domingo, 30 de junho de 2019

GP da Áustria – Uma prévia para a próxima década


Deixemos de lado (por enquanto) todas essas rusgas com  F1 e comissários, que tanto chateou o fã da categoria com decisões tristes para esporte onde uma canetada decidiu uma vitória sobre um lance questionável num momento onde os dois melhores pilotos dessa década, tiveram seu primeiro confronto direto neste ano de 2019. Para piorar ainda mais o clima, o GP francês, disputado na última semana, foi pavoroso e isso ajudou ainda mais para aumentar as criticas sobre uma categoria que tem sido dominada amplamente por uma equipe. A Fórmula-1 se encontra numa encruzilhada, numa grande encruzilhada e o caminho a ser tomado tem ser decidido logo, exatamente para não ficar apenas como uma categoria que vive dos seus grandes dias sem fazer nada para melhorar.
Por outro lado, há dias bons para a categoria – mesmo que seja escasso. O que vimos hoje em Zeltweg foi um confronto que já havia dado seus ares no kart, quando Charles Leclerc e Max Verstappen eram as duas estrelas e já despontavam como grandes promessas – um momento que mostra que ainda se pode extrair algo bom nesse marasmo que tem tomado o campeonato mundial até aqui, mas para isso é preciso uma má jornada da Mercedes para que isso seja ativado. Ver estes dois jovens pilotos se enfrentando, mostra que teremos um futuro interessante onde a rivalidade será aflorada e explorada. 
Se julgássemos pela largada e depois pelo ritmo apresentado pelos ponteiros, era de esperar uma prova bem tranquila e uma primeira vitória justa para Charles Leclerc, especialmente pelo enorme azar na corrida do Bahrein e também pela magnifica pole conseguida no sábado. Seu ritmo de prova era muito bom, conseguindo uma vantagem confortável para o duo da Mercedes e aumentando o ritmo para quando fosse preciso. A corrida estava sob controle do jovem piloto da Ferrari. Numa situação nenhum pouco confortável, se encontrava Max Verstappen: tendo herdado a segunda posição de Hamilton – já que este largara em quarto devido a punição recebida por atrapalhar Raikkonen na qualificação – era esperado uma largada interessante ao lado de Charles, formando assim a primeira fila mais jovem da história da F1 com média de 21 anos – superando a média de 23 anos estabelecida por Hulkenberg e Vettel no grid do GP do Brasil de 2010. Porém a sua saída foi ruim e despencou para sétimo. Precisou de paciência para subir na classificação, conforme os pilotos que estavam à sua frente iam parando. A sua parada de box para trocar os pneus médios para os duros na volta 30, foi como um passe de mágica: Verstappen só não teve um confronto direto contra Hamilton - que parou na volta 31 quando estava liderando e voltou atrás de Max – mas com os outros que iam a sua frente, o holandês fez subir as apostas após duelar com Vettel pela terceira posição e vencer a disputa após duas voltas bem ferrenhas; contra Bottas as coisas foram mais fáceis, realizando uma ultrapassem sem resistência por conta do finlandês na curva dois. Agora restava apenas Leclerc, que parecia bem contente com a diferença que estabelecera sobre Valtteri e que agora era de Max. Talvez este tenha sido um dos seus erros: com uma crescente de Max, que já era vista faltando 20 voltas para o fim, uma postura mais agressiva para tentar aumentar ou responder as investidas de Verstappen podia ter protegido a sua posição. Mas isso não aconteceu e quando a corrida estava com apenas quatro voltas para o fim, Max já estava na cola de Charles para tentar algo improvável, se julgarmos pelo seu inicio desastroso. Charles fez defesas perfeitas bloqueando bem as investidas de Max, mas o seu vacilo acabou vindo na penúltima volta quando deixou um espaço na tomada para a curva dois e Verstappen mergulhou – numa situação bem parecida que acontecera na volta anterior, que Leclerc soube defender-se devido a melhor tração do Ferrari sobre o Red Bull – para emparelhar, tocar rodas com o Ferrari de Leclerc e assumir a liderança e levantar um mar laranja que foi transformado o circuito do Red Bull Ring com a presença da torcida holandesa. Max venceu a sua melhor corrida na categoria, com um furioso Leclerc em segundo e Bottas em terceiro. O resultado oficial ainda foi eclipsado, mais uma vez, com a atuação dos comissários que entenderam que houve um espaço deixado no lance da ultrapassagem de Max sobre Charles, com o monegasco escapando para fora da pista. Após um longo período de suspense, onde os dois lados foram ouvidos, o resultado final foi mantido. Um alivio após tanta polêmica que se arrastou desde o GP canadense.  
Mas a corrida foi importante para colocar estes dois pilotos em evidencia, já que a rivalidade foi iniciada desde os tempos de kart. Independente que tenha sido ou não justo manter o resultado em prol de Max, a corrida expôs uma situação que poderemos ver já na próxima década com estes dois se digladiando pelas vitórias e títulos – isso sem contar com presenças de Lando Norris, que fez o seu melhor final de semana na categoria, e até mesmo George Russell, que mesmo limitado pelo Williams que tem, é um piloto muito gabaritado.
Num momento que a categoria está perdida em sua identidade, sem saber para onde seguir, essa disputa em Zeltweg pode mostrar ao menos que em termos de material humano para um grande espetáculo, as coisas estão bem encaminhadas. Agora resta a aqueles que cuidam da Fórmula-1 começar a mudar as regras para que o panorama seja ainda melhor nos anos 2020 que se avizinham.

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