para o meio do pelotão. Sebastian soube bem duelar com os pilotos pelas posições, arriscando as ultrapassagens em locais de segurança como no hairpin, onde a asa móvel é acionada e também escapando das armadilhas. E como ele bem disse, soube aproveitar-se dos cuidados que os demais a sua frente vinham tendo com os slicks para ultrapassá-los e subir para a segunda posição, voltando ao pódio desde o polêmico GP do Canadá. Uma tarde bem diferente daquela de um ano atrás, onde quase todos indicam que foi onde se iniciou o seu inferno astral – apesar de eu discordar e apontar o GP da Itália como inicio dessa fase complicada.
O bom desempenho de outros pilotos também foi destaque: Sainz vem crescendo de produção junto a Mclaren e neste GP ficou ainda mais evidente sendo um dos que poderiam ter conquistado um pódio; Stroll também conseguiu seu brilhareco com uma boa leitura da prova por parte de seu engenheiro e também com um bom trabalho do próprio Lance, que soube suportar as investidas de Bottas; Alex Albon  continua a fazer seu caminho com boa apresentações e a exemplo de Sainz e Stroll, também teve certa chance de conseguir um pódio neste GP e foi mais uma demonstração do talento que o jovem tailandês reserva.
Max Verstappen continua a arrancar suspiros da grande massa laranja que vem acompanhando o piloto holandês nas corridas e também outros que tem se afeiçoado ao piloto, devido a sua bravura ao volante do Red Bull. Ainda mais neste ano, onde suas apresentações tem tido um misto inteligente de agressividade e cuidado na hora de atacar e finalizar as manobras de ultrapassagem e neste GP foi ainda mais evidente com ele tendo total paciência para atacar Valtteri e mesmo após a sua rodada, que poderia ter custado a futura vitória. A sua condução neste tipo de condições só faz ainda mais aflorar o seu talento e esta corrida foi a prova do amadurecimento do jovem holandês que chegou a sua oitava conquista na Fórmula-1.
E para encerrar, Daniil Kvyat foi ao pódio com uma atuação brilhante ao perceber junto de seu engenheiro que as condições de pista davam para pôr os slicks e arriscar. Foi uma manobra que lhe valeu o pódio e que podia muito bem ter lhe rendido um segundo lugar, algo que ficou distante quando teve em Sebastian Vettel um oponente difícil de segurar. Mas o terceiro lugar foi uma vitória importante para um piloto que esteve em dias bem complicados naquele ano de 2016 e que ficou quase que de lado, conseguindo uma vaga de piloto de testes na Ferrari e depois voltando para socorrer a Toro Rosso neste ano e que talvez possa até mesmo retornar a Red Bull, de onde acabou saindo por baixo após os acontecimentos do GP da Rússia de 2016. Um resultado importante que, somado ao nascimento de sua filha com Julia Piquet no sábado, foi sem dúvida um grande final de semana para a vida de Kvyat.
A Red Bull também tem o que festejar, pois três pilotos que fazem ou fizeram parte de seu plantel foi ao pódio – isso sem contar em Sainz e Albon, que chegaram em quinto e sexto. Foi um dia espetacular para o programa da Red Bull.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Volta Rápida, 10 Anos


E este espaço chegou aos dez anos. É uma marca importante para um blog que nos últimos anos tem passado mais tempo em regime de Safety Car do que com o pé cravado para continuar atualizando sempre as postagens. Mas nem sempre bate aquele ânimo de escrever um texto bacana ou até mesmo, quando a mente consegue formular um artigo interessante, não é fácil transferir para o papel o que foi idealizado. A pessoa que vai ler o texto precisa ser envolvida pelo que está lendo; abrir o apetite com um inicio saboroso e depois devorar o texto como se fosse um prato suculento de um restaurante. Assim precisam ser os textos, mas ultimamente não tenho tido essa "pegada” para entregar um trabalho bem feito. Então, se for para fazer qualquer porcaria, é melhor nem perder tempo na frente do computador ou tela de um celular. Isso tem me deixado afastado deste espaço, mas ainda consegui apresentar alguns textos sobre os GPs da Fórmula-1 e também sobre as 24 Horas de Le Mans, corrida tal que passei a acompanhar com mais atenção a partir de 2010. E isso tem trazido bons resultados para o Volta Rápida.
Mas o blog me trouxe boas oportunidades. Quando escrevi para a extinta Revista Speed, no biênio 2012/13, foi um ponto alto nessa vida de “blogueiro de automobilismo”. Quando este tipo de chance aparece, é sinal que o trabalho vem sendo bem feito e isso é gratificante. Porém, tentei navegar por outros mares dessa internet como gravar podcasts ou até mesmo vídeos, mas isso precisa de uma grande desenvoltura e isso é algo que não tenho mesmo. Sou melhor com as palavras escritas do que com as faladas. Mas foram pequenas tentativas que me fizeram chegar a essa conclusão e de todo modo, foi um aprendizado.
Aprender é que mais conseguimos neste meio. Sabemos um pouco sobre este mundo apaixonante e complexo do motorsport, mas estamos longe de saber tudo sobre esta modalidade. Sempre aparecerá novas coisas e também novidades sobre fatos que julgávamos saber de cabo a rabo. E é aí que está a graça do negócio: ir coletando os dados para podermos refazer nossas opiniões ou apenas fortalecer as que já proferimos. Este período tem sido bastante produtivo. Escrever também nos trás bons amigos, colegas que nos trás um bom feedback do que estamos fazendo. Criamos laços e isso fortalece a cada comentário positivo e até mesmo uma critica construtiva, que nos faz rever conceitos, opiniões e mudar a forma de abordar certos assuntos.
Desde 2010 que o Volta Rápida não está sozinho, quando criei a pagina do blog no Facebook; o perfil no twitter e depois de alguns anos, por volta de 2015 ou 2016, apareceu a pagina da Triple Crown que cuida das três corridas que encabeçam as jóia do automobilismo (Indy 500, 24 Horas de Le Mans e GP de Mônaco). Esta ultima tem um maior volume de postagens entre abril e junho, mas mesmo assim faz seu sucesso, enquanto que a página do Volta Rápida tem o trabalho feito durante todo o ano. E já esquecendo do perfil no instagram, onde coloco algumas fotos que já fiz no autódromo de Interlagos e também o resultado de algumas competições no stories do perfil.
Apesar de toda inatividade deste blog nos últimos anos, é sempre bom chegar a tais marcas e conseguir ficar uma década com este blog é um acontecimento e tanto. Só tenho mesmo que agradecer a todos que incentivaram desde o inicio. E apesar de ter pensando várias vezes em encerrar o blog, continuarei aqui mesmo que seja em marcha lenta. Afinal, tenho muito que aprender aqui.
Obrigado a todos e que venha mais outra década!

