segunda-feira, 4 de julho de 2016

GP da Áustria: Ruim para a Mercedes. Melhor para o campeonato



Sem dúvida foi uma última volta de arrancar os suspiros para os fãs. Se a corrida foi apenas boa, se vermos as variáveis que ela nos apresentava por conta das opções de escolhas de pneus, a última passagem compensou a espera. Mas esta foi muito mais pela péssima saída da primeira curva de Nico Rosberg, do que pela bravura de um aparentemente combalido Lewis Hamilton naquele momento.
Mas aquele entrevero era quase bem evitável: para quem tinha uma vantagem de quase um carro e meio para Lewis até a subida para a primeira curva, devia muito bem tomar todos os cuidados para não passar do ponto e atacar as zebras “assassinas” do circuito austríaco, mas Rosberg não teve este cuidado e quando não tracionou suficientemente na saída daquele ponto, pôde ver o Mercedes de Hamilton crescer no retrovisor de desaparecer por frações de segundo, até reaparecer do seu lado esquerdo para tentar uma manobra de ultrapassagem, que se conseguisse, teria sido o grande lance do ano até aqui. Mas na ânsia de tentar se defender – o que estava totalmente certo – o piloto alemão acabou deixando o carro rolar além do que podia e acertar o Mercedes de seu companheiro. Precisamos ser justo que, ao mesmo tempo em que Nico deixava o carro escorregar para tentar fechar o máximo possível de espaço, Lewis também esterçava para definir a manobra. O resultado foi a pancada no carro de Hamilton, que saiu para a área de escape e que ainda passaria pela grama. Rosberg continuou, mas a asa dianteira se desfez por conta do toque e com isso as suas chances de vencer foram para o ralo.
O duelo entre os dois principais contendores da categoria, que já vem se arrastando desde 2014, é mais um capítulo de uma série de rusgas que se iniciaram ainda no distante GP de Mônaco de dois anos atrás, quando Hamilton acusou Rosberg de ter parado o carro na descida da Mirabeau prejudicando, assim, a volta que poderia lhe dar a pole. Foram inúmeras discussões e esbarrões de ambos até este 2016, incluindo, também, a já famosa batida deles logo após a largada do GP da Espanha. Com a política – certeira – da Mercedes em deixar o pau comer a solta na pista, apenas indicando que tentem não se bater e prejudicar o time, é louvável após algumas temporadas onde eles procuraram garantir os resultados ao não permitir o ataque um ao outro, mas com Toto Wolf sinalizando uma possível volta do jogo de equipe, pode deixar ainda mais tensa as coisas. Será bem difícil imaginar um dos dois obedecendo as ordens nesta altura do campeonato, uma vez que a diferença entre eles é de apenas 11 pontos. Restará apenas a Mercedes tentar resolver tudo na conversa – e se precisar, de uns puxões de orelha.
O bom mesmo é que o duelo entre eles de forma tão visceral, pode contribuir bastante para a chegada de um Sebastian Vettel para a disputa, o que deixará as coisas mais tensas na equipe prateada e animadas para um mundial que ainda parece ter destino certo. Mas se tiver mais um contendor para a grande disputa, deixará as coisas interessantes.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Foto 581: Trator

Bem provável que seja alguma banda ali dos arredores do simpático autódromo de Zeltweg, que receberá a F1 neste fim de semana.
A cena de um trator no paddock de uma refinada e entojada F1 atual, não deixa de ser insólita.
Esses locais não deveriam desaparecer jamais do cenário da categoria.
A foto é de Adam Cooper.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Foto 580: Mil Milhas 1966

Um dos dois Alpine durante as Mil Milhas de 1966. Dois estiveram naquela prova, destinadas a Bird Clemente/ Carol Figueiredo (#46) e Luiz Pereira Bueno/ Luiz Fernando Terra Smith (#47).
As Mil Milhas de 1966 é conhecida por ser uma das mais dramáticas da história do automobilismo nacional, quando a quatro voltas do fim o Malzoni DKW #7 de Emerson Fittipaldi/ Jan Balder apresentou problemas em um dos cilindros forçando Jan - que estava ao volante no momento - a parar nos boxes para reparos, meio que a contragosto do piloto que havia assumido a responsabilidade de tentar levar o carro daquele modo até o fim. Era um desafio e tanto, já que a carretera Corvette Chevrolet #18 de Eduardo Celidonio/ Camilo Christófaro, com Eduardo ao volante e já sabendo dos problemas do Malzoni #7, estava a voar naqueles estágios finais em Interlagos.
Mesmo com a parada para a troca de velas, Balder voltou a pista e ainda teria uma chance quando o Corvette parou nos boxes para um reabastecimento. O suspense para saber que levaria aquela edição aumentou ainda mais quando a carretera não pegou na primeira vez e nem na segunda... indo apenas funcionar na terceira tentativa, conseguindo sair dos boxes poucos metros à frente do Malzoni #7 de Balder. Foi o suficiente para Eduardo Celidonio e Camilo Christófaro conseguirem uma das mais épicas vitórias que Interlagos já presenciou. E foi também a última vitória de uma carretera, encerrando uma era de ouro para estes carros.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

