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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O meu Grande Prêmio do Brasil, Por Rubem Ferresi Jr.

De hoje até o sábado do GP do Brasil estarei postando alguns textos sobre o evento, que acontece desde 1972 - com a prova extra-oficial - até os dias de hoje de forma ininterrupta, fazendo com que a prova daqui seja uma das mais tradicionais da Fórmula-1 perdendo apenas para Itália, Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha, Mônaco e Bélgica. Pedi para alguns camaradas escreverem suas impressões dos GPs do Brasil que mais marcaram em suas vidas, independente se estivessem na sala de casa, na arquibancada ou até mesmo trabalhando no evento.

E o primeiro a escrever por aqui é o meu amigo Rubem Ferresi, com quem trabalhei na equipe de sinalização Speed Fever de 2002 até 2009. Rubem trabalha no GP desde 1998 e este ano estará na sua 15ª participação.

Portanto, com a palavra, Rubem Ferresi:


GP do Brasil, 2007

Kimi Raikkonen durante o fim de semana do GP do Brasil, onde veio a coroar-se campeão do mundo
(Foto: Rubem Ferresi)

"A pedido do meu grande amigo Paulo Abreu, a Barsa do automobilismo mundial, pediu para que eu descrevesse sobre o meu GP Brasil preferido. Difícil falar depois de tantos GP’s na pista... desde 1998. E cada um com uma história mais interessante que a outra. GPs com chuva, como em 2003 e 2012, acidentados como 2006, tranquilos demais como 2011, os zerinhos no final de 2013, etc. Mas um que sempre vem a mente foi o GP de 2007, onde as atenções estavam para a disputa do título entre Fernando Alonso, o novato Lewis Hamilton, e o ferrarista Kimi Raikkonen. Uma disputa tripla, ao vivo! 

Na sexta-feira, dia dos primeiros treinos livres, foram com chuva. Apesar disso, os treinos foram tranquilos, sem maiores incidentes. No sábado, com muito calor, Felipe Massa voou com sua Ferrari e conquistou a pole position. As McLaren’s pareciam que estavam “escondendo” o jogo para o domingo. 
E o publico vibrou com a pole do brasileiro ferrarista. Mas no domingo... que calor! Jamais ví Interlagos daquela forma! Na hora da largada, temperatura ambiente beirando os 40º, e a pista quase nos 60º! Na largada o estreante Lewis Hamilton mostra o peso de ser novato, e com um erro logo na primeira volta, e voltas depois com seu carro lento passeando pela pista (lembro quando ele passou pelo meu posto balançando a cabeça) logo foi alijado da disputa. E quando todos achavam que o título seria do Fernando Alonso, a Ferrari fez mais um dos seus famosos “jogo de equipe”, e deu ao finlandês o seu primeiro (e até agora único) título da F1. 

E foi um momento raro vermos Kimi Raikkonen sorrindo no podium, e após andando pelo paddock. Este foi o ultimo GP com a galera “das antigas” na Sinalização, onde só voltamos a nos encontrar em 2011."

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Foto 532: Justin Wilson, Super Nissan World Series, Interlagos 2002


O clique do meu amigo Rubem Ferresi Jr., capturando Justin Wilson durante a volta de desaceleração em Interlagos, após a sua sensacional vitória na corrida dois da rodada dupla do Telefonica Super World Series by Nissan em dezembro de 2002 em Interlagos.

Só para terem uma idéia as duas provas – a primeira foi vencida por Franck Montagny – foram realizadas debaixo de muita chuva, sendo que a segunda foi iniciada com mais chuva intensa, mas que foi cessando rapidamente a ponto de terminar com a pista bem seca até.

Para os que viram a condução de Justin Wilson naquela tarde em Interlagos, foi umas das melhores, com o piloto britânico ultrapassando quem estivesse na frente sem tomar muito conhecimento, devido a sua pilotagem segura num terreno extremamente molhado como estava aquele dia em Interlagos.

Aquela havia sido a sua segunda conquista no autódromo paulistano, já que um ano antes vencera na etapa que a F-3000 fez como evento suporte da F1. 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Foto 498: Há 12 anos...

Barrichello, Raikkonen e Webber, contornando o grande nome daquele domingo em Interlagos: a Curva do Sol
(Foto: The Cahier Archive)
De todas as edições do GP do Brasil que trabalhei, essa de 2003 é a que guardo as lembranças com maior carinho. Não apenas por ser a primeira, mas também por tudo que aconteceu naquele domingo chuvoso em Interlagos. E como diz a molecada de hoje, "aquele dia foi louco".
No final do ano, quando estiver às portas do GP do Brasil, vou tentar fazer um revival não apenas daquela edição, mas das outras em que trabalhei. Ficará bem legal.
Ah, e a edição de 2003 completa hoje 12 anos.   

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Foto 474: A maior festa de Interlagos

