segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Sebastião, O Venerável

 



Despedidas nunca são legais. A carga emocional em qualquer que seja a situação, sempre deixa as pessoas mais vulneráveis, ainda mais quando se tem um trabalho a ser feito. Mas estes super-esportitas tem um poder de concentração absurdo e acabam entregando o melhor quando vão para o "campo de batalha". Sebastian Vettel, ontem, por exemplo, foi um desses casos.

Desde o anúncio de sua aposentadoria das pistas em julho deste ano, imaginávamos que cada corrida seria uma despedida. Falando particularmente de Interlagos, sua passagem foi marcante: desde antes das atividades, foi um dos pilotos mais procurados. Fotos, vídeos, conversas com os fãs, conselhos... Seb recebeu um grande carinho de seus adoráveis fãs que o apoiam desde a sua primeira corrida na categoria e que se apaixonaram de vez quando ele conquistou a memorável vitória em Monza 2008. E toda essa veneração foi ampliada no desfile dos pilotos, com ele fazendo questão de ficar mais para o fim do pelotão saudando todos que gritavam seu nome. Um ato de reconhecimento e respeito de ambos os lados.

Sebastian Vettel passou a fazer parte da vida da maioria e quando olharem para o grid de largada do GP do Bahrein de 2023, a saudade baterá forte como se ele fosse alguém da família que resolveu ir embora e que vai aparecer uma vez e outra para um olá em algum GP da próxima temporada, para matar as saudades de uma casa que o acolheu desde 2007 e onde foi rei por 4 vezes.

Falando especificamente de sua brilhante carreira, o cartão de visitas em Monza 2008 é um dos grandes momentos da história moderna da Fórmula-1 onde ele soube domar um carro de meio de grid frente ao poder de fogo de uma Mclaren e Ferrari justamente dentro de um dos templos do automobilismo mundial. Se ele e a Toro Rosso se apresentaram ao mesmo tempo ao mundo dos vencedores, alguns meses depois ele levaria o restante do conglomerado da Red Bull ao topo dos vencedores e a partir dali, construir um período de glórias. Seja a fórceps (2010 e 2012), seja aniquilando os rivais sem piedade (2011 e 2013), Vettel cravou seu nome com propriedades. Foi uma era dourada.

A pena que fica nisso tudo foi a sua passagem pela Ferrari, um lugar que ele almejava há muito tempo que era fonte de sonhos pela mágica passagem de seu ídolo Michael Schumacher. A desorganização da equipe italiana o privou de conquistar, ao menos, um título das duas possibilidades que ele teve.

Seus dois últimos anos na Aston Martin, indo para lá ajudar na construção de equipe que retornava à categoria após 60 anos, poderia ser um indicativo de ressurgimento, principalmente por conta de sua boas atuações e dois belíssimos pódios conquistados em Baku e Hungaroring em 2021. Porém, uma temporada de altos e baixos em uma equipe que pareceu totalmente perdida neste 2022, foi a gota d'água para que Vettel repensasse tudo e decidisse sair para cuidar de sua vida fora das pistas.

Vettel também passou a olhar mais para fora da categoria, alertando para os problemas externos que todos tem sentido na pele, seja pelas condições da natureza/ climática, pelos direitos humanos... Vettel, ao lado de Lewis Hamilton, tem formado nos últimos anos um duo dinâmico que abraçou as causas sociais, aproveitando-se de sua imagem perante um público que os acompanham desde sempre e também junto daqueles que têm chegado para acompanhar a categoria nos últimos anos, para deixar as mensagens e alertas para que façamos a nossa parte e ajudemos a transformar um mundo mais amigável e sociável.

Agora Sebastian Vettel sairá para cuidar de sua família e guiar sua prole para um mundo melhor, ensinando-os os melhores valores. O seu vídeo de despedida no Instagram é um resumo de tudo que sempre vimos sobre ele e, com certeza, sua voz e atitudes estarão ecoando mundo afora.

Nos resta apenas agradecer por todos estes anos por aqui e desejar-lhe o melhor sempre.

