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Emerson comemorando o título de 1972, conquistado em Monza. (Foto: Sutton Images) |
Um país que tem cultura monoesportiva como o Brasil, é quase
que impossível fazer com que o público goste de outro esporte que não seja
aquele a qual estão acostumadas. O futebol sempre foi o esporte mais difundido,
discutido, praticado e o título da seleção na Copa do México de 1970, só
reforçou essa paixão. Algo mais do que normal. Na mesma época, um rapaz de
costeletas longas e cheias, começava a traçar seu caminho numa categoria quase
que desconhecida por aqui. Emerson Fittipaldi fez sua estréia na F1 em Brands
Hatch; pontuou na corrida seguinte em Hockenheim; presenciou a morte de Jochen
Rindt na Itália e conquistou a vitória que rendeu o título póstumo ao austríaco
em Watkins Glen. No ano seguinte os problemas na Lotus o privaram de conseguir
algo melhor, mas sempre esteve entre os primeiros. Em 1972 tudo parecia melhor:
carro confiável, quatro vitórias e a chance de conquistar o mundial na Itália.
Mas os azares de dias antes do GP italiano foram aos montes: carro destruído num
acidente; mecânico ferido; combustível vazando horas antes de largar... Emerson
conseguiu ir para a corrida e vencer a prova e o receio de algum outro problema
que viesse acontecer. Emerson Fittipaldi, do alto dos seus 25 anos, era campeão
mundial de F1.
O feito de Emerson se alastrou pelo país e era normal
naquela altura ver pessoas, ainda que com alguma dificuldade, falar sobre a
categoria tentar pronunciar nomes difíceis como Ronnie Peterson, Jackie
Stewart, Colin Chapman, Clay Regazzoni, Jacky Ickx e outros. Os garotos se
entusiasmaram e as pistas de kart passaram a ficar mais freqüentadas, cheias. A
aparição de José Carlos Pace pouco tempo depois, só ajudou a colocar o Brasil
no mapa do automobilismo mundial e ajudar a popularizar a F1 por aqui. As disputas
com Stewart foram o ponto alto daqueles dias seguintes; o carro negro e dourado
da Lotus era sinônimo de vitória e Emerson era um dos pilotos mais respeitados
e temidos do grid. Um esforço que se iniciou em 1969 e agora estava sendo
recompensado.
Uma vez com o caminho aberto, foi fácil presenciar a ida de
um piloto brasileiro para a F1: Ingo Hoffman, Alex Dias Ribeiro, Nelson Piquet,
Roberto Pupo Moreno, Ayrton Senna, Mauricio Gugelmin e outros tantos até chegar
aos dias de Massa e Bruno. O resultado subseqüente de tudo isso, após o segundo
título de Emerson em 1974, foram mais outros seis mundiais e 87 vitórias.
E aquela última volta do GP da Itália de 1972 representou
algo muito além do título de Emerson Fittipaldi: o Brasil também poderia fabricar
pilotos tão bons quanto os de qualquer outra parte do mundo.
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