quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quando a FIA atrapalha

Toda modalidade esportiva que se preze tem que ter uma entidade honesta. Sei que hoje em dia isso é luxo, e isso podemos ver perfeitamente com CBF aqui no Brasil que vira e mexe faz das suas artimanhas para ajudar um clube ali, outro acolá, direitos de transmissão para uma só TV, amistosos de araque e por aí vai. A FIA ultimamente, mais precisamente desde a última década, tem mudado de modo vertiginoso as regras da F1 como crianças que mudam tudo numa brincadeira a fim de ferrar o melhor do resto. E isso vem detonando ainda mais a categoria nestes últimos. A proibição do difusor assoprado para a prova de Silverstone é apenas mais das palhaçadas que a entidade tem feito nestes tempos, em que a procura por várias ultrapassagens para garantir o show tem sido absurda. 
Mudar o regulamento no meio de temporada ou para o próximo ano, é do feitio deles e não vem de hoje. Não precisamos voltar muito no tempo para vermos isso. Em 2009, sob o domínio avassalador dos carros da BrawnGP, a FIA aceitou as reclamações das demais equipes e proibiu o difusor duplo que tinha pegado todos com as calças na mão num momento que a categoria estava em fase de transição, com as equipes se acostumando aos novos compostos slick e com carros mais limpos, sem aquele monte de apêndices aerodinâmicos. Outro exemplo conhecido foi o de 78, quando Gordon Murray desafiou o gênio Chapman e colocou na pista o Brabham BT46 "Fan-Car". Para o desespero de Colin Niki Lauda truscidou suas Lotus em Anderstorp e quando parecia que a F1 tinha encontrado um novo caminho para o efeito-solo, a Brabham levou um soco no estômago ao saber que seu carro estava proibido pelo simples fato de ser inseguro. A reclamação de Chapman junto a CSI tinha surtido efeito e assim sua cria, o Lotus 79, reinaria sozinho pelo resto da temporada. Outras proibições, como o carro de quatro motrizes da Williams de 83 e os freios mágicos da Mclaren de 1998, foram outras onde a FIA meteu o bedelho e procurou tirar o doce da boca de seus criadores em detrimento a reclamações à boca pequena. Sim, essas idéias de ferrar a concorrência não sairia da cabeça somente dos comandantes da entidade. Qualquer equipe que se sinta lesada, ora por ter sido copiada ou por se sentir atrás da outra que está vencendo (leia-se imcompetente), vai reclamar e muito. E nesse caso, com a proibição deste difusor assoprado, não foi diferente.
 O Brabham BT46 sofreu com a proibição após a sua estréia espetacular no GP da Suécia de 78...
 ... e a Williams também sentiu na pele com as mudanças para 94, após seus Fw14B e Fw15 (acima) terem brilhado em 92 e 93 com toda eletrônica disponível

Newey soltou os cachorros ao dizer que pode ter sido a Ferrari que fez a cabeça da FIA a ponto desta chegar a proibir o uso da peça. E Adrian sabe do que está falando, pois, como ele mesmo afirmou o RB6 foi construído totalmente em função deste artifício e como todos nós sabemos, também, que a Scuderia e um monte de outras equipes trabalhou pesado para copiar e tentar aperfeiçoar esta peça. A concordo com Newey quando ele diz que tudo isso está acontecendo pelo fato da Ferrari não ter conseguido sucesso com a cópia. Ele também apontou a Mclaren como uma das reclamaram, mas no meu ver o time de Woking não tem muito que reclamar, pois foram o que fizeram a melhor cópia e conseguiram desbancar a Red Bull por duas vezes. E essa queda de rendimento nas últimas etapas é especialmente, no meu ver, por causa dos pneus. O fato de Newey ter falado mais da Ferrari também é um ranso de que vem desde 93, quando a FIA proibiu toda eletrônica para a temporada de 94 por pedido dos italianos que não conseguiram, em momento algum, se acertar com toda aquela modernidade. O resultado de tudo isso foram os vários acidentes causados por carros quase inguiáveis na temporada de 94, incluindo as duas mortes do negro 1º de maio em Ímola. E a Ferrari sempre teve passe livre na FIA para fazer o que bem entendesse como destaquei neste texto, escrito em setembro de 2010, sobre a absolvição da Ferrari no caso do GP da Alemanha.
Outro medo que ronda é de que os carros possam ficar instáveis em entrada de curvas tornando-os perigosos, como destacou Webber. Pode até acontecer, mas nisso eu acredito muito pouco e é muito mais um pessimismo por parte dos pilotos do que qualquer outra coisa. 
A pista de Silverstone será o palco de uma possível transformação no mundial deste ano, mas também pode ser motivo de chacotas caso a Red Bull saia vencedora do GP inglês. Sinceramente, essa é a minha vontade.

2 comentários:

  1. A FIA atrapalha sim, não o esporte em si, mas essas mudanças repentinas e de ultima hora..
    É mais ou menos assim que eu vejo essas atitudes:
    Numa partida decisiva de futebol, no segundo tempo marcam um penalti que pode dar a vitória e o titulo pra um time, ai vem o juiz e diz que só vale meio gol se for por penalti, como o jogo é ganho por gol marcados o time que tiver meio gol terá que fazer mais um gol de "penalti" pra valer.. Quer dizer é absurdo...
    Esse negócio de difusor duplo, difusor aquecido, ou melhor o difusor é um argumento antigo para os projetistas em busca do tão propalado efeito solo... E o BT 46 é o esboço mais próximo dos difusores atuais.. E não adianta a FIA ou outro orgão regulador proibir isso ou aquilo pois a busca da aerodinamica lisa em baixo do carro é constante e vai continuar a ser...Até a tal chapa de madeira que é colocada em baixo do carro não é de madeira faz um tempão, é resinada, com materiais extremamente resistente e leves, não há a menor possibilidade desse material hoje criar qualquer tipo de ressonancia ou resistencia ao ar que passa embaixo do carro... Numa dessas inumeras reportagens com o eng Adrian newey.. Foi perguntado a ele sobre os difusores... E a resposta foi simples clara e objetiva, o difusor de ar trazeiro começa no nariz do carro. O ideal é fazer com que fluxo de ar que passa por baixo do assoalho seja 0,5 Km mais rápido do que a velocidade que o ar passe por cima do carro...
    Podem proibir, a Brabham achou um caminho, a Brauwm achou outro, a red bull achou um outro ainda, e mais vão achar novos caminhos.. É assim que é... A busca incessante da perfeição, estabilidade e velocidade... Em nome da emoção...

    GP to

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  2. Totalmente de acordo amigo com o seu comentário de pessoa culta e sabedora.
    Eu também sou daqueles que já tem uns anos e memória - que é coisa que falha a muita gente, nisto como em muita outras coisas bem mais importantes na vida !
    Na F1 manda desde há muitos anos uma entidade composta por amadores bem remunerados e todos controlados directa ou indirectamente pela pequena marca italiana de super desportivos.
    Se não fossem as inumeráveis ajudas da FIA, ocultas e mascaradas a maioria delas, e perante uma passividade e fechar de olhos dos ingleses que a mim como latino me custa a entender, ao longo de décadas, esta equipe provavelmente já teria desaparecido, pelo menos no que a divisão desportiva se refere.
    Quem sabe algo de história e tecnologia, entende que neste campo os italianos sempre (desde Roma antiga !), estiveram abaixo de ingleses e alemães.
    E a F1 tem uma componente de alta tecnologia enormíssima como sabemos.
    Saudações de António F. desde Portugal - Lourinhã.

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