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domingo, 13 de outubro de 2019

GP do Japão - De volta às vitórias

Após uma sexta-feira produtiva, onde a Mercedes teve em Valtteri Bottas o seu melhor piloto e Lewis Hamilton escoltando o finlandês nas duas sessões, era de esperar que a equipe germânica retomasse a supremacia na classificação. Porém, a Ferrari ainda tinha algo para extrair do carro, como bem mostrou Sebastian Vettel ao cravar a pole em Suzuka e Charles Leclerc fechando a primeira fila para os italianos numa amostra do que poderia ser aquela tarde de sol e ventania - ainda reflexo do tufão Hagibis que forçou a anulação das atividades no sábado.
Mas qualquer chance que a Ferrari já começou a ruir na largada, com a péssima partida de Vettel e também de Charles. Bottas foi esperto ao sair rapidamente de trás do piloto alemão e assumir a liderança. Enquanto isso, Vettel sustentava a primeira posição e Max Verstappen, que fizera uma bela largada, era atirado para fora após um toque com Leclerc que calculou mal a esparramada e acabou batendo no holandês. Hamilton também se prejudicou em não se livrar da má partida de Charles, ficando encaixotado entre a Ferrari e a Red Bull e por muito pouco não perdendo, também, para a McLaren de Sainz.
O incidente de Charles e Verstappen ainda criou problemas para aqueles que seguiam o piloto da Ferrari logo atrás: alguns pedaços do carro italiano começou a cair pelo circuito, em especial um pedaço da asa dianteira que soltou em plena reta - antes da 130R - e acertou o retrovisor direito do Mercedes de Hamilton. Todos estes problemas acabaram gerando punições para Charles após a corrida: levou cinco segundos de punição pelo incidente com Max e dez por conta de continuar na pista com carro em situação perigosa. Charles perdeu a sexta colocação, caindo para sétimo. Max Verstappen abandonou ainda no início da corrida, por causa dos danos da batida.
A corrida não foi pródiga em emoções, mas foi uma oportunidade de ver um Valtteri Bottas num ritmo alucinante e sabendo aproveitar ao máximo a ótima velocidade de corrida que Mercedes apresentou nessa prova. Mesmo que a estratégia parecesse tirar dele uma possível vitória, frente ao suspense que apareceu se Hamilton iria ou não para o seu segundo pit-stop, o inglês foi para o box e Valtteri retomou a liderança para conquistar a sua terceira vitória no campeonato e ganhar um fôlego na vice liderança e ficar a 64 pontos de Lewis.
Por falar no inglês, talvez uma melhor saída podia ter resolvido parte dos seus problemas, mas duelar com as Ferrari acabou atrasando um bocado - e isso ficou bem claro quando ele ficou encaixotado em Vettel nas voltas finais.
Sebastian Vettel terminou num ótimo segundo lugar, mesmo apresentando um ritmo que não fosse o melhor frente as Mercedes - e teria sido interessante ver como seria a disputa caso tivesse largado melhor e sustentado a liderança. Aproveitou bem a potência do motor Ferrari para abrir boa diferença na saída da chicane, impossibilitando o ataque de Hamilton no final da reta.
Ainda tivemos bons trabalhos de Sainz, Albon e Ricciardo - principalmente este último que largou em 16o e escalou até o sexto lugar para salvar bons pontos para a Renault.
Os resultados conquistados por Bottas e Hamilton foram suficientes para que a Mercedes sacramentasse o seu sexto título de construtores e forma consecutiva, igualando a marca da Ferrari feita entre 1999-2004. 

domingo, 29 de setembro de 2019

GP da Rússia – De bandeja


As melhorias apresentadas pela Ferrari nestes três últimos GPs deram a equipe italiana a possiblidade de, enfim, enfrentar e até mesmo superar a Mercedes. Isso foi muito bem traduzido pelas poles de Charles Leclerc e suas vitórias, assim como a bela conquista de Sebastian Vettel em Singapura. Em Sochi o cenário estava pronto mais uma vez para que a conquista da Rossa fosse apenas uma questão de tempo, mas não foi bem assim.
É claro que a intromissão de Hamilton entre as duas Ferrari – num momento que a primeira fila italiana parecia certa – precisava de maiores cuidados exatamente pela longa reta do circuito russo, mesmo que o piloto inglês saísse de pneus médios que tem uma aderência menor que os macios usados pelo duo ferrarista. Um acordo feito antes da prova anular qualquer ataque de Lewis foi feito entre Charles e Sebastian e quando a largada foi dada, a saída de foguete de Vettel, ao pular de terceiro para primeiro, foi amplamente festejada e elogiada, porém – como boa parte das coisas que acontecem longe de microfones da imprensa e de ouvidos bem aguçados – soube-se mais tarde que aquilo era parte da estratégia de neutralizar o piloto britânico. Porém a outra parte do combinado era de Sebastian ceder a posição para Charles ainda nas primeiras voltas. Mesmo com os engenheiros discutindo isso a cada volta e indicando que Charles era o mais veloz, era Vettel quem estava de “jato ligado” ao cravar uma série de voltas velozes estando na liderança. Com uma diferença que chegou beirar os cinco segundos e com Leclerc não aproximando, a troca jamais foi feita e isso foi o estopim para mais um capitulo da pequena, mas intensa, guerra fria que deflagrou na equipe italiana. As posições foram alteradas quando Vettel parou nos boxes na volta 27, quatro voltas depois de Charles, ficando imediatamente atrás do piloto monegasco. O pior de tudo é que a estratégia da Mercedes passava a funcionar, pois largando de pneus médios a equipe alemã esperava deixar Hamilton mais tempo na pista para ter pneus macios mais frescos. A ideia começou a melhorar quando Sebastian estacionou na sua Ferrari com problemas na unidade de potência uma volta após sua parada de box. Com o Virtual Safety Car acionado, tudo ficou mais fácil para que Lewis parasse e voltasse ainda na liderança da corrida e, para completar a estratégia, Bottas também foi aos boxes na mesma volta (29) mudando para os macios. Ainda em regime de VSC, George Russel bateu a sua Williams forçand, assim, a entrada do Safety Car que acabou sendo importante para que a Ferrari chamasse Leclerc e mudasse os pneus médios para macios, dando ao piloto de Mônaco a oportunidade de duelar de igual para igual contra os dois Mercedes. A verdade é que após a relargada Charles não conseguiu chegar próximo o suficiente de Valtteri Bottas para tentar a ultrapassagem nos trechos mais, sendo que o último setor da equipe alemã era o melhor por conta do traçado mais sinuoso – e Bottas também conseguia uma melhor tração na saída da última curva do circuito, ajudando a anular qualquer tentativa de um uso mais eficaz da asa móvel de Leclerc. Alheio a tudo isso e fazendo a sua parte, Lewis fez as voltas velozes que precisava para abrir uma distância confortável para que pudesse se defender de Charles caso este conseguisse passar por Valtteri. A espera do SC que tanto a Mercedes almejava em Singapura, quando deixou Lewis por mais tempo na pista para tentar o pulo do gato e não aconteceu, acabou desta vez dando tudo certo. Apesar de uma grande melhoraria da Ferrari, especialmente nas classificações, o ritmo de prova destas duas equipes é bem parelha e isso dá a Mercedes a possibilidade de arriscar mais e tentar escapar de ficar encaixotado atrás dos vermelhos. Infelizmente não tivemos a chance de observar como seria essa estratégia com as duas Ferrari à frente, mas talvez a batalha fosse bem interessante com um Lewis tentando conquistar a vitória a fórceps. Mas, se na outra semana a estratégia “mercediana” foi um fiasco, essa correu tudo bem.
A corrida teve seu destaque, além do entrevero ferrarista, a ótima atuação de Alex Albon, que escalou o pelotão largando de 15º até a quinta posição – isso sem contar no belo duelo contra Pierre Gasly.
Enquanto que Mercedes festeja mais uma vitória, arrancada com uma bela estratégia e competência de seus pilotos que mantiveram por mais um ano o domínio das Silver Arrows neste circuito, a Ferrari terá que arrumar a casa até o GP do Japão para evitar que essa tempestade tome contornos mais devastadores para o ambiente que já não é tão calmo assim – até mesmo quando as coisas vão indo bem.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