24 Horas de Le Mans 2016, Por Rubem Ferresi Jr.

Meu amigo Rubem Ferresi Jr., que já apareceu outras vezes aqui no blog, esteve em Sarthe para acompanhar as 24 Horas de Le Mans pela primeira vez, junto do camarada Alemiro Almeida que já conhece a prova de uma visita anterior. E aqui ele conta um pouco das suas impressões sobre a prova mãe do Endurance Mundial.


O que falar de Le Mans? Dizer que foi sensacional é pouco. Talvez o “Mythique. Unique. Magique!” seja uma prova de que é impossível descrever!
Mas vamos tentar resumir um pouco o que foi... Confesso que precisaria de pelo menos 24 horas escrevendo!

Depois de praticamente um ano de planejamento, incluindo passagens aéreas, compra de ingressos, conseguir amigos que topassem a empreitada, estadia/trailer, negociar os dias no trabalho... chegou o dia!
Embarquei na quinta-feira a tarde para Paris (aeroporto Charles de Gaulle). Apesar de 11:00 horas voando, foi muito tranquilo. E logicamente, na “classe cachorrada” (vide o filme “Meu nome não é Johnny”).
Ao pousar no aeroporto, a primeira surpresa: durante o taxiamento passamos perto de um Concorde! Jamais imaginei ver este avião.
Bem, ao sair do avião, o trajeto até a “imigração” é longo... e pensei que seria a mesma burocracia dos EUA (que pedem até seu exame de fezes!). Mas o agente mal olhou na minha cara, e sem desligar o telefone, carimbou o passaporte, e fez o sinal com a mão “por ali”. Pronto! Já estava liberado! Agora era partir rumo a Rambouillet encontrar o Alemiro, pegar a van/trailer, e seguir rumo ao templo.
Achar o metro/trem não foi fácil. Apesar do Mr. Le Mans Alemiro ter passado todas as coordenadas antes, não foi fácil. Mas vamos resumir:
- comprar os bilhetes em uma maquina tipo cash dispenser;
- subir e descer umas 4 escadas;
- pegar a primeira linha “B” por umas 15 estações;
- subir e descer umas 6 escadas;
- fazer baldeação e trocar para a linha “6”;
- subir e descer umas 4 escadas;
- andar umas 5 estações;
- descer na grande estação Gare Montparnasse (de onde sai o Trem Bala, e um monte de linhas secundárias), e pegar o trem “normal” para Ramboillet.
- pagar 1 Euro para ir no banheiro;
- subir e descer umas 4 escadas;
- andar uma hora até Ramboillet.
Porque destaquei as escadas? Porque minha mala era grande (para trazer minis, souvenirs, etc... então imagina o sacrifício nelas!!!

Bem, chegando em Rambouillet o Mr. Le Mans já estava lá com a van. E imediatamente partimos para o templo!

Os quase 200 kms que separam Paris até Le Mans foram tranquilos. Muito Rock n’Roll, uma bala mastigável que o Alemiro comprou que coloca o Halls preto como “infantil”, e vários carros pelo caminho a caminho do templo.

