segunda-feira, 16 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - As escolhas de La Sarthe

(Foto: DPPI)

Corridas grandes como as 24 Horas de Le Mans tendem a serem cruéis, mas também existe o seu lado mágico onde alguns escolhidos são agraciados com seus nomes gravados para a eternidade do esporte. Se voltarmos no tempo, há exatamente 1 ano, víamos a Ferrari vencer a clássica francesa pela segunda vez após o seu retorno com uma conquista dramática do trio do 499P #50 (Antonio Fuoco/ Nicklas Nielsen/ Miguel Molina), com Nielsen administrando os minutos finais com apenas 10% de combustível contra um feroz Jose Maria Lopez, escalado de última hora para correr no Toyota #7 em substituição ao machucado Mike Conway, que parecia ter todas as condições de vencer uma prova histórica para a fabricante japonesa. A sensibilidade de Nicklas Nielsen, com o Ferrari #50 chegando aos 4% de combustível e mais os erros de Lopez, garantiram uma das vitórias mais dramáticas da história da grande prova. 

Mas, se no box da equipe oficial havia muito o que se comemorar, no outro box, o do AF Corse, com o outro 499P #83 na cor amarela - que facilmente ganhou a simpatia do público, mesmo aqueles que não sejam ferraristas - havia uma grande dose de tristeza de quase ter beliscado a vitória. O trio formado pelo experiente e combativo Robert Kubica com os jovens Robert Schwartzmann e Yifei Ye flertaram com a vitória até o momento em que o sistema hibrido do carro entrou em colapso e forçou a retirada deles quando ainda faltavam cinco horas para fim. Apesar da grande decepção em terem chegado tão perto, a recompensa - ou prêmio de consolo - viria meses depois quando eles venceram as 6 Horas de Austin, então sexta etapa do campeonato de 2024. Por outro lado, o gosto amargo da chance perdida em Le Mans certamente não havia se dissipado. 

Passado 1 ano, que esperar de mais uma edição das 24 Horas de Le Mans? Apontar o favoritismo para a Ferrari que, além de ter vencido as edições de 2023 e 2024, estava em grande forma nessa temporada tendo vencido as três provas iniciais do campeonato com muita autoridade. É bem provável que a principal pergunta é se sobraria algo para os rivais. 

O desafio lançado pela equipe Hertz Team Jota colocando seus dois Cadillac na primeira fila, numa das qualificações mais comentadas dos últimos anos, foi dissipada logo na largada com o Porsche #5 abrindo caminho feito um raio. Isso poderia sugerir que veríamos disputa ferrenha assim que percebemos que o esquadrão da Ferrari subir na classificação e assumir a três primeiras posições com os 499P se revezando na liderança. 

As punições para os Ferrari #50 e #51, seja por estourar limite de velocidade nos pits, desrespeitar bandeira amarela e/ou cortar as chicanes, deu aos Porsches #5 e #6  e o Toyota #8 a chance de igualar as forças e passar a disputar diretamente com a Ferrari #83 a liderança da prova e isso durou por um bom par de horas. O acidente do Cem Bolukbasi com o #24 da Nielsen Racing na Tertre Rouge na 12ª hora trouxe à tona o Safety Car e com isso os dois Ferrari oficiais que ganharam vida.

O retorno dos Ferrari à dianteira não significou que as coisas estariam totalmente sob controle, mesmo que os três carros italianos estivessem novamente na liderança. O Toyota #8 e o Porsche #6, mesmo que ainda não tivessem puro ritmo para ameaçar o trio ferrarista, conseguiam igualar as forças na estratégia que era o único modo de furar a bolha. O Toyota #8 caiu assim que perdeu um dos pneus logo após a sua parada de box, dando adeus a chance de tentar uma cartada final pela vitória.

O que vimos nas horas finais foi um batalha hercúlea do solitário Porsche #6 contra os três Ferrari. Matt Campbell fez um trabalho primoroso ao conseguir quebrar a sequência dos Ferrari e depois entregar para Kevin Estre tentar manter a viva a chance. Nem mesmo a presença de Antonio Fuoco no Ferrari #50, outro reconhecido pela sua grande velocidade, conseguiu combater o Porsche #6 que já estava com o francês no comando.