GP da Itália: Um novo ídolo para os tiffosi



Sem dúvida que o maior sonho de quase todos os pilotos é correr pela Ferrari e em seguida conquistar a dobradinha vitória em Monza/ Titulo Mundial. Dessa forma, Charles Leclerc já realizou dois destes três sonhos com uma atuação brilhante que lhe rendeu uma conquista arrebatadora no clássico circuito italiano e automaticamente conquistou a fanática torcida italiana.
Passados mais de 24 horas desta grande conquista e mesmo estando a milhares de quilômetros, conseguimos imaginar como foi aquela tarde de 8 de setembro que ainda carregava desde Spa-Francorchamps a carga emotiva pela perda do jovem Anthoine Hubert – que foi homenageado no pódio da F2 ao tocar a Marselhesa – e depois pelas voltas que Jody Scheckter deu com a sua Ferrari 312T4 no circuito italiano em comemoração aos 40 anos do seu título mundial, conquistado ali mesmo em Monza com direito a vitória e dobradinha com seu saudoso amigo Gilles Villeneuve que levou a torcida italiana ao delírio no já distante dia 9 de setembro de 1979. Isso sem contar com a enorme festa que foi feita durante a semana por conta dos 90 anos de história da Scuderia. Ou seja: uma conquista da Ferrari naquele território seria apenas o toque final de uma semana para lá de emotiva.
Mas Charles Leclerc fez ainda mais: encarnou o espirito combativo da equipe italiana e duelou fortemente com Lewis Hamilton, sempre respondendo aos ataques do piloto inglês. No mais incisivo deles, quando Lewis conseguiu o vácuo na saída da Curva Grande e fez a tentativa para a Chicane Della Roggia, Leclerc fechou bem a passagem deixando para o piloto da Mercedes a chance de ir para a área de escape para evitar uma rodada ou batida. O lance fez a torcida vibrar nas arquibancadas. Tal duelo fez lembrar o de Fernando Alonso e Michael Schumacher em 2005 na pista de Imola, quando o então emergente e futuro campeão mundial Alonso se defendeu dos ataques ferozes de Schumacher por um bom número de voltas até vencer aquele GP de San Marino, dando a ele o reconhecimento de grande piloto. Depois que Hamilton ficou sem como atacar por conta do desgaste de pneus, foi a vez de Bottas tentar o ataque que acabou sendo inofensivo devido os erros do piloto finlandês.
A corrida ainda mostrou uma Renault consistente com seus dois carros, onde Ricciardo e Hulkenberg tiveram uma disputa caseira. Sem a presença da Red Bull, que sofreu com a falta de potência do motor Honda e ainda viu Max Verstappen largar de último por causa de troca de motor e, para piorar, ainda teve uma escapada dele logo após a largada para se livrar de um possível acidente. Mas ainda assim, saiu com a asa dianteira quebrada. Vettel também teve seu dia para esquecer, após rodar na Ascari e voltar de forma perigosa que poderia ter causado um tremendo acidente com Lance Stroll – que acabou escapando e ficando atravessado na entrada da reta oposta e também voltando perogosamente, forçando Gasly escapar pela gravilha para não acertá-lo ao meio. Sebastian despencou de quarto para o fundo do pelotão e ainda tomou um Stop&Go por conta do incidente, enquanto Stroll foi punido com o Drive Through.
A conquista de Charles Leclerc não apenas o colocou no panteão de pilotos que conseguiram vencer em Monza com a Ferrari, como também pôde dar a equipe italiana uma conquista que não vinha desde 2010. Um grande dia para a Ferrari, tiffosi e especialmente para Leclerc, de quem as pessoas esperavam muito e que agora tem visto que o garoto de Mônaco é realmente um dos grandes talentos dos últimos anos.


segunda-feira, 15 de julho de 2019

GP da Grã Bretanha – Emoções Mil em Silverstone

(Foto: Reuters)
A Fórmula 1 não costuma transmitir emoção para com aqueles que fizeram sua história, mas nesta etapa inglesa a homenagem rendida a Frank Williams pelos seus 50 anos de categoria e também pelos exatos 40 anos da primeira vitória da Williams na F1 foi bem bacana naquela volta que o inglês deu ao lado de Lewis Hamilton, que o levou a duas voltas pelo  circuito inglês num Mercedes de rua. Outra homenagem foi em memória de Charlie Whiting, falecido antes da abertura deste mundial na Austrália, que contou com uma cerimônia reunindo pilotos atuais e antigos da F1 que trabalharam com ele. Para a corrida, Justin, o filho de 12 anos de Charlie, foi convidado a acionar as luzes vermelhas para a largada.
Não esperava muito deste GP bretão. Numa Fórmula 1 tão bipolar que se tornou, já estava preparado para pegar uma corrida bem morna (apenas para ser otimista onde as Mercedes dominariam amplamente. Mas acabou por ser uma corrida extremamente agradável, onde os pilotos do pelotão dianteiro e intermediário se entregaram a batalhas interessantes.
Iniciando pela batalha das primeiras voltas entre os dois pilotos da Mercedes, Bottas e Hamilton brindaram o público naquelas voltas iniciais onde o inglês tentou como pôde superar o finlandês que soube bem defender-se e depois aplicar uma “re-ultrapassagem” no inglês quando este conseguiu superá-lo na Woodcote e depois acabou tomando o troco na Copse. Foram voltas bem intensas, com ambos lutando de forma franca. Não tão distante deles, o duelo que se iniciou no GP austríaco continuou forte na pista inglesa: Charles Leclerc e Max Verstappen se encontraram e dessa vez Leclerc esteve mais atento aos ataques do holandês, conseguindo defender-se de forma correta e mesmo após ambos irem juntos ao box, o duelo se manteve em alto nível com Charles recuperando a posição – perdeu após um belo trabalho de box da Red Bull que entregou Max rapidamente a frente – depois de um pequeno erro de Verstappen. Infelizmente a escapa de Antonio Giovinazzi, que deixou o Alfa Romeo na brita, forçou a entrada do SC e foi neste momento que Hamilton, que já liderava a prova após a ida de Bottas ao box, foi para o seu pit stop e conseguiu voltar na frente do finlandês. A Ferrari acabou demorando chamar Charles para o box – coisa que foi feita de imediato pela Red Bull com Max – e o monegasco teve que fazer mais uma volta e perder a posição para Verstappen. As coisas seriam decididas algumas voltas após a saída do SC, quando Max passou por Gasly e conseguiu aproximar-se de Vettel – que se beneficiara da entrada do SC para chegar ao terceiro posto -  e efetuar a ultrapassagem na Hangar. Infelizmente um erro de calculo por conta de Vettel pôs fim a um possível pódio de Verstappen, quando o piloto alemão acertou a traseira do Red Bull e ambos indo parar na brita. Conseguiram voltar para pista, com Sebastian tendo a sua corrida inteiramente prejudicada – e tomando em seguida uma punição de dez segundos – e com Max com um carro bem desequilibrado, que ainda o deixou em condições de terminar em quinto. Menção honrosa para a Mclaren que fez um belo trabalho através de seus dois pilotos e com Carlos Sainz duelando com Daniel Ricciardo por um período da corrida pela sexta posição.
Lewis Hamilton acabou por vencer o GP, a sua sexta conquista que o torna o maior vencedor do GP bretão – superando Jim Clark e Alain Prost que somam cinco - e também a 80ª de sua carreira na categoria. Hamilton ainda carregou a bandeira britânica na sua volta de desaceleração, em mais um momento bacana desta corrida.
Para uma categoria que teve dois GPs decepcionantes em sequencia, estas duas últimas foram para mostrar que ainda existe um pouco de emoção neste reino “mercediano”.

