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domingo, 29 de setembro de 2019

GP da Rússia – De bandeja


As melhorias apresentadas pela Ferrari nestes três últimos GPs deram a equipe italiana a possiblidade de, enfim, enfrentar e até mesmo superar a Mercedes. Isso foi muito bem traduzido pelas poles de Charles Leclerc e suas vitórias, assim como a bela conquista de Sebastian Vettel em Singapura. Em Sochi o cenário estava pronto mais uma vez para que a conquista da Rossa fosse apenas uma questão de tempo, mas não foi bem assim.
É claro que a intromissão de Hamilton entre as duas Ferrari – num momento que a primeira fila italiana parecia certa – precisava de maiores cuidados exatamente pela longa reta do circuito russo, mesmo que o piloto inglês saísse de pneus médios que tem uma aderência menor que os macios usados pelo duo ferrarista. Um acordo feito antes da prova anular qualquer ataque de Lewis foi feito entre Charles e Sebastian e quando a largada foi dada, a saída de foguete de Vettel, ao pular de terceiro para primeiro, foi amplamente festejada e elogiada, porém – como boa parte das coisas que acontecem longe de microfones da imprensa e de ouvidos bem aguçados – soube-se mais tarde que aquilo era parte da estratégia de neutralizar o piloto britânico. Porém a outra parte do combinado era de Sebastian ceder a posição para Charles ainda nas primeiras voltas. Mesmo com os engenheiros discutindo isso a cada volta e indicando que Charles era o mais veloz, era Vettel quem estava de “jato ligado” ao cravar uma série de voltas velozes estando na liderança. Com uma diferença que chegou beirar os cinco segundos e com Leclerc não aproximando, a troca jamais foi feita e isso foi o estopim para mais um capitulo da pequena, mas intensa, guerra fria que deflagrou na equipe italiana. As posições foram alteradas quando Vettel parou nos boxes na volta 27, quatro voltas depois de Charles, ficando imediatamente atrás do piloto monegasco. O pior de tudo é que a estratégia da Mercedes passava a funcionar, pois largando de pneus médios a equipe alemã esperava deixar Hamilton mais tempo na pista para ter pneus macios mais frescos. A ideia começou a melhorar quando Sebastian estacionou na sua Ferrari com problemas na unidade de potência uma volta após sua parada de box. Com o Virtual Safety Car acionado, tudo ficou mais fácil para que Lewis parasse e voltasse ainda na liderança da corrida e, para completar a estratégia, Bottas também foi aos boxes na mesma volta (29) mudando para os macios. Ainda em regime de VSC, George Russel bateu a sua Williams forçand, assim, a entrada do Safety Car que acabou sendo importante para que a Ferrari chamasse Leclerc e mudasse os pneus médios para macios, dando ao piloto de Mônaco a oportunidade de duelar de igual para igual contra os dois Mercedes. A verdade é que após a relargada Charles não conseguiu chegar próximo o suficiente de Valtteri Bottas para tentar a ultrapassagem nos trechos mais, sendo que o último setor da equipe alemã era o melhor por conta do traçado mais sinuoso – e Bottas também conseguia uma melhor tração na saída da última curva do circuito, ajudando a anular qualquer tentativa de um uso mais eficaz da asa móvel de Leclerc. Alheio a tudo isso e fazendo a sua parte, Lewis fez as voltas velozes que precisava para abrir uma distância confortável para que pudesse se defender de Charles caso este conseguisse passar por Valtteri. A espera do SC que tanto a Mercedes almejava em Singapura, quando deixou Lewis por mais tempo na pista para tentar o pulo do gato e não aconteceu, acabou desta vez dando tudo certo. Apesar de uma grande melhoraria da Ferrari, especialmente nas classificações, o ritmo de prova destas duas equipes é bem parelha e isso dá a Mercedes a possibilidade de arriscar mais e tentar escapar de ficar encaixotado atrás dos vermelhos. Infelizmente não tivemos a chance de observar como seria essa estratégia com as duas Ferrari à frente, mas talvez a batalha fosse bem interessante com um Lewis tentando conquistar a vitória a fórceps. Mas, se na outra semana a estratégia “mercediana” foi um fiasco, essa correu tudo bem.
A corrida teve seu destaque, além do entrevero ferrarista, a ótima atuação de Alex Albon, que escalou o pelotão largando de 15º até a quinta posição – isso sem contar no belo duelo contra Pierre Gasly.
Enquanto que Mercedes festeja mais uma vitória, arrancada com uma bela estratégia e competência de seus pilotos que mantiveram por mais um ano o domínio das Silver Arrows neste circuito, a Ferrari terá que arrumar a casa até o GP do Japão para evitar que essa tempestade tome contornos mais devastadores para o ambiente que já não é tão calmo assim – até mesmo quando as coisas vão indo bem.

domingo, 22 de setembro de 2019

GP de Singapura - Vettel is back

Não é nenhuma novidade que os últimos meses para Sebastian Vettel não foram aquele mar de rosas. Inúmeros textos tentando decifrar o porquê da sua maré de altos e baixos - mais baixos, diga-se - foram escritos, mas somente o próprio piloto alemão é que poderia dizer o que de fato tem acontecido neste período. Pior: o vai e vem de aposentar e desaposentar Sebastian a cada corrida, já era um dos principais esportes de seus detratores. E para piorar, a crescente de Charles Leclerc só fazia reforçar ainda mais as ferozes críticas ao tetracampeão. Porém um território onde ele sempre foi soberbo foi palco para que ele reencontrasse a vitória.
É verdade que a princípio esta pista não favorecia a Ferrari, mas as melhorias para o carro italiano lhe deram uma sobrevida para este circuito. Por outro lado a corrida mais parecia um duelo particular entre Leclerc e Hamilton, numa extensão do que acontecera em Monza quinze dias antes. Mas as paradas de box é decidiu a corrida quando Vettel foi para a sua troca e colocou os pneus duros. Apesar da parada de Charles Leclerc ter sido na volta seguinte, o melhor ritmo de Sebastian foi o suficiente para que ele ficasse a frente de Charles quando este saiu dos boxes. Lewis Hamilton ainda ficou na pista, tentando alongar ao máximo seus pneus macios - e ao mesmo tempo esperando que um Safety Car aparecesse, algo que não aconteceu naquelas voltas.
A verdade é que a corrida decidiu-se no melhor trato de Vettel com os pilotos que iam a sua frente - como Stroll, Gasly, Ricciardo e Giovinazzi - e que ainda teriam que parar nos boxes. Superou estes pilotos com mais rapidez, enquanto que Leclerc acabou se atrapalhando com alguns - especialmente com Stroll, onde ficou em torno de três voltas para conseguir superar o canadense. Mesmo após superar estes pilotos e contando com três intervenções do SC, Charles não conseguiu aproximar-se de forma que o colocasse em total chance de ultrapassar Vettel. Sebastian conseguia uma melhor tração na saída do primeiro S e tinha um melhor rendimento no segundo setor, que dava a ele uma situação mais confortável para manter Leclerc longe e minar aos poucos as chances do piloto monegasco. Foi uma vitória no melhor estilo que consagrou Sebastian em seus tempos de ouro na Red Bull: liderando com força e dosando a diferença para o segundo, sem dar nenhuma possibilidade.
Para o líder do campeonato, a corrida foi bem atípica. Por mais que tenha tentando tomar as rédeas da corrida ao escolher ficar mais tempo na pista, sabia-se que o ritmo de sua Mercedes não seria o suficiente para que pudesse voltar na frente ou próximo das Ferrari a ponto de tentar um ataque. Ensaiou um ataque a Max Verstappen já nas voltas finais, mas sem sucesso. Já o piloto holandês foi bem mais comedido na sua pilotagem, preocupando-se apenas em terminar nos pontos e não se meter em confusão. Fechou em terceiro.
Numa corrida que foi apenas morna, esta acabou por ser o palco onde Sebastian Vettel voltou ao círculo dos vencedores. Bom para Ferrari, que conquista a sua terceira vitória consecutiva - fato que não acontecia desde 2008 -, para a Fórmula 1 e para os fãs de Vettel, que puderam extravasar um turbilhão de emoções que já estava engasgado há mais de um ano.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

GP da Itália: Um novo ídolo para os tiffosi



Sem dúvida que o maior sonho de quase todos os pilotos é correr pela Ferrari e em seguida conquistar a dobradinha vitória em Monza/ Titulo Mundial. Dessa forma, Charles Leclerc já realizou dois destes três sonhos com uma atuação brilhante que lhe rendeu uma conquista arrebatadora no clássico circuito italiano e automaticamente conquistou a fanática torcida italiana.
Passados mais de 24 horas desta grande conquista e mesmo estando a milhares de quilômetros, conseguimos imaginar como foi aquela tarde de 8 de setembro que ainda carregava desde Spa-Francorchamps a carga emotiva pela perda do jovem Anthoine Hubert – que foi homenageado no pódio da F2 ao tocar a Marselhesa – e depois pelas voltas que Jody Scheckter deu com a sua Ferrari 312T4 no circuito italiano em comemoração aos 40 anos do seu título mundial, conquistado ali mesmo em Monza com direito a vitória e dobradinha com seu saudoso amigo Gilles Villeneuve que levou a torcida italiana ao delírio no já distante dia 9 de setembro de 1979. Isso sem contar com a enorme festa que foi feita durante a semana por conta dos 90 anos de história da Scuderia. Ou seja: uma conquista da Ferrari naquele território seria apenas o toque final de uma semana para lá de emotiva.
Mas Charles Leclerc fez ainda mais: encarnou o espirito combativo da equipe italiana e duelou fortemente com Lewis Hamilton, sempre respondendo aos ataques do piloto inglês. No mais incisivo deles, quando Lewis conseguiu o vácuo na saída da Curva Grande e fez a tentativa para a Chicane Della Roggia, Leclerc fechou bem a passagem deixando para o piloto da Mercedes a chance de ir para a área de escape para evitar uma rodada ou batida. O lance fez a torcida vibrar nas arquibancadas. Tal duelo fez lembrar o de Fernando Alonso e Michael Schumacher em 2005 na pista de Imola, quando o então emergente e futuro campeão mundial Alonso se defendeu dos ataques ferozes de Schumacher por um bom número de voltas até vencer aquele GP de San Marino, dando a ele o reconhecimento de grande piloto. Depois que Hamilton ficou sem como atacar por conta do desgaste de pneus, foi a vez de Bottas tentar o ataque que acabou sendo inofensivo devido os erros do piloto finlandês.
A corrida ainda mostrou uma Renault consistente com seus dois carros, onde Ricciardo e Hulkenberg tiveram uma disputa caseira. Sem a presença da Red Bull, que sofreu com a falta de potência do motor Honda e ainda viu Max Verstappen largar de último por causa de troca de motor e, para piorar, ainda teve uma escapada dele logo após a largada para se livrar de um possível acidente. Mas ainda assim, saiu com a asa dianteira quebrada. Vettel também teve seu dia para esquecer, após rodar na Ascari e voltar de forma perigosa que poderia ter causado um tremendo acidente com Lance Stroll – que acabou escapando e ficando atravessado na entrada da reta oposta e também voltando perogosamente, forçando Gasly escapar pela gravilha para não acertá-lo ao meio. Sebastian despencou de quarto para o fundo do pelotão e ainda tomou um Stop&Go por conta do incidente, enquanto Stroll foi punido com o Drive Through.
A conquista de Charles Leclerc não apenas o colocou no panteão de pilotos que conseguiram vencer em Monza com a Ferrari, como também pôde dar a equipe italiana uma conquista que não vinha desde 2010. Um grande dia para a Ferrari, tiffosi e especialmente para Leclerc, de quem as pessoas esperavam muito e que agora tem visto que o garoto de Mônaco é realmente um dos grandes talentos dos últimos anos.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

