A julgar pelo ritmo apresentado durante as 56 voltas do GP
chinês, dificilmente alguém seria páreo para Fernando Alonso naquela rara tarde
de sol em Xangai. Após
uma classificação onde Lewis Hamilton ditou o ritmo e Kimi Raikkonen mostrou
mais uma vez a força da Lotus ao colocá-la na primeira fila, era difícil prever
se a Ferrari teria ritmo para brigar, principalmente, com a Mercedes de
Hamilton. Mas a má largada de Kimi e o ataque maciço do duo ferrarista na
abertura da terceira volta, ao ultrapassar Lewis na reta de largada, facilitou
a vida de Alonso que teve apenas o trabalho de construir uma vantagem que lhe
deu o conforto de fazer os pit-stops e voltar na frente ou próximo dos seus
rivais diretos.
As câmeras on-board e as externas mostraram o quanto que a
pista chinesa é porosa. Devido ao tempo fechado dos últimos anos, ora por
poluição, ora por causa da chuva, isso ficou camuflado e pouco podíamos ver o
quanto que ela é abrasiva. Com a Pirelli levando seus pneus macios e médios, as
equipes tiveram um quebra cabeça infindável neste fim de semana e que por
incrível que pareça, foi dominada amplamente por um carro que tinha sérios
problemas de desgaste de pneus nos últimos anos. A Ferrari parece ter resolvido
esta questão, pois até o ano passado este era o grande calcanhar de Aquiles da
equipe vermelha. Se eles acertassem o carro para andar bem com um tipo de
pneus, quando o outro fosse usado certamente o ritmo de corrida seria
prejudicado. Ontem Alonso não demonstrou nenhum tipo de dificuldade com isso,
tanto que quando seus pneus médios já deveriam estar na lona, ele conseguia
manter um bom passo frente aos demais.
Na sua luta por um lugar no pódio, Vettel parecia ter condições de tirar de
Fernando a chance de ganhar a corrida quando fez a sua parada na volta 34. Ele
alcançara Raikkonen e Lewis rapidamente na luta pela 2ª e 3ª posições e seus
tempos de volta eram muito bons e sua desvantagem para Alonso era de 23
segundos. Mas após seis voltas e depois de ter superado seus dois rivais,
Sebastian se encontrava com 19 segundos de desvantagem e essa diferença ficou
oscilando nessa casa até que Alonso parou nos boxes em torno da volta 40-43 e
voltou em segundo, bem próximo de Vettel. Uma volta foi o suficiente para o
espanhol passá-lo e abrir larga vantagem. Para Sebastian ainda restava a chance
de colocar os macios e fazer um curto stint no ritmo de classificação. Isso foi
possível faltando quatro voltas para o fim e ele descontou uma diferença de 7-8
segundos para Lewis em três voltas, virando tempos na marca de 1’36 – num
momento que os demais já viravam na casa de 1’39-1’40. Mas os dois erros na
entrada e contorno do curvão que antecede a reta oposta, o privou de passar
Hamilton na reta na última volta e conseguir o terceiro posto.
Devido a esta característica abrasiva, a corrida ficou
ligada ao consumo dos pneus e quem soube melhor administrá-los é que se saiu
bem. Fernando Alonso foi o vencedor, mas Button também brilhou neste quesito
que lhe é habitual. Com um carro nitidamente abaixo de Red Bull, Ferrari,
Mercedes e Lotus neste momento, o piloto inglês conseguiu retardar ao máximo as
sua paradas de boxes e livrou um honroso quinto lugar, sendo que chegou a ficar
em segundo em algumas ocasiões, e fez apenas duas paradas contra três dos
quatro primeiros. Com um carro em melhor condição, podia ter subido ao pódio.
