segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Ron Groo

A galera que já acompanha os inúmeros blogs sobre automobilismo espalhados pela rede, conhece bem a faceta bem humorada e sarcástica com qual Ron Groo conduz brilhantemente seus textos no Blig Groo.
E hoje ele relembra o GP de 2006, onde um certo alemão roubou a cena numa das melhores atuações de sua carreira.

Grande Prêmio do Brasil 2006




"Dois mil e Seis...

O ano do segundo título de Fernando Alonso e da primeira vitória de Felipe Massa em Interlagos.
Também foi o último Grande Prêmio do Brasil disputado por Michael Schumacher pela Ferrari, quando o alemão se aposentou pela primeira vez.

Foi seu último grande ato na categoria.
Havia chances matemáticas de que o alemão hepta campeão conseguisse sua oitava estrela no topo de seu capacete.

Eram pequenas, sim... O adversário era jovem, ambicioso, contava com uma equipe que trabalhava totalmente para si e era apadrinhado pela encarnação do capeta em pessoa, mas até o desfecho da corrida ninguém ousava dizer que era impossível.

Michael dependia de uma composição de resultados que consistia em ter que vencer a corrida e que o asturiano não marcasse pontos.

A coisa ficou ainda mais complicada quando no Q3 dos treinos de classificação o alemão ficou sem tempo.

Aparentemente nem ele e nem sua torcida pareceu se preocupar já que no Q2 o alemão havia marcado um tempo melhor até que o tempo oficial da pole posítion de seu companheiro de equipe, Felipe Massa.

Nem mesmo com Fernando Alonso largando na quarta posição e já na décima volta ser o terceiro colocado.

Michael que havia largado em décimo e no fim da primeira passagem pela reta oposta já havia feito duas ultrapassagens.

Mais algumas voltas e o alemão já era o quinto, mas um pneu furado o mandou para a última posição.

Fim das esperanças de título, mas começo do show.

Schumacher pilotou como um alucinado tirando de sua Ferrari tudo que poderia dar e um algo a mais.

Ultrapassou gente em todos os pontos da pista (lembrando que ainda não existia DRS) incluindo seu sucessor no time vermelho, Kimi Raikkonen, no fim da reta de largada de forma espetacular e – até certo ponto – humilhante assumindo a quarta posição nas ultimas voltas da prova.

Para coroar a apresentação, ainda fez a volta mais rápida da corrida. (1.12:162 no giro de número setenta)

O alemão se aposentou das pistas (esqueça seu comeback pela Mercedes, não conta) deixando nos fãs – dele e da categoria – um gosto de quero mais e a certeza de que aquele piloto contestado por muitos era um dos personagens mais importantes da F1 em sua era pós-romântica.

Todo o resto sobre ele é dor de cotovelo.

E deste mal não sofremos."

domingo, 8 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Tati Coimbra

Para quem acompanha os blogs sobre automobilismo certamente conhece um pouco da Tati Coimbra, uma das comandantes do Blog Octeto Racing Team (que completou 8 anos de existência no dia 4 de novembro) que trata, especificamente, dos pilotos preferidos de cada uma das integrantes. E a Tati é fã confessa de Fernando Alonso.
Enfim, a Tati nos mostrará o GP do Brasil preferido dela.

Grande Prêmio do Brasil 2006


(Foto: Tati Coimbra)


"22 de outubro de 2006. GP do Brasil em Interlagos. Fernando Alonso campeão. O bicampeão do mundo mais jovem da história. Este recorde já não “nos” pertence mais, mas as lembranças daquele dia ainda estão guardadas no meu coração. Vivas e inesquecíveis.

Foi naquele domingo ensolarado que tive a minha experiência consciente em um autódromo (quando criança fui ao saudoso Jacarepaguá, mas não me lembro) e em uma corrida de F1. E logo de cara, tive a sorte de ver o meu piloto e equipe favorita campeões do mundo. Ao vivo e em cores. Pertinho de mim.