Ao chegar na cidade, as placas já deixavam a expectativa mais alta... até que chegamos! E para variar, um puta transito! O numero de pessoas/carros/trailers que já estava lá fazem do nosso GP Brasil brincadeira de criança. E carros de todos os lugares da Europa! Fora os esportivos e clássicos andando pelos acessos do autódromo.
Agora... chegar no local do estacionamento do trailer, praticamente uma hora da entrada do autódromo. Tinhamos que ir ao “Beuséjour”, o estacionamento amarelo. Depois de um tempão até chegar lá não pudemos entrar porque estava lotado. Nos mandaram para outro lugar, e praticamente voltamos o caminho todo até “Sapinettes”. Para quem conhece a pista, saímos das Curvas Porsches até a Tertre Rouge, ou uma
distancia de mais de 6 km (medi pelo Google). Mas não tínhamos o que fazer, então fomos até lá!
Chegamos lá, estacionamos a van, abrimos a primeira cerveja, e voltamos (a pé, logicamente) para a pista. Como era perto das 17:00, não dava pra ir a cidade ver o desfile dos pilotos. Andamos 1 km, e já estávamos entrando na pista, entrando pela Tertre Rouge. Alí já tinha um bloqueio da rodovia fechando o transito, mas conseguimos acessar a pista. Sensação indescritível estar ali!
Mas continuamos andando até próximo a ponte Dunlop. Nem preciso falar que o guia era o Mr. Le Mans... mas apesar dele estar lá pela segunda vez, também estava muito empolgado!

Fomos até o Paddok, que na sexta-feira está liberado... e entramos nos boxes. Mas nem paramos, fomos direto pra pista! Até a ponte Dunlop! Tinha gente andando pela brita, escrevendo nas zebras, deitando na pista... um monte de loucos! E dois brasileiros neste meio...

Voltamos para os boxes, vimos algumas equipes treinando pit stops... e fomos andar nas “lojinhas”. Mas não antes pararmos para a primeira cerveja oficial de Le Mans... e logicamente com o copo colecionável!
Começamos a subir pelas lojinhas, e chegamos na primeira... de miniaturas! Spark! Me segurei, e não comprei nenhuma. Subimos mais um pouco... e chegamos na segunda, genérica, mas com varias miniaturas. Já fiquei com 3, e o Alemiro algumas.

Após as primeiras compras chegamos na Modelissimo! Um crime esta loja! Se eu pudesse, comprava 100 minis ali! Eles não tinham muitas de F1, mas de Le Mans... praticamente tudo! Fui obrigado a comprar algumas!
Continuando nas lojinhas, passamos pela Aston Martin, loja oficial das 24 Horas, Toyota, Audi, varias genéricas... e chegamos na Gulf! Como o Alemiro disse para a atendente “ele vai comprar a loja toda”!
O estrago financeiro foi grande! Mas valeu a pena!
E fomos andar mais ainda...
Mas nesse meio tempo a chuva chegou! Paramos na Toyota, o Alemiro brincou em um dos simuladores, e esperamos ela diminuir um pouco.
E ao sairmos descobrimos uma das particularidades gastronômicas de Le Mans: pão/baguette com batata frita. Recheado com batata frita! Quando vocês forem em Le Mans vão entender!
Voltamos para o trailer... apesar de ainda estar claro, já passava das 20:00. E com um monte de gente chegando ainda! E muita gente atolando os carros na lama! Mas tudo era festa, e não tinha ninguém que não estivesse sorrindo! Montando barracas, fazendo churrasco, bebendo cerveja... Jamais vi este clima em qualquer lugar ou evento!
Mas o cansaço chegou. Bebi mais uma cerveja, e apaguei.