GP da Bélgica – Sentimentos


Charles Leclerc teve duas boas oportunidades de vencer nesta sua primeira temporada com um carro competitivo: inicialmente em Sakhir, onde fez uma apresentação de gala com direito a pole position e um ritmo alucinante que fez a Ferrari acreditar que aqueles problemas em Melbourne tinham sido circunstanciais – o que se revelaria um triste engano –, mas problemas no motor fez com que o jovem piloto de Mônaco ficasse com o gosto amargo de uma vitória que lhe escapou por muito pouco. Alguns perrengues (leia-se GPs) se passaram até que Charles voltasse a ter uma nova oportunidade de vencer, agora na Áustria e tudo caminhava-se bem se não fosse um daqueles finais de semana em que seu velho rival de época de kart – Max Verstappen – resolveu tirar um belo coelho da cartola e lhe aplicar uma dolorosa ultrapassagem nas voltas finais, lhe roubando uma possível primeira vitória. Mais uma vez a chance tinha se esvaído e Leclerc precisaria esperar por outra oportunidade – talvez outra chance tenha sido mais clara no caótico GP alemão, onde poderia ter enfrentando Max e, quem sabe, ter lhe dado o troco, mas acabou sendo uma das vitimas da ultima curva de Hockenheim. Fica para uma próxima...
No voltar da pausa de meio de temporada já com o GP da Bélgica esperava-se uma Ferrari forte e isso confirmou-se já nos treinos, onde o duo ferrarista sempre esteve à frente da concorrência com no mínimo cinco décimos de vantagem. Sebastian Vettel tinha feito o melhor tempo no primeiro treino livre e Charles Leclerc assumiu o comando de todas as atividades, chegando até uma respeitável pole position onde conseguiu cravar sete décimos sobre Sebastian Vettel, que suara o macacão para conseguir livrar o segundo lugar que parecia ficar com Lewis Hamilton na única oportunidade que a Mercedes teve de furar a bolha ferrarista nos treinos. Uma primeira fila vermelha seguida por outra prateada, onde estes últimos haviam mostrado um ritmo de prova bem interessante nas simulações feitas na sexta na parte final do segundo treino livre. A corrida prometia ser interessante, mesmo sabendo da superioridade da Ferrari nos trechos mais velozes (1 e 3) contra a Mercedes, que levava a melhor na segunda parcial.
Todo aquele clima de euforia pela espera do dia seguinte, acabou sendo ensombrado quando a tragédia se abateu sobre o autódromo belga na segunda volta da corrida 1 da Fórmula-2: a escapada de Giuliano Alesi, ocasionado por um furo de pneu já no topo da Eau Rouge/ Radillion, desencadeou o processo que levou ao brutal acidente que levaria a vida de Anthoine Hubert, de 22 anos, quando este bateu na proteção de pneus e teve seu carro ricocheteado de volta e pêgo em cheio pelo carro de Juan Manuel Correa que não teve tempo de tentar escapar. Com a noticia da morte de Hubert, que fora anunciada uma hora e meia após ele ter deixado o circuito para um hospital em Liége, a perspectiva de um final de semana espetacular para Leclerc dava lugar a um sentimento triste pela perda de uma promessa do automobilismo francês que despontava na categoria de acesso. Anthoine era amigo de longa data de Charles, desde a época do kart e junto de Esteban Ocon e Pierre Gasly, eram tidos como os “Quatro Mosqueteiros”. Foi um duro golpe para uma geração que já havia perdido Jules Bianchi, seu principal expoente em 2015 após longos meses no hospital decorrente ao acidente em Suzuka 2014, em quem depositavam as esperanças do ressurgimento dos pilotos franceses na categoria. E agora, mais uma vez, a tragédia veio abreviar a carreira de mais uma promessa francesa..
Ainda com os sentimentos aflorados, era hora de se baixar a viseira e fazer o seu melhor: Charles Leclerc esteve impecável na tarde belga e nem mesmo uma breve escapada após a reta Kemmel e a perigosa aproximação de Lewis Hamilton não abalaram a confiança de Leclerc que agarrou a chance e a transformou na sua tão esperada vitória, num final de semana que tinha tudo para ter sido a mais perfeita. Dominar um tetracampeão mundial pelos três dias é de levantar o ânimo de qualquer piloto que ainda está procurando seu lugar ao sol. As duas derrotas anteriores tinham sido exorcizadas e Charles pôde, enfim, comemorar – ainda que sem grandes exaltações devido aos acontecimentos das últimas 24 horas – a sua tão sonhada primeira vitória e, guardadas devidas proporções, a conquista de Charles Leclerc fez recordar outra triste corrida que também foi ganha sob o céu cinzento da tragédia quando Jochen Rindt venceu o GP da Holanda de 1970 e teve que passar por várias voltas no local onde seu amigo Piers Courage perdera a vida num acidente com o De Tomaso da equipe Williams na volta 22 – inclusive foi onde Rindt alimentou seu desejo de abandonar a competição ao final daquela temporada.
A mistura amarga da vitória e tragédia esteve presente neste GP, que nos alertou mais uma vez de como o motorsport é apaixonante, ingrato e cruel com todos. A vida segue e as lembranças de quem se foi ficarão marcadas para sempre.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