A última hora foi de grande tensão com o Porsche #6 de Kevin Estre tentando descontar a diferença que o separava do Ferrari #83, que era conduzido por Robert Kubica. Apesar dos esforços de Estre em tentar alcançar o #83, o foco de Robert Kubica estava em dia: o piloto polonês tinha todas as reservas possíveis para responder naquele final, seja superando os retardatários, seja na hora de virar voltas mais velozes que o francês, mostrando que ao menos, aquele 499P amarelo, estava afiado - mesmo que, horas antes, Kubica tenha informado que as marchas menores não estavam em ordem, o que poderia sugerir um agravamento mais adiante algo que o próprio Robert chegou falar pouco tempo depois que "seria impossível terminar daquela forma". Apesar deste percalço, ficou claro que Kubica estava com tudo sob controle e o restante daquela hora final controlou bem e até aumentou a diferença para o Porsche #6 de Kevin Estre - quando retornaram do último pit-stop, a diferença entre os dois carros girava entre 9, 10s e foi até os 14s na última volta. 

A vitória do 499P #83 com Robert Kubica/ Yifei Ye/ Phillip Hanson não apenas representou a terceira conquista consecutiva da Ferrari após seu retorno, como também a conquista que poderia ter sido deles em 2024 quando o problema hidráulico - seguido de incêndio - os privou de chegar ao lugar mais alto do pódio. Foi mais uma tarde histórica em La Sarthe.

Para a Ferrari, que chegou a sua 12ª conquista em Le Mans, ela iguala a sua sequência de 1960, 61 e 62 - que foi estendida até 1965 - e ao mesmo tempo elevando o 499P a outros carros da marca que também venceram em Le Mans como a 250 Testa Rossa que levou as edições de 1958, 1960 e 1961. 

(Foto: DPPI)
Robert Kubica, de quem conhecemos bem a história de carreira sendo que, há 14 anos trás quase teve a
vida encerrada abruptamente com o acidente numa etapa de rally, comentou sobre essa conquista em La Sarthe: "Sinceramente, é um grande dia para mimSe eu puder acrescentar a isso a Polônia como vencedora geral de Le Mans, é um grande reconhecimento. É como ser o primeiro polonês a vencer uma corrida, tornando-me campeão mundial de rali do WRC2. Também é uma ótima maneira de agradecer aos meus fãs, que estiveram comigo nos bons e maus momentos da minha vida e carreira."

Yifei Ye, que esteve na tripulação em 2024, falou da sua paixão e desejo em vencer a clássica francesa agora realizada: “Le Mans é um lugar muito próximo do meu coração. A última vez que subi ao pódio aqui foi na Fórmula 4 Francesa, em 2016, e meu sonho desde então é um dia vencer as 24 Horas de Le Mans. Eu tinha um apartamento ao lado dos Esses e, da minha janela, podia ver o restaurante Tertre Rouge e ouvir o barulho dos carros. Jamais poderia imaginar que, 11 anos depois de chegar à França, venceria esta corrida com a Ferrari. É realmente algo único...”. 

Além do desaire de 2024, como já dito, em que eles estavam com boas chances de vencer aquela edição, Robert Kubica e Yifei Ye tiveram outra decepção em Le Mans alguns anos antes: o Oreca #42 Team WRT liderava confortavelmente a LMP2 quando abriu a última volta com Robert Kubica no comando quando o carro parou nos Esses da Dunlop com problemas elétricos negando ao trio formado com Ye e Jean Louis Délétraz a vitória - que acabou caindo no colo do outro trio do Team WRT com o #31. Passados três anos, a decepção de ficarem pelo caminho aconteceu com o Ferrari 499P #83, mas desta vez algumas horas antes do fim. Ye relembrou os dois momentos: “Na minha primeira Le Mans, em 2021, enfrentei a maior decepção da minha carreira. No ano passado, novamente, o carro estava funcionando muito bem e lideramos por 83 voltas, mas infelizmente um problema técnico nos obrigou a abandonar. Antes do fim de semana, Robert brincou comigo: 'Já corremos juntos em Le Mans duas vezes e não terminamos, então espero que esta seja diferente' – e finalmente completamos a última volta que começamos há quatro anos!"  

Não é à toa que estas provas tradicionais levam o mantra de "escolherem os seus". Passados estas decepções em 2021 e 2024, chega ser mágico que Kubica e Ye tenham sido agraciados com essa conquista como um reconhecimento do esforço de ambos em prol de um objetivo. Este momento em Le Mans, mais um vez, inspirará outros mais a procurarem o caminho do Endurance.