Sábado acordamos cedo! Hora do café da manhã (pão francês legitimo, jamon, queijo, suco brasileiro), e partiu pista!
Repetimos o mesmo caminho do dia anterior, mas logo que entramos o warm up começou, aí paramos na “S” de La Foret para as primeiras fotos. Após meia hora de fotos, bandeira vermelha. E o treino não reiniciou mais... Aproveitamos para ir até as curvas Dunlop.
Mais algumas fotos lá, e partimos para a passarela Dunlop. E andamos... sobe escada, desce escada, anda... e muita gente. Porém sem tumulto.
Ao passarmos para o outro lado da pista, onde estavam as arquibancadas, um monte de lojas! Andamos por elas, conhecemos todas (várias de miniaturas... hehehehe), mas sem compras, pois tínhamos que preparar para a largada!
Voltamos para a arquibancada Wimille, praticamente na frente da linha final da saída de box. E com um bom telão na frente.
E já começamos a ver a preparação das equipes para o “grid Le Mans”. Tocaram os hinos de todos os países com pilotos presentes. Os cerimoniais continuaram, e um convidado surpresa: a chuva.
Chegou, e a largada foi dada com Safety Car. E ele demorou muito pra sair!
A galera começou a vaiar porque ele estava demorando muito pra sair... e quando saiu, começou o espetáculo!
Pouco mais de uma hora de corrida a galera da arquibancada já dispersou.... Neste período descobrimos que o locutor oficial falava os nomes dos pilotos normalmente, exceto quando era o Mike Conway! O cara se empolgava mais que o Ademir em Interlagos! Era um tal de falar “... Mark Webber... Paul Dala Lana...  Sebastian Buemi.... MIKE CONWAY!!!
Bem, nisso também saímos da arquibancada e fomos nas lojinhas. Mais miniaturas, camisetas, bonés, meias quadriculadas (by Pescarolo). Com as sacolas cheias voltamos para o trailer e guardamos as compras.
Mais umas cervejas, e preparamos as câmeras para as fotos noturnas.  Mas antes, hora de estrear os
banheiros químicos. E podemos falar: até os banheiros franceses são cheirosos!
Voltamos para a pista, e começamos os rituais: tripé, regula camera, faz um teste, foto... testa novamente...
Muitas fotos, testes... frio! SC na pista. Caminhada, tripé, camera, foto. Escada, caminhada, tripé, câmera... Só de escrever novamente já fiquei cansado!
Passa pela passarela Dunlop, atravessa o show que estava rolando, e voltamos para a arquibancada, e mais fotos!
E sempre lembrávamos: MIKE CONWAY!!!
O frio chegou forte... e já na madrugada francesa voltamos para o trailer.

Após descansar um pouco, café da manhã, e pista!
Mas desta vez passamos no museu antes! Para não usar sempre o “sensacional”, vamos mudar a palavra: espetacular!
Carros históricos, a história de Le Mans está lá. E com muitas miniaturas!!!
Mas já estava chegando a hora do final... então voltamos para a arquibancada. E ouvimos algumas vezes ainda MIKE CONWAY!!!
A prova já encaminhava para o final, os japoneses do lado começaram a se preparar para festejar a vitória da Toyota! Estavam vestidos com camisas, jaquetas, bonés, tinham bandeiras... estavam radiantes.
E faltando poucos minutos para o final a arquibancada encheu. E todo mundo prestando atenção!
Até que faltando poucos minutos para o fim o carro japonês vem parando pela pista. Vocês não imaginam a narração do autódromo! A emoção que o cara passou no “eu não acredito”!
A arquibancada toda se levantou! E não acreditamos!
Dificil descrever o que estávamos vendo!
(Os japas do lado só faltaram chorar!)
E veio a bandeirada final! E uma coisa impressionante que vi: TODOS foram aplaudidos! Todo mundo que terminou a arquibancada saudou!
Só estando lá para viver isso!

Depois todo mundo indo pra pista! Portões abertos, e um monte de loucos já levando placas dos boxes, placas de propaganda... pedaços de pneus, cones, britas... gente beijando a pista... escrevendo nas zebras.
Fora os loucos que pegaram as bicicletas para andas nos 13,6 kms de pista!

Voltamos para o trailer, guardamos tudo, e voltamos para Ramboillet. No caminho, só trailers e carros espetaculares na rodovia. Mas voltamos realizados!

Le Mans é Mythique. Unique. Magique!” Por isso neste ano fora mais de 260 mil pessoas! E por isso as pessoas sempre querem voltar. Eu voltarei!

E não posso deixar de agradecer ao Mr. Le Mans Alemiro, um cara sensacional! Valeu meu amigo pela amizade, aprendizado e companhia! E que venham mais corridas!  


E... MIKE CONWAY!!!

