segunda-feira, 17 de junho de 2013

Foto 213: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans – Parte 5

Os anos 70 foi a época que iniciou o domínio da Porsche em Sarthe, com a conquista de cinco vitórias naquele circuito e ampliação do recorde de conquistas de Jacky Ickx chegando a quatro vitórias, tornando desde já o piloto mais vitorioso daquela prova.
Mas após dois anos de domínio da Porsche, foi a vez dos franceses sorrirem com o tri-campeonato da Matra no triênio 1972/73 e 74, sempre com Henri Pescarolo ao volante dos belos e eficientes Matras MS670, MS670B e MS670C. Foi nesse período que Graham Hill fechou a Tríplice Coroa, ao vencer a edição de 1972 com Pescarolo, e tornar-se o único piloto a vencer as três corridas mais importantes do motorsport desde então: Grande Prêmio de Mônaco (por cinco vezes), 500 Milhas de Indianápolis (1966) e 24 Horas de Le Mans (1972). Outra vitória francesa que seria muito comemorada em Sarthe aconteceria quatro anos depois, com a conquista da Renault com seu protótipo Renault Alpine A442B em 1978.

1970 - Hans Herrmann - Richard Attwood - (Porsche 917K)

1971 - Helmut Marko - Gijs van Lennep - (Porsche 917)

1972 - Henri Pescarolo - Graham Hill - (Matra MS670)

1973 - Henri Pescarolo - Gérard Larrousse - (Matra MS670B)

1974 - Henri Pescarolo - Gérard Larrousse - (Matra MS670C)

1975 - Jacky Ickx - Derek Bell - (Mirage GR8)

1976 - Jacky Ickx - Gijs van Lennep - (Porsche 936)


1977 - Jacky Ickx - Hurley Haywood - Jürgen Barth - (Porsche 936)

1978 - Jean-Pierre Jaussaud - Didier Pironi - (Renault Alpine A442B)

1979 - Klaus Ludwig -Bill Whittington-Don Whittington - (Porsche 935 K3)

sábado, 15 de junho de 2013

Foto 212: Jose Froilán Gonzalez (1923-2013)


"Pepe" e suas vitórias em Silverstone
E o homem que levou a Ferrari ao seu primeiro triunfo no Campeonato Mundial de Fórmula-1, há 62 anos, deixou de viver hoje. José Froilán Gonzalez morreu aos 90 anos neste sábado, Argentina.  
O "Touro dos Pampas", apelido que foi lhe dado devido a sua robustez, correu por nove temporadas na F1 entre 1950-57 e depois em 1960. Estreou no GP de Mônaco de 1950 a bordo de Maserati 4CLT-50, largando em quarto e abandonando na primeira volta.
Estreou pela Ferrari em 1951 e no GP da Grã-Bretanha - disputado em Silverstone - daquele ano, levou a Scuderia a primeira vitória na F1. Ele conquistaria mais uma vitória na categoria, lá mesmo em Silverstone, em 1954 pilotando pela Ferrari ano que foi vice-campeão. E naquele ano ele conquistaria outra vitória significativa para ele a Ferrari, só que fora da Fórmula-1: Froilán Gonzalez dividia os louros da vitória com o francês Maurice Trintignant ao levar o Ferrari 375 à vitória nas 24 Horas de Le Mans, que foi, também, a segunda conquista da Rossa em Sarthe.

Gonzalez ainda correu o GP da Argentina de 1960, após três anos afastado da F1. Largou em 11º e terminou em 10º. Depois disso, abandonou de vez as competições em nível internacional.
E aqui fica o link de outras duas conquistas de José Froilan Gonzalez conquistadas na Argentina no ano de 1951, onde ele derrotou as temíveis Mercedes, Hermann Lang e Juan Manuel Fangio.

Foto 211: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans – Parte 4



A década de 60 foi dominada exclusivamente por duas fábricas: Ferrari e Ford ganharam todas as edições das 24 Horas de Le Mans daquele período, tornando-se num maiores duelos particulares da história do automobilismo devido, exclusivamente, pela não venda da Ferrari para a Ford na metade daquela década quando o “Comedattore” Enzo Ferrari destratou Henry Ford, que atravessara ao Atlântico para fechar a compra da Scuderia.
A sua vingança veio nas pistas com a criação de uma lenda, que foi feita exatamente para confrontar e vencer os carros italianos: o Ford GT 40 apareceu na edição de 1966 e logo de cara conseguiu uma trinca sobre os carros da Ferrari, com a vitória ficando com a dupla Chris Amon/ Bruce McLaren. Pelos três anos seguintes a Ford conquistaria a vitória em Sarthe. Para a Ferrari a sua hegemonia terminou em 1965, com a vitória ficando para Jochen Rindt/ Masten Gregory.
Os anos 60 marcaram o início do recorde de Jacky Ickx, a aparição de Henri Pescarolo e da alta competitividade da Porsche, que já era uma ameaça constante para Ferrari e Ford no final daquela década.