Tudo naquele fim de semana foi especial. Lembro-me ter chegar logo cedo ao autódromo, para tão famosa fila para o setor A, ainda tudo escuro, mas já com minha bandeira das Asturias pendurada nas costas. E sob os olhares curiosos e perguntas soltas no ar: “que bandeira é esta?!”, eu desfilava o orgulho de carregar as cores do meu piloto campeão. Azul e amarelo, as mesmas da minha equipe. Ô que saudades que tenho dos bons tempos de Renault.

Passei “fome”, sede e senti muito calor, MUITO mesmo, mas nada disso me fez sair do lugar até que a corrida terminasse e eu pudesse respirar aliviada com o mais um título assegurado. Embora o campeonato estivesse praticamente decidido, era contra Schumacher e a ferrari (com letra minúscula mesmo) que estávamos disputando, e com contra eles era fundamental bom manter os
(Foto: Tati Coimbra)
olhos abertos, tanto para o bem quanto para o mal.


Mas o meu piloto venceu. Deu tudo certo. Tudo foi perfeito. Emocionante. E mesmo depois de 9 vezes indo a Interlagos (este ano será minha 10ª. vez consecutiva) e algumas derrotas dolorosas, eu ainda me arrepio e sinto a mesma emoção da primeira vez que estive lá. Isso porque sei que foi lá que Fernando Alonso fez seu nome, por duas vezes.  E foi lá vivi de um dos dias mais felizes da minha vida."

sábado, 7 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Beatriz Lourenço

A Beatriz Lourenço é fã do Kimi Raikkonen e muito antes dele, de Mika Hakkinen. Não hesitei em chamá-la para escrever sobre o GP do Brasil mais marcante, pois sabia muito bem qual seria a escolha dela.
Pois bem, hoje quem comanda por aqui é a Senhorita Be!

Grande Prêmio do Brasil, 2007



"Quando o Paulo me convidou pra escrever um texto sobre minhas memórias do GP do Brasil eu adorei a ideia porque eu amo F1, amo escrever e sou fã do Kimi Raikkonen... E qualquer chance que eu tiver pra juntar as três coisas é uma ótima chance que eu não deixaria passar.

Tudo começou em 25 de setembro de 2005, o dia do GP do Brasil. 'Tava um tempo esquisito, uma tarde meio escura em São Paulo, e eu estava - como sempre - assistindo a corrida e torcendo pra chuva. Lembro que o Kimi estava disputando com o Alonso o título e lembro exatamente a minha raiva e tristeza quando o asturiano saiu campeão (naquela época o mais jovem campeão) e lembro desse dia em detalhes porque, logo depois da corrida, eu recebi o primeiro pedido de namoro da minha vida, de um moço que tinha decidido me pedir naquele dia porque queria que eu não ficasse triste depois da derrota do meu piloto predileto. Eu aceitei, é claro - o que fez a derrota ser deixada em segundo plano e aquele GP se tornar inesquecível.

Dois anos depois, em 2007, eu estava em ano de vestibular e tinha dado uma pausa no namoro com o moço do GP 2005 porque eu queria (precisava) passar na USP e estudar era a minha prioridade. Tinha terminado gostando do cara, correndo o maior risco da vida, e não estava nem um pouco feliz com isso. A temporada 2007 foi uma das melhores pra mim: O ano foi tão bom que até o Alonso, que eu DE-TES-TA-VA desde 2005, tinha se tornado uma figura menos odiável depois do surgimento do Hamilton. A McLaren era minha equipe predileta e eu não tinha engolido a ida do Kimi pra Maranello. 

Nem as vitórias do Kimi na Austrália, na França, na Inglaterra e em Spa tinham diminuido meu ranço - embora eu, no fundo, considerasse um grande avanço se comparado a temporada 2006 (Mercedes, NUNCA te perdoarei!).

No GP da China, quando o Hamilton fez aquela lambança. eu subi a plaquinha do "Eu acredito" e tava na maior expectativa pro GP do Brasil de 2007.
E ele chegou.

21 de outubro, um domingão que era uma pausa entre dois vestibulares e começou com uma mensagem de "vamos nos ver depois da corrida?" do ex-namorado. Falei que só ia sair de casa se o Kimi ganhasse e ele debochou, dizendo que eu ia perder o vestibular porque jamais sairia. E fui pra corrida.
Massa na pole, Lewis em segundo, Alonso em quarto atrás do Kimi... E todo mundo apostando que o título ficaria com alguém dos prateados. E tudo levava a crer que sim já que a combinação do Kimi era a mais difícil das três (tinha que ganhar e torcer pro Alonso não chegar em segundo e pro Hamilton não chegar entre os cinco).