Fico imaginando tamanha festa que foi aquele ensolarado e caloroso 26 de Janeiro de 1975, quando ocorreu a segunda etapa do Mundial de F1 em Interlagos. Se inicialmente a vitória parecia caminhar para as mãos de Jean Pierre Jarier com a sua Shadow, que estava num passo incrivelmente espetacular, igualmente a de dias atrás em Buenos Aires, a cena voltou-se a repetir com o carro negro estacionando lentamente na curva do Sol com uma avaria no motor e deixando o azarado Jarier, mais uma vez, com o gosto de quase vitória na boca.
Foi a deixa para que Interlagos presenciasse uma das maiores festas que o automobilismo já teve, com a vitória de um cara que era querido por muitos e que certamente sabiam que aquela conquista viria com o passar do tempo, devidamente por sua velocidade pura e habilidade. Mas, como costumam dizer, os deuses do autombilismo deu uma ajudinha para que fosse exatamente naquele território que ele tão bem conhecia. José Carlos Pace administrou bem a vantagem para Emerson Fittipaldi, dosando a velocidade nas últimas voltas para que não tivesse a surpresa de uma quebra ou até mesmo de um erro. Venceu com um pouco mais de cinco segundos para Fittipaldi, formando assim a primeira dobradinha de pilotos brasileiros na F1 numa corrida, e exatamente no solo onde foram formados. Pace, ao chegar nos boxes, não foi retirado do carro, mas sim "arrancado" de lá pela multidão que estava presente na área dos boxes e foi carregado nos braços por eles. E no pódio, mesmo desgastado fisicamente devido o forte calor, Pace ainda teve fôlego para festeja aquela merecida conquista. Uma cena histórica e devidamente registrada em fotos.
Passados quarenta anos fico com a impressão de que foi a maior festa que Interlagos teve. Sim, as vitórias de Ayrton Senna foram emocionantes, conseguidas à fórceps, mas aquela de Pace era muito mais saborosa, ainda mais por ser a primeira da sua carreira e na frente do seu povo, na sua casa.
E esse sentimento é reforçado quando dois anos após esse grande dia, Pace desapareceu num acidente de avião na Serra da Cantareira, numa altura em que a sua carreira parecia florescer para grandes conquistas na F1.   

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Vídeo: ITC, Interlagos 1996

E que belo achado este: as duas provas que o ITC (International Touring Championship) realizou aqui em Interlagos no ano de 1996, na única visita que a categoria realizou aqui na América do Sul.
As provas foram dominadas amplamente pela Alfa Romeo, sendo que a pole foi de Christian Danner as vitórias ficaram para Alessandro Nannini (corrida 1) e Nicola Larini (prova 2).
Destaque para a exibição magistral de Max Wilson (que pilotou um dos Alfas) na segunda prova.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Foto 417: Despedida?

(Foto: Eric Gilbert)
Estaria Tom Kristensen próximo de uma aposentadoria? Ao menos é o que indica a imprensa dinamarquesa, que divulgou hoje que o eneacampeão das 24 Horas de Le Mans vai fazer uma conferência de imprensa amanhã em Copenhague. E junto dele estará o Dr. Wolfagang Ulrich, que é o chefe de competições da Audi.
Depois das duas aposentadorias de Michael Schumacher (2006 e 2012), é bem provável que vejamos a despedida de mais um dos grandes do automobilismo no autódromo paulistano, no próximo dia 30.

sábado, 8 de novembro de 2014

Foto 409: Interlagos, 1979



E como eram bonitos esses Ligier JS11. Aqui Jacques Laffite recebendo a quadriculada para a sua segunda vitória naquela temporada de 1979, repetindo o feito de quinze dias antes na abertura do mundial na Argentina.
Completaram o pódio Patrick Depailler - com a outra Ligier - e Carlos Reuteman, com a Lotus.  

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

José Carlos Pace, 70 anos

Na data em que se comemora o segundo título mundial de Emerson Fittipaldi, também é a data de nascimento de José Carlos Pace que completaria hoje 70 anos.
E aqui fica um vídeo, de quando ele veio à Interlagos acompanhar os testes do Copersucar. No início do vídeo podemos ver Francisco Lameirão (campeão paulista e brasileiro de Super Vê) e Paulão Gomes (de barba), que viria conquistar 4 títulos na Stock Car.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Funk, sim. Automobilismo, não!

Acho engraçado algumas coisas que acontecem aqui na cidade de São Paulo, em especial no Autódromo José Carlos Pace. Os caras fecham a pista para uma reforma que inclui a troca do asfalto, alargamento da entrada dos boxes, reforma do pit-lane e outras coisas mais. Até aí tudo bem: tem sido de prache nos últimos anos fechar o autódromo por dois, três meses para atender as exigências da FIA, e enquanto isso categorias que deveriam manter as suas provas por lá se vêem obrigados a interromper as suas atividades ou mudar o seu calendário para não ficar sem a sua etapa naquela pista.
Pois bem, as corridas não podem acontecer devido a reforma. Ok, mas transferir os pancadões de funk para lá pode e pior, exatamente num período onde os últimos retoques para receber a prova da F1 estarão sendo concluídos. Vão transferir isso para porque o barulho e o consumo de drogas - fora outras coisas mais que devem acontecer nestes encontros - estão incomodando a vizinhança nos bairros da Capela do Socorro e Parelheiros, todos na zona sul da cidade.
O que eles esquecem é que ao redor do autódromo também existe uma vizinhança, essa qual que, quando tem o GP do Brasil de F1, reclama do barulho dos carros - este ano eles estarão livres disso. Creio que a prefeitura não pensou nisso.
No dia 13 de julho, quando aconteceu o último evento no autódromo antes de seu fechamento para a reforma - a etapa do Campeonato Paulista de Velocidade no Asfalto - houve um desses pancadões e o barulho era ensurdecedor e podia-se ouvir há quilometros. Não sei se houve alguma reclamação por parte da vizinhança, mas certamente, com a frequência que houver nestes bailes, as reclamações serão frequentes. Isto será acompanhado pela Polícia Civil Metropolitana e Polícia Civil. Mas será que mesmo assim, haverá organização suficiente? Afinal, como tudo nessa vida, começa bonito, nos conformes, organizado... mas depois vira uma várzea. E daí pra bagunça, é um pulo.
Não tenho nada contra, mas creio que há outros locais para tal realização. O sambódromo seria uma boa para isso. Não entendo porque não transferiram isso para lá. Se a questão for distância, não tem problema: é uma turma que consegue fácil transporte. Mas claro, o autódromo é perto e facilita bem a vida...
Enquanto isso o automobilismo regional continua impossibilitado de continuar o seu certame. Afinal de contas, o funk pode. O automobilismo, não.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Vídeo: Largada do GP do Brasil, 1976