Até mais, Sebastião!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP de São Paulo - Redescobrindo a energia de Interlagos

 

George e Lewis festejando com a galera em Interlagos: a energia caótica de sempre
(Foto: F1 Twitter)

A última vez que eu havia pisado os pés em Interlagos em um dia de Fórmula-1, foi no histórico GP de 2008 que ficou marcado pela fabulosa decisão entre Felipe Massa e Lewis Hamilton que acabou pendendo para o britânico nos metros finais daquela corrida. 

De lá para cá, Lewis elevou a conta para incríveis sete títulos; Felipe Massa, Rubens Barrichello, Nelson Angelo Piquet, Lucas Di Grassi, Bruno Senna e Felipe Nasr encerraram as sua participações na categoria; Jenson Button e Nico Rosberg conquistaram seus campeonatos; Sebastian Vettel varreu os campeonatos de 2010 à 2013; Max Verstappen tornou-se campeão mundial. Enfim, muita coisa mudou neste meus 14 anos de ausência. 

No entanto, foi bom ver o nosso autódromo novamente efervescente em dias de Fórmula-1 sem ter um piloto brasileiro no grid, mas tendo adotado Lewis como um filho nosso após a apoteótica conquista de 2021 que teve como momento maior ele empunhando a bandeira brasileira num gesto que tão bem conhecemos. Para quem não tinha visto, foi um máximo. Para nós, os saudosistas, foi um resgate momentâneo de uma das grandes imagens que guardamos com carinho de um era onde "Éramos Reis". 

Mas a sina principal dessa senhora pista de 82 anos tem sido de proporcionar a todos momentos espetaculares e que ficaram cravados nas nossas retinas, como se fosse um grande filme digno de recorde de bilheteria. 

O melhor de tudo, nessa saga que tem sido nos últimos anos, é que Interlagos passou a ter o poder de decidir quem deve ganhar a corrida, assim como seus co-irmãos mais velhos como o Indianápolis Motor Speedway, Autodromo Nazionale de Monza, Le Mans e por aí vai. A cada ano que passa fica claro que aqui é um lugar perfeito para que voltasse a encerrar o campeonato.

Lugares assim são mágicos e a velha Interlagos de guerra tem feito para entregar aos fãs e pilotos a melhor experiência possivel. 

Magia pura. Só isso!


Russell, o dono das tardes em Interlagos

Um final de semana dos sonhos para o jovem inglês
(Foto: Mercedes Twitter)

O mais interessante de tudo é que George Russell marcou presença nos três momentos cruciais deste 2º GP de São Paulo: a sua escapada na freada no final da Reta Oposta, quando encontrou uma pista bem escorregadia por conta da chuva que estava bem mais forte, decidiu as coisas à favor de Kevin Magnussen para que o dinamarquês conseguisse largar da pole na corrida Sprint. 

Na Sprint - que relatada aqui por este que vos escreve - Max e George superaram Magnussen ainda nas primeiras voltas e o piloto britânico não deixou o bicampeão escapar em nenhum momento, mostrando uma incomum combatividade até conseguir ultrapassar Verstappen e despachar o piloto da Red Bull para uma vitória convincente numa bela tarde de sol em Interlagos.

O domingo prometia uma disputa até interessante: será que a Red Bull, que havia tido um desempenho abaixo do esperado, reagiria? As respostas começaram a ser respondidas com a ótima largada de George Russell seguido por Hamilton e logo em seguida Max. O acidente entre Daniel Ricciardo e Kevin Magnussen no Pinheirinho forçou a entrada do SC e após a relargada foi a vez de Lewis e Max reviverem a rivalidade de 2021 com um entrevero que custaria 5 segundos para Verstappen e futuramente uma chance de vitória de Hamilton, com os dois caindo na classificação. 

Para George restou apenas manter-se a frente e controlar algum avanço que Sergio Perez pudesse fazer. Num ritmo impecável e com a corrida na mão, ele apenas administrou a diferença que o separava de Hamilton - que fez uma belíssima recuperação - para conseguir uma emocionante primeira vitória na F1 e também da Mercedes nesta temporada, que aparentava ser desastrosa por conta do temperamental W13. 