domingo, 21 de julho de 2019

Foto 801: Muito além de Vettel


A complexidade de um ser humano é medida nas condições da qual ele convive. Se for um ambiente bem organizado, as chances de sucesso são enormes e isso também passa pela sua força de vontade em querer vencer na vida. Agora, se o ambiente for um caos, as coisas tendem a ser mais difíceis. Pode até conseguir vencer, mas nem sempre a força de vontade, o otimismo, será suficiente para tal conquista.
Para Sebastian Vettel as coisas tem sido mais ou menos assim nos últimos doze meses. É claro que uma boa parte das pessoas apontam que o caldo entornou mesmo já na sua escapada em Hockenheim, quando estava liderando com folga. Porem temos que lembrar que Vettel ainda teve duas situações onde pilotou bem: na Hungria tinha condições de sobra para conquistar uma vitória, mas a mudança de tempo na classificação que ajudou as Mercedes a marcarem a primeira fila, dificultou a tarefa e esta tornaria-se ainda mais impossível quando teve em Bottas um bloqueio efetivo que possibilitou Hamilton fazer uma grande diferença e caminhar para uma importante vitória. Para Vettel restou ultrapassar Valtteri na marra para conquistar a segunda colocação. Na Bélgica talvez tenha sido o grande sopro de esperança ferrarista quando Sebastian desafiou e venceu Hamilton com autoridade, numa corrida onde a Ferrari esteve bem acima da Mercedes. Com uma vitória dessa, era impossível não ter um clima de euforia para Monza e isso foi inflado quando a Ferrari fez 1-2 na classificação. Mas o balde de água gelada na possível festa dos tiffosi já iniciou na tomada da chicane Roggia, quando Vettel foi superado por Hamilton e acabou rodando ao tocar no inglês. Já a Mercedes conseguiu vencer e iniciar uma arrancada importante para a conquista do quinto título de Lewis. O turbilhão no qual se encontrou Sebastian iniciou-se em Monza.
Os erros de Sebastian, que viriam a seguir em sequência, acabou gerando uma enorme carga de piadas e críticas em torno do desempenho do piloto alemão. As suas tentativas de recuperar as posições a fórceps sempre terminaram com algum erro, mas a verdade é que para Sebastian Vettel foi o que restou frente uma inoperância da Ferrari na segunda metade da temporada, que já fora deflagrada na segunda parte do mundial de 2017 que também o privou de batalhar pelo título. Somando os erros de Vettel, mais a queda técnica da Ferrari e a batalha de poder entre Arrivabene e Binotto - que intensificou após a morte de Sergio Marchionne - a  equipe virou uma casa de loucos e isso foi refletido nos resultados até Abu Dhabi.
As esperanças foram renovadas na pré-temporada com um desempenho para lá de animador, principalmente quando comparado com os da Mercedes. Apesar de três situações onde os carros foram bem - Bahrein, Canadá e Áustria - a vitória não veio e nas demais etapas, o desempenho foi bem abaixo. Vettel teve sua grande oportunidade em Montreal, mas a decisão para lá de polêmica na sua já famosa escapada e retorno na frente de Hamilton, que lhe valeu os cinco segundos mais odiados da história da categoria, tirou-lhe uma vitória. Este é outro ponto que tem desagradado imensamente Sebastian - e toda comunidade que acompanha a categoria - que tem sido o excesso de punições por qualquer que seja o lance e este de Montreal é um fator que deixou o piloto transtornado - como foi bem visto nas trocas de placas - e que certamente contribui para um desânimo.
Depois dessa decepção, os resultados de Vettel tem sido abaixo dos conseguidos por Charles Leclerc nas últimas três corridas: da França até Inglaterra, Vettel largou todas elas atrás de Charles e a pontuação na soma destas foi de 48 para o monegasco e apenas 23 que conquistou, já que não conseguiu terminar entre os dez primeiros em Silverstone. Exatamente nesta prova britânica é onde as críticas em torno de seu desempenho voltou com força, por conta do incidente com Max Verstappen que tirou a chance do holandês ir ao pódio e a dele também, de conseguir marcar mais alguns pontos.
O bombardeio é forte. Tentar defender as ações de Vettel na pista, também tem sido uma tarefa hercúlea e os fãs sabem disso. Mas creditar os fracassos apenas a Vettel, como uma boa parte tem feito, é um grande erro.  Quando se está em situações de desvantagem, o piloto tende a resolver as coisas no braço e quando sai errado, suas qualidades são postas em xeque. Isso é o que tem afetado bastante o comportamento de Sebastian, que procurou elevar o otimismo da equipe através de suas atuações - mesmo que, na sua maioria, tem sido um fracasso. A chegada de Charles à equipe, um piloto festejado na academia da Ferrari e que muitos apostam em seu sucesso, era uma aposta para despertar em Sebastian aquele piloto que fizera aquele sucesso estrondoso na Red Bull e também aquele piloto que chegou muito bem em 2015, renovando o oxigênio da clássica equipe. Mas, descontando a sua grande atuação em Montreal, Vettel não tem feito um bom campeonato até aqui enquanto que Leclerc tem conseguido, aos poucos, elevar a sua pilotagem e medir forças com o piloto alemão.
O caos técnico da equipe, que não conseguiu entender tudo deste promissor SF90 para que seus dois pilotos possam, enfim, dar combate a Red Bull e principalmente Mercedes, também contribui para que as coisas não andem bem no clima geral da equipe. Ou seja: não dá para se fazer milagres com uma equipe tão desorganizada tecnicamente e politicamente. Isso sem contar nas críticas pesadas que a  fanática imprensa italiana tem feito ao piloto alemão desde o ano passado e que intensificou após o GP bretão, sem que a Ferrari desse um respaldo ao piloto alemão que tão bem faz seu papel em colocar o lema de "ganhamos juntos, perdemos juntos" em voga. Talvez esse episódio mostre exatamente a falta de apoio da Ferrari, que apenas vê seu piloto jogado aos leões e tranca as portas e joga a chave fora, esperando que ele reaja.
Esse combo de situações no qual Vettel está imerso e que a cada etapa parece puxá-lo mais baixo nessa areia movediça que se encontra há um ano - ou quase -, sempre dá margem para especulações: para alguns a sua aposentadoria está próxima, enquanto que outros sugerem um ano sabático para esperar todos os movimentos do mercado de pilotos - que promete ser intenso de 2020 para 2021, já que ano que vem os contratos de boa parte se encerrará (incluindo o dele e de Hamilton) - e ver para onde pode ir. Um local onde ele conhece bem e é tido como piloto exemplo, seria importante: uma volta de Sebastian à Red Bull é sempre colocada nas rodas de conversa e sinceramente, seria uma boa para ele poder dar continuidade a sua trajetória na categoria. É um caminho que será muito bem observado.
Esta segunda parte de campeonato que se avizinha será vital para as pretensões de Vettel. Se a equipe se achar e conseguir uma reação que possa, ao menos, dar a seus pilotos uma oportunidade de terminar o campeonato de forma decente, talvez o cenário nebuloso em torno do piloto alemão possa clarear para 2020 para que possa terminar seu contrato no próximo ano. Agora resta saber como ficará a situação caso nada avance ou piore, pois casos assim tendem a ser sustentáveis e um rompimento amigável é o melhor a fazer.
Chega ser melancólico observar a carreira de um piloto que foi alçado a um novo "Schumacher" entrar numa descendente que já entra para doze meses e ver as sua qualidades serem questionadas. Mas existem provações que nos é impostas pela vida. Se Vettel vai superar mais essa, não sabemos. Mas os seus números estão lá, encravados na história e isso não poderá ser mudado.
E o apoio daqueles que o amam e admiram, não irá faltar. Seja lá qual for  a sua escolha.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