GP da Alemanha - Roda Gigante



Há dias que as coisas não andam bem. Isso é algo que faz parte do cotidiano e este GP alemão foi uma amostra de como as coisas podem caminhar mal e de uma hora para outra dar certo, e também fazer o caminho inverso. No sábado uma desastrosa atuação da Ferrari tirou seus dois carros de combate na classificação, sendo que Vettel nem participou por causa de problemas no turbo e Leclerc, que conseguira avançar para o Q3, nem participou por causa de problemas na injeção de combustível. Uma ducha bem gelada numa classificação de prometia ser das melhores deste ano devido a grande proximidade que eles tinham em relação a Mercedes. Esta última conseguiu cravar a pole com Hamilton, sem grandes oposições e Max Verestappen conseguiu quebrar uma possível dobradinha da equipe alemã ao se meter entre os dois carros prateados. Apesar de ser uma corrida que se desenhava para a Mercedes, é sempre algo a se considerar quando se tem um piloto como Verstappen ao lado.
Porém  a corrida foi outra coisa: dificilmente alguém apostaria numa tarde tão caótica para a Mercedes e seus pilotos, principalmente após um inicio tão sólido por parte de Hamilton que vinha abrindo uma boa vantagem, inicialmente para Bottas e depois para Max – que se recuperara da má largada. Mas a escolha de pneus slick para uma pista que volta e meia parecia secar e depois molhar, foi o convite para uma tarde para ser tomada como grande lição aos anfitriões: Lewis relutou em trocar para slick, mas acabou aceitando a ideia e quando o fez, não conseguiu segurar o carro na última curva do circuito e batendo na barreira de pneus e danificando a asa dianteira. Foi o inicio de uma série de trapalhadas, começando pelo corte de caminho que o inglês deu na entrada de box – que já havia feito em 2018 e não resultado em nada, ao contrário deste ano que acabou tomando cinco segundos de punição – e depois na casa de loucos que a Mercedes se transformou assim que o inglês chegou para a sua troca, uma vez que não estavam preparados para aquilo. Para uma equipe que tanto blefou nos pitstops, não souberam lidar com o imprevisto e isso custou mais de 50 segundos. Um desastre que foi maior após o abandono de Valtteri Bottas, que não foi capaz de superar Lance Stroll na luta pelo terceiro lugar e acabou rodando e batendo na curva 1 – lugar onde Hamilton fizera algo parecido, mas que escapara ileso. Uma corrida que prometia ser uma grande festa pelos 125 anos de automobilismo e também de envolvimento da Mercedes na competições, acabou por ser a mais desastrosa da fabrica alemã – que desembolsou 25 milhões de euros para a manutenção da corrida – neste seu período vitorioso que se iniciou em 2014.
A exemplo das duas Mercedes, Charles Leclerc também teve – apesar de pequena – uma hipótese de conseguir algo maior nesta corrida. Seu ritmo era bom, conseguindo até se aproximar de Max e Bottas, mas o seu erro no mesmo local onde mais tarde Hamilton viria errar, custou uma boa oportunidade de tentar uma vitória – visto o que aconteceu ao duo da Mercedes em seguida. É claro que não dá para adivinhar as coisas, mas ao olhar o que aconteceu depois certamente deve bater um remorso daqueles.
Alheio a tudo isso e seguindo uma cartilha onde a cautela é primordial, Sebastian Vettel fez uma prova de recuperação muito boa. Mas temos que dizer que, mesmo fazendo uma bela largada, o piloto alemão passou boa parte da corrida encaixotado na Alfa Romeo de Kimi Raikkonen sem conseguir esboçar um ataque. Após uma escapada de Raikkonen no famigerado local é que Vettel pôde subir para sétimo, mas mesmo assim ainda não conseguira entrar na casa dos cinco primeiros devido as paradas de box que o jogava para o meio do pelotão. Sebastian soube bem duelar com os pilotos pelas posições, arriscando as ultrapassagens em locais de segurança como no hairpin, onde a asa móvel é acionada e também escapando das armadilhas. E como ele bem disse, soube aproveitar-se dos cuidados que os demais a sua frente vinham tendo com os slicks para ultrapassá-los e subir para a segunda posição, voltando ao pódio desde o polêmico GP do Canadá. Uma tarde bem diferente daquela de um ano atrás, onde quase todos indicam que foi onde se iniciou o seu inferno astral – apesar de eu discordar e apontar o GP da Itália como inicio dessa fase complicada.
O bom desempenho de outros pilotos também foi destaque: Sainz vem crescendo de produção junto a Mclaren e neste GP ficou ainda mais evidente sendo um dos que poderiam ter conquistado um pódio; Stroll também conseguiu seu brilhareco com uma boa leitura da prova por parte de seu engenheiro e também com um bom trabalho do próprio Lance, que soube suportar as investidas de Bottas; Alex Albon  continua a fazer seu caminho com boa apresentações e a exemplo de Sainz e Stroll, também teve certa chance de conseguir um pódio neste GP e foi mais uma demonstração do talento que o jovem tailandês reserva.
Max Verstappen continua a arrancar suspiros da grande massa laranja que vem acompanhando o piloto holandês nas corridas e também outros que tem se afeiçoado ao piloto, devido a sua bravura ao volante do Red Bull. Ainda mais neste ano, onde suas apresentações tem tido um misto inteligente de agressividade e cuidado na hora de atacar e finalizar as manobras de ultrapassagem e neste GP foi ainda mais evidente com ele tendo total paciência para atacar Valtteri e mesmo após a sua rodada, que poderia ter custado a futura vitória. A sua condução neste tipo de condições só faz ainda mais aflorar o seu talento e esta corrida foi a prova do amadurecimento do jovem holandês que chegou a sua oitava conquista na Fórmula-1.
E para encerrar, Daniil Kvyat foi ao pódio com uma atuação brilhante ao perceber junto de seu engenheiro que as condições de pista davam para pôr os slicks e arriscar. Foi uma manobra que lhe valeu o pódio e que podia muito bem ter lhe rendido um segundo lugar, algo que ficou distante quando teve em Sebastian Vettel um oponente difícil de segurar. Mas o terceiro lugar foi uma vitória importante para um piloto que esteve em dias bem complicados naquele ano de 2016 e que ficou quase que de lado, conseguindo uma vaga de piloto de testes na Ferrari e depois voltando para socorrer a Toro Rosso neste ano e que talvez possa até mesmo retornar a Red Bull, de onde acabou saindo por baixo após os acontecimentos do GP da Rússia de 2016. Um resultado importante que, somado ao nascimento de sua filha com Julia Piquet no sábado, foi sem dúvida um grande final de semana para a vida de Kvyat.
A Red Bull também tem o que festejar, pois três pilotos que fazem ou fizeram parte de seu plantel foi ao pódio – isso sem contar em Sainz e Albon, que chegaram em quinto e sexto. Foi um dia espetacular para o programa da Red Bull.

domingo, 21 de julho de 2019

Foto 801: Muito além de Vettel


A complexidade de um ser humano é medida nas condições da qual ele convive. Se for um ambiente bem organizado, as chances de sucesso são enormes e isso também passa pela sua força de vontade em querer vencer na vida. Agora, se o ambiente for um caos, as coisas tendem a ser mais difíceis. Pode até conseguir vencer, mas nem sempre a força de vontade, o otimismo, será suficiente para tal conquista.
Para Sebastian Vettel as coisas tem sido mais ou menos assim nos últimos doze meses. É claro que uma boa parte das pessoas apontam que o caldo entornou mesmo já na sua escapada em Hockenheim, quando estava liderando com folga. Porem temos que lembrar que Vettel ainda teve duas situações onde pilotou bem: na Hungria tinha condições de sobra para conquistar uma vitória, mas a mudança de tempo na classificação que ajudou as Mercedes a marcarem a primeira fila, dificultou a tarefa e esta tornaria-se ainda mais impossível quando teve em Bottas um bloqueio efetivo que possibilitou Hamilton fazer uma grande diferença e caminhar para uma importante vitória. Para Vettel restou ultrapassar Valtteri na marra para conquistar a segunda colocação. Na Bélgica talvez tenha sido o grande sopro de esperança ferrarista quando Sebastian desafiou e venceu Hamilton com autoridade, numa corrida onde a Ferrari esteve bem acima da Mercedes. Com uma vitória dessa, era impossível não ter um clima de euforia para Monza e isso foi inflado quando a Ferrari fez 1-2 na classificação. Mas o balde de água gelada na possível festa dos tiffosi já iniciou na tomada da chicane Roggia, quando Vettel foi superado por Hamilton e acabou rodando ao tocar no inglês. Já a Mercedes conseguiu vencer e iniciar uma arrancada importante para a conquista do quinto título de Lewis. O turbilhão no qual se encontrou Sebastian iniciou-se em Monza.
Os erros de Sebastian, que viriam a seguir em sequência, acabou gerando uma enorme carga de piadas e críticas em torno do desempenho do piloto alemão. As suas tentativas de recuperar as posições a fórceps sempre terminaram com algum erro, mas a verdade é que para Sebastian Vettel foi o que restou frente uma inoperância da Ferrari na segunda metade da temporada, que já fora deflagrada na segunda parte do mundial de 2017 que também o privou de batalhar pelo título. Somando os erros de Vettel, mais a queda técnica da Ferrari e a batalha de poder entre Arrivabene e Binotto - que intensificou após a morte de Sergio Marchionne - a  equipe virou uma casa de loucos e isso foi refletido nos resultados até Abu Dhabi.
As esperanças foram renovadas na pré-temporada com um desempenho para lá de animador, principalmente quando comparado com os da Mercedes. Apesar de três situações onde os carros foram bem - Bahrein, Canadá e Áustria - a vitória não veio e nas demais etapas, o desempenho foi bem abaixo. Vettel teve sua grande oportunidade em Montreal, mas a decisão para lá de polêmica na sua já famosa escapada e retorno na frente de Hamilton, que lhe valeu os cinco segundos mais odiados da história da categoria, tirou-lhe uma vitória. Este é outro ponto que tem desagradado imensamente Sebastian - e toda comunidade que acompanha a categoria - que tem sido o excesso de punições por qualquer que seja o lance e este de Montreal é um fator que deixou o piloto transtornado - como foi bem visto nas trocas de placas - e que certamente contribui para um desânimo.
Depois dessa decepção, os resultados de Vettel tem sido abaixo dos conseguidos por Charles Leclerc nas últimas três corridas: da França até Inglaterra, Vettel largou todas elas atrás de Charles e a pontuação na soma destas foi de 48 para o monegasco e apenas 23 que conquistou, já que não conseguiu terminar entre os dez primeiros em Silverstone. Exatamente nesta prova britânica é onde as críticas em torno de seu desempenho voltou com força, por conta do incidente com Max Verstappen que tirou a chance do holandês ir ao pódio e a dele também, de conseguir marcar mais alguns pontos.
O bombardeio é forte. Tentar defender as ações de Vettel na pista, também tem sido uma tarefa hercúlea e os fãs sabem disso. Mas creditar os fracassos apenas a Vettel, como uma boa parte tem feito, é um grande erro.  Quando se está em situações de desvantagem, o piloto tende a resolver as coisas no braço e quando sai errado, suas qualidades são postas em xeque. Isso é o que tem afetado bastante o comportamento de Sebastian, que procurou elevar o otimismo da equipe através de suas atuações - mesmo que, na sua maioria, tem sido um fracasso. A chegada de Charles à equipe, um piloto festejado na academia da Ferrari e que muitos apostam em seu sucesso, era uma aposta para despertar em Sebastian aquele piloto que fizera aquele sucesso estrondoso na Red Bull e também aquele piloto que chegou muito bem em 2015, renovando o oxigênio da clássica equipe. Mas, descontando a sua grande atuação em Montreal, Vettel não tem feito um bom campeonato até aqui enquanto que Leclerc tem conseguido, aos poucos, elevar a sua pilotagem e medir forças com o piloto alemão.
O caos técnico da equipe, que não conseguiu entender tudo deste promissor SF90 para que seus dois pilotos possam, enfim, dar combate a Red Bull e principalmente Mercedes, também contribui para que as coisas não andem bem no clima geral da equipe. Ou seja: não dá para se fazer milagres com uma equipe tão desorganizada tecnicamente e politicamente. Isso sem contar nas críticas pesadas que a  fanática imprensa italiana tem feito ao piloto alemão desde o ano passado e que intensificou após o GP bretão, sem que a Ferrari desse um respaldo ao piloto alemão que tão bem faz seu papel em colocar o lema de "ganhamos juntos, perdemos juntos" em voga. Talvez esse episódio mostre exatamente a falta de apoio da Ferrari, que apenas vê seu piloto jogado aos leões e tranca as portas e joga a chave fora, esperando que ele reaja.
Esse combo de situações no qual Vettel está imerso e que a cada etapa parece puxá-lo mais baixo nessa areia movediça que se encontra há um ano - ou quase -, sempre dá margem para especulações: para alguns a sua aposentadoria está próxima, enquanto que outros sugerem um ano sabático para esperar todos os movimentos do mercado de pilotos - que promete ser intenso de 2020 para 2021, já que ano que vem os contratos de boa parte se encerrará (incluindo o dele e de Hamilton) - e ver para onde pode ir. Um local onde ele conhece bem e é tido como piloto exemplo, seria importante: uma volta de Sebastian à Red Bull é sempre colocada nas rodas de conversa e sinceramente, seria uma boa para ele poder dar continuidade a sua trajetória na categoria. É um caminho que será muito bem observado.
Esta segunda parte de campeonato que se avizinha será vital para as pretensões de Vettel. Se a equipe se achar e conseguir uma reação que possa, ao menos, dar a seus pilotos uma oportunidade de terminar o campeonato de forma decente, talvez o cenário nebuloso em torno do piloto alemão possa clarear para 2020 para que possa terminar seu contrato no próximo ano. Agora resta saber como ficará a situação caso nada avance ou piore, pois casos assim tendem a ser sustentáveis e um rompimento amigável é o melhor a fazer.
Chega ser melancólico observar a carreira de um piloto que foi alçado a um novo "Schumacher" entrar numa descendente que já entra para doze meses e ver as sua qualidades serem questionadas. Mas existem provações que nos é impostas pela vida. Se Vettel vai superar mais essa, não sabemos. Mas os seus números estão lá, encravados na história e isso não poderá ser mudado.
E o apoio daqueles que o amam e admiram, não irá faltar. Seja lá qual for  a sua escolha.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