"À minha família, meus amigos, meus companheiros de equipe e a todos que estiveram nesta jornada, obrigado. Não consigo colocar em palavras o quanto o seu apoio significa para mim e o quanto foi um esforço conjunto. Essa vitória é tanto sua quanto minha. Fizemos isso, juntos. Estou tão orgulhoso de todos vocês.". A fala de George, publicada em seu Twitter, expressa o que há de melhor quando alguém chega no seu objetivo, que é agradecer a todos que possibilitaram chegar neste momento."

Russell tornou-se o sexto piloto a vencer pela Mercedes na F1 (juntando-se a Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas) e o quarto britânico a vencer pela marca alemã em provas de monoposto junto de Richard Seaman, Stirling Moss e Lewis Hamilton.


Os demais...



Lewis Hamilton era um dos que poderiam ter desafiado George naquela tarde de tempo instável em Interlagos, não fosse o enrosco com Max Verstappen logo após a relargada: uma dividida na segunda perna do S do Senna causou alguns estragos para os dois rivais, os jogando para o meio do pelotão. Se para Lewis custou a chance de disputar a vitória, para Max foram cinco segundos ganhos como punição pelo enrosco. Foi o revival dos inúmeros enroscos que estes dois proporcionaram na eletrizante batalha de 2021.

Com uma escalada entremeada pelas paradas de boxe, Hamilton ficou oscilando entre 1,5 a 2 segundos de George sem nunca ter a chance de entrar na zona de detecção do DRS e nem mesmo o uso de asa de menor arrasto, que lhe proporcionava 5km/h a mais que Russell, deu condições para tentar a manobra - já que seu companheiro de Mercedes usava uma asa com maior carga que o ajudava na parte sinuosa de Interlagos. Lewis acabou em segundo, testemunhando a conquista de seu pupilo pela segunda vez naquele final de semana.

Max Verstappen, como já dito antes, não teve o melhor final de semana que todos pensavam. Mesmo se recuperando a fórceps, ainda teve uma rusga das grandes com seu companheiro Sérgio Perez por conta da ultrapassagem que fizera sobre ele já na parte final da corrida. Para o mexicano, que teve uma atuação bem abaixo nas duas provas, a não devolução da posição acabou custando pontos que poderiam ter lhe ajudado na disputa pelo vice contra Charles Leclerc e isso causou um tremendo mal estar na Red Bull. Com a devida rapidez, os panos quentes foram colocados e logo saíram as notícias de que Verstappen faria o que fosse possível para ajudar Perez a chegar ao segundo lugar do campeonato em Abu Dhabi. Porém, sabe-se lá o que vai acontecer no enjoado circuito de Yas Marina...

Falando em rusgas, o clima na Alpine não foi dos mais agradaveis após o toque entre Alonso e Ocon em plena reta dos boxes quando o espanhol tentou passar pelo francês durante a prova Sprint, o jogando para o fim do pelotão. De qualquer forma, foi interessante ver o bicampeão remar da 17ª posição e conquistar um impressionante quinto lugar nos brindando com um ritmo de prova alucinante. Aí sempre ficará a boa e velha pergunta: o que seria dele com um carro competitivo ali entre as três grandes.

Charles Leclerc foi um dos que sofreram com toques na corrida quando se enroscou com Lando Norris no contorno do Laranjinha, ao ser jogado contra a barreira de pneus. Por sorte o Ferrari saiu inteiro e ele pôde voltar para, também, escalar o pelotão e chegar num ótimo quarto lugar. Vai para Abu Dhabi empatado com Sergio Perez em 290 pontos na luta pelo vice-campeonato.

Assim como tem sido corriqueiro, Interlagos entregou o que tem de melhor para seus fãs: emoções em doses bem generosas.

A velha Interlagos de sempre nunca decepciona.

sábado, 12 de novembro de 2022

GP de São Paulo (Sprint Race) - Interlagos e sua sina

 

(Foto: Mercedes F1/ Twitter)

É até repetitivo dizer que Interlagos tem uma magia especial, mas mesmo procurando palavras diferentes para expressar os nosso sentimentos a aquela senhora pista de 82 anos é difícil não citar a mágica que aquela pista exala.

Foi ontem na qualificação para a Sprint Race com a inédita - e impressionante - pole de Kevin Magnussen que se beneficiou da leve chuva que caiu no final do Q3 para conquistar a posição de honra na Sprint Race deste sábado. 