Na última parada nos boxes o Kimi assumiu a ponta e ficou lá até o fim, contando com uma boa dose de sorte (e a minha torcida) pra se tornar campeão Mundial da temporada 2007 por UM PONTO de diferença pro Alonso e pro Hamilton, que terminaram empatados com 109 pontos.

Terminei aquele dia vestindo vermelho, na rua, comemorando e jurando amor eterno à Ferrari, ao Kimi e ao ex-namorado, que se tornou namorado de novo aquele dia e pelos próximos 3 anos.
Dessas três paixões a única que dura até hoje é a do Kimi. Já a Ferrari e o (novamente e em definitivo) ex-namorado... Bem... O que comentar, não é mesmo?

Vamos focar no GP do Brasil que esse ano, mesmo sendo só pra cumprir tabela, tem tudo pra ser uma prova emocionante JUSTAMENTE POR ISSO.

E fiquem de olho nos finlandeses disputando o quarto lugar do mundial, hein? O Bo77as já andou dizendo por aí que não vai deixar barato as duas últimas corridas. Vale a pena separar a pipoca e sentar a bunda na frente da TV (ou ver in loco, se você é do tipo que vê in loco)."

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Diego Trindade

Diego Trindade assina os textos no Blog do Trindade e por um bom período, foi o editor chefe da saudosa Revista Speed.

Hoje é ele que quem comandas as ações aqui, ao falar um pouco do GP do Brasil de 2006.

Grande Prêmio do Brasil 2006




"Nunca fui ao autódromo para acompanhar a um Grande Prêmio. Este ano, mais uma vez, havia esboçado uma possível ida ao GP do Brasil; porém, nada feito. Percebi que precisava ter me organizado um pouco mais cedo e contar com mais dinheiro, digamos que $$$$.

Em 2013 eu havia ganho um ingresso da patrocinadora da Sauber para assistir ao GP. Não me desfazendo, mas era o setor G e não cobriam as despesas com viagem e hospedagem. A verdade é que a empresa não conseguiu me enviar os ingressos a tempo para a corrida. Um atendente me ligou dizendo: “Diego, o ingresso está em minhas mãos. Se enviarmos para você, não chegará a tempo. O que eu faço?”. A minha vontade era de responde: “Coloque fogo!”.

O título de 2013 já havia sido decidido em favor de Sebastian Vettel e a corrida nem foi tão emocionante assim. Não perdi muita coisa.

Mas o GP de alguns anos antes, em específico 2006, esse sim, esse foi emocionante.
Felipe Massa havia ganho uma vaga de titular ao lado do heptacampeão Schumacher. O então garoto teria de aprender muito e colaborar no que fosse com o alemão. Em especial no 35º GP do Brasil, Felipe Massa poderia ter tido um papel importante na disputa, quase decida, do título daquele ano. Isso porque Schumacher se encontrava 10 pontos atrás de Alonso na última corrida.

Assim que os carros saíram dos boxes no Q3 da qualificação, Schumacher teve um problema em sua Ferrari. Não recordo ao certo o que era, fiz questão de não procurar. Lembo-me que durante a qualificação, estava junto com um amigo meu, naquilo que seria o “sótão” da casa de seu avó. Estávamos jogando algum game de 64 bits; Atari, se não me falha a memória. Por algum motivo, sabe-se lá qual, eu torcia desenfreadamente para o Barrichello, enquanto o Léo, meu amigo, torcia de mesmo modo para o Massa. Se tivéssemos apostado, Léo teria ganho.

A verdade é que durante todo esse tempo acompanhando a carreira do Massa na Ferrari, poucas vezes vi ele andar como naquela corrida. Não pela disputa ou pela competitividade, mas sim pelo domínio exercido. Ok, naquela altura do final de semana a concorrência não era muito forte, mas o controle que Massa exerceu foi excepcional.