GP da Grã Bretanha – Emoções Mil em Silverstone

(Foto: Reuters)
A Fórmula 1 não costuma transmitir emoção para com aqueles que fizeram sua história, mas nesta etapa inglesa a homenagem rendida a Frank Williams pelos seus 50 anos de categoria e também pelos exatos 40 anos da primeira vitória da Williams na F1 foi bem bacana naquela volta que o inglês deu ao lado de Lewis Hamilton, que o levou a duas voltas pelo  circuito inglês num Mercedes de rua. Outra homenagem foi em memória de Charlie Whiting, falecido antes da abertura deste mundial na Austrália, que contou com uma cerimônia reunindo pilotos atuais e antigos da F1 que trabalharam com ele. Para a corrida, Justin, o filho de 12 anos de Charlie, foi convidado a acionar as luzes vermelhas para a largada.
Não esperava muito deste GP bretão. Numa Fórmula 1 tão bipolar que se tornou, já estava preparado para pegar uma corrida bem morna (apenas para ser otimista onde as Mercedes dominariam amplamente. Mas acabou por ser uma corrida extremamente agradável, onde os pilotos do pelotão dianteiro e intermediário se entregaram a batalhas interessantes.
Iniciando pela batalha das primeiras voltas entre os dois pilotos da Mercedes, Bottas e Hamilton brindaram o público naquelas voltas iniciais onde o inglês tentou como pôde superar o finlandês que soube bem defender-se e depois aplicar uma “re-ultrapassagem” no inglês quando este conseguiu superá-lo na Woodcote e depois acabou tomando o troco na Copse. Foram voltas bem intensas, com ambos lutando de forma franca. Não tão distante deles, o duelo que se iniciou no GP austríaco continuou forte na pista inglesa: Charles Leclerc e Max Verstappen se encontraram e dessa vez Leclerc esteve mais atento aos ataques do holandês, conseguindo defender-se de forma correta e mesmo após ambos irem juntos ao box, o duelo se manteve em alto nível com Charles recuperando a posição – perdeu após um belo trabalho de box da Red Bull que entregou Max rapidamente a frente – depois de um pequeno erro de Verstappen. Infelizmente a escapa de Antonio Giovinazzi, que deixou o Alfa Romeo na brita, forçou a entrada do SC e foi neste momento que Hamilton, que já liderava a prova após a ida de Bottas ao box, foi para o seu pit stop e conseguiu voltar na frente do finlandês. A Ferrari acabou demorando chamar Charles para o box – coisa que foi feita de imediato pela Red Bull com Max – e o monegasco teve que fazer mais uma volta e perder a posição para Verstappen. As coisas seriam decididas algumas voltas após a saída do SC, quando Max passou por Gasly e conseguiu aproximar-se de Vettel – que se beneficiara da entrada do SC para chegar ao terceiro posto -  e efetuar a ultrapassagem na Hangar. Infelizmente um erro de calculo por conta de Vettel pôs fim a um possível pódio de Verstappen, quando o piloto alemão acertou a traseira do Red Bull e ambos indo parar na brita. Conseguiram voltar para pista, com Sebastian tendo a sua corrida inteiramente prejudicada – e tomando em seguida uma punição de dez segundos – e com Max com um carro bem desequilibrado, que ainda o deixou em condições de terminar em quinto. Menção honrosa para a Mclaren que fez um belo trabalho através de seus dois pilotos e com Carlos Sainz duelando com Daniel Ricciardo por um período da corrida pela sexta posição.
Lewis Hamilton acabou por vencer o GP, a sua sexta conquista que o torna o maior vencedor do GP bretão – superando Jim Clark e Alain Prost que somam cinco - e também a 80ª de sua carreira na categoria. Hamilton ainda carregou a bandeira britânica na sua volta de desaceleração, em mais um momento bacana desta corrida.
Para uma categoria que teve dois GPs decepcionantes em sequencia, estas duas últimas foram para mostrar que ainda existe um pouco de emoção neste reino “mercediano”.

terça-feira, 28 de maio de 2019

GP de Mônaco - No limite dos pneus e mais uma pra conta


Gosto do GP em Monte Carlo! Claro que as lembranças da infância ajudam a gostar desta corrida – que todos sabem bem do que estou falando – mas também existe o teor histórico que permeia este circuito e junto de outros decanos do automobilismo europeu como Spa, Monza e Silverstone, formam um quarteto que poderia muito bem ser tratados como um Grand Slam da categoria, algo que chegou ser cogitado um tempo atrás e que não foi levado pra frente. Uma pena.
O que deixa a maior parte das pessoas com birra é exatamente o fato de praticamente  não existir pontos de ultrapassagem. Isso foi importante para a conquista de Lewis Hamilton no domingo, já que aguentar mais de 60 voltas com um jogo de pneus médios que ao chegar na casa das trintas voltas já estavam desgastados acabou por ser uma grande dose de destreza. Isso sem contar com um assédio de Max Verstappen que, por mais que tenha ficado todo esse tempo atrás sem esboçar um ataque efetivo (excetuando a tentativa na penúltima volta na freada para a chicane do porto), o risco de ter o piloto holandês nos retrovisores é algo a se considerar. O ataque final de Max quase pôs tudo a perder, mas Lewis foi esperto ao deixar o carro “vazar” a chicane e evitar uma possível rodada pois já estava esterçando para ingressar na chicane quando recebeu o toque de Verstappen. Por outro lado, a atuação de Max mostrou que o piloto holandês está numa crescente: a sua situação na corrida o deixava entre a espada e a cruz, uma vez que a punição de cinco segundos que levara por conta do toque no pitlane com Bottas o forçava a tentar de tudo para buscar a liderança. Se passasse por Lewis, existia a chance de abrir bem mais que os cinco segundos de punição e vencer e caso continuasse atrás do inglês, a probabilidade de terminar atrás de Bottas – então quarto na posição física da prova – era bem grande. Acabou prevalecendo a ultima situação, mesmo que ainda arriscasse de forma quase que suicida na penúltima volta e acabou terminando em quarto após o acréscimo dos cinco segundos de punição e acabou tomando, mais tarde, dois pontos na carteira por causa do ocorrido nos boxes. Mas a evolução técnica de Max tem sido muito bem vista e talvez a sua agressividade seja usada para determinadas situações de corrida, já que ele tem demonstrado entender bem que terminar e coletar bons pontos também faz parte do show que ele tão bem sabe fazer.
Vettel reconheceu que o entrevero entre Max e Bottas foi importante para que ele chegasse na segunda posição, sabendo que isso seria impossível e a quarta posição era o máximo a ser conseguido. Enquanto isso, Charles Leclerc continuava com o seu inferno astral no seu GP caseiro que começou no sábado na frustrada qualificação que estendeu para o domingo, ao  tentar abrir caminho e acabar se  tocando com Nico Hulkenberg na Rascasse – local onde ele  conseguira passar por Grosjean algumas voltas antes – e furando o pneu. Mesmo trocando e pouco tempo depois voltando para colocar, acabou desistindo na volta 16. Para Valtteri Bottas, a oportunidade foi perdida na qualificação e piorou com o toque entre ele e Max, que o jogou para terceiro e depois para quarto já que teve de parar outra vez para colocar os pneus duros. E por lá ficou – mesmo que virtualmente era terceiro – sem mesmo ameaçar Sebastian.
O GP monegasco continuou a sua sina de determinar o vencedor já qualificação, uma vez que a pole adianta pelo menos 60% do trabalho para o domingo e daí é o piloto quem precisa ter toda paciência e sorte para chegar ao olimpo no principado. Independente que esteja com o melhor carro da categoria, a atuação de Hamilton em se virar como podia com pneus que se degradavam a cada volta é louvável. Uma vitória que ele guardará com carinho para o resto de sua vida e até mesmo a bronca e o banho de champanhe no seu estrategista e engenheiro após o GP.