GP da Grã Bretanha – Emoções Mil em Silverstone

(Foto: Reuters)
A Fórmula 1 não costuma transmitir emoção para com aqueles que fizeram sua história, mas nesta etapa inglesa a homenagem rendida a Frank Williams pelos seus 50 anos de categoria e também pelos exatos 40 anos da primeira vitória da Williams na F1 foi bem bacana naquela volta que o inglês deu ao lado de Lewis Hamilton, que o levou a duas voltas pelo  circuito inglês num Mercedes de rua. Outra homenagem foi em memória de Charlie Whiting, falecido antes da abertura deste mundial na Austrália, que contou com uma cerimônia reunindo pilotos atuais e antigos da F1 que trabalharam com ele. Para a corrida, Justin, o filho de 12 anos de Charlie, foi convidado a acionar as luzes vermelhas para a largada.
Não esperava muito deste GP bretão. Numa Fórmula 1 tão bipolar que se tornou, já estava preparado para pegar uma corrida bem morna (apenas para ser otimista onde as Mercedes dominariam amplamente. Mas acabou por ser uma corrida extremamente agradável, onde os pilotos do pelotão dianteiro e intermediário se entregaram a batalhas interessantes.
Iniciando pela batalha das primeiras voltas entre os dois pilotos da Mercedes, Bottas e Hamilton brindaram o público naquelas voltas iniciais onde o inglês tentou como pôde superar o finlandês que soube bem defender-se e depois aplicar uma “re-ultrapassagem” no inglês quando este conseguiu superá-lo na Woodcote e depois acabou tomando o troco na Copse. Foram voltas bem intensas, com ambos lutando de forma franca. Não tão distante deles, o duelo que se iniciou no GP austríaco continuou forte na pista inglesa: Charles Leclerc e Max Verstappen se encontraram e dessa vez Leclerc esteve mais atento aos ataques do holandês, conseguindo defender-se de forma correta e mesmo após ambos irem juntos ao box, o duelo se manteve em alto nível com Charles recuperando a posição – perdeu após um belo trabalho de box da Red Bull que entregou Max rapidamente a frente – depois de um pequeno erro de Verstappen. Infelizmente a escapa de Antonio Giovinazzi, que deixou o Alfa Romeo na brita, forçou a entrada do SC e foi neste momento que Hamilton, que já liderava a prova após a ida de Bottas ao box, foi para o seu pit stop e conseguiu voltar na frente do finlandês. A Ferrari acabou demorando chamar Charles para o box – coisa que foi feita de imediato pela Red Bull com Max – e o monegasco teve que fazer mais uma volta e perder a posição para Verstappen. As coisas seriam decididas algumas voltas após a saída do SC, quando Max passou por Gasly e conseguiu aproximar-se de Vettel – que se beneficiara da entrada do SC para chegar ao terceiro posto -  e efetuar a ultrapassagem na Hangar. Infelizmente um erro de calculo por conta de Vettel pôs fim a um possível pódio de Verstappen, quando o piloto alemão acertou a traseira do Red Bull e ambos indo parar na brita. Conseguiram voltar para pista, com Sebastian tendo a sua corrida inteiramente prejudicada – e tomando em seguida uma punição de dez segundos – e com Max com um carro bem desequilibrado, que ainda o deixou em condições de terminar em quinto. Menção honrosa para a Mclaren que fez um belo trabalho através de seus dois pilotos e com Carlos Sainz duelando com Daniel Ricciardo por um período da corrida pela sexta posição.
Lewis Hamilton acabou por vencer o GP, a sua sexta conquista que o torna o maior vencedor do GP bretão – superando Jim Clark e Alain Prost que somam cinco - e também a 80ª de sua carreira na categoria. Hamilton ainda carregou a bandeira britânica na sua volta de desaceleração, em mais um momento bacana desta corrida.
Para uma categoria que teve dois GPs decepcionantes em sequencia, estas duas últimas foram para mostrar que ainda existe um pouco de emoção neste reino “mercediano”.

domingo, 30 de junho de 2019

GP da Áustria – Uma prévia para a próxima década


Deixemos de lado (por enquanto) todas essas rusgas com  F1 e comissários, que tanto chateou o fã da categoria com decisões tristes para esporte onde uma canetada decidiu uma vitória sobre um lance questionável num momento onde os dois melhores pilotos dessa década, tiveram seu primeiro confronto direto neste ano de 2019. Para piorar ainda mais o clima, o GP francês, disputado na última semana, foi pavoroso e isso ajudou ainda mais para aumentar as criticas sobre uma categoria que tem sido dominada amplamente por uma equipe. A Fórmula-1 se encontra numa encruzilhada, numa grande encruzilhada e o caminho a ser tomado tem ser decidido logo, exatamente para não ficar apenas como uma categoria que vive dos seus grandes dias sem fazer nada para melhorar.