Que beleza de grid e que beleza de circuito. Belo vídeo da largada para o Grande Prêmio do Brasil de 1976 no saudoso e desafiador traçado de Interlagos.
Pode-se ver as arquibancadas cheias e uma galera na beira da pista, exatamente na entrada da reta dos boxes.
Ah, a vitória ficou com Niki Lauda que foi seguido por Patrick Depailler e Tom Pryce.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vídeo: Uma pequena homenagem ao saudoso Mussum

Ontem completou 20 anos da morte do Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Foi daí que lembrei de um filme que os Trapalhões eram mecânicos numa equipe de corridas e o cenário das provas era nada mais que o velho Interlagos. Aliás, aí está um prato cheio com várias imagens do antigo traçado do circuito paulistano. E para os que gostavam dos Trapalhões também será uma boa rever um dos seus clássicos, este que leva o título de "O Incrível Monstro Trapalhão".
Divirtam-se!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Foto 364: Patrick Dempsey em Interlagos



Aproveitando a sua passagem pelo Brasil, onde assistiu a um jogo do Brasil em um bar daqui de São Paulo, Patrick Dempsey também compareceu ao Autódromo de Interlagos para conhecer o traçado paulistano.
Aproveitando que os Porsches da GT3 Cup estavam em Interlagos para três dias de testes antes da realização da terceira etapa dos campeonatos Challenge e Cup, Dempsey tomou posse do Porsche #1 de Ricardo Rosset – atual campeão da categoria Cup – para acelerar nos 4.309 metros do Templo.
Com direito a dois jogos novos de pneus e com um bom número de voltas, que ficou entre 20 e 30 giros, o ator e piloto americano cravou um bom tempo na casa de 1’40, já que o recorde para a os Porsches da Cup está em torno de 1’38. Após o seu treino, Patrick mostrou-se bastante satisfeito e empolgado com a pista.
Pelos rumores, é bem provável que ele participe das últimas etapas do WEC e sendo assim, quem sabe, possa correr aqui quando será realizada às 6 Horas de Interlagos, última etapa do WEC em novembro.
Patrick participará do Porsche Mobil1 Supercup em Hockenheim, onde a categoria fará – como nas demais etapas – o evento suporte da Fórmula-1 nos dias 18,19 e 20 de julho. 





terça-feira, 27 de maio de 2014

Foto 346: Interlagos, 1973

Um pouco do velho Interlagos, durante o final de semana do GP do Brasil de 1973. Ronnie Peterson e sua Lotus 72D na "Subida do Lago" (atual descida do Lago), prova que ele viria marcar a pole com o tempo de 2'30'500 - dois décimos mais rápido que Emerson, que saiu ao seu lado no grid.
Ronnie abandonou a prova na quinta volta por problemas na suspensão. Emerson venceu, seguido por Stewart e Hulme. 

sábado, 22 de março de 2014

Pole Lap: Ayrton Senna, Interlagos 1991

A galera já deve estar cansada de ter visto essa pole do Senna em Interlagos 1991, mas fica como registro pelos 54 anos que o piloto brasileiro teria completado ontem.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Vídeo: Stock Car, Interlagos 1994

Uma das jóias dos irmãos Neri na sua conta no Youtube: a primeira bateria da nona etapa da Stock Car em Interlagos vencida por Djalma Fogaça.
Divirtam-se!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

GP do Brasil 2008: Estávamos lá - Parte Final



(Foto: Retrovisor OnLine)


Rubem Ferresi Jr.
Cinco anos. E parece que foi ontem este GP.

A princípio seria um GP diferente, pois seria o meu primeiro após ter mudado para Belo Horizonte... e o por isso o último (depois de algumas “voltas na vida”, descobrimos que não foi). A decisão do título era o comentário do momento, tanto em SP quanto BH. Mas eu nao estava torcendo para o piloto brasileiro... sou torcedor do automobilismo, e da McLaren.  E na pista descobri que tinha outros partidários da minha posição.

Estava novamente no posto 21, pouco antes da entrada de box. Já tinha trabalhado nele 2 vezes antes, em 2000 e 2002. Ambas vitórias do Schumacher. Mas neste ano ele não estava... sinal de que seria vitória da Ferrari?

A sexta-feira começou com chuva. Fraca, mas intensa. Desde que chegamos no ponto de encontro do pessoal da pista, a chuva esteve presente... Mas um fato chamou a atenção logo pela manhã: a ausência dos grandes amigos veteranos. Marangon, Artur, Schultz, Ramon... estes não estavam lá. Muito estranho!

Chegamos no autódromo ainda sem amanhecer, e com chuva.... ficamos no container aguardando a liberação para a pista. Aí veio uma das surpresas do final de semana: ir para a pista... só de ônibus! Então voltamos para o ônibus, pois com a chuva que estava, ir andando pela pista não ia dar...

A sexta-feira de um GP costuma ser o dia mais tranquilo. Praticamente sem ocorrências na pista. Assim, o que chama a atenção é a arquibancada. E logo atrás do posto um grupo bem animado com um megafone não parava de falar. E ao olhar mais detalhadamente, o “chefe” dos caras era aquele gordinho-careca que vende Polishop na TV (panela sem fritura, mega compressor... essas coisas).