terça-feira, 28 de maio de 2019

GP de Mônaco - No limite dos pneus e mais uma pra conta


Gosto do GP em Monte Carlo! Claro que as lembranças da infância ajudam a gostar desta corrida – que todos sabem bem do que estou falando – mas também existe o teor histórico que permeia este circuito e junto de outros decanos do automobilismo europeu como Spa, Monza e Silverstone, formam um quarteto que poderia muito bem ser tratados como um Grand Slam da categoria, algo que chegou ser cogitado um tempo atrás e que não foi levado pra frente. Uma pena.
O que deixa a maior parte das pessoas com birra é exatamente o fato de praticamente  não existir pontos de ultrapassagem. Isso foi importante para a conquista de Lewis Hamilton no domingo, já que aguentar mais de 60 voltas com um jogo de pneus médios que ao chegar na casa das trintas voltas já estavam desgastados acabou por ser uma grande dose de destreza. Isso sem contar com um assédio de Max Verstappen que, por mais que tenha ficado todo esse tempo atrás sem esboçar um ataque efetivo (excetuando a tentativa na penúltima volta na freada para a chicane do porto), o risco de ter o piloto holandês nos retrovisores é algo a se considerar. O ataque final de Max quase pôs tudo a perder, mas Lewis foi esperto ao deixar o carro “vazar” a chicane e evitar uma possível rodada pois já estava esterçando para ingressar na chicane quando recebeu o toque de Verstappen. Por outro lado, a atuação de Max mostrou que o piloto holandês está numa crescente: a sua situação na corrida o deixava entre a espada e a cruz, uma vez que a punição de cinco segundos que levara por conta do toque no pitlane com Bottas o forçava a tentar de tudo para buscar a liderança. Se passasse por Lewis, existia a chance de abrir bem mais que os cinco segundos de punição e vencer e caso continuasse atrás do inglês, a probabilidade de terminar atrás de Bottas – então quarto na posição física da prova – era bem grande. Acabou prevalecendo a ultima situação, mesmo que ainda arriscasse de forma quase que suicida na penúltima volta e acabou terminando em quarto após o acréscimo dos cinco segundos de punição e acabou tomando, mais tarde, dois pontos na carteira por causa do ocorrido nos boxes. Mas a evolução técnica de Max tem sido muito bem vista e talvez a sua agressividade seja usada para determinadas situações de corrida, já que ele tem demonstrado entender bem que terminar e coletar bons pontos também faz parte do show que ele tão bem sabe fazer.
Vettel reconheceu que o entrevero entre Max e Bottas foi importante para que ele chegasse na segunda posição, sabendo que isso seria impossível e a quarta posição era o máximo a ser conseguido. Enquanto isso, Charles Leclerc continuava com o seu inferno astral no seu GP caseiro que começou no sábado na frustrada qualificação que estendeu para o domingo, ao  tentar abrir caminho e acabar se  tocando com Nico Hulkenberg na Rascasse – local onde ele  conseguira passar por Grosjean algumas voltas antes – e furando o pneu. Mesmo trocando e pouco tempo depois voltando para colocar, acabou desistindo na volta 16. Para Valtteri Bottas, a oportunidade foi perdida na qualificação e piorou com o toque entre ele e Max, que o jogou para terceiro e depois para quarto já que teve de parar outra vez para colocar os pneus duros. E por lá ficou – mesmo que virtualmente era terceiro – sem mesmo ameaçar Sebastian.
O GP monegasco continuou a sua sina de determinar o vencedor já qualificação, uma vez que a pole adianta pelo menos 60% do trabalho para o domingo e daí é o piloto quem precisa ter toda paciência e sorte para chegar ao olimpo no principado. Independente que esteja com o melhor carro da categoria, a atuação de Hamilton em se virar como podia com pneus que se degradavam a cada volta é louvável. Uma vitória que ele guardará com carinho para o resto de sua vida e até mesmo a bronca e o banho de champanhe no seu estrategista e engenheiro após o GP.

domingo, 12 de maio de 2019

GP da Espanha: Imparáveis

Tomar seis décimos de Valtteri Bottas na classificação pode ter soado como um alerta acompanhado de uma certa humilhação que Lewis acabou transparecendo no cumprimento frio que deu ao seu parceiro de equipe, longe das outras felicitações efusivas que dera ao finlandês nos outros resultados que este conseguira nesta temporada. Assim como fizera nos treinos para o GP da China, conseguindo se recuperar de uma sova que levara de Bottas, ao tomar meio segundo e uma das práticas e reverter para uma grande vitória no domingo, Lewis repetiu a lição para este GP espanhol.
A largada seria o momento crucial para que o inglês pudesse tomar a liderança e essa foi uma situação tensa: apesar da ótima largada, Bottas conseguiu emparelhar e se colocar ligeiramente a frente, enquanto que do outro lado Vettel conseguira uma partida excelente e se pôs a frente do duo de forma breve. A tamanha velocidade que o alemão conseguira, acabou forçando-o a travar o pneu dianteiro direito. Enquanto que Sebastian freava para não escapar da curva, Bottas se viu espremido entre o Ferrari e Lewis que vendera bem caro a disputa, ao conseguir a liderança. Podemos dizer que a prova foi decidida nestes metros inciais, com três pilotos numa gana impressionante para conquistar a liderança. Valtteri ainda deu uma rabiada, conseguindo controlar uma possível rodada que podia ter sido catastrófica. Para Vettel a travagem na primeira curva o deixou com o pneu "quadrado", e isso permitiu o assédio de Leclerc que ainda ficou algumas voltas atrás até que Sebastian lhe desse passagem. Algum tempo depois a manobra seria feita novamente, mas desta vez com Charles deixando Vettel passar. Foi um fim de semana bem decepcionante para a Ferrari, que se viu até mesmo atrás da Red Bull em termos de ritmo de prova.
No duelo caseiro, Hamilton esteve em outro nível ao abrir boa vantagem sobre Bottas nos dois estágios da prova - antes e depois da entrada do SC, causado pelo acidente entre Norris e Stroll. A relargada e as voltas seguintes de Lewis, conseguindo abrir três segundos de forma rápida e precisa, mostraram que o inglês tinha sobra suficiente para se defender de qualquer ataque vindo de Bottas.
A corrida em si, foi bem morna. Talvez o duelo entre os dois pilotos da Haas - Magnussen e Grosjean - é que tenha dado um certo interesse - principalmente por sabermos do teor explosivo que aquela dupla pode proporcionar nas disputas. O enrosco entre Stroll e Norris, já mencionado acima, também ajudou a despertar e dar uma nova luz com o acionamento do SC. Com todos os pilotos da dianteira com pneus novos, esperava-se possíveis duelos, que logo foram se esvaindo pelas 14 voltas restantes.
O GP da Espanha, que pode ser o derradeiro, já que a prova da Holanda deve substituir esta, viu a quinta dobradinha consecutiva da Mercedes num domínio impressionante que até meses atrás, lá mesmo na Catalunha, era imaginável que fosse da Ferrari. A Silver Arrow soube bem esconder o jogo e dar as cartas de forma firme até aqui e mesmo com todas as atualizações levadas para lá pelas suas rivais, as coisas não se mostraram eficazes para incomodar este domínio que pareceu se ampliar também por conta das melhorias também levadas pela Mercedes.
Pelo menos, a primeira vista, a briga deve ser entre os dois carros prateados para poder elevar ainda mais os impressionantes números alcançados até aqui pela Mercedes. 

segunda-feira, 29 de abril de 2019

GP do Azerbaijão: Mercedes 4 x 0 Resto

Hamilton e Bottas lado a lado em Baku: foi o melhor momento da corrida, ainda na largada.