quinta-feira, 23 de junho de 2016

84ª 24 Horas de Le Mans: A pior da Audi, em 17 anos

Não foi uma grande jornada esta da Audi em Sarthe. Havia, de antemão, uma situação bem complicada para a fábrica multi campeão de Le Mans pelo fato de correrem sem o terceiro carro, como bem acenou Dr. Wolfgang Ulrich quando questionado sobre isso. Mas havia um motivo pelo qual essa preocupação: sabia-se que os carros alemães tinham sofrido problemas nas provas anteriores e isso já ascendia o sinal amarelo por aquelas bandas. Isso não era de sua exclusividade, uma vez que Porsche e Toyota também tinham passado por isso, e cuidar para que estes problemas não interferissem, era a chave para tentar mais uma conquista em Sarthe.
O problema é que estes temores começaram cedo demais, ainda na quarta, quando o R18 #8 teve um problema elétrico que o limitou bastante para o restante do treino livre - onde havia desafiado e muito bem a Porsche, tanto que terminou em terceiro naquela prática - e que depois prejudicaria demais nos treinos classificatórios. Por mais que o carro #8 tenha conseguido um quinto lugar no grid, ultrapassando inclusive o #7, sua velocidade não era a mesma de logo cedo e que foi aumentando gradativamente. Os outros dois treinos classificatorios, que seriam uma boa oportunidade de avaliação do dois carros,foram realizados com chuva e isso complicou bastante o cronograma. Mas ainda foi suficiente para que percebessem que o #8 tinha problemas de freio e que o #7 teve um vazamento de combustível. As coisas não iam bem, de fato.
Apesar de um bom início do #8, conseguindo atacar até mesmo as Porsches na luta pela primeira posição,#7 teve sérios problemas no turbo que precisou ser trocado e só ali perdeu seis voltas ainda na segunda hora de corrida. O quadro pioraria ainda mais no decorrer das horas, quando a desvantagem aumentou para 17 voltas. O #8 ainda conseguiu acompanhar os ponteiros, mas nunca sem ter a velocidade suficiente para conseguir um ataque efetivo. O golpe de misericórdia para as já pequenas esperanças do time, veio quando o #8 foi aos boxes e perdeu duas voltas. Ainda que tivesse conseguido recuperar uma volta, as coisas acabariam de vez no momento que foram mais uma vez aos boxes para a troca da suspensão.
As coisas poderiam ter sido mais criticas para a Audi, uma vez que existia a possibilidade da marca ficar de fora do pódio pela primeira vez desde a sua estréia nesta prova em 1999. Mas a falha mecânica do Toyota #5 possibilitou que o carro #8 de Lucas Di Grassi/ Oliver Jarvis/ Löic Duval subissem ao terceiro lugar.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

84ª 24 Horas de Le Mans: A (inesperada) 18ª da Porsche

Até certo momento, para ser mais preciso até a última volta, era quase unânime que a Porsche teria que adiar a sua 18ª conquista em Sarthe por mais um ano. A Toyota estava formidável: não tinha aquela velocidade alucinante de dois anos atrás, mas a desse ano era suficientemente o bastante para confrontar a Porsche. E estava dando certo: Por mais que a fábrica alemã tivesse respondido bem durante a madrugada, a fábrica japonesa respondia a altura. Aliás, isso tinha sido a tônica por quase toda a prova e até aquele final, com mais de 1minuto e trinta de desvantagem, era compreensível que jogassem a toalha. Até que o imponderável apareceu e resolveu o assunto quando Nakajima, a bordo do TS050 #5, passou a gritar no rádio sobre a perda de potência no sistema elétrico de seu carro. E quando parou logo após a linha de chegada, restou apenas ao Porsche 919 Hybrid #2 arrancar para uma conquista histórica.
A Porsche foi impecável em todos os estágios, se contarmos a partir dos treinos livres: se a Audi aparecia como uma potência adversária, a Porsche tratou de confrontar essa possibilidade e com seus co-irmãos aparentemente de fora de uma batalha por causa dos problemas enfrentados desde a quarta, era de esperar que a Toyota fosse a grande rival. E como foi! Os japoneses esconderam bem o jogo desde os testes de quinze dias antes para jogar pesado no dia da corrida e entrar pra valer na disputa. A Porsche precisou mudar o jogo no meio da madrugada para não perder tanto terreno para os nipônicos ao fazerem stints continuos - entre três e quatro - com o mesmo jogo de pneus e apenas abastecendo e trocando os turnos dos pilotos. Isso foi essencial para que pudessem ficar próximos do duo da Toyota. E mesmo que não acreditassem mais numa possível vitória, a grande virada aconteceu quando não havia mais esperança para tal. O rosto dos integrantes da Porsche e a explosão de alegria de Romain Dumas e Marc Lieb mostram bem isso.
Temos de dizer que o Porsche #2 teve a benção de ser o único dos híbridos a não enfrentar nenhum problema crônico, coisa que o seu gêmeo #1 teve e os das Toyota e Audi também enfrentaram. Isso deu a grande chance para que pudessem fazer o grande trabalho que culminou nessa vitória pra lá de inesperada.
Foi a 18ª conquista da Porsche e apesar de seu favoritismo inicial, as coisas foram mudando de figura até chegar naquele desfecho cinematográfico. Mas o melhor de tudo foi vê-los reconhecer reconhecer a força e luta que a Toyota lhes deram nessa edição.
Foi um grande dia em Sarthe.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