A propósito: Interlagos nos brindou com duas Sprint Race magníficas, já que ano passado foi o palco da primeira grande recuperação de Lewis Hamilton - abrindo um final de semana apoteótico para ele - e a deste ano, onde a surpresa com a pole de Magnussen já era um atrativo. 

O dinamarquês teve uma boa largada e ótimo andamento nas duas primeiras voltas, mas sabia-se que seria difícil segurar o ímpeto do bicampeão Max Verstappen - que logo assumiria a ponta. Porém, a velocidade e ritmo de George Russell, com um W13 que resolveu fazer suas graças nesta parte final de campeonato - mostrou que a batalha pela vitória seria real quando ele também despachou Kevin e ficou no encalço de Max por um bom tempo.

Do mesmo modo, podemos ver Lewis Hamilton escalando desde a sua oitava posição para ficar entre os 4 primeiros e esperar por algum presente dos Deuses. Mas este parecia estar reservado a  Russell que se aproximava ainda mais de Max ao ponto de emparelhar em algumas oportunidades. 

Foi numa dessas que ao aproveitar-se de uma rara velocidade do W13 - que tanto dificultou os Mercedes após a eliminação do porpoising  - para ganhar a primeira posição de Max e disparar na liderança. 

Um irreconhecível Max precisou lutar contra a Ferrari de Carlos Sainz, a ponto dos dois se tocarem na segunda perna do S do Senna, quando Carlos mergulhou para ultrapassar e assumir a segunda posição. 

Isso possibilitou a chegada de Hamilton para reeditar algumas das batalhas de 2021 contra Max. O inglês aproveitou-se de sua ótima velocidade e dos problemas enfrentados por Max, para efetuar a ultrapassagem em plena reta dos boxes e assumir o terceiro lugar.

Foi uma festa e tanto essa primeira conquista de George Russell -  mesmo que ainda tenha sido numa Sprint Race - um piloto de que se espera muito. Sainz salvou o dia para a Ferrari e Lewis levou a outra Mercedes para o pódio, completando a festa das Silver Arrows no autódromo paulistano.

E pensar que ainda tem mais amanhã e Interlagos já entregou tanto.

Que lugar fantástico!

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Foto 1020: Reims, Fórmula 2 1969


O grid da Fórmula 2 em Reims bem recheado de estrelas que faziam - e fariam - parte da Fórmula 1 em breve. A primeira fila formada por Jacky Ickx, que marcou a pole com o seu Brabham BT23C #30, tendo ao seu lado Piers Courage (Brabham BT30 #24 da equipe de Frank Williams) e na outra ponta o Tecno 68/F2 #28 de Nanni Galli. Ainda podemos ver a presença de Jackie Stewart com um Matra MS7; Jo Siffert com um BMW 269; Jochen Rindt com um Lotus 59B; François Cevert com um Tecno 68/F2 e Graham Hill, mais ao fundo, com um Lotus 59B. Ao todo largaram 20 carros para esta que era uma das provas extra-oficiais do Campeonato Europeu de Fórmula 2 de 1969, aqui intitulada como "35º Grand Prix de Reims".

Após 35 voltas, a vitória ficou para François Cevert tendo Robin Widdows (Brabham BT23C #40) em segundo e em terceiro Piers Courage. Ickx acabou tendo problemas no motor de seu Brabham, vindo abandonar na volta 10. 

Jackie Stewart fechou em quarto e Galli em quinto;Pedro Rodriguez (Matra MS7) ficou em sétimo; Siffert teve quebra de motor na volta 21; Rindt, Hill e Jean Pierre Beltoise, este último com um Matra MS7, abandonaram por acidente.  

O Campeonato Europeu de Fórmula 2 daquele ano foi vencido por Johnny Servoz-Gavin (Matra MS7 Cosworth) ao marcar 37 pontos, nove a mais que o vice-campeão Hubert Hahne (BMW).

domingo, 19 de junho de 2022

GP do Canadá - Sobre a vitória de Max Verstappen em Montreal

 Lá no canal do Volta Rápida falei um pouco sobre o GP do Canadá. Espero que gostem!