1960 - Olivier Gendebien - Paul Frère - (Ferrari TR60)

1961 - Olivier Gendebien - Phil Hill - (Ferrari TR61)

1962 - Olivier Gendebien - Phil Hill - (Ferrari 330 LM)

1963 - Ludovico Scarfiotti - Lorenzo Bandini - (Ferrari 250 P)

1964 - Jean Guichet - Nino Vaccarella - (Ferrari 275 P)

1965 - Jochen Rindt - Masten Gregory - (Ferrari 275 LM)

1966 - Bruce McLaren - Chris Amon - (Ford GT40 MK II)

1967 - Dan Gurney - A.J. Foyt - (Ford GT40 MK IV)

1968 - Pedro Rodríguez - Lucien Bianchi - (Ford GT40)

1969 - Jacky Ickx - Jackie Oliver - (Ford GT40)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Foto 210: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans – Parte 3



Devido a Segunda Guerra Mundial, muitas corridas e campeonatos deixaram de ser realizados por quase sete anos e até o final da década de 40, as competições automobilísticas tinham retomado as suas atividades.
As 24 Horas de Le Mans retornou em 1949, dez anos depois da sua última edição, e viu a lenda da Ferrari ser iniciada com a vitória da dupla Luigi Chinetti (a terceira dele em Le Mans) e Lord Seldson a bordo da Ferrari 166MM. A Ferrari seria a fábrica mais vitoriosa desta corrida pelos próximos vinte anos, período que conquistou dez vitórias em Sarthe. Esse recorde só seria batido pela Porsche em 1985.
Além da Ferrari, Jaguar e Mercedes também fizeram história nessa corrida com os seus duelos durante a primeira parte da década de 50. Em 1955 a maior tragédia do automobilismo moderno aconteceu por lá, com o voou da Mercedes de Levegh 300SL contra a multidão matando mais de 80 pessoas. Acidente que não somente forçou a retirada da Mercedes dessa prova, mas também das competições por inteiro.
De se destacar a resistência de ferro de Louis Rosier, que dividiu o volante de seu Talbot Lago com seu filho Jean-Louis Rosier que teve a oportunidade de pilotar o carro por apenas duas voltas... e Louis conduziu o carro pelas outras 254 voltas da edição de 1950.

1949 - Luigi Chinetti / Lord Seldson - (Ferrari 166 MM)

1950 - Louis Rosier - Jean-Louis Rosier - (Talbot Lago T26GS)

1951 - Peter Walker - Peter Whitehead - (Jaguar XK120C)

1952 - Hermann Lang - Fritz Reiss - (Mercedes 300SL)

1953 - Tony Rolt - Duncan Hamilton - (Jaguar C-Type)

1954 - José Froilán González - Maurice Trintignant - (Ferrari 375)

1955 - Mike Hawthorn - Ivor Bueb - (Jaguar D-Type)

1956 - Ron Flockhart - Ninian Sanderson - (Jaguar D-Type)

1957 - Ron Flockhart - Ivor Bueb - (Jaguar D-Type)
1958 - Olivier Gendebien - Phil Hill - (Ferrari 250 TR)
1959 - Carroll Shelby - Roy Salvadori - (Aston Martin DBR1)



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Relembrando Riccardo Paletti






Apesar de ter sido uma temporada altamente competitiva, contando com um recorde de 11 vencedores, aquele ano de 1982 para Fórmula-1 foi também um tanto traumático. Não bastasse a batalha ao extremo que a categoria vivia entre a FISA e a FOCA pelo comando, aquele campeonato custou a vida de dois pilotos: Gilles Villeneuve deixou um punhado de fãs órfãos da sua pilotagem espetacular ao morrer num estúpido acidente, no momento em que estava tentando andar mais rápido que seu companheiro de equipe Didier Pironi nos minutos finais do treino em Zolder. Foi um duro golpe para a categoria, Ferrari e para os que o admiravam. Enquanto que a falta de Gilles era sentida, outro piloto, jovem e que estava no seu começo de carreira, também teve a sua vida encerrada por um acidente um mês depois: Riccardo Paletti tinha 23 anos e estava feliz naquele momento por estar realizando seu sonho de correr na Fórmula-1, quando o seu Osella chocou-se na traseira do Ferrari de Pironi na largada do GP da Canadá.