domingo, 12 de maio de 2019

GP da Espanha: Imparáveis

Tomar seis décimos de Valtteri Bottas na classificação pode ter soado como um alerta acompanhado de uma certa humilhação que Lewis acabou transparecendo no cumprimento frio que deu ao seu parceiro de equipe, longe das outras felicitações efusivas que dera ao finlandês nos outros resultados que este conseguira nesta temporada. Assim como fizera nos treinos para o GP da China, conseguindo se recuperar de uma sova que levara de Bottas, ao tomar meio segundo e uma das práticas e reverter para uma grande vitória no domingo, Lewis repetiu a lição para este GP espanhol.
A largada seria o momento crucial para que o inglês pudesse tomar a liderança e essa foi uma situação tensa: apesar da ótima largada, Bottas conseguiu emparelhar e se colocar ligeiramente a frente, enquanto que do outro lado Vettel conseguira uma partida excelente e se pôs a frente do duo de forma breve. A tamanha velocidade que o alemão conseguira, acabou forçando-o a travar o pneu dianteiro direito. Enquanto que Sebastian freava para não escapar da curva, Bottas se viu espremido entre o Ferrari e Lewis que vendera bem caro a disputa, ao conseguir a liderança. Podemos dizer que a prova foi decidida nestes metros inciais, com três pilotos numa gana impressionante para conquistar a liderança. Valtteri ainda deu uma rabiada, conseguindo controlar uma possível rodada que podia ter sido catastrófica. Para Vettel a travagem na primeira curva o deixou com o pneu "quadrado", e isso permitiu o assédio de Leclerc que ainda ficou algumas voltas atrás até que Sebastian lhe desse passagem. Algum tempo depois a manobra seria feita novamente, mas desta vez com Charles deixando Vettel passar. Foi um fim de semana bem decepcionante para a Ferrari, que se viu até mesmo atrás da Red Bull em termos de ritmo de prova.
No duelo caseiro, Hamilton esteve em outro nível ao abrir boa vantagem sobre Bottas nos dois estágios da prova - antes e depois da entrada do SC, causado pelo acidente entre Norris e Stroll. A relargada e as voltas seguintes de Lewis, conseguindo abrir três segundos de forma rápida e precisa, mostraram que o inglês tinha sobra suficiente para se defender de qualquer ataque vindo de Bottas.
A corrida em si, foi bem morna. Talvez o duelo entre os dois pilotos da Haas - Magnussen e Grosjean - é que tenha dado um certo interesse - principalmente por sabermos do teor explosivo que aquela dupla pode proporcionar nas disputas. O enrosco entre Stroll e Norris, já mencionado acima, também ajudou a despertar e dar uma nova luz com o acionamento do SC. Com todos os pilotos da dianteira com pneus novos, esperava-se possíveis duelos, que logo foram se esvaindo pelas 14 voltas restantes.
O GP da Espanha, que pode ser o derradeiro, já que a prova da Holanda deve substituir esta, viu a quinta dobradinha consecutiva da Mercedes num domínio impressionante que até meses atrás, lá mesmo na Catalunha, era imaginável que fosse da Ferrari. A Silver Arrow soube bem esconder o jogo e dar as cartas de forma firme até aqui e mesmo com todas as atualizações levadas para lá pelas suas rivais, as coisas não se mostraram eficazes para incomodar este domínio que pareceu se ampliar também por conta das melhorias também levadas pela Mercedes.
Pelo menos, a primeira vista, a briga deve ser entre os dois carros prateados para poder elevar ainda mais os impressionantes números alcançados até aqui pela Mercedes. 

segunda-feira, 29 de abril de 2019

GP do Azerbaijão: Mercedes 4 x 0 Resto

Hamilton e Bottas lado a lado em Baku: foi o melhor momento da corrida, ainda na largada.



É interessante chegar nessa fase do campeonato e observar, com a ótica que maior parte observava após os testes de Barcelona, o quanto que o panorama mudou de forma drástica. Enquanto que havia uma esperança de que a Ferrari pudesse igualar e até mesmo passar a Mercedes, a equipe alemã trabalhou quieta nos testes e quando chegou em Melbourne a lavada foi enorme sobre uma Ferrari que não se encontrou ritmo em momento algum. Apesar de um breve lampejo por parte de Charles Leclerc em Sakhir, onde quase venceu, a Ferrari voltou a patinar na China e ontem em Baku, na realização da quarta etapa do mundial. Enquanto que a Ferrari continua sem achar aquele ritmo avassalador de Barcelona, a Mercedes vai reescrevendo os recordes: se na China eles chegaram a terceira dobradinha consecutiva – igualando a marca da Williams de 1992 – ontem acabaram por estabelecer o novo recorde ao chegarem a quatro dobradinhas, divididas em duas vitorias para Lewis e Bottas.
O piloto finlandês esteve em grande forma mais uma vez, repetindo a performance de Melbourne e agora com a vantagem de ter largado da pole - uma vez que nenhum piloto até agora tinha conseguido tal feito. A sua largada defensiva, não dando chances a Lewis Hamilton, que andou lado a lado pelas primeiras curvas do traçado azeri, foi o ponto alto de uma corrida que foi marcada pela cautela dos pilotos em tentar sobreviver as armadilhas já conhecidas daquela pista. A prova de ontem só não foi pior que a de 2016, quando esta foi realizada sob o nome de GP da Europa. Valtteri soube controlar as últimas voltas com bastante tranquilidade e contando, também, com dois pequenos erros de Hamilton que custou uma melhor aproximação para tentar a ultrapassagem em uma das grandes retas. Com um gerenciamento bem melhor dos pneus, tanto na questão da temperatura, quanto no desgaste, a Mercedes tem conseguido sanar um dos seus grandes problemas que tanto incomodou a equipe desde antes do inicio da “Era dos V6 Turbo Hibridos” e isso tem feito uma enorme diferença no ritmo de prova de seus dois pilotos.
Do lado oposto, a Ferrari tem sofrido bastante em conseguir achar a temperatura correta da borracha – curiosamente foi um dos trunfos da equipe italiana nesta batalha contra a Mercedes, que se estende desde o ano de 2017. Charles Leclerc podia ser o cara a bater de frente com as Mercedes na classificação, mas acabou achando a barreira de pneus na temida subida do castelo no Q2 num momento que vinha bem na classificação que apenas confirmava a sua grande performance após três treinos livres com ritmo forte e liderança convincente. A oitava colocação no grid privou ele de conseguir algo melhor na prova, apesar de ter conseguido um bom ritmo e até mesmo liderado parte da corrida. Mas a troca obrigatória para os macios o relegou para a quinta posição, onde ficou até o fim – fazendo até uma segunda troca por outro jogo de pneus macios já no final da prova, para tentar a melhor volta que acabou por conseguir na passagem 50. Já Sebastian Vettel não foi a ameaça que se esperava para as Mercedes, ao não conseguir ameaçar o duo prateado em momento algum – mesmo que tenha chegado próximo em algumas situações, mas que logo foi respondido com eficácia por Hamilton. Assim como Charles, Vettel também não conseguiu gerar a temperatura correta para os seus pneus e ainda teve que lidar com a perigosa aproximação de Max Verstappen que foi logo desfeita assim que o Virtual Safety Car saiu da pista – após o incidente bizarro entre Ricciardo e Kvyat – onde Max também não conseguiu aquecer os pneus de forma adequada e acabou não ameaçando mais Sebastian. A verdade é que o acidente de Leclerc e a ineficiência dos estrategistas da equipe acabaram prejudicando bastante uma oportunidade de tentar, ao menos, quebrar a sequencia fabulosa da Mercedes.
Sergio Perez mostrou que sabe bem os caminhos daquele circuito ao largar na quinta posição e fechar a corrida em sexto numa corrida tranquila e seu companheiro de Racing Point, Lance Stroll, colocou o segundo carro na nona posição. A Mclaren também esteve num final de semana bem positivo ao pontuar com os dois carros, com Sainz em sétimo e Norris em oitavo.  Kimi Raikkonen fez ótima recuperação e terminou em décimo.
A próxima etapa sendo em Barcelona a expectativa é como será o desempenho especialmente da Ferrari. Mas temos que levar em conta que as equipes levarão para a pista catalã melhorias – inclusive a Mercedes, que nos últimos anos tem guardado o que há de melhor para esta corrida.
Será que Ferrari destravará, enfim, o poder de fogo do seu carro e iniciará uma virada ou a Mercedes continuará a sua assombrosa performance?
Veremos...

domingo, 14 de abril de 2019

GP da China: Mercedes a Mil



Com toda a divulgação em torno da corrida de número 1000 da Fórmula-1 e mais a esperança de um possível duelo entre Ferrari e Mercedes, esse era o GP que mais despertava uma expectativa de como poderia ser aquela prova centenária. Porém o mau entendimento da Ferrari com seu carro – mais uma vez – deitou por terra essa possiblidade de tentar dar a este GP um espetáculo melhor. Enquanto que a Ferrari estava atordoada em tentar achar o ritmo – revivendo um fim de semana bem parecido com aquele de Melbourne –, a Mercedes desfilava a sua finesse e competência sem ter quem os ameaçasse. Pior que após este GP chinês as impressões de que o time alemão estava – mais uma vez – escondendo o jogo nos testes de pré-temporada, parece ainda mais evidente.
A Mercedes já demonstrava forças no segundo treino livre, quando Bottas suplantou Vettel na casa dos milésimos. No terceiro treino livre foi onde os carros alemães, especialmente com Valtteri, deram o verdadeiro tom do que podiam fazer no qualy de logo mais ao ver o finlandês cravar a melhor marca com mais de três décimos de vantagem sobre Vettel. Na classificação Bottas repetiu a performance ao cravar a pole, com 27 milésimos de avanço sobre Hamilton e três décimos sobre Vettel. Uma possível reação repousava na corrida.
A largada foi um verdadeiro bloqueio dos Mercedes sobre os Ferrari, sem dar nenhuma chance de reação para o duo ferrarista. Daí em diante não houve nenhuma aproximação por conta da Ferrari para com a Mercedes, com a diferença chegando a ficar na casa dos oito segundos de atraso de Vettel para Bottas e de doze para Hamilton que liderava com folga. O máximo que Sebastian conseguiu se aproximar da Mercedes foi perto do fim da prova, quando  Bottas levou certo atraso para superar Leclerc na luta pela segunda posição.
O GP chinês não foi dos melhores. Insosso desde o inicio, com os carros bem espaçados, as chances de duelos se esvaíram. Apenas a tensão nas discussões entre os pilotos da Ferrari com o time é que deram um tom diferente e claro, causaram a polêmica do dia ao pedirem para que Charles Leclerc desse passagem para Sebastian Vettel que estaria mais veloz. A verdade é que a vantagem de Charles para Vettel e depois do alemão para o monegasco após a inversão de posições, não deram nenhuma diferença no que a Ferrari pretendia que era tentar alcançar Bottas. A polemica aumentou quando Sebastian foi chamado ao box após a parada de Verstappen – que passava a ser uma ameaça – e Charles ficando na pista por mais voltas. Isso relegou o jovem piloto ao quinto posto quando parou após três voltas, com um atraso de 16 segundos para Vettel e doze para Max. Charles acabaria em quinto, mas as suas reclamações ainda em pista mostra o quanto que a Ferrari terá que trabalhar essa situação. Vagamente, lembrou a primeira rusga entre Hamilton e Alonso na Mclaren em 2007 na altura do GP de Mônaco, onde a equipe barrou um possível ataque de Lewis sobre Fernando.
Alheio a tudo isso, a Mercedes fez uma grande prova ao dominar amplamente as ações com Hamilton e Bottas e ainda, mostrando grande trabalho da equipe box, chamou os dois carros para fazer a derradeira troca de pneus e rechaçar qualquer chance de reação de Vettel – que parara voltas antes. Lewis conseguiu recuperar-se de um final de semana que parecia complicado ao não achar o acerto ideal nos treinos e ter melhorado na classificação, onde conseguiu se aproximar de Bottas. O piloto inglês soube se aproveitar bem da ótima largada que realizara para construir uma vantagem cômoda para a sua vitória. Para a Mercedes foi a terceira dobradinha nas três corridas iniciais, igualando a marca da Williams de 1992.
Baku será mais uma oportunidade para vermos se a Ferrari reagirá ou se a Mercedes continuará com o seu passeio dominical.