É interessante chegar nessa fase do campeonato e observar, com a ótica que maior parte observava após os testes de Barcelona, o quanto que o panorama mudou de forma drástica. Enquanto que havia uma esperança de que a Ferrari pudesse igualar e até mesmo passar a Mercedes, a equipe alemã trabalhou quieta nos testes e quando chegou em Melbourne a lavada foi enorme sobre uma Ferrari que não se encontrou ritmo em momento algum. Apesar de um breve lampejo por parte de Charles Leclerc em Sakhir, onde quase venceu, a Ferrari voltou a patinar na China e ontem em Baku, na realização da quarta etapa do mundial. Enquanto que a Ferrari continua sem achar aquele ritmo avassalador de Barcelona, a Mercedes vai reescrevendo os recordes: se na China eles chegaram a terceira dobradinha consecutiva – igualando a marca da Williams de 1992 – ontem acabaram por estabelecer o novo recorde ao chegarem a quatro dobradinhas, divididas em duas vitorias para Lewis e Bottas.
O piloto finlandês esteve em grande forma mais uma vez, repetindo a performance de Melbourne e agora com a vantagem de ter largado da pole - uma vez que nenhum piloto até agora tinha conseguido tal feito. A sua largada defensiva, não dando chances a Lewis Hamilton, que andou lado a lado pelas primeiras curvas do traçado azeri, foi o ponto alto de uma corrida que foi marcada pela cautela dos pilotos em tentar sobreviver as armadilhas já conhecidas daquela pista. A prova de ontem só não foi pior que a de 2016, quando esta foi realizada sob o nome de GP da Europa. Valtteri soube controlar as últimas voltas com bastante tranquilidade e contando, também, com dois pequenos erros de Hamilton que custou uma melhor aproximação para tentar a ultrapassagem em uma das grandes retas. Com um gerenciamento bem melhor dos pneus, tanto na questão da temperatura, quanto no desgaste, a Mercedes tem conseguido sanar um dos seus grandes problemas que tanto incomodou a equipe desde antes do inicio da “Era dos V6 Turbo Hibridos” e isso tem feito uma enorme diferença no ritmo de prova de seus dois pilotos.
Do lado oposto, a Ferrari tem sofrido bastante em conseguir achar a temperatura correta da borracha – curiosamente foi um dos trunfos da equipe italiana nesta batalha contra a Mercedes, que se estende desde o ano de 2017. Charles Leclerc podia ser o cara a bater de frente com as Mercedes na classificação, mas acabou achando a barreira de pneus na temida subida do castelo no Q2 num momento que vinha bem na classificação que apenas confirmava a sua grande performance após três treinos livres com ritmo forte e liderança convincente. A oitava colocação no grid privou ele de conseguir algo melhor na prova, apesar de ter conseguido um bom ritmo e até mesmo liderado parte da corrida. Mas a troca obrigatória para os macios o relegou para a quinta posição, onde ficou até o fim – fazendo até uma segunda troca por outro jogo de pneus macios já no final da prova, para tentar a melhor volta que acabou por conseguir na passagem 50. Já Sebastian Vettel não foi a ameaça que se esperava para as Mercedes, ao não conseguir ameaçar o duo prateado em momento algum – mesmo que tenha chegado próximo em algumas situações, mas que logo foi respondido com eficácia por Hamilton. Assim como Charles, Vettel também não conseguiu gerar a temperatura correta para os seus pneus e ainda teve que lidar com a perigosa aproximação de Max Verstappen que foi logo desfeita assim que o Virtual Safety Car saiu da pista – após o incidente bizarro entre Ricciardo e Kvyat – onde Max também não conseguiu aquecer os pneus de forma adequada e acabou não ameaçando mais Sebastian. A verdade é que o acidente de Leclerc e a ineficiência dos estrategistas da equipe acabaram prejudicando bastante uma oportunidade de tentar, ao menos, quebrar a sequencia fabulosa da Mercedes.
Sergio Perez mostrou que sabe bem os caminhos daquele circuito ao largar na quinta posição e fechar a corrida em sexto numa corrida tranquila e seu companheiro de Racing Point, Lance Stroll, colocou o segundo carro na nona posição. A Mclaren também esteve num final de semana bem positivo ao pontuar com os dois carros, com Sainz em sétimo e Norris em oitavo.  Kimi Raikkonen fez ótima recuperação e terminou em décimo.
A próxima etapa sendo em Barcelona a expectativa é como será o desempenho especialmente da Ferrari. Mas temos que levar em conta que as equipes levarão para a pista catalã melhorias – inclusive a Mercedes, que nos últimos anos tem guardado o que há de melhor para esta corrida.
Será que Ferrari destravará, enfim, o poder de fogo do seu carro e iniciará uma virada ou a Mercedes continuará a sua assombrosa performance?
Veremos...

domingo, 14 de abril de 2019

GP da China: Mercedes a Mil



Com toda a divulgação em torno da corrida de número 1000 da Fórmula-1 e mais a esperança de um possível duelo entre Ferrari e Mercedes, esse era o GP que mais despertava uma expectativa de como poderia ser aquela prova centenária. Porém o mau entendimento da Ferrari com seu carro – mais uma vez – deitou por terra essa possiblidade de tentar dar a este GP um espetáculo melhor. Enquanto que a Ferrari estava atordoada em tentar achar o ritmo – revivendo um fim de semana bem parecido com aquele de Melbourne –, a Mercedes desfilava a sua finesse e competência sem ter quem os ameaçasse. Pior que após este GP chinês as impressões de que o time alemão estava – mais uma vez – escondendo o jogo nos testes de pré-temporada, parece ainda mais evidente.
A Mercedes já demonstrava forças no segundo treino livre, quando Bottas suplantou Vettel na casa dos milésimos. No terceiro treino livre foi onde os carros alemães, especialmente com Valtteri, deram o verdadeiro tom do que podiam fazer no qualy de logo mais ao ver o finlandês cravar a melhor marca com mais de três décimos de vantagem sobre Vettel. Na classificação Bottas repetiu a performance ao cravar a pole, com 27 milésimos de avanço sobre Hamilton e três décimos sobre Vettel. Uma possível reação repousava na corrida.
A largada foi um verdadeiro bloqueio dos Mercedes sobre os Ferrari, sem dar nenhuma chance de reação para o duo ferrarista. Daí em diante não houve nenhuma aproximação por conta da Ferrari para com a Mercedes, com a diferença chegando a ficar na casa dos oito segundos de atraso de Vettel para Bottas e de doze para Hamilton que liderava com folga. O máximo que Sebastian conseguiu se aproximar da Mercedes foi perto do fim da prova, quando  Bottas levou certo atraso para superar Leclerc na luta pela segunda posição.
O GP chinês não foi dos melhores. Insosso desde o inicio, com os carros bem espaçados, as chances de duelos se esvaíram. Apenas a tensão nas discussões entre os pilotos da Ferrari com o time é que deram um tom diferente e claro, causaram a polêmica do dia ao pedirem para que Charles Leclerc desse passagem para Sebastian Vettel que estaria mais veloz. A verdade é que a vantagem de Charles para Vettel e depois do alemão para o monegasco após a inversão de posições, não deram nenhuma diferença no que a Ferrari pretendia que era tentar alcançar Bottas. A polemica aumentou quando Sebastian foi chamado ao box após a parada de Verstappen – que passava a ser uma ameaça – e Charles ficando na pista por mais voltas. Isso relegou o jovem piloto ao quinto posto quando parou após três voltas, com um atraso de 16 segundos para Vettel e doze para Max. Charles acabaria em quinto, mas as suas reclamações ainda em pista mostra o quanto que a Ferrari terá que trabalhar essa situação. Vagamente, lembrou a primeira rusga entre Hamilton e Alonso na Mclaren em 2007 na altura do GP de Mônaco, onde a equipe barrou um possível ataque de Lewis sobre Fernando.
Alheio a tudo isso, a Mercedes fez uma grande prova ao dominar amplamente as ações com Hamilton e Bottas e ainda, mostrando grande trabalho da equipe box, chamou os dois carros para fazer a derradeira troca de pneus e rechaçar qualquer chance de reação de Vettel – que parara voltas antes. Lewis conseguiu recuperar-se de um final de semana que parecia complicado ao não achar o acerto ideal nos treinos e ter melhorado na classificação, onde conseguiu se aproximar de Bottas. O piloto inglês soube se aproveitar bem da ótima largada que realizara para construir uma vantagem cômoda para a sua vitória. Para a Mercedes foi a terceira dobradinha nas três corridas iniciais, igualando a marca da Williams de 1992.
Baku será mais uma oportunidade para vermos se a Ferrari reagirá ou se a Mercedes continuará com o seu passeio dominical.

segunda-feira, 18 de março de 2019

GP da Austrália - Um novo Bottas ou uma jogada da Mercedes?

