Com toda a divulgação em torno da corrida de número 1000 da
Fórmula-1 e mais a esperança de um possível duelo entre Ferrari e Mercedes,
esse era o GP que mais despertava uma expectativa de como poderia ser aquela
prova centenária. Porém o mau entendimento da Ferrari com seu carro – mais uma
vez – deitou por terra essa possiblidade de tentar dar a este GP um espetáculo
melhor. Enquanto que a Ferrari estava atordoada em tentar achar o ritmo –
revivendo um fim de semana bem parecido com aquele de Melbourne –, a Mercedes
desfilava a sua finesse e competência sem ter quem os ameaçasse. Pior que após
este GP chinês as impressões de que o time alemão estava – mais uma vez –
escondendo o jogo nos testes de pré-temporada, parece ainda mais evidente.
A Mercedes já demonstrava forças no segundo treino livre,
quando Bottas suplantou Vettel na casa dos milésimos. No terceiro treino livre
foi onde os carros alemães, especialmente com Valtteri, deram o verdadeiro tom
do que podiam fazer no qualy de logo mais ao ver o finlandês cravar a melhor
marca com mais de três décimos de vantagem sobre Vettel. Na classificação
Bottas repetiu a performance ao cravar a pole, com 27 milésimos de avanço sobre
Hamilton e três décimos sobre Vettel. Uma possível reação repousava na corrida.
A largada foi um verdadeiro bloqueio dos Mercedes sobre os
Ferrari, sem dar nenhuma chance de reação para o duo ferrarista. Daí em diante não
houve nenhuma aproximação por conta da Ferrari para com a Mercedes, com a
diferença chegando a ficar na casa dos oito segundos de atraso de Vettel para
Bottas e de doze para Hamilton que liderava com folga. O máximo que Sebastian
conseguiu se aproximar da Mercedes foi perto do fim da prova, quando Bottas levou certo atraso para superar
Leclerc na luta pela segunda posição.
O GP chinês não foi dos melhores. Insosso desde o inicio,
com os carros bem espaçados, as chances de duelos se esvaíram. Apenas a tensão
nas discussões entre os pilotos da Ferrari com o time é que deram um tom
diferente e claro, causaram a polêmica do dia ao pedirem para que Charles
Leclerc desse passagem para Sebastian Vettel que estaria mais veloz. A verdade
é que a vantagem de Charles para Vettel e depois do alemão para o monegasco
após a inversão de posições, não deram nenhuma diferença no que a Ferrari
pretendia que era tentar alcançar Bottas. A polemica aumentou quando Sebastian
foi chamado ao box após a parada de Verstappen – que passava a ser uma ameaça –
e Charles ficando na pista por mais voltas. Isso relegou o jovem piloto ao
quinto posto quando parou após três voltas, com um atraso de 16 segundos para
Vettel e doze para Max. Charles acabaria em quinto, mas as suas reclamações
ainda em pista mostra o quanto que a Ferrari terá que trabalhar essa situação.
Vagamente, lembrou a primeira rusga entre Hamilton e Alonso na Mclaren em 2007
na altura do GP de Mônaco, onde a equipe barrou um possível ataque de Lewis
sobre Fernando.
Alheio a tudo isso, a Mercedes fez uma grande prova ao
dominar amplamente as ações com Hamilton e Bottas e ainda, mostrando grande
trabalho da equipe box, chamou os dois carros para fazer a derradeira troca de
pneus e rechaçar qualquer chance de reação de Vettel – que parara voltas antes.
Lewis conseguiu recuperar-se de um final de semana que parecia complicado ao
não achar o acerto ideal nos treinos e ter melhorado na classificação, onde
conseguiu se aproximar de Bottas. O piloto inglês soube se aproveitar bem da
ótima largada que realizara para construir uma vantagem cômoda para a sua
vitória. Para a Mercedes foi a terceira dobradinha nas três corridas iniciais,
igualando a marca da Williams de 1992.
Baku será mais uma oportunidade para vermos se a Ferrari
reagirá ou se a Mercedes continuará com o seu passeio dominical.
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