Por outro lado, há dias bons para a categoria – mesmo que seja escasso. O que vimos hoje em Zeltweg foi um confronto que já havia dado seus ares no kart, quando Charles Leclerc e Max Verstappen eram as duas estrelas e já despontavam como grandes promessas – um momento que mostra que ainda se pode extrair algo bom nesse marasmo que tem tomado o campeonato mundial até aqui, mas para isso é preciso uma má jornada da Mercedes para que isso seja ativado. Ver estes dois jovens pilotos se enfrentando, mostra que teremos um futuro interessante onde a rivalidade será aflorada e explorada. 
Se julgássemos pela largada e depois pelo ritmo apresentado pelos ponteiros, era de esperar uma prova bem tranquila e uma primeira vitória justa para Charles Leclerc, especialmente pelo enorme azar na corrida do Bahrein e também pela magnifica pole conseguida no sábado. Seu ritmo de prova era muito bom, conseguindo uma vantagem confortável para o duo da Mercedes e aumentando o ritmo para quando fosse preciso. A corrida estava sob controle do jovem piloto da Ferrari. Numa situação nenhum pouco confortável, se encontrava Max Verstappen: tendo herdado a segunda posição de Hamilton – já que este largara em quarto devido a punição recebida por atrapalhar Raikkonen na qualificação – era esperado uma largada interessante ao lado de Charles, formando assim a primeira fila mais jovem da história da F1 com média de 21 anos – superando a média de 23 anos estabelecida por Hulkenberg e Vettel no grid do GP do Brasil de 2010. Porém a sua saída foi ruim e despencou para sétimo. Precisou de paciência para subir na classificação, conforme os pilotos que estavam à sua frente iam parando. A sua parada de box para trocar os pneus médios para os duros na volta 30, foi como um passe de mágica: Verstappen só não teve um confronto direto contra Hamilton - que parou na volta 31 quando estava liderando e voltou atrás de Max – mas com os outros que iam a sua frente, o holandês fez subir as apostas após duelar com Vettel pela terceira posição e vencer a disputa após duas voltas bem ferrenhas; contra Bottas as coisas foram mais fáceis, realizando uma ultrapassem sem resistência por conta do finlandês na curva dois. Agora restava apenas Leclerc, que parecia bem contente com a diferença que estabelecera sobre Valtteri e que agora era de Max. Talvez este tenha sido um dos seus erros: com uma crescente de Max, que já era vista faltando 20 voltas para o fim, uma postura mais agressiva para tentar aumentar ou responder as investidas de Verstappen podia ter protegido a sua posição. Mas isso não aconteceu e quando a corrida estava com apenas quatro voltas para o fim, Max já estava na cola de Charles para tentar algo improvável, se julgarmos pelo seu inicio desastroso. Charles fez defesas perfeitas bloqueando bem as investidas de Max, mas o seu vacilo acabou vindo na penúltima volta quando deixou um espaço na tomada para a curva dois e Verstappen mergulhou – numa situação bem parecida que acontecera na volta anterior, que Leclerc soube defender-se devido a melhor tração do Ferrari sobre o Red Bull – para emparelhar, tocar rodas com o Ferrari de Leclerc e assumir a liderança e levantar um mar laranja que foi transformado o circuito do Red Bull Ring com a presença da torcida holandesa. Max venceu a sua melhor corrida na categoria, com um furioso Leclerc em segundo e Bottas em terceiro. O resultado oficial ainda foi eclipsado, mais uma vez, com a atuação dos comissários que entenderam que houve um espaço deixado no lance da ultrapassagem de Max sobre Charles, com o monegasco escapando para fora da pista. Após um longo período de suspense, onde os dois lados foram ouvidos, o resultado final foi mantido. Um alivio após tanta polêmica que se arrastou desde o GP canadense.  
Mas a corrida foi importante para colocar estes dois pilotos em evidencia, já que a rivalidade foi iniciada desde os tempos de kart. Independente que tenha sido ou não justo manter o resultado em prol de Max, a corrida expôs uma situação que poderemos ver já na próxima década com estes dois se digladiando pelas vitórias e títulos – isso sem contar com presenças de Lando Norris, que fez o seu melhor final de semana na categoria, e até mesmo George Russell, que mesmo limitado pelo Williams que tem, é um piloto muito gabaritado.
Num momento que a categoria está perdida em sua identidade, sem saber para onde seguir, essa disputa em Zeltweg pode mostrar ao menos que em termos de material humano para um grande espetáculo, as coisas estão bem encaminhadas. Agora resta a aqueles que cuidam da Fórmula-1 começar a mudar as regras para que o panorama seja ainda melhor nos anos 2020 que se avizinham.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