E neste ano deixamos uma tradição de lado: sem pizza na sexta-feira. Sem os veteranos, achamos melhor não cometermos essa ofensa.

O sábado começou tão tranquilo quanto a sexta-feira. Nos preocupamos mais com a arquibancada que a pista... E um dos caras do megafone desceu até a grade para conversar  conosco... Lembro que falamos para ele que o câmera da FOM que estava ao lado do posto chamava-se Brian. Assim que o câmera chegou, eles começaram a zoar o cara... chamando de careca, bicha, etc... E zoaram em inglês! O câmera entendia, e dava muitas risadas. O câmera do outro lado da pista foi apelidado de He-Man, e todas as vezes que gritavam “He-Man”, ele imitava o personagem... Bem, para isto chamar a atenção mostra como foram os treinos. Apesar da pole do piloto brasileiro da Ferrari, nenhuma ocorrência que chamou atenção na pista.

O domingo começou tranquilamente na pista. Para mim, um clima de despedida... afinal era o meu último GP Brasil. Procurei ao máximo aproveitar o dia. Fotos pela pista, com os amigos...

As corridas preliminares foram monótonas. E isso me preocupava! Meu último GP, e com essa monotonia? Felizmente os Porsches deram um jeito de movimentar um pouquinho... 
Após as preliminares, desfile de Porsches, desfile dos pilotos.... intervalo... E arquibancada lotada, zoando todo mundo (fomos muito zoados)... sol forte. Mostrava para a arquibancada que tinha agua gelada, e que eles não... Eles mostravam copo de cerveja, querendo me provocar... Mas a minha credencial falava mais alto, e no fim eles ficavam quietos.
Lembro que quando começamos a nos preparar para a abertura de Box, o tempo começou a ficar nublado. Box aberto, carros alinhando.... Box fechado...  faltando 10 minutos para a largada aviso o nosso Chefe de Pista Toninho pelo rádio “Central, começou a chover no 21”. Parecia um balé a arquibancada colocando as capas de chuva.

Era o que eu esperava para deixar o GP emocionante: chuva logo no início! Logo veio a informação que a largada foi atrasada. As equipes começaram a se preparar no grid para a pista molhada.

Apesar de cogitarem de largar com Safety Car, ela foi feita normalmente. Mas não adiantou muito, pois logo na segunda curva o Safety Car foi acionado... Batida entre o Coulthard (que se despedia da F1) e o Piquet Jr. O resgate foi um pouco demorado, mas liberaram a pista. 

O meio da corrida foi muito tranquilo. Mas nós não estávamos recebendo pelo rádio as informações de posições dos pilotos. Recordo que liguei para o Marangon na casa dele para saber as posições.

E a emoção começou a rondar o autódromo... e decide voltar! O tempo começou a fechar novamente, e faltando 7 voltas para o final, chamei o Toninho pelo rádio “Central, começou a chover no 21”. A resposta dele foi interessante: “Não acredito! Tínhamos que ter essa emoção no final!”.

Os carros começaram a ir para os boxes, e perdi toda a referência de posições... até que consegui ouvir pela narração para as arquibancadas as posições na pista. Quando o Vettel passou o Hamilton, a arquibancada veio abaixo... tinham pessoas se abraçando comemorando, chorando. Eu já estava chorando, mas de raiva! Mas fazer o que... sou esportista. Mas como dizem, corridas só acabam após a bandeirada!

Quando entrou na ultima volta, o Toninho acompanhou o Massa em todos os postos. Após a bandeirada, ele disse: “Massa campeão do mundo”. Aí ele corrigiu.. “Não... Hamilton campeão... Hamilton em quinto”. Eu desci do posto comemorando, e a arquibancada comemorava o “título” do Massa... e eu gritando para eles “não ganhou! Não ganhou!”... até que a narração do autódromo corrigiu.... o autódromo se calou... parecia velório.

Fizemos o show de bandeiras, comemoramos.... e a chuva chegou forte depois. Não dava para sair do posto. Assim que a chuva diminuiu, fui para os boxes fazer “algumas trocas” e fui embora... as 19:00 já estava fora do autódromo... as 21:00 estava em Cumbica, e parecia que estava no autódromo! Só gente de vermelho... E no aeroporto começava a “conspiração”. Vários falando que a McLaren pagou para a Toyota abrir, para o Hamilton ser campeão. Outros falavam em conspiração da Ferrari! Tive que provar para algumas pessoas que as Toyota’s estavam com pneus Slick’s, enquanto os demais carros com pneus de chuvas... dessa forma não há que segure um F1 na Junção!

Bem... após várias discussões, conversas, entrei no avião, e apaguei. E assim terminou o que seria meu 11º e último GP Brasil de F1!