Lewis, com a sua Mercedes, aparentava estar em grande para este GP quando
cravou uma pole com certa folga e o desempenho do seu carro com pneus médios
era satisfatório a ponto de ser indicado como favorito a uma vitória. Esse
desempenho não apareceu e Hamilton teve que contentar-se em brigar com Kimi
Raikkonen pela segunda posição. O piloto finlandês mostrou bom desempenho mais
uma vez, mas os danos de um incidente com Pérez num estágio da corrida, que por
pouco não resultou num grave acidente, o atrasaram bastante. E nem o Lotus, que
mostrou ser um carro bem econômico no trato com os pneus, não escapou de fazer
três paradas de box. Apesar de Mark Webber ter sido limado na primeira metade
da corrida, devido um pneu solto, a Red Bull sofreu com os desgastes dos pneus
no carro de Vettel. Largando com os médios e arriscar apenas duas paradas, essa
idéia foi para o ralo quando Sebastian parou na volta 14 para fazer a sua primeira
troca de pneus. O restante da corrida foi uma batalha intensa do tri-campeão
com os compostos para tentar conservá-los ao máximo. Ao que parece, este deve
ser o grande desafio dos rubro taurinos durante esta primeira parte do mundial:
tentar diminuir o alto desgaste dos pneus e dar a Sebastian a chance de lutar
pela pole, sem ter que sacrificar essa oportunidade como aconteceu na China.
A Ferrari apresentou uma melhora nos seus carros e, pelo
menos neste momento, parece ser o melhor carro do lote e isso pode se confirmar
na corrida da semana que vem, no explosivo GP do Bharein. Uma semana não parece
ser suficiente para que os concorrentes consigam correr atrás de evoluções para
que possa alcançar o time italiano. Mas isso pode muito bem ser apenas um acerto
feliz que Alonso conseguiu para esta etapa. A verdade mesmo é que a Pirelli
acena com a possibilidade de mudar a composição dos pneus para a corrida da
Espanha, a quinta etapa. E se a Ferrari conseguiu entender o “segredo da
borracha”, talvez desfrute muito pouco dela.
Resultado Final - Grande Prêmio da China - Circuito de Xangai - 56 Voltas - 3ª Etapa - 14/04/2013
1- Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1h36m26s945
2- Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - a 10s100
3- Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 12s300
4- Sebastian Vettel (ALE/RBR) - a 12s500
5- Jenson Button (ING/McLaren) - a 35s200
6- Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 40s800
7- Daniel Ricciardo (AUS/STR) - a 42s600
8- Paul di Resta (ESC/Force India) - a 51s000
9- Romain Grosjean (FRA/Lotus) - a 53s400
10- Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) - a 56s500
11- Sergio Perez (MEX/McLaren) - a 1m03s800
12- Jean-Eric Vergne (FRA/STR) - a 1m12s600
13- Pastor Maldonado (VEN/Williams) - a 1m33s800
14- Valtteri Bottas (FIN/Williams) - a 1m35s400
15- Jules Bianchi (FRA/Marussia) - a 1 volta
16- Charles Pic (FRA/Caterham) - a 1 volta
17- Max Chilton (ING/Marussia) - a 1 volta
18- Giedo van der Garde (HOL/Caterham) - a 2 voltaS
2- Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - a 10s100
3- Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 12s300
4- Sebastian Vettel (ALE/RBR) - a 12s500
5- Jenson Button (ING/McLaren) - a 35s200
6- Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 40s800
7- Daniel Ricciardo (AUS/STR) - a 42s600
8- Paul di Resta (ESC/Force India) - a 51s000
9- Romain Grosjean (FRA/Lotus) - a 53s400
10- Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) - a 56s500
11- Sergio Perez (MEX/McLaren) - a 1m03s800
12- Jean-Eric Vergne (FRA/STR) - a 1m12s600
13- Pastor Maldonado (VEN/Williams) - a 1m33s800
14- Valtteri Bottas (FIN/Williams) - a 1m35s400
15- Jules Bianchi (FRA/Marussia) - a 1 volta
16- Charles Pic (FRA/Caterham) - a 1 volta
17- Max Chilton (ING/Marussia) - a 1 volta
18- Giedo van der Garde (HOL/Caterham) - a 2 voltaS
Não completaram:
Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - na 22ª volta
Mark Webber (AUS/RBR) - na 16ª volta
Adrian Sutil (ALE/Force India) - na 6ª volta
Esteban Gutierrez (MEX/Sauber) - na 5ª volta
Volta mais rápida: Sebastian Vettel (ALE/RBR) - 1m36s808