4 Horas de Santa Cruz do Sul - Frio, problemas e vitória do AJR #444

 

(Foto: Rodrigo Guimarães HD)

As etapas de Goiânia e Interlagos foram provas bem atribuladas, principalmente para aqueles que iam à frente: enquanto que os principais protótipos foram tendo seus percalços, o Ligier #17 e o Mercedes AMG GT3 #27 passaram para vencer as duas respectivas provas com autoridade. Mas era uma questão de tempo para que os reinantes AJR e até mesmo o rápido, mas ainda frágil, Sigma, estivessem com total chance de conquistar a terceira etapa. Por motivos que ainda são desconhecidos, a prova estava marcada para o veloz circuito de Cascavel e acabou sendo remarcada para a pista de Santa Cruz do Sul que é reconhecida como seletiva pelos pilotos, mas com um agravante a mais que é a abrasividade do asfalto. Sem sombra de dúvida, um desafio a mais para os pilotos e equipes. 

Mas as coisas começaram bem complicadas: se na quinta, durante os treinos extras, a pista estava seca, na sexta a chuva reinou por todo dia e isso acabou forçando o adiamento da qualificação para o sábado, horas antes da realização da corrida. Isso significava um trabalho a mais para todos, visto que ainda precisariam converter os carros da qualificação para a corrida. 

Essa qualificação custou uma baixa no grid e também para a equipe M3 Motorsport, que cuida atualmente dos dois Sigma #2 e #12: o Sigma #12 saiu para sua qualificação com Beto Ribeiro no comando e acabou batendo o protótipo. Segundo informações, ele teria quebrado os dois tornozelos e também no joelho esquerdo. Esta corrida acabaria por ser bem desastrosa para as equipes que possuem os protótipos Sigma: com o #12 fora, restou o #2 pilotado por Erik Mayrink/ Hugo Cibien que largaram na quinta posição e estavam em sexto quando os problemas no pneu traseiro esquerdo passou a atormentar a dupla, que viria a repetir mais à frente com outro furo do mesmo lado e este deixando o Sigma #2 por um bom tempo nos boxes para arrumar os problemas que foram além dos furos de pneus, como em barra estabilizadora e cabo de vela defeituosa. 

Outro Sigma, o da equipe MC Tubarão, batizado como Tubarão XI, estreou nova pintura nesta etapa - vermelho em alusão ao Tubarão I, primeiro da grande equipe em 1996 - e chegou fazer todas as atividades até a manhã de sábado, quando a equipe decidiu retirar o protótipo da prova por entender que o carro ainda não está no nível dos demais e precisar de mais desenvolvimento. Na qualificação o Tubarão XI foi conduzido por Arthur Leist - que dividiria o comando com Tiel Andrade - e sua volta foi de 1'23''2 e a pole, que foi feita pelo AJR #444, foi de 1'10''2. 


Muito frio e várias visitas do Safety Car

A largada para as 4 Horas de Santa Cruz do Sul

Apesar do sol e céu limpíssimo, o frio estava presente e isso foi um fator a ser considerado: se por um lado ajudava na conservação mecânica dos carros, piorava para que os pneus atingissem a temperatura ideal - apesar deste último não ter interferido no desempenho dos pneus, a pista abrasiva acabou causando alguns furos de pneus e curiosamente do lado esquerdo traseiro, onde o Sigma #12, MCR Grand-Am #18 e o Ligier #17 tiveram seus furos. 

O inicio da corrida foi de uma batalha bem interessante entre o AJR #444 (Vicente Orige/ Gustavo Kiryla) e o Ligier #17 (Guilherme Botura/ Gaetano Di Mauro) onde o carro francês, mesmo sem toda velocidade de reta do AJR #444, conseguia acompanhar o ritmo do protótipo nacional e isso durou por um bom tempo. As entradas do Safety Car, pelas mais diversas situações, deu ao outro AJR da equipe Motorcar - o #1 pilotado por Fernando Ohashi/ Marcelo Vianna/ Vitor Genz - a possibilidade de entrar nessa disputa pela primeira posição na geral. 