Alexandre Galvão

“2008 foi minha segunda e última participação. Engraçado que eu não me lembre da corrida e seus dias em si, mas isso foi, com certeza, resultado de um nervoso que dá pela responsabilidade de cuidar de um trecho de pista para uma corrida tão importante como é a Fórmula 1. Ainda mais uma decisão de título. Como foi a surpreendente de 2007. "Saiba que, se você errar alguma coisa na corrida, o mundo todo verá.", disse alguém. Nas duas vezes me colocaram como chefe de posto. Nunca entendi como isso pôde acontecer... Pois é.
Na sexta-feira de treinos livres cheguei atrasado. Os cartões de entrada, acessórios de proteção e comunicação, cargo etc, seriam entregues nesse dia e não havia forma de convencer o pessoal da entrada de me liberar, claro. O celular sem crédito e eu nervoso pedindo para que alguém fizesse contato com a equipe. Até que, do céu - "do céu" é força de expressão -, aparece um carro que conheço e, dentro, Denise. Nunca mais vou esquecer a cara de perplexidade que ela fez. Contei o que aconteceu, pedi milhões de desculpas e ela entrou em contato com o pessoal. "Espera aqui que estão trazendo seu uniforme e credencial", disse ela antes de entrar no autódromo. Passou um tempinho quem veio trazer meu material era o Geraldo (sempre ele. Saudades desse cara). Coloquei a vestimenta e o cartão de entrada para passar a catraca. Reconheceu, apareceu minha foto e o mesmo cara que se negava a me deixar entrar, disse: "Preciso de seu RG para confirmação." Assim que entrei o Geraldo falou que era para eu ir direto para o posto, que faltava pouco para o início dos primeiros tempos do dia. Só que, da entrada que eu estava, que fica na antiga Curva 3 até meu posto, que ficava na saída dos boxes, no início da Reta Oposta, era de uma senhora distância. Lá chegando e falando tudo o que aconteceu o pessoal disse que um dos caras do meu posto foi para o banheiro químico e este caiu num barranco. Nada aconteceu com ele. Deu sorte, mas virou lenda. Início dos treinos. Tudo ia tranquilo até que reparei que alguns pilotos, como é de costume, saem dos boxes, param o carro e disparam na reta oposta. Há uma linha demarcando até onde o carro pode parar mas não era exatamente todos que a respeitavam. Avisei ao meu pessoal de posto que desse bandeira azul para quem não respeitasse a faixa caso se no início da Curva do Sol um carro aparecesse. Não deixava de ser um aviso para o piloto de quem alguém vem chegando em alta velocidade. No fim do primeiro treino a central me avisa: "Olha, o Rubinho falou para não dar mais bandeira azul porque atrapalha na saída dos boxes." Cara, fiquei possesso! Contei a central o que ocorreu, contei do avanço das faixas, do motivo da bandeira e, depois de um silêncio, falaram: "Bem, vamos avisar o piloto. Mantenha o que está fazendo." "Na hierarquia das corridas, o posto de Comissário de Pista é maior que o de piloto", alguém me disse. Fim de serviço e no reencontro todos me zoaram. Tirei o macação, coloquei na mochila, fui embora e em casa me dei conta de que esqueci de entregar o comunicador.

No sábado mais zoação comigo por causa do rádio, mas dessa vez cheguei no horário. Adiantado até. Foi mais tranquilo esse dia. Dia morno, mas importante. A cada aparição de Massa, a arquibancada explodia. Dava pra saber onde ele estava com a intenção de gritos em cada ponto do autódromo. O mesmo se pode dizer de urros quando aparecia o prateado do Hamilton. Eu vi a mensagem "Bate nele, Rubinho" num dos pontos da pista. Sacanagem. Domingo, de madrugada, num ponto de encontro para a saída do ônibus que nos levaria até o autódromo, enquanto os novatos recebiam as boas vindas dos veteranos, o tempo tinha mudado. Dei as instruções para o pessoal no posto de forma que pudéssemos fazer o trabalho de um jeito rápido e seguro. Geralmente deixo um com a bandeira azul e outro com a amarela, mas a gente vai variando pra todo mundo ajudar. O carro de segurança oficial passa dando e recebendo um gesto de "aqui tudo certo". Cada posto dá seu último ok de equipamentos, agradecemos e damos boa sorte para todos. Logo, caiu o toró! Pista parada. Nervoso. Quando você trabalha em posto, você não acompanha a corrida. Claro, uns trazem radinhos, tv's pequenas, mas o que você sabe realmente é sobre seu trecho. No andamento da corrida, a central também vai falando as posições de cada piloto. Com chuva tudo pode acontecer. Bandeiras amarelas, vermelha, branca e verde estão em mãos. O barulho dos carros passando em volta de apresentação é de arrepiar, cara. A corrida vai começar. Ia. Acidente no S. Tudo de novo. Sempre lembro do nervoso. Tenho que passar as informações pro posto, principalmente no uso da bandeira azul. Geralmente eu e o pessoal marcamos um ponto onde posso avisar com rapidez eles. Nunca tive problemas. Mas o pessoal perguntava sempre em qual posição estava Hamilton. Faziam contas. Pista seca, pista molhada. Super indefinição assim como aconteceu com Hamilton/Alonso/Kimi ano antes. Última volta. Os três do posto torcendo, mas prestando atenção na pista. "Massa está na Junção... subindo... Reta dos Boxes... Bandeirada!... Desce pessoal pra show de bandeiras!" Enquanto desciam eu ficava atento no Hamilton. Ele ainda não tinha cruzado a bandeirada. Nisso vejo do posto que um dos meus camaradas acabou se exaltando e quase foi para o meio da pista. Digo que ele quase foi atropelado pelo Massa e, no mesmo instante, o recado: "Hamilton campeão! Hamilton campeão!" Desci fui informar o pessoal e o mais exaltado não me ouvia. Peguei ele pelo braço e lancei seco: "Massa não é campeão". Num instante o rosto dele se modificou. Aquela exaltação deu lugar a uma profunda tristeza. Se agachou e começou a chorar baixinho. Emocionante. Aos poucos a arquibancada da nossa frente vai se esvaziando. Estamos recolhendo todo o material sem falar nada. Silêncio sepulcro. O mesmo acontece no caminho para o ponto de encontro. Uns riam, outros mais comedidos apenas ficavam em silêncio. Desses vi alguns olhos inchados. Estava triste também, mas achei uma ótima corrida. Fomos nos despedindo, acho que peguei uma carona até mas no final veio uma frase, "foi só mais uma corrida e assim ela é", alguém me disse e essa foi uma daquelas coisas marcantes, para se levar para o resto da vida e ela continua para todos nós. Eu, o cara que foi ladeira abaixo dentro de um banheiro químico, o exaltado e Felipe Massa.

