Meu amigo Rubem Ferresi Jr., que já apareceu outras vezes aqui no blog, esteve em Sarthe para acompanhar as 24 Horas de Le Mans pela primeira vez, junto do camarada Alemiro Almeida que já conhece a prova de uma visita anterior. E aqui ele conta um pouco das suas impressões sobre a prova mãe do Endurance Mundial.
O que falar de Le Mans? Dizer que foi sensacional é pouco. Talvez o “Mythique. Unique. Magique!” seja uma prova de que é impossível descrever!
Mas vamos tentar resumir um pouco o que foi... Confesso que precisaria de pelo menos 24 horas escrevendo!
Depois
de praticamente um ano de planejamento, incluindo passagens aéreas,
compra de ingressos, conseguir amigos que topassem a empreitada,
estadia/trailer, negociar os dias no trabalho... chegou o dia!
Embarquei
na quinta-feira a tarde para Paris (aeroporto Charles de Gaulle).
Apesar de 11:00 horas voando, foi muito tranquilo. E logicamente, na
“classe cachorrada” (vide o filme “Meu nome não é Johnny”).
Ao pousar no aeroporto, a primeira surpresa: durante o taxiamento passamos perto de um Concorde! Jamais imaginei ver este avião.
Bem,
ao sair do avião, o trajeto até a “imigração” é longo... e pensei que
seria a mesma burocracia dos EUA (que pedem até seu exame de fezes!).
Mas o agente mal olhou na minha cara, e sem desligar o telefone,
carimbou o passaporte, e fez o sinal com a mão “por ali”. Pronto! Já
estava liberado! Agora era partir rumo a Rambouillet encontrar o Alemiro, pegar a van/trailer, e seguir rumo ao templo.
Achar
o metro/trem não foi fácil. Apesar do Mr. Le Mans Alemiro ter passado
todas as coordenadas antes, não foi fácil. Mas vamos resumir:
- comprar os bilhetes em uma maquina tipo cash dispenser;
- subir e descer umas 4 escadas;
- pegar a primeira linha “B” por umas 15 estações;
- subir e descer umas 6 escadas;
- fazer baldeação e trocar para a linha “6”;
- subir e descer umas 4 escadas;
- andar umas 5 estações;
-
descer na grande estação Gare Montparnasse (de onde sai o Trem Bala, e
um monte de linhas secundárias), e pegar o trem “normal” para
Ramboillet.
- pagar 1 Euro para ir no banheiro;
- subir e descer umas 4 escadas;
- andar uma hora até Ramboillet.
Porque
destaquei as escadas? Porque minha mala era grande (para trazer minis,
souvenirs, etc... então imagina o sacrifício nelas!!!
Bem, chegando em Rambouillet o Mr. Le Mans já estava lá com a van. E imediatamente partimos para o templo!
Os
quase 200 kms que separam Paris até Le Mans foram tranquilos. Muito
Rock n’Roll, uma bala mastigável que o Alemiro comprou que coloca o
Halls preto como “infantil”, e vários carros pelo caminho a caminho do
templo.
Ao
chegar na cidade, as placas já deixavam a expectativa mais alta... até
que chegamos! E para variar, um puta transito! O numero de
pessoas/carros/trailers que já estava lá fazem do nosso GP Brasil
brincadeira de criança. E carros de todos os lugares da Europa! Fora os
esportivos e clássicos andando pelos acessos do autódromo.
Agora...
chegar no local do estacionamento do trailer, praticamente uma hora da
entrada do autódromo. Tinhamos que ir ao “Beuséjour”, o estacionamento
amarelo. Depois de um tempão até chegar lá não pudemos entrar porque
estava lotado. Nos mandaram para outro lugar, e praticamente voltamos o
caminho todo até “Sapinettes”.
Para quem conhece a pista, saímos das Curvas Porsches até a Tertre
Rouge, ou uma
distancia de mais de 6 km (medi pelo Google). Mas não
tínhamos o que fazer, então fomos até lá!