87ª 24 Horas de Le Mans: Ford GT desclassificado na LMGTE-PRO e AM



Não foi o final que a Ford planejava para a sua última participação nas 24 Horas de Le Mans – pelo menos como equipe oficial. O #68 da marca oval na classe LMGTE-PRO, pilotado por Joey Hand/ Dirk Müller/ Sébastien Buemi, foi desclafficado por causa do fluxo de combustível que acabou injetando mais gasolina que o permitido. Por conta do Bop feito para equalização da categoria, o tanque de combustível foi estipulado para comportar 97 litros e nesse caso do #68 acabou passando do limite (97,8 litros) e por conta disso a exclusão da classe PRO. Subiram para a quarta posição o outro Ford GT #67 conduzido por Andy Priaulx/ Harry Thincknell/ Jonathan Bomarito.
A outra desclassificação de um Ford se deu na LMGTE-AM onde o vencedor #85 da Keating Motorsport, pilotado por Bem Keating/ Jeroen Bleekemolen/ Felipe Fraga, acabou perdendo a vitória na classe pelo mesmo problema do #68. Mas antes disso, já havia tomado uma punição de 55 segundos por causa do não cumprimento do tempo mínimo de parada de box que é de 45 segundos. Os registros mostravam as paradas na casa dos 44’’4 segundos. Os comissários chegaram no tempo da penalidade de 55’’2 segundos através de um cálculo feito pela diferença no tempo de reabastecimento (0,6 segundo por parada) multiplicado pela quantidade de paradas que o carro fez (24) e multiplicado por 4. A equipe não irá recorrer. A vitória na AM ficou para os campeões da classe Jöerg Bergmeister/ Patrick Lindsey/ Egidio Perfetti do Porsche #56 da Project 1.

87ª 24 Horas de Le Mans: Um sopro de esperança na edição mais brasileira de todas