Até então, poucas vezes eu havia visto um brasileiro vencer uma corrida; uma com o Massa, GP da Turquia, e umas duas com o Barrichello. Imginem ver um brasileiro vencer em casa, 13 anos depois do grandioso Senna? Sem contar que dois anos antes havia visto a tentativa frustrada de Barrichelo.


A corrida foi marcante. Não houve grandes duelos entre os pilotos, porém dois se destacaram: a dupla da Ferrari. Schumaher em sua última grande oportunidade da carreira, deu um show sem igual; desde a largada, até mesmo no “toque” com Fisichella, ele vindo passando todo mundo lá de trás e… o mais legal: a ultrapassagem onde foi espremido por Raikkonen no “S do Senna” a três voltas do fim.

O outro, claro, foi Felipe Massa. O brasileiro “só” venceu a corrida de ponta a ponta. Após a bandeirada, pegou a bandeira brasileira e fez a “volta da vitória”; foi para emocionar qualquer um.
Para fechar a conta, pódio com vitória do Brasil, Hino Nacional e macacão verde a amarelo.

Menção Honrosa: GP do Brasil de 2008
Eu admito. A tensão foi maior durante a corrida de decisão do título de 2008. Convenhamos, já havia visto um brasileiro vencer em casa dois anos antes. Imaginem agora: ver um brasileiro vencer a corrida de casa, na chuva, e ainda levar o título mundial depois de 17 anos? Esse teria sido o melhor GP do Brasil de todos se não tivesse acontecido o que aconteceu 20 segundo após Massa ter cruzado a linha de chegada ."

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Hiram Guidorizzi

Hoje é a vez de Hiram Rondello Guidorizzi, que trabalha comigo na Speed Fever e que trabalhou do GP de 1991 até o de 2008, a escrever suas lembranças do Grande Prêmio de 1991 vencido por Ayrton Senna.

Com a palavra, Hiram:

Grande Prêmio do Brasil, 1991


"Assistindo a vários GPs pela arquibancada, sempre tive vontade de estar participando do lado de dentro da pista, até que me tornei um membro da equipe Speed Feever e com o retorno da F1 para Interlagos, finalmente tive a oportunidade de participar de um GP.

Fui escalado para trabalhar no Resgate à Pé, com o grupo posicionado entre a curva depois do Lago e o Laranjinha  e fomos os primeiros a trabalhar naquele GP, pois logo que iniciou o pré qualifying uma Fondmetal saiu de box e ao fazer a curva do lago escapou e foi para na grama. Como havia chovido e haviam feito uma obra de recuo do muro do lago, com a compactação recente, ao fazer o resgate do carro, atolamos na lama até o joelho. Quando o carro foi removido para o asfalto,  verificamos que todos os parafusos de fixação da suspensão traseira do lado direito tinham caído e o assoalho ficou encostando no chão. Mesmo assim o piloto (Olivier Grouillard,que seria substituido por Gabrielle Tarquini no decorrer da temporada), muito nervoso,  pedia para empurrar o carro para que retornasse ao treino que teve que ser interrompido para resgate do carro aos boxes.

O primeiro treino livre daquela sexta-feira  foi com chuva e lá pela metade o Mansell perdeu o controle de sua Williams ao fazer a curva após a descida do lago e foi “roçar” a grama, danificando o carro e ficando em local perigoso. Tivemos que remover o carro para o outro lado da pista, na agulha junto ao muro. Pudemos perceber a disciplina e consciência do perigo que tem um piloto de ponta, no caso o Mansell, que aceitou as orientações nossas para posicionar o carro em local seguro, ao contrario do piloto da Fondmetal que não aceitou nossas orientações querendo continuar no treino.

Nosso trabalho terminou aí, pois não fomos mais acionados em todo o restante do final de semana.

Pudemos então assistir a prova e acompanhar a dificuldade do Senna com a perda de marchas nas últimas voltas da corrida na liderança e a ameaça de Patrese que se aproximava perigosamente, mas finalmente pude assistir a primeira vitória de Senna em Interlagos e o tumulto que se formou quando o carro parou no final da reta oposta após a bandeirada.

O primeiro GP, por si só é inesquecível, mas o GP de 1991 foi muito marcante pelos acontecimentos, culminando com uma vitória épica de um brasileiro no GP Brasil."

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...