O
início de uma carreira longeva: um jovem Ricardo Patrese em ação no GP de
Mônaco de 1977, duelando com Jacky Ickx (Foto: Motorsport Images) |
Não deve ser muito confortável você dormir numa Fórmula-2 e acordar já na Fórmula-1, disputando um espaço no já apertado circuito de Monte Carlo. Para Ricardo Patrese, um então aspirante a categoria, foi mais ou menos dessa forma em maio de 1977.
Ricardo já era um dos melhores da F2 em 1977 e suas
prestações na categoria já eram bem vistas. A sua pole position em Nurburgring foi
um belo cartão de visitas principalmente para nomes como o de Clay Regazzoni,
Hans Stuck e Jochen Mass que estavam presentes na prova, ainda mais para Clay
que era o detentor do – eterno recorde – da F1 no colossal Nordschleife estabelecido
em 1976. A marca de 7’15 de Patrese claramente não chegava nem perto do que foi
feito por Regga em 76 com a Ferrari – 6’55 – mas só fato de bater o dono da
grande marca naquele circuito já deixava o italiano extremamente contente –
fora os olhares mais aguçados que vira o que aquele jovem italiano fizera. E
Alan Rees, então manager da Shadow, foi um dos que acabaram abordando Ricardo.
O ano de 1977 não tinha começado bem para a Shadow: o
pavoroso acidente que tirou a vida de Tom Pryce em Kyalami, deixou a equipe sem
um piloto de classe e Renzo Zorzi – que assistira
toda cena do horripilante acidente – não agradava a cúpula da equipe e viria a
ser sacado do team após o GP espanhol. Alan Jones já estava em posse do Shadow
que pertencera a Pryce desde o GP dos EUA do Oeste (Long Beach), enquanto que
Zorzi ainda correu nos GPs dos EUA e Espanha. Rees conversou com Patrese no final
de semana da prova de Vallelunga de F2 (15 de maio) e no dia seguinte já estava
em Paul Ricard para experimentar o DN8.
Ricardo falou sobre a sua primeira experiência num F1, apesar
da pista úmida pela manhã e seca a tarde: “Foi na
segunda-feira antes do Grande Prêmio (Mônaco) e as minhas primeiras voltas foram
dadas em condições de umidade porque tinha chovido durante a noite. Ter um carro com 500bhp em
comparação com o meu carro F2 que tinha 300bhp foi uma grande diferença e
naqueles dias o carro de F1 não tinha aerodinâmica eficiente. Para mim, testar o Shadow, 500bhp sem
downforce, foi realmente uma grande diferença. Para mim foi um verdadeiro desafio, mas gostei. Foi minha primeira vez em um carro de F1 que
eu realmente só tive a segunda-feira à tarde em condições secas e não corri
muitas voltas.”
Patrese não teve muito tempo para poder se adaptar ao Shadow como
gostaria e já quinta-feira estava novamente ao volante do DN8 nos treinos
livres para o GP de Mônaco. “Minha segunda vez no carro foi na prática
oficial do GP de Mônaco. Claro que os dois circuitos eram muito diferentes e eu estava em uma
situação muito nova. Foi difícil, especialmente nas primeiras voltas, já
que eu tive que achar meu ritmo pelo circuito enquanto os outros estavam indo
rapidamente. Eu tive cerca de 10 voltas para aprender tudo.” recordou Patrese.
Numa qualificação,
onde 26 carros lutavam por apenas 20 lugares, Patrese conseguiu se colocar em
15º num desempenho que julgou ter sido muito bem, frente a concorrência dos que
ficaram de fora.
A corrida foi
discreta: apesar dos problemas com a asa dianteira, que foi danificada logo no
inicio, Ricardo esteve em grande disputa contra Jacky Ickx (Ensign) e ao final
acabaria por superar o veterano belga para terminar em nono, com uma volta de
atraso para o vencedor Jody Scheckter (Wolf).
Ricardo Patrese
disputou o restante da temporada de 1977 pela Shadow, não comparecendo apenas
nos GPs da Suécia, Áustria (que marcaria a única vitória do team na F1 com Alan
Jones) e EUA (Watkins Glen). Ricardo veio marcar seu primeiro ponto com o sexto
lugar no GP do Japão.
Hoje Ricardo
Patrese completa 65 anos.
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