84ª 24 Horas de Le Mans: A mais dolorosa para a Toyota

Sem dúvida foi o momento mais crítico da Toyota em sua história na pista francesa. E isso será lembrada por décadas.
(Foto: sportscar 365)
Quando tudo terminou daquela forma tão dramática, procurei lembrar-me da prova de 2014: a Toyota estava insuperável naquela edição! Um TS040 Hybrid gozando da melhor plenitude de seu sistema mecânico e elétrico, trucidou Audi e Porsche sem nenhuma piedade nas duas provas iniciais (6 Horas de Silverstone e 6 Horas de Spa) e isso foi mostrado com intensidade ainda mais forte em Sarthe, quando o #7 estava muito à frente da concorrência numa prova praticamente solitária, sem ter o incômodo das duas fábricas alemãs. Mas então aquele velho azar de outras edições, de quando eles estavam fortes, como em 1994, 1998 e 1999, resolveu dar as caras e fez com que o fabuloso TS040 #7 desaparecesse no meio da noite como um passe de mágica. As explicações vieram mais tarde, que um problema elétrico, proveniente de uma peça que custava o troco de uma bala, tinha sido o causador de tal desaire. Talvez o maior azar da Toyota nem tenha sido com este, mas com o outro carro, o #8: este havia se envolvido num acidente ainda nas primeiras horas, quando a chuva desabou. Conseguiu voltar para os boxes, após longo tempo para os reparos, e quando retornou deu tudo de si e conseguiu recuperar-se tremendamente bem, ao descontar cinco das oito voltas perdidas nesta parada forçada e ainda salvou um terceiro lugar, mostrando o quanto que aquela geração do TS040 Hybrid era tão sensacional.

Aquele filme de 2014 repetiu-se quase que da mesma forma: inicialmente, temos que reconhecer que a Toyota fez uma corrida brilhante a ponto de manter seus dois carros em pista sem grandes problemas, o que abria para eles uma oportunidade única. Ter visto os graves problemas enfrentados pelos dois Audis – especialmente o #7 – e também o #1 da Porsche – que foi o mais afetado dessa horda de carros híbridos, talvez tenha enchido os japoneses de confiança e também de cautela, uma vez que ainda tinha muito chão pela frente até chegar as 15:00 do domingo. Mas a estratégia em deixar os dois carros próximos um do outro, foi muito boa: caso algum tivesse problema, outro estaria pronto para assumir o posto. Foi assim durante boa parte da prova: enquanto o TS050 #6 ia para os boxes, ora o Porsche 919 Hybrid assumia a ponta ou o #5 da Toyota. Um desempenho sólido que levou boa parte daqueles que acompanhavam acreditar que a Toyota estava bem encaminhada naquela condição. Manter uma diferença de 10 segundos ou mais, conseguindo ampliar até um pouco mais de 1 minuto, dava a real sensação que tudo estava sob controle. Até mesmo o erro de Kamui Kobayashi, que estava no #6 e que teve de ir aos boxes fazer reparos, perdendo assim três voltas, não parece ter abalado tanto a confiança dos japoneses. A coisa parecia tão próxima da Toyota se tornar a segunda fábrica japonesa a ganhar em Sarthe, no exato ano em que se completa 25 anos da conquista da Mazda, que até mesmo a Porsche havia entregado os pontos naquelas voltas finais devido a grande desvantagem deles para o #5 que estava acima de 1 minuto. Mas ver o TS050 Hybrid #5 encostar-se à reta de chegada na abertura da última volta, acabou sendo o presente mais inesperado para a Porsche em sua longa história em Sarthe. O choro dos integrantes da Toyota com a perca de uma vitória que já estava quase que fechada, foi o triste resumo de algo que eles sabem que não é muito fácil de se conquistar e que já estiveram próximos de tal situação em outras oportunidades. Mas de longe, muito longe, essa é a mais sentida não apenas por eles, mas também por aqueles deixaram até mesmo de torcer pelo seu time de coração para dedicar aos japas toda uma torcida.
Mas quem sabe em outra oportunidade as coisas não revertam à seu favor. Se Le Mans escolhe de fato seus vencedores, quem sabe eles é que não sejam os escolhidos da próxima oportunidade. 

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...