domingo, 25 de novembro de 2018

GP de Abu Dhabi - Um GP emotivo


Não há muito o que falar da corrida em si, a não ser a bela disputa entre Esteban Ocon e Max Verstappen – que fez boa parte dos fãs esperarem outro enrosco dos dois jovens pilotos, relembrando o famoso lance de Interlagos. No entanto, apesar da grande batalha entre eles, foi Max quem levou a melhor na disputa chamando para si, mais uma vez, os holofotes da sua já conhecida combatividade por mais que extrapole os limites da esportividade em algumas ocasiões. Outro ponto a ser destacado remonta a largada, quando Nico Hulkenberg acabou capotando a sua Renault após tocar com a Haas de Romain Grosjean. Foi de comprovar que o uso do Halo neste tipo de condição precisa ser estudado pela comissão técnica da FIA: afinal de contas, um capotamento em que o piloto, num passado não muito distante, conseguia sair com certa rapidez – vide Fernando Alonso em Melbourne 2016 – hoje encontra um dispositivo que dificulta ao extremo a sua saída rápida. Talvez a aflição de Hulkenberg em sair logo do Renault possa ser tomado como ponto de partida para uma melhor compreensão de como pode ser usado um Halo, sem que comprometa o piloto em uma situação de capotamento.
A vitória de Lewis Hamilton parecia que nem viria após a sua parada precoce (volta 8) para colocar os pneus super softs e ter que aguentar até o final. O cenário parecia ser para Valtteri Bottas que poderia, enfim, sair do zero numa temporada em que os outros cinco pilotos das três principais equipes venceram corridas. Mas infelizmente as coisas desandaram para Bottas após o seu primeiro pit-stop até que terminasse num melancólico quinto lugar. Daniel Ricciardo, na sua derradeira corrida pela Red Bull, também se candidatava-se a postulante a vitória ao conseguir empurrar a durabilidade de seus pneus para além das trinta voltas. Mas após a sua parada de box, nada mais pôde fazer terminando em quarto. Sebastian Vettel terminou em segundo, num desfecho de temporada que parecia – até a prova de Spa – ser dos sonhos.
Mas a prova acabou sendo emblemática por marcar uma série de despedidas: Kimi Raikkonen não chegou ao fim da prova, terminando a sua segunda passagem pela Ferrari com este abandono, acaba por ser um grande alivio para o campeão de 2007 que pareceu bem mais descontraído após o anúncio de sua saída para a Sauber em 2019; Charles Leclerc até que teve bom inicio nesta corrida ao ocupar a quarta posição após saída de Raikkonen, mas com a sua parada de box teve que escalar o pelotão para terminar em sétimo na sua derradeira corrida pela Sauber. Enquanto Leclerc teve uma despedida na casa dos pontos, seu companheiro de Sauber Marcus Ericsson não completou a prova ao abandonar na volta 24, fechando assim o seu ciclo na F1. Em 2019 estará respirando os ares da Indycar, quando estará a serviço da SPM. Pierre Gasly é outro que não completou a prova por problemas no motor Honda de sua Toro Rosso e apenas trocará de “local”, uma vez que irá para a Red Bull em 2019 – aliás, uma dupla bem interessante para ser vista na próxima temporada esta que será formada por Verstappen e Gasly. Esteban Ocon também não teve melhor sorte ao abandonar na volta 44 a sua Force India, na derradeira prova pela equipe. Ano que vem estará de fora da temporada, no entanto será piloto de testes da Mercedes ao lado de Stoffel Vandoorne, que também realizou a sua ultima prova na F1 pela Mclaren. Sainz, que estrá na Mclaren em 2019, se despediu da Renault com um oitavo lugar.
Restou  para Fernando Alonso a despedida mais emotiva desta corrida: além das muitas homenagens que lhe foi rendida durante a semana e também nos três dias de evento, a sua volta de desaceleração recebeu a escolta de Hamilton e Vettel num sinal de respeito por estas suas 17 temporadas que lhe valeram dois mundiais pela Renault no biênio 2005/2006. Apesar das polêmicas que se envolveu, Fernando Alonso foi um personagem importante até mesmo para o desenrolar da Fórmula-1. Fará falta sim, para seus fãs e admiradores, mas não tanto para os seus haters.
Essa prova final de Abu Dhabi, apesar de não ser a melhor do calendário, ao menos guardou uma carga interessante de emoções, algo que não víamos desde o GP da Austrália de 1993. Mas para uma situação dessa, merecia um palco melhor

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

GP do Japão - Os dois lados do campeonato



O andamento deste final de campeonato tem sido um calvário sem fim para a Ferrari, enquanto que para a Mercedes o sucesso tem sido latente. Impressionante vermos o quanto que as coisas mudaram após a prova da Bélgica até esta do Japão.
Pior de tudo é ver o quanto que a Ferrari tem errado, principalmente nas estratégias e em Suzuka foi mais uma prova de como estão perdidos: mandar seus pilotos de pneus intermediários sendo que a pista ainda se encontrava seca no início do Q3, foi a continuação da sucessão de trapalhadas que tem se estendido desde a Hungria. É claro que se tivessem acertado em todas estas vezes, estaríamos elogiando, exaltando o sucesso ferrarista, mas a verdade é existem o ônus e o bônus para todas as situações. E neste momento o ônus tem sido acumulativo. Para piorar, Sebastian Vettel tem procurado fazer sua parte, mas quando parece que pode recuperar, as coisas desandam - e na maior parte das vezes por conta da sua ânsia em resolver os problemas no ato. A discussão ainda será longa se o modo que ele atacou Verstappen na curva Spoon foi a correta ou não, mas na verdade o piloto que está numa batalha contra Max tem que colocar todas as possibilidades em jogo e tomar máximo cuidado. Vettel arriscou um ataque e viu a porta fechar-se a colisão acontecer, num momento que o piloto alemão vinha de boa recuperação e poderia, quem sabe, chegar até o segundo posto. Recuperou-se até o sexto posto, o limite que conseguiu para tentar diminuir um estrago que poderia ter sido ainda pior e quase irreversível.
Do outro lado as coisas tem ido de vento em popa. Se a Mercedes parecia combalida após Spa, as melhorias na parte da tração e atualizações para a prova da Rússia, os devolveram um desempenho bem satisfatório. Mas temos que dizer, também, que a colocação do segundo sensor no motor da Ferrari ajudou para que a mudança de forças acontecesse.
Com este cenário conspirando a seu favor, Hamilton tem feito seu trabalho de forma perfeita e tranquila e em Suzuka não foi diferente, conseguindo mais uma vitória e desta vez com maior tranquilidade. Ampliou ainda mais a vantagem, passando dos cinquenta para os 67 pontos, ficando a oito para a conquista do seu quinto título que pode ser conquistado já em Austin.
Faltando quatro etapas para o fim, apenas um milagre gigantesco é que pode fazer o jogo virar a favor de Vettel e Ferrari. Mas pelo andar da carruagem, deve ser Hamilton e Mercedes que estarão sorrindo em Austin. Ou no mais tardar, na Cidade do México.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

GP da Rússia - Ordens são ordens, mas...


Sabemos que existem as reuniões pré-corridas e nelas é que são traçadas todas as estratégias. Mas talvez algumas coisas mudem de direção conforme o andamento da corrida e aí que se instala as grandes polêmicas.
Olhando dessa forma, será difícil entender o real fato que levou a Mercedes a fazer o jogo de equipe em Sóchi, alijando Bottas de uma possível vitória para que Hamilton pudesse chegar a mais uma conquista. A verdade é que o modo que foi feito é que gerou toda indignação, assim como acontecera no episódio de Spielberg em 2002 entre Barrichello e Schumacher. Não foi o melhor momento da temporada, principalmente de uma equipe que foi elogiadíssima em 2017 quando inverteram as posições de Hamilton e Bottas quando o primeiro não conseguiu chegar nas Ferrari no GP da Hungria. Porém, desta vez, ficou o julgamento pelo momento em que esta atitude foi tomada, uma vez que Lewis estava com quarenta pontos de vantagem sobre Vettel e naquele momento ele estava terceiro (virtualmente segundo, já que Verstappen era líder e teria que parar logo mais para a sua troca de pneus). Com o segundo lugar ele iria para 43 pontos de vantagem sobre o piloto alemão. Com a vitória, subiu esta vantagem para cinquenta. Muito se falará (como já falaram) sobre a postura de Hamilton - assim como a do Schumacher na Áustria - em não ter abrido mão da vitória. Mas pilotos que estão nessa luta pelo título, por mais que se encontrem nessa situação do "entre a espada e a cruz", vão optar por vencer. Foi a vitória de número 70 de Lewis e sem dúvida a mais controversa.
Mas, o que levaria a Mercedes a tomar tal iniciativa justamente agora que parece ter resolvido alguns problemas em seu carro, recuperando o terreno que perdera para a Ferrari desde a prova de Baku? Por mais que o clima tenha sido bem ruim, podemos deduzir que a equipe não esteja tão segura para estas derradeiras etapas. Talvez tenham tomado como exemplo Fernando Alonso em 2012, quando abandonou duas provas por conta de acidentes e viu a sua diferença de quase 40 pontos virar fumaça e ter que lutar contra uma Red Bull de... Vettel que estava em grande crescente na ocasião. Ou até mesmo as famigeradas trocas de componentes, que pode jogar Lewis para o fundo do grid e fazê-lo correr certos riscos para escalar o pelotão. A verdade é que são várias hipóteses que possam ter levado Toto Wolff a fazer a tal cena, privando Bottas da sua primeira vitória no ano e jogando a equipe na boca dos leões.
Apesar das pessoas não gostarem dos jogos de equipe, infelizmente isso faz parte do campeonato e nesta altura é totalmente compreensível, por mais que haja ressalvas como este caso em Sóchi.
Caberá a Mercedes, Ferrari e qualquer outra equipe que venha a usar deste artifício, um modo mais sutil de fazê-lo para que não haja momentos constrangedores como o de ontem.