(Foto: José Mario Dias)
Nas últimas horas de prova os resultados parciais revelavam um cenário interessante para três pilotos brasileiros:  O #36 da Signatech Alpine, pilotado nas horas finais por Nicolas Lapierre, vinha com uma diferença confortável sobre o #38 da Jackie Chan indicando que a vitória na classe estava praticamente assegurada.. Na LMGTE-PRO Alexander Pier Guidi comandava as ações no Ferrari #51 da AF Corse administrando, também, uma larga diferença construída a base de estratégias e fórceps para derrubar a esquadra da Porsche GT Team. Na LMGTE-AM as coisas pareciam resolvidas para o Ford GT #85 quando uma troca na dianteira começou a mudar o panorama. Trocada a peça com ajuda da equipe oficial da Ford o retorno foi tranquilo, mas um descuido em deixar as rodas girando enquanto o trabalho de pit-stop era feito gerou um stop&go para o trio formado por Ben Keating/ Jeroen Bleekemolen/ Felipe Fraga. A tensão em perder uma liderança que já os pertencia desde o final da tarde anterior era latente. A penalização foi cumprida e Bleekemolen, que se encontrava ao volante do Ford, saiu ainda com cinco segundos de vantagem sobre o Porsche #56 da Project 1. Restou apenas ao holandês da Ford aumentar a carga no acelerador e distanciar-se, para evitar qualquer ataque que viesse do Porsche da Project. A tensão ia embora e dava lugar ao sabor inexplicável.
Para os três pilotos brasileiros a conquista foi especial, claro. André Negrão chegou a sua segunda conquista consecutiva em Sarthe e de quebra, junto de Nicolas Lapierre e Pierre Thiriet, levou o campeonato da LMP2. Daniel Serra confirmou mais uma vez a sua destreza ao volante de um GT, algo que já acostumamos ver aqui no Brasil desde que começou a pilotar este tipo de carro. E Felipe Fraga com o seu já conhecido pé pesado, que o ajudou a ganhar fama e titulo na Stock Car, também passa a escrever um capitulo importante para ele no automobilismo estrangeiro.  
A vitória tripla dos pilotos daqui em Le Mans só reforça algo que já é recorrente: que existe vida fora da Fórmula-1. A cada conquista que um piloto nacional consegue nos grandes centros serve para mostrar a nova safra que mesmo que tenham o sonho de ingressar na F1 e este seja dizimado a pó, as possibilidades de seguir uma carreira internacional – e muito sucesso – existe e com grandes atrativos. André Negrão é um exemplo claro: tendo passado naturalmente pelos monopostos, acabou ingressando nos protótipos e já em 2017 – pela sua atual equipe, a Signatech Alpine - conseguiu um terceiro lugar nas 24 Horas de Le Mans na LMP2. Já na Super Temporada do WEC, que terminou exatamente em Sarthe, o piloto de Campinas chegou ao lugar mais alto do pódio na edição de 2018 e repetiu o feito neste 2019 para, também, levantar a taça de Campeão Mundial da LMP2. André seguiu apenas o caminho de outros dois jovens pilotos brasileiros que também trocaram os monopostos pelos protótipos: os “Felipes” Derani e Nasr hoje brilham na IMSA onde já tem seus nomes encravados na história da grande categoria. Portanto, exemplos para que a nova geração se inspire não falta.
Para o automobilismo brasileiro as marcas alcançadas por estes três, só enriquece ainda mais a história daqui no Endurance Internacional. As várias vitórias em provas importantes do Endurance Mundial como 24 Horas de Daytona, 24 Horas de Spa, 12 Horas de Sebring, 6 Horas de Watkins Glen e ainda mais os títulos – como o de Raul Boesel no World Sportscar de 1986; o de Ricardo Zonta no FIA GT de 1998, os de Christian Fittipaldi na IMSA no biênio 2014/ 2015 e mais o de Felipe Nasr em 2018- mostram um caminho dos mais interessantes para ser apostado. Por outro lado, mesmo com um automobilismo cambaleante como o nosso, estes resultados soam como um eco de que ainda existe uma chance de retomarmos o caminho do fortalecimento do nosso esporte para que outros pilotos sejam revelados e venham aumentar, no futuro, estes números que ainda vão crescer com esta turma que tem reescrevido a história do automobilismo nacional lá fora.  
Com resultados assim, sempre reaparece a velha questão: quando que chegará tão esperada vitória na geral? Passamos perto disso em 1973 com José Carlos Pace com a Ferrari, que ele dividiu com Arturo Merzario; em 1991 com Raul Boesel pilotando o Jaguar ao lado de Davy Jones e Michel Ferté; e depois com Lucas Di Grassi, que chegou em segundo na edição de 2014 quando estava a serviço da Audi ao compartilhar o volante do R18 com Tom Kristensen e Marc Gené. Diria que é apenas uma questão de oportunidade para que algum piloto brasileiro possa ingressar e, enfim, ter a chance de ganhar a grande clássica do automobilismo mundial. Afinal, é que a falta para coroar a riquíssima história de tantos títulos e vitórias que os pilotos daqui ajudaram a escrever mundo afora.

Na LMP1, mais uma vez Toyota

(Foto: Toyota)