Com essa chegada do AJR #1, o Ligier #17 passou a ficar mais para a terceira posição e apenas acompanhar a disputa entre os dois carros da equipe Motorcar. Enquanto que os dois AJR disputavam a primeira posição, o Ligier teve um pneu furado e quando estava para entrar nos boxes teve um toque com o AJR #35 (Pedro Queirolo/ David Muffato) e bateu forte no muro da entrada do box. Foi uma pena para eles, já que os problemas com a caixa de direção do protótipo francês tinham os deixado de fora em Interlagos. 

Mesmo com o tráfego pesado, os dois AJR da Motorcar tiveram tempos na casa de 1'12 - para se ter uma idéia, a pole foi feita pela manhã na casa de 1'10 - e isso indicava que a disputa seria apenas entre eles. Mas no decorrer da prova o melhor andamento do AJR #444 garantiu a primeira colocação, enquanto que o AJR #1 teve que travar uma boa disputa com o AJR #35, que fez uma corrida de recuperação após largar dos boxes por conta de problemas de motor que atingiram a dupla Queirolo/ Muffato desde a quinta. Mais a frente o #35 assumiria a segunda posição, enquanto que o #444 passava para vencer a prova - nesta que foi a redenção da dupla Orige/ Kiryla que estavam com ritmo muito bom em Interlagos e liderando quando quebraram. No meio do caos que foi esta etapa de Santa Cruz do Sul, foi um desempenho brilhante e recompensador para eles.

Na P2 a vitória ficou para o MCR Grand-Am #18 de Fernando Poeta/ Claudio Ricci que chegaram enfrentar um furo no pneu, mas conseguindo trazer o carro para os boxes e sustentar a liderança. O MRX #73 da LT Team (Gustavo Ghizzo/ Leandro Totti/ Leonardo Yoshi) ficaram em segundo e a terceira posição, mesmo não tendo terminado a corrida por conta de uma quebra de eixo, ficou o Ferrari 458 #155 de Tom Filho/Ricardo Mendes. Na P2L a vitória foi do MRX #74 de Leonardo Yoshi/ Eduardo Souza/ Leandro Totti.   


Nos GTs

(Foto: Marcos Gomes/ Instagram)

Na classe dos GTs as disputas foram ferrenhas, mais uma vez. A batalha entre o Mercedes AMG GT3 #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes e o Mclaren 720S #16 de Marcelo Hahn/ Allan Khodair animaram a classe dos GT3, com estes ficando na disputa por quase toda corrida e até rolando um toque entre o #9 e o Mercedes #50 de Maurizio Billi/ Marco Billi/ Max Wilson, possibilitando uma bela ultrapassagem do Mclaren #16 - então pilotado por Khodair - sobre o Mercedes #9 que estava aos cuidados de Marcos Gomes. 

O Mclaren #16 - que teve um Drive & Through por fazer a parada de box abaixo dos 4 minutos obrigatórios - esteve muito bem nessa corrida e a chance de vitória era real até as voltas finais, quando um problema no amortecedor tirou deles essa oportunidade de ganhar na classe e deixou o caminho livre para a vitória de Negrão/ Gomes - ao menos terminaram em segundo, enquanto que o Porsche 911 RSR #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) ficaram em terceiro após travar uma disputa com o BMW M4 de Átila Abreu/ Leo Sanchez. 

O Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista teve problemas no radiador e inicialmente era fim de prova para eles quando a corrida faltava duas horas para o final, mas um tempo depois o Team RC conseguiu resolver o problema e devolveu a dupla para terminar na 24ª posição na geral e em 8º e último na GT3.   

Na classe GT4 a vitória ficou para o Mercedes #31 da Autlog de Leandro Ferrari/ Renan Guerra/ Marco Pisani, a segunda posição ficou para o Porsche 718 #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani e a terceira para o Mustang #22 de Cassio Homem de Mello/ André Moraes/ Gustavo Conde. A baixa nessa classe aconteceu durante a corrida ainda em sua primeira hora, quando o Porsche 718 #718 de Marcel Visconde/ Bruno Xavier/ Marçal Muller teve um enrosco com futuro vencedor da classe #31 e acabou batendo na barreira de pneus da última curva.

A corrida completa você pode conferir no canal oficial do Império Endurance Brasil no Youtube clicando aqui.

A próxima etapa será em 20 de agosto com a realização das 4 Horas de Velo Città.

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...