A corrida em si foi mediana. Mas tivemos a grande atuação de Max Verstappen - que reconheceu a facilidade em escalar o pelotão por conta do melhor carro - e liderar parte da prova com um ritmo muito bom. Quem sabe o que poderia ter feito se tivesse largado mais a frente.
Antes da polêmica manobra, tivemos um duelo fabuloso entre Lewis e Sebastian pela então terceira colocação, com o inglês consertando o erro de cálculo da Mercedes - que o deixou mais tempo na pista e perdendo a posição para Vettel quando retornava do pit-stop. A defesa de Vettel foi no limite, mas limpa - apesar de que qualquer manobra em falso poderia ter causado grande acidente no final da grande reta dos boxes. O ataque de Lewis no trecho seguinte foi uma das grandes manobras da corrida e da temporada, para a obtenção do terceiro lugar. Ficou bem claro nesta prova em principalmente em duas situações - largada e disputa da terceira colocação - o quanto que a Mercedes melhorou seu ritmo de prova, conseguindo suplantar a Ferrari desde os treinos.
As respostas virão daqui poucos dias, já que a etapa de Suzuka será no próximo final de semana.

domingo, 16 de setembro de 2018

GP de Singapura - Um outro blefe?




Interessante como as coisas mudaram num piscar de olhos neste primeiro terço desta segunda parte do mundial, considerando a volta da categoria após o recesso: quando a Ferrari deu uma lavada na Mercedes em Spa, era quase unânime que os italianos estavam levemente acima dos alemães ou até mesmo, praticamente um passo a frente. A estréia do novo motor - que fora testado por Haas e Sauber em etapas anteriores - deu um resultado animador e isso foi posto como a peça principal para superar de vez os prateados. O que ninguém imaginava, a ponto de ser algo impressionante, foi a o ritmo da Mercedes em Monza e agora em Marina Bay. Principalmente nesta última, onde a Mercedes tem tido a sua vantagem bem reduzida nos últimos anos, a ponto de tomar uma sova da Ferrari em 2015. Mas desta vez, as coisas andaram bem para eles.
A pole de Hamilton foi brilhante e isso já deu um tom diferente do que poderia ser a prova de domingo. Enquanto seu rival brilhava, Vettel e Ferrari não se encontraram no Q3 e ainda teriam que lidar com um impressionante Verstappen, que também foi perfeito em sua volta e colocou a Red Bull em segundo.
Apesar dos temores de uma largada igual a de 2017, as coisas correram normalmente - menos para o pobre Ocon que levou uma espremida de Perez e viu sua prova terminar na terceira curva. A entrada do SC para a remoção dos detritos deste incidente, foi logo após Vettel superar Verstappen e se colocar numa situação um pouco mais confortável. Agora seria ele e Hamilton.
Mas o que vimos após a saída do SC foi uma procissão muito bem organizada por Lewis, que sempre manteve uma diferença apertada para Vettel - variando entre oito décimos a um segundo e dois décimos. Porém as coisas mudariam quando o inglês bateu o martelo e passou a cravar voltas melhores, subindo a vantagem para dois segundos e meio. Foi o momento que a Ferrari, tentando algo para pegar a Mercedes em outra situação, se perdeu: chamou Vettel para os boxes - trocando os hypersoft pelos ultrasoft - e quando o alemão voltou, perdeu algumas voltas atrás de Perez até encontrar pelo caminho... Max Verstappen, que havia trocado seus pneus hyper pelos soft. Apesar do breve duelo, com o holandês levando a melhor, a verdade é que o desempenho de Sebastian caiu consideravelmente e não mais atacou Max. Para piorar, a estratégia que sugeria mais uma parada acabou nem sendo adotada, pois caso fizessem poderia jogá-lo para sexto. Acabou tendo que se equilibrar nos pneus supersoft pelas 45 - e longas - voltas para garantir o terceiro lugar.
Enquanto isso, na frente, Hamilton pôde trabalhar tranquilamente para fazer a sua corrida sem nenhum desespero. Por mais que tenha passado por um momento tenso, quando estava dobrando Grosjean e Sirotkin, numa situação onde o russo estava bloqueando a todos, a diferença de cinco segundos de Lewis para Max despencou de cinco para um segundo, o que deixou no ar a possibilidade de Verstappen ameaçar a liderança do inglês. Mas assim que tensão passou, as coisas se reestabeleceram e Hamilton voltou abrir diferença para o holandês.
A verdade é que os possíveis prejuízos que Hamilton e Mercedes poderiam ter nestas três etapas, foram impressionantemente minimizadas com duas atuações brilhantes. Não apenas de Hamilton - que tem se mostrado brilhante desde 2017 -, mas também pela equipe, que tem feito um trabalho primoroso para lutar contra uma melhor performance que o carro da Ferrari vinha apresentando.
Mas não pode-se negar que as duas últimas performances da Mercedes foram bem melhores, dando a entender que podem ter achado alguma solução para enfrentar a Ferrari.
Por outro lado, a Ferrari, que havia saído tão forte de Spa e tomou duas trombadas em Monza e Marina Bay, parece ter sentido o golpe. A estratégia de hoje pode ter mostrado o quanto que estão perdidos. E na tendência que o campeonato se afunila, estes erros estratégicos, tomado no calor da emoção, pode ainda mais enterrar as já remotas chances de título.
As últimas seis etapas reservará um carrossel de emoções. Ou apenas a confirmação do brilhantismo de Hamilton e Mercedes.

domingo, 2 de setembro de 2018

GP da Itália: Uma improvável doce vitória




Havia muita expectativa de como seria o comportamento da Ferrari em Monza após a sova que aplicaram na Mercedes semana passada em Spa. Se na pista belga as coisas tinham sido praticamente perfeitas, com um ritmo pra lá de satisfatório, com uma vitória relativamente tranquila de Vettel, era de se esperar que na veloz Monza, sob os olhos críticos e apaixonantes de sua torcida e imprensa, a Ferrari repetisse com ainda contundência o que foi visto dias atrás na Bélgica. Talvez apostassem quantos segundos chegariam na frente da primeira Mercedes. O otimismo era grande. Mas havia a Mercedes e Hamilton para tentarem virar um improvável cenário que já estava bem desenhado após Spa. E a estória foi incrivelmente fabulosa em Monza.
Os treinos livres nos sugeriram que as coisas não seriam tão fáceis e o treino classificatório corroborou isso, ao nos brindar com uma qualificação eletrizante entre os dois Ferrari e a Mercedes de Lewis. Kimi Raikkonen foi o homem daquele sábado ao cravar a pole e também a volta mais veloz da história da categoria, ao fazer a média de 263km/h contra os 262km/h de Juan Pablo Montoya estabelecido em 2002 lá mesmo em Monza. Vettel e Hamilton - estes dois separados por míseros 14 milésimos - apareciam com apenas um décimo de desvantagem. Ora, as coisas pintavam para uma corrida imprevisível...
A largada das Ferrari foi muito bem feita, conseguindo bloquear alguma ação de Lewis, porém as coisas mudariam de figura mais adiante: após um quase toque já na primeira curva com Hamilton, Vettel partiu com tudo para tentar tomar de Kimi a liderança, porém esqueceu-se de Lewis que aproveitou a brecha deixada pelo lado de fora para mergulhar e emparelhar com Sebastian e nisso o toque entre os dois candidatos ao pentacampeonato foi determinante para o andamento da prova, onde Vettel rodou e despencou para último. A sua sorte é que o SC foi acionado para que pudessem resgatar  o Toro Rosso de Hartley que ficou parado após um incidente na largada. Apesar de Vettel ter dito que Lewis não deixou espaço suficiente naquela manobra, a verdade é que o próprio Sebastian é que desequilibrou o Ferrari ao subir na zebra e acabou encostando no Mercedes do inglês, vindo a rodar na variante Della Roggia.  Mais um erro para a conta do piloto alemão. Raikkonen e Hamilton chegaram trocar de posições após da saída do SC, mas o finlandês conseguiu recuperar e sustentar-se bem na primeira posição.
O mais interessante é que após a lavada da Ferrari sobre a Mercedes em Spa, tinham quase certeza - inclusive este que vos escreve - que os italianos deitariam e rolariam com certa tranquilidade em solo "monziano". Porém o cenário foi muito diferente: um Lewis Hamilton extremamente veloz não deixava Raikkonen se distanciar, tanto a que a maior diferença deles antes da parada de box chegou a ser de 1.1 segundos. E essa distância foi importante para quando as ações nos boxes começaram. E daí entrou a velha tática da Mercedes em preparar tudo para uma possível entrada de seus pilotos, esperando a Ferrari morder a isca. E dessa vez as coisas saíram como planejado: com tudo armado por conta dos rivais, a Ferrari chamou Raikkonen e deixou o caminho aberto para Lewis fazer o seu famoso "Hammer Time" e cravar voltas bem velozes. Porém o risco de chuva passava a ser considerado e talvez por isso a equipe alemã não tenha chamado Hamilton para a troca de pneus, esperando para ver qual era a da chuva. Uma vez que não foi confirmado, Hamilton foi aos boxes e voltou em terceiro com quatro segundos de atraso para Raikkonen que agora teria que tentar ultrapassar Bottas - este fez mais uma vez um belo trabalho como escudeiro e antes que as pessoas reclamem veementemente, este é o momento correto para tal coisa. Porém Kimi não ameaçou Valtteri e viu a sua distância para Hamilton cair em poucas voltas. Agora sem o seu conterrâneo na dianteira - Bottas fora aos boxes - ele teria que fazer mágica para segurar Lewis. Os pneus de Kimi já estavam para lá de desgastados e apenas um grande milagre poderia ajudá-lo numa futura batalha contra o inglês. Mas isso não foi possível, e algumas voltas mais tarde ele seria ultrapassado por Hamilton na freada para a primeira chicane. Lewis apenas aumentou a diferença e caminhou para uma sensacional vitória.
Vettel conseguiu recuperar-se bem, ao terminar em quinto - mas herdaria a posição de Verstappen, uma vez que este levara cinco segundos de reprimenda após um toque com Bottas na freada da primeira chicane. Sebastian teve uma derrota amarguíssima em seu território.
Além dos 25 pontos conquistados em Monza, ficou também a grande performance imposta por Hamilton numa situação que parecia já perdida após a prova de Spa.
É bem provável que havia quase uma unanimidade sobre a vitória da Ferrari em Monza, mas a virada de jogo da Mercedes com esta prova que beirou a perfeição, foi um balde de água gelada na euforia italiana. 