Essa edição das 24 Horas de Le Mans por muito pouco não teve o recorde de distância percorrida. O Ferrari 499P #83 percorreu 5.272,54 Km com 387 voltas feitas. O recorde ficou a 138km do oficial que foi estabelecido pelo Audi R15 TDi do trio Romain Dumas/ Timo Bernhard/ Mike Rockenfeller na edição de 2010. 

domingo, 15 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Horas 23 e 24

 

93ª 24 Horas de Le Mans - 21ª e 22ª Horas

O choro de um dos integrantes da IDEC Sport após o abandono do #28

O Toyota #8 retornou à prova, ainda que esteja na última posição da classe Hypercar. Agora a ideia é tentar, ao menos, deixar a última posição para um dos Peugeot. O #7 segue em sexto. 

A Ferrari teve pequenos dramas relatados nos últimos momentos, como os problemas de saída de dianteira do #50 e e recentemente - e talvez mais preocupante - os problemas de câmbio do líder #83 com Robert Kubica relatando que "se continuar assim, será impossível vencer". As próximas horas serão bem tensas para a Ferrari. 

A Porsche ainda tem no #6 a sua esperança, ainda que Matt Campbell, que está no comando do carro neste momento, tenha errado no final da Mulsanne após ter ultrapassado o Ferrari #51 - e quase acertado a Mclaren GT3 no exato momento da escapada. No final da 22ª hora, ele assumiria a terceira posição.

Na LMP2 as primeiras posições continuam sem alterações, com o #43 da Inter Europol liderando seguido pelo #48 pela VDS Panis Racing e #199 da AO By TF em terceiro. Azar na abertura da 21ª hora para o #28 da IDEC Sport que teve uma perda de uma das rodas na descida das curvas Dunlop. 

Na LMGT3 a liderança continua nas mãos da Porsche #92 da Manthey. Em segundo aparece o Aston Martin #27 e em terceiro o Ferrari #21 da Vista AF Corse.  

93ª 24 Horas de Le Mans - Horas 16, 17, 18, 19 e 20

O Ferrari #83 líder da Hypercar e geral
(Foto: WEC/ DPPI)

A Ferrari continua sua caminhada quase que inabalável em busca da sua terceira conquista consecutiva em Le Mans após o seu triunfal retorno em 2023. Mas desta vez, a chance de que seja o 499P #83 da AF Corse, que esteve em grande forma no ano de 2024 e que teve um problema terminal que obrigou o seu abandono, é das maiores. Principalmente após o Ferrai #51 da equipe oficial, quando Pier Guidi estava no comando, acabou rodando na entrada de box e indo para a brita - apesar de ter conseguindo retornar, perdeu a liderança e caiu para terceiro. Mas as coisas estão bem encaminhadas para que a Ferrari, no geral, feche essa edição com seus três carros no pódio - aí, só resta saber quem vencerá a prova. 

A Porsche ainda respira com o 963 #6 da Porsche Penske que teve Kevin Estre fazendo mais um de seus turnos diabólicos, mas com a distância para os Ferrari só resta a eles torcerem por algum Safety Car para que possam sonhar em ameaçar o poder de fogo dos carros italianos. 

A Toyota, assim como a Porsche, chegou a dar um desafio à Ferrari, inclusive conseguindo liderar em raros momentos onde os italianos estavam em suas paradas de box. O #8 ainda era uma esperança, mas a perda da roda dianteira esquerda logo após a sua parada de box, colocou um ponto final a esta possibilidade. O #8 foi recolhido para os boxes onde está sendo reparado, provavelmente para colocá-lo de volta para receber a bandeirada. Já o #7 continua na prova e está em sexto nesse momento.

Para a Cadillac, que já havia perdido o #101 da Wayne Taylor no meio da madrugada, perdeu já na manhã o Cadillac #311 da Whelen que havia feito um bom papel nas primeiras horas de prova. 

A batalha na LMP2 continuou pela madrugada com o #43 da Inter Europol, o #48 da VDS Panis Racing e o #199 da AO By TF se revezando na liderança dessa categoria e em alguns momentos, até a intromissão do #9 da Iron Lynx-Proton que esteve em terceiro por um tempo. 

Na LMGT3 tivemos o abandono do BMW #31, carro qual Augusto Farfus era parte da tripulação, que acabou atropelando um coelho e com isso teve sérios danos no radiador. O Lexus #78 que era um dos grandes favoritos nessa classe, teve problemas e abandonou deixando assim o gêmeo #87 na luta para tentar a conquista na categoria - ainda que seja bem complicado por estar mais de dois minutos de atraso para o líder que é o Porsche #92 que foi subindo aos poucos para chegar à liderança. A segunda posição é pertencente ao Ferrari #21 da Vista AF Corse que entrou na disputa e em terceiro o Corvette #81 da TF Sport.