(Foto: carsradars.com)
Cronistas esportivos costumam dizer que normalmente o que se chega aos ouvidos da imprensa é em torno de 10, 20%. O restante é chute justamente em cima do que chegou a eles. Para uma melhor compreensão dos fatos é preciso ter uma fonte 100% confiável e ainda sim, precisar pesquisar fundo para que não caia numa autêntica "barrigada" que nada mais é um erros dos grandes numa informação que não se concretiza.
Porém, mesmo que não estejamos dentro do front, nos resta imaginar alguns cenários e supor situações que possam desvendar tal coisa. A vitória surpreendente - e convincete - de Valtteri Bottas neste GP da Austrália foi uma situação que quase ninguém apostaria até metade da prova, sabendo que a Mercedes poderia intervir à favor de Lewis. Mas a jogada foi diferente e o piloto finlandês fez a sua melhor corrida numa atuação digna de... Lewis Hamilton!
O próprio Bottas já havia alertado que ele teria de mudar a sua postura nesse ano de 2019. Uma por conta do ano de 2018, no qual ele passou longe de uma vitória e outra que neste 2019 seu contrato com a Mercedes acaba. Mas Valtteri é um funcionário que vale bastante e as suas contribuições nos últimos dois anos - especialmente o de 2018 - não deve ser descartado.
Vale lembrar que na temporada passada Bottas teve duas grandes chances de vencer: no Azerbaijão estava com a vitória no bolso quando um dos pneus estourou já nas voltas finais, com a primeira colocação caindo no colo de Lewis Hamilton. A segunda, e mais dolorosa do que aquela de Baku, foi no GP russo: em Sochi Bottas estava em grande forma ao andar constantemente à frente de Vettel e Lewis que batalhavam fortemente pela segunda posição. Com o piloto inglês superando Sebastian e conseguindo abrir boa distancia para o ferrarista, a dobradinha da Mercedes estava garantida e, consequentemente, a conquista de Bottas também estaria uma vez que a segunda posição de Hamilton dava a ele naquele momento uma vantagem confortável sobre Vettel no campeonato. O mandado de troca de posições entre os dois pilotos da Mercedes gerou o grande mal-estar da temporada, uma vez que a matemática jogava à favor de Lewis e a vitória naquele momento não mudaria muita coisa. Com a entrega de Valtteri, a sua derradeira chance de vencer se esvaiu e o finlandês encerrou a sua temporada sem vitória e uma enxurrada de criticas a sua performance durante o ano.
Se Bottas teve uma desempenho pessoal bem abaixo, a suas prestações para a equipe foram as melhores. O finlandês esteve sempre no que costumo dizer "jogo sujo", onde ele precisava sacrificar sua prova por conta da estratégia da equipe em tentar anular os pilotos da Ferrai, em especial Vettel. Os GPs do Bahrein, Azerbaijão, Grã-Bretanha e Hungria - as que vem em mente neste exato momento - foram corridas onde Bottas sempre esteve no encalço de Sebastian em alguma situação: no Bahrein ele ameaçou o piloto alemão nas últimas voltas, mas sem nunca fazer uma real manobra de ataque para ganhar a primeira posição; Azerbaijão ele estava na frente de Vettel quando este mergulhou na relargada para tentar retomar a liderança, mas caso não tivesse este erro do alemão poderia sim ter lutado pela vitória ou até mesmo ter segurado-o para uma chegada de Hamilton, que vinha logo em terceiro; em Silverstone a situação exatamente a mesma de Baku, mas desta vez a disputa durou algumas voltas com Bottas se segurando e segurando os ataques de Vettel como podia. Porém os pneus gastos da Mercedes acabou expondo ele demais, cedendo as investidas de Sebastian (que fez manobra idêntica a de Baku, mas desta vez com maior sucesso e pneus bem mais aquecidos). Esse trabalho de Valtteri foi importante para a aproximação de Hamilton que se recuperava na prova a terminar em segundo e salvar uma corrida que beirava o desastre; e por último em Hungaroring, onde Bottas segurou Vettel impecavelmente, só tomando a ultrapassagem nas últimas voltas num momento em que Hamilton já estava anos luz à frente deles. Foi outro ponto importante, exatamente numa pista onde a Mercedes não deveria vencer e venceu. Não há como negar que Valtteri Bottas tenha sido extremamente importante para aquele jogo de xadrez que foi a temporada de 2018. Claro, méritos e mais méritos para Hamilton que soube bem aproveitar toda a situação e vencer o campeonato, mas Bottas foi uma peça pra lá de importante nessa engrenagem.
Valtteri Bottas iniciar o campeonato dessa forma importante e imponente, mostra duas faces interessantes: além da gana de mostrar a todos seus detratores que ele é bem melhor que aquele Bottas que andou todo 2018 na sombra de Hamilton, mostra também que ele pode ser novamente uma peça importante para a Mercedes e Lewis neste ano, mas de uma forma muito mais letal para os adversários. Sabe-se que esta temporada será intensa e de possível reviravoltas, assim como foi em 2017 e 2018, e por isso contar com um Bottas mais próximo de Hamilton significa não deixar escapar pontos e oportunidades para os outros, mesmo que isso signifique colocar o finlandês na disputa pelo titulo e lá para o final do campeonato eles (Mercedes) tenham que resolver o abacaxi de alguma forma. Isso sem  contar com um fator extra pista que se fez presente nesta prova de abertura, que foi a presença de Esteban Ocon por todo final de semana na garagem da Mercedes. Portanto, o combustível para inflamar a um novo Bottas surgiu logo de cara num ano que pode ser grandes batalhas.
É claro que essa conquista de Bottas, onde ele teve todos os méritos ao aproveitar-se muito bem da situação que lhe apareceu, pode render muitas idéias do que possa ser o seu desempenho geral neste ano de 2019 visando a sua permanência para 2020. Mas a certeza que fica, a primeira vista, é que Bottas parece ter mudado seu jeito e as próximas etapas é que indicarão até que grau isso pode influenciar nesta temporada. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

GP da Rússia - Ordens são ordens, mas...


Sabemos que existem as reuniões pré-corridas e nelas é que são traçadas todas as estratégias. Mas talvez algumas coisas mudem de direção conforme o andamento da corrida e aí que se instala as grandes polêmicas.
Olhando dessa forma, será difícil entender o real fato que levou a Mercedes a fazer o jogo de equipe em Sóchi, alijando Bottas de uma possível vitória para que Hamilton pudesse chegar a mais uma conquista. A verdade é que o modo que foi feito é que gerou toda indignação, assim como acontecera no episódio de Spielberg em 2002 entre Barrichello e Schumacher. Não foi o melhor momento da temporada, principalmente de uma equipe que foi elogiadíssima em 2017 quando inverteram as posições de Hamilton e Bottas quando o primeiro não conseguiu chegar nas Ferrari no GP da Hungria. Porém, desta vez, ficou o julgamento pelo momento em que esta atitude foi tomada, uma vez que Lewis estava com quarenta pontos de vantagem sobre Vettel e naquele momento ele estava terceiro (virtualmente segundo, já que Verstappen era líder e teria que parar logo mais para a sua troca de pneus). Com o segundo lugar ele iria para 43 pontos de vantagem sobre o piloto alemão. Com a vitória, subiu esta vantagem para cinquenta. Muito se falará (como já falaram) sobre a postura de Hamilton - assim como a do Schumacher na Áustria - em não ter abrido mão da vitória. Mas pilotos que estão nessa luta pelo título, por mais que se encontrem nessa situação do "entre a espada e a cruz", vão optar por vencer. Foi a vitória de número 70 de Lewis e sem dúvida a mais controversa.
Mas, o que levaria a Mercedes a tomar tal iniciativa justamente agora que parece ter resolvido alguns problemas em seu carro, recuperando o terreno que perdera para a Ferrari desde a prova de Baku? Por mais que o clima tenha sido bem ruim, podemos deduzir que a equipe não esteja tão segura para estas derradeiras etapas. Talvez tenham tomado como exemplo Fernando Alonso em 2012, quando abandonou duas provas por conta de acidentes e viu a sua diferença de quase 40 pontos virar fumaça e ter que lutar contra uma Red Bull de... Vettel que estava em grande crescente na ocasião. Ou até mesmo as famigeradas trocas de componentes, que pode jogar Lewis para o fundo do grid e fazê-lo correr certos riscos para escalar o pelotão. A verdade é que são várias hipóteses que possam ter levado Toto Wolff a fazer a tal cena, privando Bottas da sua primeira vitória no ano e jogando a equipe na boca dos leões.
Apesar das pessoas não gostarem dos jogos de equipe, infelizmente isso faz parte do campeonato e nesta altura é totalmente compreensível, por mais que haja ressalvas como este caso em Sóchi.
Caberá a Mercedes, Ferrari e qualquer outra equipe que venha a usar deste artifício, um modo mais sutil de fazê-lo para que não haja momentos constrangedores como o de ontem.