Chegamos
lá, estacionamos a van, abrimos a primeira cerveja, e voltamos (a pé,
logicamente) para a pista. Como era perto das 17:00, não dava pra ir a
cidade ver o desfile dos pilotos. Andamos 1 km, e já estávamos entrando
na pista, entrando pela Tertre Rouge. Alí já tinha um bloqueio da
rodovia fechando o transito, mas conseguimos acessar a pista. Sensação
indescritível estar ali!
Mas
continuamos andando até próximo a ponte Dunlop. Nem preciso falar que o
guia era o Mr. Le Mans... mas apesar dele estar lá pela segunda vez,
também estava muito empolgado!
Fomos
até o Paddok, que na sexta-feira está liberado... e entramos nos boxes.
Mas nem paramos, fomos direto pra pista! Até a ponte Dunlop! Tinha
gente andando pela brita, escrevendo nas zebras, deitando na pista... um
monte de loucos! E dois brasileiros neste meio...
Voltamos
para os boxes, vimos algumas equipes treinando pit stops... e fomos
andar nas “lojinhas”. Mas não antes pararmos para a primeira cerveja
oficial de Le Mans... e logicamente com o copo colecionável!
Começamos
a subir pelas lojinhas, e chegamos na primeira... de miniaturas! Spark!
Me segurei, e não comprei nenhuma. Subimos mais um pouco... e chegamos
na segunda, genérica, mas com varias miniaturas. Já fiquei com 3, e o
Alemiro algumas.
Após
as primeiras compras chegamos na Modelissimo! Um crime esta loja! Se eu
pudesse, comprava 100 minis ali! Eles não tinham muitas de F1, mas de
Le Mans... praticamente tudo! Fui obrigado a comprar algumas!
Continuando
nas lojinhas, passamos pela Aston Martin, loja oficial das 24 Horas,
Toyota, Audi, varias genéricas... e chegamos na Gulf! Como o Alemiro
disse para a atendente “ele vai comprar a loja toda”!
O estrago financeiro foi grande! Mas valeu a pena!
E fomos andar mais ainda...
Mas
nesse meio tempo a chuva chegou! Paramos na Toyota, o Alemiro brincou
em um dos simuladores, e esperamos ela diminuir um pouco.
E
ao sairmos descobrimos uma das particularidades gastronômicas de Le
Mans: pão/baguette com batata frita. Recheado com batata frita! Quando
vocês forem em Le Mans vão entender!
Voltamos
para o trailer... apesar de ainda estar claro, já passava das 20:00. E
com um monte de gente chegando ainda! E muita gente atolando os carros
na lama! Mas tudo era festa, e não tinha ninguém que não estivesse
sorrindo! Montando barracas, fazendo churrasco, bebendo cerveja... Jamais vi este clima em qualquer lugar ou evento!
Mas o cansaço chegou. Bebi mais uma cerveja, e apaguei.
Sábado acordamos cedo! Hora do café da manhã (pão francês legitimo, jamon, queijo, suco brasileiro), e partiu pista!
Repetimos
o mesmo caminho do dia anterior, mas logo que entramos o warm up
começou, aí paramos na “S” de La Foret para as primeiras fotos. Após
meia hora de fotos, bandeira vermelha. E o treino não reiniciou mais...
Aproveitamos para ir até as curvas Dunlop.
Mais
algumas fotos lá, e partimos para a passarela Dunlop. E andamos... sobe
escada, desce escada, anda... e muita gente. Porém sem tumulto.
Ao
passarmos para o outro lado da pista, onde estavam as arquibancadas, um
monte de lojas! Andamos por elas, conhecemos todas (várias de
miniaturas... hehehehe), mas sem compras, pois tínhamos que preparar
para a largada!
Voltamos para a arquibancada Wimille, praticamente na frente da linha final da saída de box. E com um bom telão na frente.
E
já começamos a ver a preparação das equipes para o “grid Le Mans”.