Esta prova foi o reflexo do que foi a temporada inteira: uma Toyota anos luz à frente dos demais e a concorrência apenas esperando um deslize deles para que pudessem, enfim, vencer na geral. A fábrica japonesa fez valer a sua força e levou para casa a sua segunda 24 Horas de Le Mans, duas na mesma temporada – uma marca que dificilmente será superada por outra equipe. Independente dos estratagemas que possam ter empregado nas suas quatro conquistas nesta Super Temporada – título de marcas, pilotos e as duas edições das 24 Horas de Le Mans – a Toyota aproveitou bem da sua superioridade para vencê-las e esmagar um contigente de protótipos não híbridos que apenas esperavam pelas migalhas que podiam ficar pelo caminho. Culpa da Toyota? Talvez não tanto... Como sempre digo, nem sempre tudo chega aos nossos ouvidos e dificilmente chegará algo. Vá saber o que pode ter costurado a ACO com a fabricante japonesa após aquela saída maciça do Grupo VW (leia-se Audi e Porsche), sendo que uma movimentação dessa talvez até tenha mexido com o ânimo deles em disputar um mundial praticamente sozinha. Algum retorno pode muito bem ter sido acertado para que ao menos uma grande fábrica ficasse no certamente, uma vez que a menina dos olhos da ACO – a Peugeot – sempre rechaçou um retorno enquanto que os custos continuassem altos. A Toyota manteve-se no campeonato e ganhou com sobras, fazendo o que deve se fazer numa situação dessas. Pior é se tivesse perdido tudo ou parte dessas conquistas. A vergonha seria pesada para aqueles lados.
Sobre as conquistas em Le Mans, estas ficaram sob a luz da suspeita exatamente por contar com um piloto que tem o seu talento proporcional a polêmica que causa por onde passa: Fernando Alonso ingressou na Toyota exatamente para tentar conquistar uma das três jóias da Tríplice Coroa do Automobilismo e acabou ganhando duas, assim como fizera nos seus tempos de Fórmula-1 ao vencer duas vezes seguidas o GP de Mônaco que é a outra jóia da Coroa. Se em 2018 já ficaram de burburinho em torno de sua conquista, ao desconfiarem do ritmo de “Pechito” Lopez no meio da noite com o #7 que virava extremamente lento em face ao ritmo imposto por Alonso no mesmo momento da prova com o #8, indicando que ali poderia ter rolado alguma situação para que o espanhol levasse a prova junto de seus companheiros Kazuki Nakjima e Sebastien Buemi. O pobre argentino acabou por estar novamente no centro das atenções nesta edição ao apresentar um problema em um dos pneus – que depois foi confirmado pelo pessoal da Toyota que foi um problema no sensor de pressão dos pneus –  quando faltava exatamente uma hora para o final, que foi informado como um furo lento e que teve de ir aos boxes para trocá-lo. Com isso acabou perdendo a liderança da prova para o #8 que estava com Kazuki Nakajima ao volante e que apenas precisou conduzir o TS050 para a sua segunda vitória em Sarthe, numa prova que foi claramente dominada pelo #7 desde os treinos. Se foi uma vitória “ajeitada” para que o #8 saísse de Le Mans com a segunda conquista em Sarthe e de lambuja o título desta Super Temporada, não saberemos. Mas a verdade é que para uma fábrica que tantas vezes ficou no quase num território que foi sempre a sua ambição, qualquer sinal de problemas é algo que chega arrepiar os japoneses.
A corrida da LMP1 teve sua ação mesmo entre os não híbridos, onde Rebellion e SMP se entregaram a uma batalha fenomenal pela terceira posição. Os quatro carros batalharam por um bom tempo, sendo que o #3 enfrentou nos mais variados horários os dois carros da equipe russa já que o #1 enfrentou muitos problemas e precisou fazer algumas recuperações para enfim terminar a prova na quarta colocação na geral, exatamente a frente do #3 que também passou por alguns problemas e até mesmo um pequeno acidente um pouco antes do anoitecer. A SMP teve o seu #17 acidentado na parte noturna, quando este vinha bem na classificação ao incomodar os Rebellion junto do gêmeo #11. Este último sobreviveu ao desafio e desbancou a equipe suíça ao levar o terceiro lugar com o trio Vitaly Petrov/ Mikail Aleshin/ Stoffel Vandoorne, com o belga fazendo um belo trabalho nesta sua primeira visita à Sarthe -  onde registrou a maior velocidade de reta (350 km/h). ByKolles e Dragonspeed não chegaram ao final da prova pelos inúmeros problemas que apareceram durante o certame.

LMP2: Uma batalha dura, mas recompensada no final para a Signatech Alpine

 
(Foto: Signatech Alpine Matmut)
A corrida nessa classe foi concentrada especialmente no embate entre a Signatech Alpine e a G-Drive, onde os dois carros se entregaram a uma disputa que animou bastante as horas que se seguiram em Sarthe até o anoitecer, quando o #26 da G-Drive começou abrir distância sobre o Alpine #36 da Signatech. Mas antes disso, a troca de posições na liderança feita por estes dois carros foi visceral – com direito a uma ultrapassagem sensacional de André Negrão em plena Mulsanne usando o que podia de pista para efetuar a manobra.
Com o G-Drive se distanciando e fazendo trabalhos de pit-stop de forma correta e efetiva, ficava cada vez mais difícil para que o panorama mudasse à favor da Signatech Alpine. Mas já perto do amanhecer, o G-Drive apresentou problemas no motor de arranque do Gibson assim que fez uma parada de box. Com o problema não sendo solucionado a tempo – gastou-se cerca de vinte minutos para que o #26 voltasse à pista já com um bom atraso – o caminho ficou aberto para que o trio do #36 da Signatech Alpine (Nicolas Lapierre/ André Negrão/ Pierre Thiriet) assumissem a liderança e apenas administrassem a volta de vantagem que tinham sobre o #38 da Jackie Chan DC Racing – com quem lutavam pelo titulo da LMP2. A vitória veio apenas para abrilhantar ainda mais o título conquistado pelo trio na categoria – isso sem contar na segunda conquista em Sarthe. O furo no pneu do #38 da Jackie Chan DC Racing (Ho-Pin Thung/ Stéphane Richelmi/ Gabriel Aubry) foi um alento ao trio do #36 uma vez que eles vinham bem e podiam ameaçar a então segunda colocação, entrando na luta direta pelo título.