A corrida em si foi mediana. Mas tivemos a grande atuação de Max Verstappen - que reconheceu a facilidade em escalar o pelotão por conta do melhor carro - e liderar parte da prova com um ritmo muito bom. Quem sabe o que poderia ter feito se tivesse largado mais a frente.
Antes da polêmica manobra, tivemos um duelo fabuloso entre Lewis e Sebastian pela então terceira colocação, com o inglês consertando o erro de cálculo da Mercedes - que o deixou mais tempo na pista e perdendo a posição para Vettel quando retornava do pit-stop. A defesa de Vettel foi no limite, mas limpa - apesar de que qualquer manobra em falso poderia ter causado grande acidente no final da grande reta dos boxes. O ataque de Lewis no trecho seguinte foi uma das grandes manobras da corrida e da temporada, para a obtenção do terceiro lugar. Ficou bem claro nesta prova em principalmente em duas situações - largada e disputa da terceira colocação - o quanto que a Mercedes melhorou seu ritmo de prova, conseguindo suplantar a Ferrari desde os treinos.
As respostas virão daqui poucos dias, já que a etapa de Suzuka será no próximo final de semana.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

GP da China: O pulo do Touro

Se pudéssemos classificar a prova da China, seria em três fases:

1a - O domínio amplo da Ferrari com os pneus macios sobre a Mercedes é imenso, a ponto de deixar os prateados totalmente perdidos.
Mesmo com a diferença oscilando entre 2,5 a 3,5 segundos, ficava claro que Vettel podia dar a resposta a hora que quisesse, principalmente por saber que o carro de trás terá problemas para atacar o da frente por conta da turbulência. Aliás, Mercedes sofre com isso há anos, mesmo quando o apoio aerodinâmico não era tão forte (2014-2016). Esta primeira parte do GP chinês foi bem morno, tendo apenas duelos intensos nas posições intermediárias (a zona da briga de foice), onde Alonso andou desafiando os carros da Haas. Na dianteira viu-se uma procissão, sem que ninguém atacasse ninguém.

2a - Após a únicas paradas de box dos dianteiros, a perca da liderança de Vettel para Bottas nos mostrou um cenário bem interessante, com o finlandês conseguindo andar no mesmo ritmo de Sebastian, mas agora ambos usando o mesmo composto (médio), e dando a Mercedes uma chance de vencer. Mesmo com a Ferrari deixando Raikkonen mais tempo na pista e ele dando uma pequena ajuda para que Vettel chegasse em Bottas, antes que fosse para os Boxes, as coisas não pareciam tão fáceis e o alemão precisaria de ir para a batalha na pista para retomar a dianteira. Lewis, também calçado com os médios, começava achar uma melhor performance. Neste momento a prova ganhava uma nova situação, onde as voltas finais poderiam reservar bons duelos.

3a - Essa parte foi a virada: o enrosco das duas Toro Rosso - com Gasly tocando em Hartley, fazendo-a rodar - forçou a entrada do Safety Car para que o gancho pós reta oposta fosse limpo. Neste momento os dois Red Bull foram ao box para se livrarem dos médios e calçar os macios, o que dava a eles a chance de atacar as Ferrari e Mercedes.
Foi o momento que apareceu a genialidade de Ricciardo, ao escalar o pelotão com agressividade e ultrapassagens bem calculadas. Max também trilhava um caminho bem interessante e que poderia ter lhe rendido uma vitória, caso não batesse em Vettel no hairpin. A mudança de rumos definiram um desfecho que era bem pouco provável até minutos antes do incidente dos dois Toro Rosso.

Este GP chinês deu mais uma prova do que é feito Daniel Ricciardo. Das suas seis vitórias na categoria, ao menos quatro delas foram em situações onde a corrida parecia resolvida e onde entra num momento de "acomodamento" dos demais. Ele sabe explorar bem este momento, atacando de forma impiedosa os adversários ao extrair o máximo de seu equipamento. E olha que passou perto de quase largar do fundo do grid após a sua quebra de motor no terceiro treino livre. O trabalho hercúleo dos mecânicos em reaver o motor e entregar o australiano para o classificatório, foi recompensado com a vitória dele.
E sem dúvida, a sua ultrapassagem sobre Bottas já é um dos grandes momentos do ano.


domingo, 12 de novembro de 2017

GP do Brasil: Uma final alternativa

Quando Lewis Hamilton acidentou-se ainda na sua primeira tentativa de volta veloz para a qualificação, talvez houvesse torcedores dos Vettel que pensassem “Porquê não antes?”. Por outro lado, os torcedores de Hamilton tenham tido os mais variados pensamentos quando viu o Mercedes espatifado contra a barreira de pneus: “E se...”
A verdade é que o mundial, já encerrado à favor de Hamilton no México, e com certo drama, nos deu a oportunidade de presenciarmos uma corrida bem agradável em Interlagos. Se o duelo pela vitória não foi o grande chamariz, as atuações de Hamilton e Ricciardo, partindo do fundo, foram as grandes atrações deste GP. E ainda tivemos Felipe Massa, terminando na sétima posição e sendo o melhor do “resto” e tendo a chance a chance de fazer a sua segunda despedida de Interlagos agora na casa dos pontos, uma vez que em 2016 o acidente durante a prova acabou antecedendo as homenagens.
Independente se tenha tido ajuda da asa móvel ou não, a verdade é que Hamilton esteve no seu grande dia, desfrutando ao máximo do carro que tem. Foi uma pilotagem limpa e extremamente alucinante, sabendo tirar todo o desempenho que os pneus macios e super macios lhe proporcionavam. Nem parecia aquele carro apático que ele pilotou no Hermanos Rodriguez quinze dias atrás, onde ficou travado em último por várias voltas enquanto Vettel, que também caíra para o fundo do pelotão após um toque com o inglês ainda na largada, fazia uma recuperação brilhante para terminar em quarto e ver as suas poucas chances de títulos escorrerem para o ralo. Uma prévia do que poderíamos ver de Hamilton em Interlagos foi muito bem demonstrado nos treinos livres, quando ele teve o máximo domínio das ações falhando apenas no terceiro treino livre. Na classificação, assumiu a culpa do acidente e via-se que estava realmente puto da vida com o que havia acontecido. A sua atuação no decorrer destas 71 voltas da prova paulistana sintetizou o real momento de Lewis neste seu estágio na Fórmula-1: extremamente confiante e isso acaba traduzindo em velocidade pura e tenacidade para ir buscar os resultados. Ok, você dirá que com este carro fica fácil, mas se olharmos o que fez Valtteri nestas mesmas 71 voltas, verá que tem uma enorme – gigantesca – diferença entre os dois pilotos prateados.
Sobre a disputa pela vitória, Sebastian Vettel assumiu a ponta no contorno do S do Senna e por ali ficou, sem ser incomodado por Valtteri Bottas. Foi uma atuação tranquila do alemão que não vencia desde o GP da Hungria, numa altura em que a Ferrari estava praticamente no mesmo nível que a Mercedes. Logo após a única parada de boxe, que talvez tenha sido o momento onde ele tenha tido a maior ameaça – já que a Mercedes havia chamado Bottas para a troca de pneus uma volta antes – Vettel conseguiu voltar ligeiramente à frente de Bottas e logo atrás de Lewis, cerca de 3.5 segundos de desvantagem. Assim que retomou a liderança com a ida do inglês aos boxes, conseguiu ter todo controle da prova a seu gosto e assim foi até a bandeirada final. Bottas foi apático: se conseguiu uma fenomenal pole no sábado, não teve o mesmo poder de fogo de outras grandes largadas que fizera neste ano – Rússia e Áustria – e acabou perdendo a primeira colocação para Vettel ao virar da primeira curva. Pior mesmo é que não teve muito ânimo em tentar atacar Sebastian e lutar abertamente pela liderança da prova quedaria a ele, chances de conquistas pontos importantes na disputa pelo vice-campeonato. Pior mesmo é ter visto que Hamilton esteve num dia de fúria e chegou a poucos segundos dele na classificação final. Talvez essa prova explique e muito o porque da Mercedes ter passado a dar toda atenção à Lewis no virar do mundial.
Felipe Massa teve o seu grande dia em Interlagos. Todos sabiam que furar a bolha criada por Mercedes, Ferrari e Red Bull seria extremamente difícil, mas Felipe acabou saindo dessa corrida como o vencedor do resto – ou da Classe B da categoria. Manteve Fernando Alonso todo o tempo do GP a uma distância acima de um segundo, para que o espanhol não pudesse usar asa móvel e assim foi durante todo GP. Apenas nas voltas finais, talvez com os pneus já bem desgastados, é que teve uma pressão considerável de Alonso e de Pérez neste. Aguentou bem as investidas e pôde terminar na sétima colocação e ter uma despedida mais honesta, com direito a uma fala do seu pequeno Felipinho no rádio.
E Interlagos foi mais uma vez o palco de uma corrida muito boa.