domingo, 26 de agosto de 2018

GP da Bélgica - Morno, mas importante


Dias atrás escrevi o quanto que esta sequência de provas era importante para o andamento do Mundial. Os resultados nesta trinca de corridas Spa-Monza-Cingapura podem decidir de vez os rumos para os dois principais contendores, e hoje Vettel deu o primeiro passo para tentar uma arrancada rumo ao primeiro lugar.
O mais interessante nesse GP belga - que foi bem morno, diga-se - é a brutal diferença entre os motores: Vettel passou por Hamilton após a largada com imensa facilidade, sem tomar nenhum conhecimento. Para aqueles que tem boa memória, no GP do ano passado Vettel tentou várias vezes ultrapassar Hamilton e o máximo que conseguiu foi emparelhar com o inglês em uma das relargadas. Hoje o panorama foi totalmente a favor da Ferrari de Vettel, que fez uma ultrapassagem tranquila sobre Lewis e administrou a vantagem de três segundos até a parada de ambos nos Boxes. A Ferrari foi esperta em chamar Vettel logo em seguida a parada de Hamilton - que ganhara um segundo e meio sobre o alemão - e isso anulou um possível undercut de Lewis sobre Sebastian. Daí em diante a o alemão teve apenas o trabalho em administrar bem a vantagem e aumentá-la, principalmente após adoção de economizar combustível e motor por parte de Lewis.
A impressão que ficou é extremamente clara após esta corrida - coisa que já sabíamos de cór: a Ferrari tem o melhor conjunto da atualidade, e o motor é a peça principal - ainda que o assoalho do carro italiano seja uma peça extremamente intrigante e eficiente. Mas o que me deixa impressionado é a tranquilidade da Mercedes frente a isso. Não que tenham aceitado a condição de segunda força, mas talvez o fato de estarem bem nos dois mundiais, dão a eles uma chance de trabalhar com tranquilidade para dar a Hamilton um carro melhor nesta reta final. Mas o problemas de desgaste dos pneus são a grande pedra no sapato, sem dúvida.
Em Monza a batalha continuará e é bem provável que após esta sensacional conquista de Vettel na Bélgica, deixe os tiffosi extremamente confiantes.
E claro, a Ferrari também.

sábado, 18 de agosto de 2018

Foto 695: Duelo



Quando a Fórmula 1 retomar suas atividades em Spa-Francorchamps, os claramente todas as atenções estarão voltadas para a batalha Hamilton/ Vettel. Apesar da vantagem de 24 pontos dar uma margem de conforto ao inglês, é o piloto alemão quem tem o melhor conjunto até aqui. Mas olhemos com atenção para as próximas três corridas, que podem dar uma idéia de como as coisas podem estar para a sua derradeiras etapas deste campeonato cheio de nuances.
Sabemos que nos últimos anos as provas de Spa e Monza tem sido a casa predileta para a Mercedes desfilar sua imponência. Descontando 2014, quando Rosberg e Hamilton deixaram caminho livre para Ricciardo levar a vitória, a prova teve total domínio dos prateados na pista belga e no lendário circuito italiano, as coisas não foram diferentes. Mas ano passado, excetuando Monza, onde as duas Mercedes deitaram e rolaram, foi em Spa que tivemos um embate interessantíssimo entre Hamilton e Vettel, onde o inglês fez uma das suas melhores corridas ao aguentar a pressão de Sebastian em variadas situações. Isso serviu para víssemos que o carro italiano estava em grande forma. Saindo destas pistas velozes e indo para a já decana Singapura, a Mercedes nunca teve desempenhos convincentes. Talvez a sua maior derrota tenha sido em 2015, quando chegaram levar mais de um segundo de vantagem da Ferrari por um bom número de voltas. A conquista do ano passado era improvável, mas ajuda do múltiplo acidente que eliminou as duas Ferraris e mais a Red Bull de Max Verstappen, deram um bom empurrão para que Lewis conquistasse um corrida que não deveria ser dele. E melhor: a chuva ajudou bastante para amenizar o alto desgaste de pneus do carro prateado, fazendo com que Lewis pudesse usar integralmente o conjunto do Mercedes explorando ao máximo. Portanto, essas provas podem ser a chave para a conquista de ambos os lados? É bem provável.
A Ferrari tem o melhor conjunto do momento, se não numa condição muito a frente, ao menos de forma ligeira que dá a Vettel e Raikkonen condições de brigar pela vitória. Portanto, uma conquista tripla de Vettel nestes três GPs dará a ele uma dose de ânimo para se reabilitar e deixar de vez as marcas que o seus erros causaram até aqui para trás. E enfrentar Sebastian embalado não é nada fácil.
Já para a Mercedes é um momento propício para tentar reagir. Sabemos que seus problemas com os pneus não serão resolvidos para já, mas talvez um novo upgrade no motor - que deve acontecer para estas próximas etapas - podem fazer a diferença contra uma forte Ferrari - ainda mais em Monza. Hamilton conquistar as duas próximas corridas, o deixaria mais tranquilo para as dificuldades que deverão enfrentar em Marina Bay. Portanto, o embate nos dois circuitos mais legais do calendário é algo bem provável e daí que podemos presenciar os rumos que os dois contendores devem ter para a busca do pentacampeonato.
Por mais que seus erros tenham traduzido uma perca considerável de pontos, que talvez o colocassem na liderança do Mundial, e até com certa folga, essa é uma oportunidade ouro para Vettel calar os críticos e voltar ao comando do Mundial. Mas Hamilton confiará ao máximo na sua assombrosa regularidade que tem feito a diferença para ele até aqui e claro, esperando um avanço da Mercedes que o deixará ainda mais próximo de Vettel.
A verdade é que por mais que as corridas possam ser menos emocionantes, são as breves nuances nelas que tem tornado o mundial imprevisível até aqui.
E assim será até o final do ano, em Abu-Dhabi.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

GP da China: O pulo do Touro

Se pudéssemos classificar a prova da China, seria em três fases:

1a - O domínio amplo da Ferrari com os pneus macios sobre a Mercedes é imenso, a ponto de deixar os prateados totalmente perdidos.
Mesmo com a diferença oscilando entre 2,5 a 3,5 segundos, ficava claro que Vettel podia dar a resposta a hora que quisesse, principalmente por saber que o carro de trás terá problemas para atacar o da frente por conta da turbulência. Aliás, Mercedes sofre com isso há anos, mesmo quando o apoio aerodinâmico não era tão forte (2014-2016). Esta primeira parte do GP chinês foi bem morno, tendo apenas duelos intensos nas posições intermediárias (a zona da briga de foice), onde Alonso andou desafiando os carros da Haas. Na dianteira viu-se uma procissão, sem que ninguém atacasse ninguém.

2a - Após a únicas paradas de box dos dianteiros, a perca da liderança de Vettel para Bottas nos mostrou um cenário bem interessante, com o finlandês conseguindo andar no mesmo ritmo de Sebastian, mas agora ambos usando o mesmo composto (médio), e dando a Mercedes uma chance de vencer. Mesmo com a Ferrari deixando Raikkonen mais tempo na pista e ele dando uma pequena ajuda para que Vettel chegasse em Bottas, antes que fosse para os Boxes, as coisas não pareciam tão fáceis e o alemão precisaria de ir para a batalha na pista para retomar a dianteira. Lewis, também calçado com os médios, começava achar uma melhor performance. Neste momento a prova ganhava uma nova situação, onde as voltas finais poderiam reservar bons duelos.

3a - Essa parte foi a virada: o enrosco das duas Toro Rosso - com Gasly tocando em Hartley, fazendo-a rodar - forçou a entrada do Safety Car para que o gancho pós reta oposta fosse limpo. Neste momento os dois Red Bull foram ao box para se livrarem dos médios e calçar os macios, o que dava a eles a chance de atacar as Ferrari e Mercedes.
Foi o momento que apareceu a genialidade de Ricciardo, ao escalar o pelotão com agressividade e ultrapassagens bem calculadas. Max também trilhava um caminho bem interessante e que poderia ter lhe rendido uma vitória, caso não batesse em Vettel no hairpin. A mudança de rumos definiram um desfecho que era bem pouco provável até minutos antes do incidente dos dois Toro Rosso.

Este GP chinês deu mais uma prova do que é feito Daniel Ricciardo. Das suas seis vitórias na categoria, ao menos quatro delas foram em situações onde a corrida parecia resolvida e onde entra num momento de "acomodamento" dos demais. Ele sabe explorar bem este momento, atacando de forma impiedosa os adversários ao extrair o máximo de seu equipamento. E olha que passou perto de quase largar do fundo do grid após a sua quebra de motor no terceiro treino livre. O trabalho hercúleo dos mecânicos em reaver o motor e entregar o australiano para o classificatório, foi recompensado com a vitória dele.
E sem dúvida, a sua ultrapassagem sobre Bottas já é um dos grandes momentos do ano.


Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...