Riccardo Paletti, que nasceu em 15 de junho de 1958, teve uma juventude muito ativa na área dos esportes: aos 13 anos foi campeão italiano de karatê na categoria júnior e mais tarde, quando praticava esqui alpino, chegou a seleção juvenil italiana deste esporte. Somente aos 19 anos é que optou pela sua grande paixão: o automobilismo.

Com o apoio de seu pai, Arietto Paletti, um empresário do ramo de construção e importação de produtos da Pioneer, ele entrou para a Fórmula Ford em 1978 e teve bom desempenho naquela temporada, ao liderar 18 voltas logo na sua corrida de estréia e obter dois segundos lugares e encerrar o campeonato em terceiro na classificação. Ao final daquele ano, ele debutaria na F3 italiana com um March Toyota e em 1979 faria o campeonato inteiro sem obter grande sucesso. Ele veio a fazer uma corrida de F2 durante aquele ano, mas não a completou por problemas. O caminho rumo à F1 estava sendo trilhado de forma rápida por ele.

Com a ajuda de seu pai, que manteve contatos com equipes de F2, o nome de Riccardo chegou aos ouvidos de Robin Herd, então projetista e um dos fundadores da March. Foi ele quem recomendou Paletti a Mike Earle, então dono da equipe Onyx na F2, dizendo-lhe que o piloto italiano estava interessando em uma vaga em alguma equipe daquela categoria. Com isso, Mike, que nunca havia ouvido falar em Riccardo, aceitou conversar com o jovem piloto. Earle relembra a conversa que teve com Paletti: “Um jovem pálido e de aparência frágil, entrou em meu escritório e, para meu horror não falava uma palavra de inglês, o que era ligeiramente melhor que o meu italiano, conseguimos resolver alguns detalhes e o colocamos para competir em algumas etapas no final de 1980. Então o levamos à Monza onde Riccardo se classificou bem no grid de largada e ocupou a segunda colocação por algum tempo.”

Com o contrato acertado, Paletti tratou de fazer uma boa pré-temporada ao testar intensivamente pela equipe Onyx no inverno de 1980-81. Isso lhe rendeu bons frutos quando estreou bem em Silverstone ao marcar a décima colocação no grid e ficar em segundo ao final desta, atrás apenas de Mike Thackwell. 

Apesar de ter feito um bom início de campeonato, ficando uma parte dele em segundo, junto de Stefan Johansson e apenas três pontos atrás de Thackwell, o restante da temporada foi de azares para ele e isso resultou numa queda na tabela de pontos terminando em décimo. Ao final daquele ano Paletti decidiu que queria entrar para a F1 já em 1982, e com isso ele contava estar junto da Onyx. Mas Earle foi contra desde o início: “No final de 1981, Paletti queria ir para a F1, mas nós não estávamos prontos, não tínhamos um carro. Fui contra e disse ao seu pai: ‘Melhor fazer outro ano de F2, ganhar e então ir para a F1’. Mas Riccardo era jovem, tinha somente 22 anos.” Riccardo tinha aquele ímpeto juvenil, normal para a idade, em decidir tudo no calor da emoção e da vontade. Portanto, ele acabou por assinar um contrato com a Osella para o ano de 1982, garantindo seu lugar por cerca de 1 Milhão de dólares. O que para Riccardo seria a realização de um sonho, Earle considerou “um desastre”.

Riccardo Paletti, então com 23 anos, agora era parte da F1. Correria por uma equipe pequena, italiana como ele: a Osella estava para iniciar sua terceira temporada na categoria. Tinha certa experiência em dar primeiras oportunidades para pilotos novatos. Foi assim com Eddie Cheever, Beppe Gabbiani, Miguel-Angel Guerra, Piercarlo Ghinzani e Giorgio Francia. Paletti teria a companhia do experiente Jean Pierre Jarier na equipe, que estava na Osella desde a metade de 1981. De certa forma, uma boa referência. Apesar de sua inexperiência na categoria, Paletti era profissional. Talvez tenha sido um dos primeiros a levar um preparador físico para as corridas. Este preparador cuidava da sua alimentação, estudava toda a reação do corpo franzino do piloto italiano ao colocar pequenos sensores que monitoravam sua pressão arterial e batimentos cardíacos. Apesar de ninguém ter dado importância, inicialmente, esta seria uma prática muito comum nos anos seguintes.