domingo, 8 de outubro de 2017

GP do Japão - Quase lá

As noticias que vinham do grid de largada, onde os mecânicos ferraristas trabalhavam apressadamente para resolver algum problema no carro de Sebastian Vettel, logo se alastraram. Quando as imagens começaram a pipocar na internet, minutos antes da volta de apresentação, as coisas pareciam ainda pior. Por mais que eles tenham conseguido entregar o carro a tempo da volta de apresentação, ainda faltava ver o desempenho deste na corrida. E foi a mais desastrosa – ou dolorosa – que se podia esperar: Vettel foi caindo de forma vertiginosa na classificação, sendo ultrapassado como se o alemão estivesse a bordo de um carro da F2. Sebastian ainda aguentou até depois da saída do Safety Car – que entrara na pista por conta do acidente de Carlos Sainz – quando teve que acatar a decisão da equipe em recolher o carro para o box. Mais tarde saberíamos que o que fez a desistência prematura tinha sido a falha de uma vela, que deve custa alguns dólares. Uma real apunhalada no ânimo de quem esperava começar reverter o jogo a partir deste GP nipônico. Se as outras derrotas ainda lhes davam uma certa esperança de tentar reagir a partir da próxima corrida, desta vez as coisas são bem diferentes. Afinal, não dependerá mais de Vettel e Ferrari para conseguirem o tão sonhado título.
Por outro lado, Hamilton conseguiu ampliar ainda mais a sua diferença sobre Sebastian colocando agora 59 pontos de vantagem para o alemão. Uma diferença tão confortável o que o deixa numa situação de nem precisar mais subir ao pódio para conquistar o seu quarto mundial. A sua vitória foi mais uma vez maiúscula, sendo que tivera um bom ritmo com os super macios no primeiro stint, conseguindo manter um (mais uma vez) brilhante Max Verstappen numa boa distância. Porém, após a troca para os macios, o desempenho teve uma queda exatamente por conta da borracha que se desgastou rapidamente deixando com que Max se aproximasse perigosamente. Com Valtteri Bottas a frente, foi preciso fazer a inversão de posições – o que acabou matando uma possível chance do finlandês tentar o pódio – para que o #77 “freasse” a ameaça rubro taurina. E isso fuincionou pelas voltas que Valtteri se manteve na frente de Verstappen e quando foi para a sua troca de pneus, Hamilton tinha já uma diferença mais confortável para o jovem holandês que foi muito bem administrada pelo tricampeão. Porém, as voltas finais foram dramáticas: a aproximação de Max era evidente e com Lewis sofrendo de fortes vibrações na parte de trás do carro – que depois foi constatado que era por conta do motor – ficava quase que claro que dependeria e muito de um tempo para que Verstappen tentasse a ultrapassagem. Mas ao encontrarem Alonso e Massa pelo caminho – que disputavam a décima colocação – estes acabaram atrapalhando as pretensões de Max de tentar uma cartada naquela volta final. O cruzar da linha de chegada foi um alivio e isso ficou bem claro quando soube-se que a Mercedes havia trocado algumas peças no carro de Hamilton que agora já está no limite da sua quarta unidade de força. Ou seja: se agora trocar algum outro componente nestas últimas quatro corridas, o inglês perderá posições. Mas com uma diferença tão grande e sem a necessidade real de chegar ao pódio nestes derradeiros GPs, chega a ser um alivio de fato.
Outro ponto importante e que deve dar uma animada – e que já está animando – é a grande crescente da Red Bull do GP de Singapura para cá. Ficou claro que o ritmo de Verstappen foi muito bom, não deixando Hamilton abrir uma enorme diferença  no primeiro stint e conseguindo acompanhar – e até ameaçar – o mercediano na parte final do GP. Interessante observar, também, é a grande forma de Verstappen nestas duas últimas provas ao conseguir extrair tudo do RB13 e dar trabalho para Hamilton e sua Mercedes. Já são 43 pontos conquistados nestas últimas corridas, sendo que esta é a sua segunda prova sem nenhum tipo de problema. Apesar de não ter conseguido seguir o ritmo de seu companheiro de equipe, Ricciardo fez o seu trivial ao conseguir mais um pódio no ano.
Por mais que o mundial esteja quase que encaminhado para as mãos de Hamilton, ainda faltam quatro etapas onde alguma reviravolta pode acontecer. Mas com um  carro a prova de bala que tem se mostrado até aqui, será um pouco difícil que aconteça algo mecânico com o Mercedes de Hamilton. Por outro lado, é bem provável que a própria equipe passe a dar uma atenção para que Valtteri chegue ao vice-campeonato, uma vez que está treze pontos atrás de Vettel. E se os vermelhos conseguirem um bom final de semana, podem medir forças com a Mercedes e também servirá para a que a Red Bull mostre em que nível está realmente. Talvez possamos ter quatro provas bem interessantes neste final. Uma prévia do que podemos esperar para 2018.

domingo, 3 de setembro de 2017

GP da Itália: Sem chance para os demais

A classificação já era um indicativo do que poderíamos ter nesta etapa de Monza, onde a Fórmula-1 encerra sua estadia no velho continente: além do recorde de poles alcançado por Lewis Hamilton, chegando para a já mítica marca de 69 poles, a volta feita pelo inglês no encharcado asfalto italiano foi mais de um segundo veloz que o alcançado por Max Verstappen que fez o segundo tempo, mas por conta das punições, derivadas pelas trocas de motor e demais componentes, o holandês despencou para o meio do pelotão e isso proporcionou ao igualmente jovem Lance Stroll a chance de largar pela primeira vez na fila de honra, sendo assim o mais jovem a conseguir o feito. Em terceiro aparecia outra promessa que tem feito boas corridas até aqui ao volante do Force India, Esteban Ocon. A dúvida sobre o que poderíamos esperar dessa corrida, pairava sobre o que esperar do desempenho das Ferraris, especialmente de Sebastian Vettel, uma vez que ele em Spa foi um carrapato na trajetória de Hamilton na conquista deste na semana passada com um desempenho até surpreende, por se tratar de uma pista veloz e que onde esperava-se um pouco mais de facilidade para a Mercedes chegar a conquista. Mas a tarde de Monza mostrou um cenário bem diferente do que sugeria em termos de desempenhos.
Por mais que as Ferraris tenham feito um treino classificatório bem abaixo do que estamos acostumados neste ano, a performance era algo que ainda podia salvar esse pequeno desastre, mas não foi nem sombra do que apresentaram – especialmente com Vettel – em Spa. Sebastian até que chegou de forma rápida ao terceiro lugar ao superar Stroll e Ocon, mas não teve fôlego para alcançar as Mercedes que já estavam bem à frente – quando Vettel chegou ao terceiro posto, já levava cerca de 10 segundos de desvantagem para Hamilton e em tempos de voltas, tanto para o inglês, quanto para Bottas, ele perdia em torno de meio segundo a um segundo de desvantagem e isso se traduziu em mais de trinta segundos ao final da prova, quando Sebastian enfrentou alguns problemas em seu carro e teve a sombra de um soberbo Ricciardo, que vinha em grande performance na quarta colocação. Sobre Kimi Raikkonen, este já enfrentava dificuldades desde o inicio e foi sofrível para o finlandês conseguir superar Stroll e Ocon, coisa que conseguiu após a sua primeira parada de box. A verdade é que a Ferrari apostou tudo num acerto para a pista seca e não conseguiu encontrar o equilíbrio certo para o seu carro justamente na sua prova caseira. Nçao fosse as punições para os dois carros da Red Bull, as coisas podiam ter sido bem piores frente ao que fez Ricciardo que escalou o pelotão de forma magnífica para conquistar um fabuloso quarto lugar.
Sabemos bem da força da Mercedes, especialmente em circuitos velozes, mas o desempenho deles em Monza foi ainda mais brutal que o normal justamente em um ano onde as coisas estão mais equilibradas. Lewis Hamilton rechaçou qualquer possibilidade de complicações com os dois garotos ao defender-se bem na largada e quando virou a chicane na lideranças, não maiores contratempos  - fora um suposto “probleminha” que Hamilton chegou a relatar nas últimas dez voltas que não se traduziu em nada. A bem da verdade, Hamilton tem usado deste expediente em algumas etapas onde esteve na frente, mas curiosamente não trazendo nenhum dano que lhe desse maior dor de cabeça. Bottas foi magnifico nas voltas iniciais ao superar brilhantemente Raikkonen – ao fazer toda a Parabolica lado a lado com o seu conterrâneo – e depois passar Stroll e Ocon e assumir a segunda posição. As voltas velozes que ele fez em revezamento com Hamilton, mostrou o quanto que o carro estava bem acertado naquele circuito e tranquila dobradinha da equipe prateada em Monza foi apenas consequência.
Não podia deixar de falar especialmente de quatro pilotos: Ricciardo, ultimamente, tem sido o grande nome das corridas, com ultrapassagens e recuperações impressionantes e a de hoje não foi diferente; Esteban Ocon fez uma corrida tranquila, sem nenhuma atribulação – principalmente porque seu maior desafeto nesse momento, Sergio Perez, andou no meio do pelotão e isso foi bom até mesmo para a Force India que conseguiu capitalizar bons pontos nessa etapa – e mostrou grande forma. Sem dúvida um dos grandes nomes neste mundial; Stroll fez bom trabalho também e aos poucos vai começando a dissipar a pecha de piloto que “chegou lá por conta do dinheiro do papai”. Trabalho muito bem feito principalmente em condições adversas como foi a classificação, onde ficou constantemente à frente de Felipe Massa e com autoridade. Aos poucos, conforme vai aprendendo os macetes do carro e das pistas, vai ganhando auto-confiança e consequentemente experiência; Stoffel Vandoorne fez bom uso do novo motor e conseguiu bons resultados desde os treinos, sempre à frente de Fernando Alonso. Na corrida tinha até mesmo chances de pontuar, caso o motor Honda – mais uma vez – não falhasse. Foi uma corrida interessante para vermos o desempenho dos novos nomes da categoria, sem dúvida.
A grande vantagem que vimos neste GP italiano por parte da Mercedes deve ser transferido diretamente para  Ferrari, quando a categoria for para Singapura, próxima etapa. Mas caso a Mercedes vá bem na pista citadina de Marina Bay, a luz amarela ascenderá para os italianos. Será uma corrida bem interessante neste aspecto, daqui quinze dias.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