Tocaram os hinos de todos os países com pilotos presentes. Os
cerimoniais continuaram, e um convidado surpresa: a chuva.
Chegou, e a largada foi dada com Safety Car. E ele demorou muito pra sair!
A galera começou a vaiar porque ele estava demorando muito pra sair... e quando saiu, começou o espetáculo!
Pouco
mais de uma hora de corrida a galera da arquibancada já dispersou....
Neste período descobrimos que o locutor oficial falava os nomes dos
pilotos normalmente, exceto quando era o Mike Conway! O cara se
empolgava mais que o Ademir em Interlagos! Era um tal de falar “... Mark
Webber... Paul Dala Lana... Sebastian Buemi.... MIKE CONWAY!!!
Bem,
nisso também saímos da arquibancada e fomos nas lojinhas. Mais
miniaturas, camisetas, bonés, meias quadriculadas (by Pescarolo). Com as
sacolas cheias voltamos para o trailer e guardamos as compras.
Mais
umas cervejas, e preparamos as câmeras para as fotos noturnas. Mas
antes, hora de estrear os
banheiros químicos. E podemos falar: até os
banheiros franceses são cheirosos!
Voltamos para a pista, e começamos os rituais: tripé, regula camera, faz um teste, foto... testa novamente...
Muitas
fotos, testes... frio! SC na pista. Caminhada, tripé, camera, foto.
Escada, caminhada, tripé, câmera... Só de escrever novamente já fiquei
cansado!
Passa pela passarela Dunlop, atravessa o show que estava rolando, e voltamos para a arquibancada, e mais fotos!
E sempre lembrávamos: MIKE CONWAY!!!
O frio chegou forte... e já na madrugada francesa voltamos para o trailer.
Após descansar um pouco, café da manhã, e pista!
Mas desta vez passamos no museu antes! Para não usar sempre o “sensacional”, vamos mudar a palavra: espetacular!
Carros históricos, a história de Le Mans está lá. E com muitas miniaturas!!!
Mas já estava chegando a hora do final... então voltamos para a arquibancada. E ouvimos algumas vezes ainda MIKE CONWAY!!!
A
prova já encaminhava para o final, os japoneses do lado começaram a se
preparar para festejar a vitória da Toyota! Estavam vestidos com
camisas, jaquetas, bonés, tinham bandeiras... estavam radiantes.
E faltando poucos minutos para o final a arquibancada encheu. E todo mundo prestando atenção!
Até
que faltando poucos minutos para o fim o carro japonês vem parando pela
pista. Vocês não imaginam a narração do autódromo! A emoção que o cara
passou no “eu não acredito”!
A arquibancada toda se levantou! E não acreditamos!
Dificil descrever o que estávamos vendo!
(Os japas do lado só faltaram chorar!)
E
veio a bandeirada final! E uma coisa impressionante que vi: TODOS foram
aplaudidos! Todo mundo que terminou a arquibancada saudou!
Só estando lá para viver isso!
Depois
todo mundo indo pra pista! Portões abertos, e um monte de loucos já
levando placas dos boxes, placas de propaganda... pedaços de pneus,
cones, britas... gente beijando a pista... escrevendo nas zebras.
Fora
os loucos que pegaram as bicicletas para andas nos 13,6 kms de pista!
Voltamos
para o trailer, guardamos tudo, e voltamos para Ramboillet. No caminho,
só trailers e carros espetaculares na rodovia. Mas voltamos realizados!
Le Mans é “Mythique. Unique. Magique!” Por isso neste ano fora mais de 260 mil pessoas! E por isso as pessoas sempre querem voltar. Eu voltarei!
E não
posso deixar de agradecer ao Mr. Le Mans Alemiro, um cara sensacional!
Valeu meu amigo pela amizade, aprendizado e companhia! E que venham mais
corridas!
Essa prova é única. Do tipo, tem que ir pelo menos uma vez na vida. Vale muito a pena. Inesquecível.
ResponderExcluirValeu, Rubão, pela companhia e pela narrativa sensacional.