Saudades pra caralho desses dias.”


Paulo Abreu
"Quando terminou a decisão de 2007, aquela onde Kimi Raikkonen saiu de um certo terceiro lugar no mundial para conquistar o título daquela temporada em Interlagos, eu me perguntava “Será que veremos algo igual, ou melhor, em termos de decisões na F1?” Certamente eu me auto-respondia “Sem dúvida que não!”. De certa forma seria difícil acontecer isso novamente. A última vez que algo assim havia acontecido remontava à 1986, naquela decisão que envolveu Prost, Mansell e Piquet na disputa pelo mundial na corrida final em Adelaide. Mas o azarado “Red Five” teve um pneu estourado em pleno retão abandonando o GP australiano e por precaução, a Goodyear recomendou que Nelson fossem aos boxes fazer a sua troca para que não acontecesse o mesmo. E nisso o caminho ficara aberto para Alain vencer o seu segundo mundial consecutivo.

Mas passado exatamente 1 ano estávamos novamente em Interlagos para vivenciar outra disputa, e dessa vez envolvendo dois caras que ainda buscavam o seu primeiro título: Lewis Hamilton, que por muito pouco não vencera em 2007, e Felipe Massa, que havia ganho a confiança da Ferrari e que agora era o cara que poderia dar a “Rossa” um título que fecharia de forma esplendorosa aquela época para os vermelhos.

Se a sexta e sábado foram dias “mornos”, por conta dos treinos, o domingo foi de cortar a respiração. Cerca de meia hora antes de começar a corrida, uma nuvem se formou ao redor do autódromo e quando já nos preparávamos para o início um forte trovão anunciou a chegada da chuva... e não demorou muito para que ela viesse e forma intensa. Só me lembro de ter pensado “Poxa, São Pedro, pra quê tanta pressa? Não poderia deixar ao menos os caras largarem?”. Apesar de ser complicado trabalhar nestas condições, é sempre divertido ver o quebra cabeça se formar logo no início das corridas...

Eles atrasaram a largada e logo depois que ela aconteceu teve o acidente no S que forçou a entrada do Safety Car... Mas quando a corrida pôde transcorrer normalmente, Felipe Massa pilotou de forma imaculada, como fizera nos anos anteriores, sem ter o incômodo de ninguém e nem mesmo a chuva fraca, que foi aumentando gradativamente nas últimas três voltas, não tiraram dele a concentração – coisa que me surpreendi totalmente. Quando Felipe passou pela linha de chegada e seu campeonato parecia garantido fui para a pista, mas o Toninho (chefe da sinalização do GP do Brasil na época) acabou nos informando que Hamilton havia ultrapassado o Glock entre o Mergulho e a entrada da Junção. Timo havia apostado que a chuva não viria, ou até mesmo que ela não seria forte, e preferiu continuar com os sulcados enquanto que a maioria optou pelos intermediários. Para o alemão da Toyota a aposta havia surtido efeito nas duas voltas anteriores, mas na última era possível ver que ele tentava como podia se equilibrar naqueles pneus. Quando passou pelo meu posto, Vettel e Hamilton tinham acabado de descer a curva do Lago, mas mesmo assim não levava fé que alcançassem Glock. O problema é que exatamente no Mergulho – que coisa, não? – era onde estava mais molhado e o Toyota não conseguiu tracionar o suficiente. Aquela quinta posição era suficiente para ele sagrar-se campeão mundial. É claro que assim que o locutor anunciou a manobra decisiva de Lewis, o autódromo passou da euforia incontrolável para um sonoro “AHHHH...”. Se em alguns setores as pessoas ficaram mudas, ao menos no local onde trabalhei com o Arnaldo e o Kaue – posto 11, na subida do Laranjinha – as que estavam na pequena arquibancada aplaudiram os dois personagens principais daquela decisão. Assim como nos outros anos, também fui para a beira da pista aplaudir aqueles caras, não somente os dois principais daquele final de semana, mas os outros que haviam feito um trabalho excepcional.

Como os demais, recolhemos o material e fomos para o depósito. Risos, indignação, tristeza... Tudo misturado no mesmo ambiente. É claro que a chance de um piloto daqui vencer um mundial justamente em Interlagos podia ter sido histórico, mas aquela decisão por si só foi magistral. Um título mudar de mãos num intervalo de 30 segundos foi algo extraordinário e que dificilmente acontecerá novamente. Com tudo resolvido por ali, fomos para os boxes. Fotos, autógrafos, uma breve conversa com ainda novato Sebastian Vettel que arriscou algumas palavras em português, fez ganhar crédito com o pessoal ao mostrar toda simpatia. Barrichello que vivia a sua possível aposentadoria na ocasião, também estava sorridente assim como o já aposentado David Coulthard. Até mesmo o Fernando Alonso estava alegre pela sua segunda posição naquele GP... de certo foram horas alegres naquele dia 2 de novembro de 2008 e mais tarde, quase que um ano depois tornar-se-iam ainda mais saudosos quando uma boa parte daqueles que haviam trabalhado naquele GP do Brasil  ficaram de fora da edição de 2009. Foi uma pena.

Mas ainda carrego aqueles dias, não somente aqueles, mas os de outros anos também, com todo carinho na mente. Não me importava se teria que acordar as três da madrugada para chegar as 4:30, ou até mesmo dormir na frente do autódromo – como aconteceu em 2003 – para não correr o risco de chegar atrasado, mas queria estar lá dentro. Tive essa oportunidade por seis anos seguidos e aprendi bastante com todos que trabalharam comigo naquelas edições. Foi divertido pra caramba.