Paletti foi para a África do Sul, para tentar correr o seu primeiro GP. Esta corrida ficou conhecida, principalmente, pela famosa greve que os pilotos fizeram por causa da obrigatoriedade e da alta taxa cobrada pela FISA para fazer a Super-Licença, um modo que a entidade achou para barrar a entrada de pilotos amadores na categoria e também coibir a mudança de equipe no meio de uma temporada. Riccardo acabou por falhar em sua primeira tentativa de levar o FA1C #32 para grid: ele foi quase dois segundos mais lento e ficou de fora. Jarier largou em último, mas abandonou antes de completar a primeira volta.

Em Jacarepaguá Paletti passou pela Pré-classificação, mas uma roda solta por causa de uma falha na suspensão traseira, o deixou de fora mais uma vez. O FA1C era um belo carro, mas era uma grande porcaria. Frágil, principalmente na suspensão traseira que viria a trazer grandes dores de cabeça para a dupla da Osella nas corridas seguintes.

Na terceira etapa, em Long Beach, parecia que algo estava a melhorar: Jarier conseguiu um bom acerto e colocou-se entre os dez primeiros na classificação. Um resultado surpreendente, diga-se, mas Paletti, sem conhecer um centímetro sequer daquela pista citadina, foi horrorosos três segundos e meio mais lento e não se classificou. A prova seguinte era em San Marino. Algo animador, afinal ele conhecia o traçado.

Ímola assistiu mais um capítulo deprimente da luta FISA vs FOCA, onde apenas 14 carros de equipes que apoiavam a FISA alinharam e as demais, que estavam do lado da FOCA, boicotaram o GP devido à desclassificação de Piquet e Rosberg do GP do Brasil por causa do uso de tanques d’água como lastro, que eram esvaziados no decorrer da prova. Era uma boa chance de Riccardo tentar qualificar-se para a sua primeira corrida. Isso aconteceu e por mais que Enzo Osella tenha dito que aquele feito fora “heróico” tem que ser dito, também, que Paletti conhecia bem aquele traçado de visitas anteriores quando corria nas F2 e 3 italianas. Mas a sorte não estava a seu favor e no domingo: quando se preparava para a sua primeira largada, o Osella não consegue sair do lugar e Paletti perde um bom tempo. Quando conseguiu sair, já era tarde: o pelotão já estava alinhado e partiu para prova e Riccardo atravessou a linha de chegada com uma larga desvantagem para o 13º colocado. A sua prova duraria sete voltas, quando abandonou por problemas na suspensão traseira.

A maré de azar de Riccardo continuou em Zolder, quando ele não passou na pré-classificação. Foi naquele mesmo fim de semana que Gilles Villeneuve perdeu a vida ao tentar bater o seu desafeto Pironi no final da classificação do sábado. Um final de semana para ser esquecido, em todos os sentidos.

Detroit foi uma mistura de sentimentos para Riccardo. Ele havia feito um bom treino e levara o seu carro o grid de largada. Um bom resultado, sinal que estava acertando-se, mas a falta de sorte resolveu dar as caras novamente: ao fazer o warm-up pela manhã, um grave problema na suspensão traseira fez com que Paletti perdesse uma das rodas. Voltou aos boxes, e os mecânicos trabalhavam a toda para que ele pudesse utilizar aquele carro ainda na corrida e caso não conseguisse, o reserva estava pronto. O problema é que o carro titular de Jarier acabou por ter o extintor explodido naquela sessão e ele teve que usar o reserva, que já estava acertado para ele. Os mecânicos trabalharam pesado no carro de Paletti e conseguiram, a tempo, resolver o problema. O piloto italiano já estava para entrar no carro quando Jarier apareceu com a suspensão dianteira arrebentada, devido uma pancada no muro. A Osella acabou por desalojar Paletti de seu carro, que foi entregue à Jarier para que este pudesse largar. Riccardo era a frustração em pessoa.