GP da Grã-Bretanha: Reconciliação & Reação



(Foto: RV Press)
Não é novidade que a falta de Lewis Hamilton no F1 Live, no meio da semana, nas ruas de Londres, não foi bem visto pelos fãs e também por aqueles que acompanham a categoria. Para a maioria aquilo foi uma tremenda falta de respeito para com o público. Afinal, ele foi apenas o único dos pilotos desta atual temporada que não compareceu ao festejo, alegando, mais tarde, que estava concentrando-se na disputa contra Sebastian Vettel. Mas a maioria sabe que é bem provável que o inglês tenha ido curtir o dia com os amigos em algum local.
Polêmicas à parte no que ele deve fazer ou não, a verdade é que Hamilton esteve em grande forma neste fim de semana em Silverstone, principalmente no domingo onde conseguiu um domínio absoluto com a sua Mercedes. Liderou todas as voltas, cravou a melhor da corrida, além da pole conquistada no sábado. Uma atuação que fez lembrar o de Nigel Mansell (guardadas proporções) em 1992, quando o “Il Leone” destroçou a concorrência e levou a torcida inglesa o delírio a ponto deles invadirem a pista. Lewis também conseguiu levantar a torcida em Silverstone, com direito a aplausos efusivos dos torcedores em todos os setores por onde o tri-campeão passou, em sua volta de desaceleração. E ainda teve tempo para cair nos braços dos torcedores antes de ir para a coletiva de imprensa. E esta conquista de Lewis ainda o fez igualar a marca de Jim Clark em GPs britânicos, tanto em poles e vitórias, chegando a cinco triunfos em cada uma das duas estatísticas. Um momento fabuloso em Silverstone.
Mas a alegrias não estavam apenas no fato da grande conquista de Lewis: o resultado abaixo do esperado por Sebastian Vettel, também ajudou para que a festa fosse praticamente completa. Digo isso, pois a sétima colocação de Vettel ainda lhe deu um fôlego para se aguentar na liderança do mundial até a próxima etapa, que será na Hungria. Este um ponto de vantagem dele para Lewis pode fazer uma diferença enorme mais para frente. E até que pela tragédia que se desenhava, quando o pneu dianteiro esquerdo da Ferrari dechapou, este sétimo lugar foi um lucro. Sair atrás de Hamilton na classificação seria um balde – mais um – de água gelada nele e na Ferrari. A verdade, ao que parece, é que a equipe italiana parece ter estagnado na evolução do carro ou então as novidades que tem trazido ultimamente, não surtiram grande efeito. A  Mercedes conseguiu uma melhora com atualizações feitas para o GP da Espanha e de lá para cá, eles conseguiram uma bela evolução e não parece que possam cair de rendimento.
Por mais que tenha sido uma prova emblemática, ao mostrar o nível de pilotagem de Hamilton e também do poderio dos carros da Mercedes, ainda está longe das coisas se definirem. A prova da Hungria deve ser encarada como um tira teima para os carros prateados, uma vez que o desempenho deles em Mônaco, uma pista travada por conta de sua natureza citadina, foi bem pífia e agora prestes a encarar a pista de Hungaroring devemos ver a sua real força. Para a Ferrari e a chance de conseguir uma reação e as lembranças de um final de semana perfeito nas ruas de Monte Carlo, podem ser reavivadas na pista húngara.
Por mais que a corridas não tem agradado numa forma geral, o campeonato está bem interessante. E isso não podemos negar.

domingo, 9 de julho de 2017

GP da Áustria: O pulo de Bottas

(Foto: autoweek)
Não saberemos exatamente como estará o campeonato quando chegar o mês de novembro. A nossa expectativa, de início, é que essa batalha entre Vettel e Hamilton se arraste até a última corrida do calendário e isso, certamente, é aposta geral de que estes dois rapazes estejam na luta quando o final do mundial se apresentar. Porém, o que vimos hoje no Red Bull Ring, foi uma atuação bem interessante de um cara que até então, era cravado como um mero escudeiro de Lewis Hamilton. A vitória de Valtteri Bottas foi maiúscula, incluindo, também, uma largada fenomenal que beirou a suspeita de queima por conta do piloto finlandês. Mas a sua esperteza ao ver o apagar as luzes vermelhas e “dar no pé”, deixando um Sebastian Vettel “comendo poeira”, foi o lance que deu a ele a chance de virar a primeira curva com toda tranquilidade na frente.
O melhor disso foi o seu desempenho: quem se lembra da sua vitória na Rússia, pode muito bem fazer uma alusão ao que foi feito na pista austríaca, quando conseguiu partir muito bem deixando as duas Ferraris para trás e fazendo voltas iniciais com um ritmo diabólico, sempre cravando as melhores voltas sem dar tempo para que Vettel se ambientasse ao começo da prova. Hoje ele fez da mesma forma e abriu bons seis segundos para Sebastian e essa margem de segurança deu a Bottas a chance de administrar a vantagem quando os retardatários aparecessem. Melhor: após ficar um bom par de voltas na pista usando os pneus ultramacios, conseguiu voltar na frente do piloto alemão e ainda lutar contra um cambaleante Kimi Raikkonen, que foi facilmente superado por ele para depois administrar a diferença de três segundos que ficou oscilando por conta do tráfego. As últimas três voltas, com Vettel tentando pressioná-lo na luta pela liderança, não abalou a confiança de Valtteri – que coincidentemente também havia sofrido pressão de Sebastian nas voltas finais em Sochi – mostrando uma frieza para aguentar tamanha pressão.
Com um campeonato tão equilibrado, onde Vettel vem se aproveitando bem da maré de azares de Hamilton, e este último não conseguindo transformar a real superioridade da Mercedes neste momento em resultados concretos, Bottas vem aos poucos conquistando seus pontos e chegando devagarinho para tentar surpreender o duo que é favorito ao campeonato. No momento a sua desvantagem para Vettel é de 35 pontos, enquanto para Lewis é de 15 pontos. Um azar duplo deste dois principais contendores e uma nova vitória de Valtteri, deixaria o mundial bem embolado e também uma dúvida bem interessante na cabeça de Toto Wolf. A bem da verdade, se isso acontecer já na prova de Silverstone, seria interessante para o decorrer do mundial.

Talvez a ótima largada de Bottas na Áustria também acabe sendo o início de uma reação interessante por parte dele no mundial. O que não é nada mal para alguém que estava sendo tachado de “segundão” até pouco tempo atrás. E um azarão é sempre bem vindo nesta altura do mundial.

Foto 1039 - Bernd Rosemeyer, Roosevelt Raceway 1937

  (Foto: Adam Gawliczek)  Um momento de descontração antes do embate dos europeus vs americanos pela 13ª edição da Vanderbilt Cup, realizada...