E pra você que vai ao GP do Brasil pela primeira vez, não importa se seja para assistir ou trabalhar, mas que goste mesmo do automobilismo aproveite. A atmosfera daquele templo em dias de F1 é única. E apesar da categoria não ser mais aquela belezura de outrora, ainda dá para você sentir a essência do automobilismo nos trabalhos dos boxes, na pilotagem dos pilotos... Coisas que as câmeras não flagram.

Me diverti bastante, não somente no GP de 2008, mas nos outro cinco anteriores, e o que resta hoje são apenas as ótimas lembranças daqueles dias."

*Quero agradecer ao André Peragine, Edison Fernandes, Bruno Lima, Marcio Silveira, Cristiano Carreira, Rubem Ferresi Jr. e Alexandre Galvão por ter reservado uma pequena parte do seus respectivos tempos para relembrarem um pouco do que foi aquele GP do Brasil de 2008. Aqui fica o meu muito obrigado, camaradas! 


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

GP do Brasil 2008: Estávamos lá - Parte 1

Um pouco da turma de 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Arnaldo Florêncio, Roberto Chagas, Bruno Lima, Fábio Vieira, José Augusto Oliveira, Rubem Ferresi Jr., Rodrigo Fernandes, Marcelo Sanches e Paulo Abreu.
Agachados, da esquerda para a direita: Fabio Aguiar, Marco Camargo, Edison Fernandes, Felipe Antonio e Kaue Souza.
A foto é do Cristiano Carreira, que também fez parte da sinalização daquele GP do Brasil
O Grande Prêmio do Brasil de 2008 foi um daqueles momentos que ficará marcado para sempre no esporte a motor, como o dia em que o título de pilotos mudou de mãos em cerca de 30 segundos. Dois contendores que buscavam pela primeira vez o título mundial e cada um defendendo as suas trincheiras pelas duas equipes mais tradicionais - e rivais - da Fórmula-1: Lewis Hamilton e Felipe Massa foram protagonistas de uma mais belas temporadas da categoria e o GP final, no majestoso Interlagos, foi o palco para a decisão mais eletrizante da história.
No último dia 2 de novembro completou cinco anos daquela prova magistral e pedi para alguns dos meus camaradas de bandeiragem que estavam naqueles três dias em Interlagos, para contarem um pouco do que foi presenciar aquela corrida que tornou-se um dos clássicos do automobilismo mundial.
Os depoimentos estão divididos em duas partes.



André Peragine
"Aquela era a primeira corrida de Fórmula 1 em que eu trabalhava. E puxa, logo de cara uma decisão de título envolvendo Ferrari e McLaren! Pela diferença de pontos, poucos acreditavam que o Felipe Massa pudesse ser campeão, mesmo assim nós ferraristas estávamos torcendo por um milagre. A tensão começou antes da largada, quando começou a chover. E com poucas voltas, a chuva parou. O foco era no trabalho, e isso aumentava nossa apreensão. Lewis oscilava entre o quarto e o sétimo lugares, mas sabíamos que ele tinha carro para terminar entre os 5 primeiros, o que não nos animava muito. Até que a chuva veio novamente, e ele foi ultrapassado por Sebastian Vettel. Para aumentar a emoção, Timo Glock havia ficado na pista, e recebemos a informação de que Lewis era o sexto. Mas com o foco no trabalho, era impossível naquele momento liberar alguma emoção. E isso aconteceu logo após a bandeira quadriculada, quando começamos a comemorar o título. Naquele momento invadi a pista para agitar as bandeiras cumprimentando Felipe Massa e fiz sinal de positivo, ele levantou a viseira com os olhos marejados e sacudiu a cabeça em gesto negativo. Nesse momento, meu companheiro de posto me avisou que Hamilton havia passado Glock. Em uma mistura de emoções, comecei a chorar, liberando tudo o que havia ficado preso durante a corrida. Pode parecer algo bobo, mas são sensações que só quem ama o esporte a motor consegue entender." 

Edison Fernandes
"2008, Interlagos, GP Brasil de Formula 1, Posto 21, Final da volta de apresentação, começa a chover somente na pista, nas arquibancadas atrás do posto não chovia. O rádio estava com o Rubens e através dele veio a informação do adiamento da largada. Começava aí umas das provas que eu mais vibrei. Durante a corrida teve vários momentos de emoção, mas foi na ultima volta que chegou ao ponto máximo. Massa cruzou em primeiro, as almofadas usadas pela torcida nas arquibancadas eram arremessadas como se fossem confetes no carnaval, O Rubens não conseguia ouvir nada no rádio, ele me perguntava sobre a posição do Hamilton (Eu estava com um radio FM), eu também não conseguia ouvir. O Felipe e eu estávamos eufóricos, por que Massa era campeão.... Mas o Rubens começou a gritar... "não... não o Hamilton passou o Glock"... e vimos o campeonato fugir das mãos do Massa... tudo isso em questão de segundos...."