LMGTE-PRO: Ferrari derrubando a esquadra da Porsche

 
(Foto: AF Corse)
Por um tempo essa categoria parecia que estava fadada a ter a vitória direcionada para Porsche ou Corvette, visto que os desempenhos destes carros estavam em grande forma – especialmente pelo #92 e #91 da Porsche e pelo #63 da Corvette. Foi uma prova em que estes três estiveram com condições claras de saírem vencedores dessa classe. Mas como se trata de uma prova de 24 Horas, as coisas podem mudar constantemente.
Para a Porsche a perca do #92 por conta de um problema no escapamento que o alijaram da disputa pela vitória foi um duro golpe antes do amanhecer, mas ainda restava esperanças com os #91 e #93 que vinham muito bem. Porém a grande performance do trio da Ferrari #51 da AF Corse foi importante para o desenrolar da prova. O trio formado por Alessandro Pier Guidi/ James Calado/ Daniel Serra, destoou do restante que defendiam suas esquadras ao fazerem stints muito bons e conseguir levar o Ferrari #51 ao topo da tabela de classificação e alcançando uma vitória para a marca italiana justamente no ano que comemora-se a primeira conquista da Ferrari em Le Mans. Uma conquista e tanto, principalmente por lutar – e bater – equipes genuinamente de fábrica. Uma conquista igualmente importante para Pier Guidi e James Calado que venceram pela primeira vez em Le Mans e também para Serra, que venceu a sua segunda 24 Horas de Le Mans num intervalo de três anos.
A Ford despediu-se de Sarthe sem ter uma grande performance nesta sua última passagem. Talvez apena o Ford GT #67 (Andy Priaulx/ Harry Thincknell/ Jonathan Bomarito) é quem teve alguma hipotese, já que foi o melhor carro do quarteto desde os treinos. Mesmo assim, não foi um grande incomodo para Porsche, Ferrari e Corvette – a despedida da Ford só não passou em branco porque salvaram a festa na LMGTE-AM.
A Corvette parecia se encaminhar para uma batalha pela vitória que poderia coroar a sua festa de 20 anos ininterruptos em Sarthe. Mas a queda do #64 – após um baita acidente na Curva Porsche ainda na parte da tarde de sábado, quando tocou-se com o Porsche #88 (AM) da Dempsey – os deixaram apenas com o trio do #63 em ação. Jan Magnussen/ Antonio Garcia/ Mike Rockenfeller fizeram um belo trabalho até o amanhecer, mas uma rodada na Curva Porsche – que pareceu não muito amigável com o carro americano – pôs tudo a perder e com isso saírem da disputa pela vitória, terminando na nona posição da classe.
Talvez quem tenha tido mais motivos para sair de Sarthe com a decepção em alta, foi a Aston Martin. Depois de um treino classificatório onde os carros – especialmente o #95 que fez a pole – terem conseguido um ótimo desempenho, o BOP de performance feito na sexta-feira alijou os Vantage com diminuição da pressão do turbo e também a perca de dois litros na capacidade do tanque. A falta de potência foi certamente vista no inicio da prova com o #95 sendo atacado por Corvette e Porsche, sucumbindo às investidas. O calvário para o #95 acabou no meio da noite, quando Marco Sorensen bateu na Indianapolis. Um desfecho melancólico. O #97 também sofreu um acidente e ainda voltou para a prova, mas sem grandes perspectivas já que fechou em último na classe e com um bom par de voltas de atraso.
A BMW também realizou a sua última corrida no WEC e sem conseguir grande destaque – a não ser pelos memes que rodaram a internet por causa do tamanho do M8 frente aos demais GTs. Foi uma prova discreta dos dois M8 e apenas o #82 é que chegou ao final, na 11ª posição enquanto que o #81 abandonou a poucas horas do final. A BMW vai concentrar esforços na IMSA, que ainda está com o campeonato em andamento.
Para a Porsche ainda restou a festa pelo título entre as marcas e também entre os pilotos, com o título ficando para a dupla do Porsche #92 Kevin Estre e Michael Christensen.

LMGTE-AM: Keating Motorsport salvando a Ford

 
(Foto: Keating Motorsport)
Esta era uma classe que parecia se desenhar para uma vitória da Porsche. A Dempsey-Proton Racing era a mais credenciada para levar a classe, mas problemas acabaram atrapalhando o andamento para uma equipe que poderia ter levado a prova até mesmo com certa tranquilidade. As atrapalhadas de Satoshi Hoshino no comando do Porsche #88 – ele estava ao volante do carro quando ocorreu o acidente com o Corvette #64 - deitaram por terra a chance de vencer, talvez, com o melhor carro do grupo. O #77 da Dempsey-Proton Racing bem que tentou acompanhar os rivais, mas também não teve folego suficiente e fechou num triste quinto lugar.
Como já foi relatado no inicio do texto, o Ford GT #85 da Keating Motorsport escalou o pelotão tranquilamente para assegurar uma honrosa vitória para a Ford em sua despedida do WEC – apesar que especula-se a entrada de um Ford GT ainda para a temporada 2019/ 2020. Apesar do susto da punição que por muito pouco não arruinou uma conquista que soava tranquila, a vitória foi orquestrada pelo ótimo desempenho do trio em especial de Jeroen Bleekemolen e Felipe Fraga.
A Porsche ainda repousou a suas esperanças no Porsche #56 da Project 1, principalmente quando o #85 teve seus percalços na parte final da prova. Mas tiveram que se contentar com a segunda posição. Mas a Project 1 ainda teve o que comemorar, afinal levou o título de marcas e também o de pilotos com o seu trio Jörg Bergmeister/ Egidio Perfetti/ Patrick Lindsey.
Rodrigo Baptista, que estava no comando do Ferrari #84 da JMW Motorsport junto de Jefrey Seagal e Wei Lu, subiu ao pódio também numa ótima jornada do trio.
O campeonato do WEC volta em setembro, com a abertura do mundial 2019/2020 marcada para o dia 1º com as 6 Horas de Silverstone.



Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...