93ª 24 Horas de Le Mans - 15ª Hora

Ferrari #57 da Kessel Racing que ocupa a 14ª posição na LMGT3
(Foto: Ferrari Races/ Twitter)

- Parada de box para o Porsche #85 da Iron Dames. 

- Porsche #99 da Proton e Cadillac #311 se enroscando no final da Mulsanne

- Porsche #4 em sua parada de box

- Porsche #99 da Proton parou e retornou no final da Mulsanne

- Batalha entre o Porsche #8 e o Ferrari #50 pela terceira posição. E ambos vão para os boxes

- Ferrari #83 em sua parada de box

- Toyota #8 volta em quinto em o Ferrari #50 em sexto

- O #48 da VDS Panis Racing continua na liderança da LMP2, seguido pelo #43 da Inter Europol e o #9 da Iron Lynx-Proton

- Na LMGT3 a liderança é do Ferrari #21, seguido pelo Porsche #92 da Manthey e pelo Corvette #81.

- Rahel Frey acaba encalhada na brita da segunda chicane na Hunadiéres após toque do Lexus #87. Sobrou até para o Alpine que vinha em seguida. 

- Full Course Yellow

- Fim do FCY

- Porsche #92 assume a liderança na LMGT3 após superar a Ferrari #21

- Batalha entre o Ferrari #83 e o Ferrari #51 pela liderança

- Ferrari #51 é o novo líder na Hypercar

-  Porsche #6 em parada de box

- Mais uma batalha entre Toyota #8 e Ferrari #50 pela terceira posição

- Porsche #85 parado após a curva Mulsanne

93ª 24 Horas de Le Mans - 14ª Hora

Uma das paradas de box do Porsche #6 
(Foto: Porsche Motorsport/ Twitter)

- Batalha entre o Toyota #7 e o Cadillac #38 pela 11ª posição

- Toyota #8, Ferrari #51, BMW #15 e Cadillac #12 em trabalho de box

- Hirakawa quase escapou após a chicane Dunlop, o que permitiu a ultrapassagem do Cadillac #12. Ele voltou em sétimo

- Ferrari #83 em sua parada de box; Ferrari #50 também em sua parada

- Porsche #6 também faz seu pit stop, assim como o #5

- Ferrari #50 assume o terceiro lugar sobre o Porsche #6. O Porsche ainda conseguiu a retomada, mas com a cortada na segunda chicane, teve que devolver.

- Dessa forma, a Ferrari retoma a formação com seus três 499P nas três primeiras posições na geral: #83, #51 e #50

- Porsche Penske #4 em sua parada de box

- A liderança da LMP2 é do #199 da AO By TF que tem 3s de vantagem sobre o #28 da IDEC Sport

- O Corvette #81 é o líder na LMGT3 seguido pelo Porsche #92 e pelo Ferrari #21

- #18 da IDEC Sport perdeu o pneu logo após o seu pit stop. Carro parado na Mulsanne. Slow Zone no local

- Ferrari #51 em sua parada de box, retornou em terceiro

sábado, 14 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - 13ª Hora

O Ferrari #54 da Vista AF Corse que está na 19ª posição na LMGT3
(Foto: Ferrari Races)

 - Batalha intensa entre o Lexus #78, Ferrari #21 e Corvette #81, onde o Corvette foi desalojado da segunda posição

- Disputa entre BMW #15, Ferrari #51, Ferrari #50 e Cadillac #12 pela 4ª, 5ª e 6ª posições.

- Toyota #7 em sua parada de box, voltando em 11º

- Baita disputa entre BMW #15, Ferrari #51, Ferrari #50

- Toyota #8 em sua parada de box, assim como o a BMW #15 e Ferrari #51

- Com as paradas de box, o Toyota #8 assume a liderança com 2s de vantagem sobre o Ferrari #83

- O #48 da VDS Panis Racing em duelo contra o #199 da AO By TF pela liderança na LMP2

- Ferrari #83, com Yfei Ye, na cola do Toyota #8, pilotado por Ryo Hirakawa, na disputa pela primeira posição na Hypercar

- Porsche #4 fez a sua parada e voltou em 12º

- Perseguição implacável do Ferrari #83 sobre o Toyota #8

- A investigação sobre a possível irregularidade do Toyota #8 não deu em nada

- Ferrari #83 tomou a liderança na freada da segunda chicane. A disputa continua

- #199 da AO By TF fez a sua parada e retornou em quarto


93ª 24 Horas de Le Mans - As escolhas de La Sarthe

(Foto: DPPI) Corridas grandes como as 24 Horas de Le Mans tendem a serem cruéis, mas também existe o seu lado mágico onde alguns escolhidos ...