Bruno Lima
"GP do Brasil de 2008, realmente foi incrível eu estava trabalhando pela 1º vez na F-1 pela Speed-Fever, e fiquei na equipe do Resgate no famoso Muro do Berger ( inicio da reta oposta), lembro como se fosse hoje exatamente o que vivi naquele dia, tudo que fiz ... e é claro a corrida, naquele dia eu posso dizer que foi o mais emocionante na minha vida dentro do Autódromo de Interlagos e um dos mais marcantes da minha vida. Eu já havia assistido a F-1 nas arquibancadas Setor G, mas foi a primeira vez que fiz parte da equipe e estava do lado de dentro e uma das coisas de várias coisas que me emocionou aquele dia, foi inicio da corrida quando foi tocado o Hino Nacional. Você olha para todos os lados e vê aquela multidão em silêncio e logo em seguida cantando o hino e no final todos gritando...  esse momento realmente foi show! Lembro-me que o Massa na época tinha chance de ganhar o campeonato e estava disputando com o Hamilton, me lembro também que voltas antes da corrida chegar ao fim, fechou o tempo no autódromo e começou a chover e a galera nem tava se importando com a chuva e sim com a corrida que estava show, e me lembro que quando o Felipe passou na linha de chegada ele era campeão tanto que todos que estavam lá comemoraram, gritaram se emocionaram... maaaas, infelizmente, o Hamilton conseguiu fazer a ultrapassagem ( não lembro em cima de quem) e passou na linha de chegada na posição que ele precisava para ser campeão. Foi umas da últimas corridas que tive alguma emoção. Foi um dos últimos anos que você tinha vontade de acorda cedo ou ficar acordado na madrugada para assistir uma corrida..."

Marcio Silveira
"Foi histórico a minha segunda experiência de trabalhar na F1. Bom, tenho várias memórias pessoais, engraçadas, de amizade e companheirismo, mas dariam várias linhas. Revi as fotos daquele fim de semana e revivi toda aquela áurea, todo aquele ambiente diferente de tudo aquilo que presenciamos o ano inteiro. Estava num posto bem próximo da pista e me impressionava como os bólidos descendo a reta oposta, com a luz de chuva piscando. Mas a corrida foi fantástica. As arquibancadas estavam lotadas. A chuva que ia e voltada não desanimava ninguém. O Massa precisava vencer e torcer para que o Hamilton chegasse depois do quinto lugar. Eu estava convivendo com o barulho ensurdecedor dos carros a metros do posto e do MP3 no último volume para ouvir a narração da corrida. O brasileiro liderou toda a corrida, mas sempre com aquele gosto que “nada mais que a vitória” viria naquela tarde. No entanto, no fim da corrida, o Vettel passou o Hamilton na disputa pela quinta posição. Parecia mentira, mas o Massa poderia ser campeão!!!! Eu fui o único do posto a vibrar com a ultrapassagem do Vettel, tanto que na transmissão da TV aparece meu braço fora do posto vibrando na passagem do alemão. Os meus companheiros de posto não entenderam nada, mas não estava nem um pouco a fim de explicar. As voltas passavam e o fim da corrida brindaria um momento inesquecível. O Felipe Massa recebeu a bandeirada. O Hamilton em sexto. Era o título com vitória no Brasil!!! A Ferrari desceu o S do Senna e a arquibancada histérica, encobrindo o barulho dos carros , agora, em baixa rotação. Eu estava com o joelho operado, não podia pular o guard rail, mas meus companheiros de posto invadiram a pista, pularam e gritaram como se contagiassem com o rebuliço das arquibancadas. E o Massa era campeão quando passou no posto 1, no posto 2, 3, 4 e, quando se aproximava do posto que estava, veio pelo MP3 que o Timo Glock tinha perdido a posição na última curva e o inglês conseguiu o quinto lugar que precisava. Foi um gelo que me deixou anestesiado por alguns minutos. Depois de guardar o material disse “É por isso que gosto de corridas!!!!” enquanto o hino da Itália do pódio era acompanhado pelo meu parceiro de posto, ainda em êxtase pelo que tínhamos acabado de vivenciar. O gelo que senti antes de comemorar o título do Massa desabou em chuva enquanto descia a reta a pé, e descobri essa tão impressionante mesmo sem a torcida e sem os carros a toda."

Cristiano Carreira
"Lembro dos momentos eletrizantes daquela etapa como se fosse hoje. Estava no posto 1 e pouco se via da corrida, portanto a emoção era ouvir o que o Toninho dizia pelo rádio. Mas eu era um simples Blue Flag Marshall, portanto, nada de rádio. Só que era tanta bandeira azul no final da reta (inclusive para Barrichello e Button que ainda sofriam na fase pré-Brawn) que o responsável pelo posto me passou o rádio. Com isso, pude acompanhar um pouco da narração do terço final da corrida. Nas últimas voltas, Hamilton perdeu a posição para a Toro Rosso do Vettel e a vibração foi incrível no rádio e na arquibancada. Arquibancada essa que vibrava a cada volta percorrida pelo Felipe. Ouvi o entusiasmo com que o Toninho disse que naquelas posições (de HAM e MAS), o brasileiro seria campeão (para a minha tristeza que estava torcendo pela Mclaren). Quando Felipe cruzou a linha em 1º lugar, parecia que a torcida (e o rádio) entendeu que aquilo era um autorama onde, ao final do tempo, as posições e diferenças se mantinham. Vi chover almofadas da arquibancada localizada na entrada do S do Senna e ouvi palavras muito alegres no Rádio. Palavras e almofadas que duraram menos de um minuto. Já na volta da vitória, recebemos a comunicação do feito do Hamilton na junção (ou do 'não feito' do Glock), uma ultrapassagem que lhe dava o ponto necessário para o título, 500m adiante. Fiquei feliz pelo ocorrido, mas também impressionado como a torcida foi alterando seu comportamento conforme a notícia ia sendo passada de torcedor para torcedor. Hoje, 5 anos depois, vemos como aquele momento foi cruel para Massa, estava ali marcado o ponto alto de sua carreira. Também naquele instante, um jovem britânico finalmente garantia a entrada dele no hall dos campeões, feito esse que por muito pouco não veio merecidamente no ano de sua estréia." 

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...