Já em Montreal, aquela era a primeira corrida no Canadá sem Gilles, que agora dava nome a aquela pista. Justa homenagem. Enquanto isso, Paletti estava feliz, pois havia conseguido um lugar no grid de largada e aquele final de semana parecia que tudo estava a dar certo. Mike Earle também estava em Montreal, onde seu piloto, Emilio de Villota, não havia conseguido tempo para qualificar-se. Também já rolava algumas negociações para que Paletti pudesse pilotar para ele em breve. A mãe de Riccardo, Gianna, também estava em Montreal e havia jantado com seu filho no sábado onde ele tratou de acalmá-la: Eu sei que você fica mais descansada quando não me classifico para o grid, mas também sei que quer minha felicidade”. Gianna murmurou “Quero só sua felicidade. No domingo Paletti estava relaxado. Havia feito uma brincadeira com alguém no grid e conversou com Raul Boesel minutos antes da largada. Gianna, que havia conversado rapidamente com Riccardo, estava numa área para convidados no Paddock com visão para a reta de largada. Os pilotos foram para seus carros e depois partiram para a volta de apresentação.

Os carros pararam no grid. A luz vermelha foi acesa, as rotações aumentaram e na troca para a vermelha os carros dispararam. Menos a do pole Pironi, que de imediato levantou um dos braços acenando que estava com problemas. A sua embreagem havia queimado e o Ferrari ficou estático no meio de uma manada de carros. Quem conseguiu vê-lo, saiu por todos os cantos possíveis. Raul Boesel acabou por desviar, mas um dos pneus acertou a traseira do carro de Didier. Eliseo Salazar e Jochen Mass também se envolveram na batida quando tentavam escapar, mas Paletti não teve a mesma sorte e acabou por encher a traseira do Ferrari, que se deslocou alguns metros acertando, sem nenhuma gravidade, o Theodore de Geoff Lees. 

Didier Pironi saiu do carro e foi até o Osella de Paletti, assim como Sid Watkins que chegou ao local e rapidamente desceu do carro que saiu atrás do pelotão para os primeiros socorros. Ao chegar ele e viu que os estado de Riccardo não era dos melhores: o volante estava cravado em seu peito e as pernas totalmente esmagadas. Situação crítica, que só piorou quando a gasolina que estava vazando pegou fogo no momento em que Watkins tentava retirar o capacete do piloto italiano. Foram minutos agonizantes para Paletti e para quem via toda a cena ou tentava salvá-lo. Gianna apareceu desesperada no meio de todo aquele caos, mas acabou por ser retirada de lá. Após 28 minutos, Riccardo foi retirado do carro e levado de helicóptero par o Royal Victoria Hospital. Sid Watkins, no seu livro “Viver nos Limites”, conta como era o estado do piloto italiano e o seu resgate: “Ele estava profundamente desacordado e coloquei um tubo de ventilação em sua boca. As suas pupilas estavam dilatadas. Tive consciência então de ouvir embora distante o barulho de um líquido escorrendo, que imaginei ser combustível. Nesse momento o eco de uma explosão de chama disparou no ar. Foi muito difícil tirar o rapaz de um carro que mais parecia uma sanfona. Não havia pulsação detectável no pulso.” Mike Earle, que viu tudo pela TV de um hotel, foi para o circuito, mas Paletti já não estava mais no autódromo. De imediato ele confortar a mãe de seu amigo. A corrida reiniciou, tendo como vencedor Nelson Piquet.

Paletti, que deu entrada no hospital inconsciente, morreu horas depois. Segundo boatos daquela época, o fato de ter inalado a espuma dos extintores ajudou na aceleração da sua morte, já que seu tórax tinha se afundado por causa do acidente e a respiração tornara-se muito difícil. Foi o último piloto a morrer em um fim de semana de corrida até o pavoroso final de semana de abril/maio de 1994.

Aquele cara magricela, tímido, que começou a praticar esportes para poder se aproximar das pessoas e que depois prometeu ao seu pai que, caso não conseguisse entrar na F1 poria todas as forças na empresa, faleceu dois dias antes de completar 24 anos. Mas conseguiu realizar o seu sonho de correr na Fórmula-1, sonho que foi despertado em Monza, 1976, quando seu pai o levou para ver o GP da Itália. 

Como o próprio Paletti disse certa vez que “quando estava no cockpit tudo parecia bonito, sentia-se feliz”. Riccardo morreu fazendo o que mais gostava.

*Este texto foi publicado na primeira edição da Revista Speed, que foi ao ar em julho de 2012

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...