quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A tragédia de Dundrod, 1955



A terceira vitória: Stirling Moss comemora o seu terceiro triunfo no circuito irlandês
(Foto: emercedesbenz.com)

Para aqueles que tiverem acesso aos livros de história do Mundial de Carros Esporte, verá que as batalhas entre Mercedes, Jaguar e Ferrari na temporada de 1955, foram das mais ferrenhas do motorsport de todos os tempos. Os duelos entre  Jaguar e Mercedes, principalmente, foram o ponto alto daqueles tempos, onde tanto os ingleses quanto os alemães, conseguiam extrair o máximo de tecnologia para a construção de seus carros. A disputa hipnótica que estava acontecendo em Le Mans foi uma prova disso: a eficiência mecânica dos Mercedes 300SLR sendo postos a testes frente a velocidade pura dos elegantes Jaguares D-Type, fazendo daquela disputa totalmente uma loteria e que poderia ser decidida na última hora numa chegada cinematográfica... Ou decidida por uma quebra, tamanha era o ritmo brutal que as duas fábricas colocaram naquelas horas iniciais. Mas o terrível acidente entre Lance Macklin e Pierre Levegh, que levou outras oitenta vidas, devido os destroços do Mercedes de Levegh que voou por sobre a arquibancada principal, ensombrou a competição. Apesar das várias discussões que aconteceram no decorrer das horas pós-acidente, a Mercedes tomaria a decisão de retirar seus carros do certame. Por mais que essa decisão tenha afetado diretamente as suas duas duplas, que estavam com chances de sair de Sarthe com a segunda conquista para a marca em três anos, acabou por ser a mais correta frente ao que havia acontecido no inicio da noite. A Jaguar também receberia essa sugestão da Mercedes, mas deu de ombros, deixando para que a dupla Mike Hawthorn e Ivor Bueb vencesse as 24 Horas de Le Mans.
Após todos estes acontecimentos, o Mundial voltaria três meses depois, para a disputa do Tourist Trophy – que estava noseu Jubileu de Ouro na época – em Dundrod, na Irlanda.
A pista irlandesa situada ao leste de Belfast, já era bem conhecida pelos pilotos do Mundial de Sportscar devido a outras duas visitas em 1953 e 54. As provas pelos quase 12 km do traçado de Dundrod, encravado numa zona rural, era de ruas bem estreitas que mal cabiam um carro. Por outro lado era bem
O traçado de Dundrod
veloz e isso era o que mais assustava: pela proximidade de barrancos, arbustos, árvores, cercas de arame farpado e de madeira, ladeavam aquela estreita pista, qualquer escapada em alta velocidade teria proporções bem dramáticas. Isso sem contar nas várias curvas com pontos cegos, curvas velozes feitas em descida... E por aí vai. John Fitch, piloto americano da Mercedes, era um dos críticos ferrenhos daquele circuito.
O Tourist Trophy se deu nos dias 15, 16 e 17 de setembro - existe uma confusão de datas dessa corrida, onde em alguns lugares ela indica ter sido no dia 17 e outros no dia 18. A maior parte confirma o dia 17 - e reuniu 55 carros para os treinos, sendo que cinqüenta é que obtiveram lugar no grid de largada. A Mercedes levou três 300SLR para Juan Manuel Fangio/ Karl Kling (#9), Stirling Moss/ John Fitch (#10) e Wolfgang Von Trips/ André Simon (#11). A Jaguar levou apenas um D-Type #1 para esta prova que foi conduzido por Mike Hawthorn/ Desmond Tettirington. A Ferrari, que defendia a liderança no Mundial de Marcas, levou três carros: Eugenio Castellotti/ Piero Taruffi (#4); Umberto Maglioli/ Maurice Trintgnant (#5) e Olivier Gendebien/ Masten Gregory (#6). Alguns nomes que fariam sucesso na F1 nos anos seguintes, também estiveram presentes nessa prova: Colin Chapman dividiu o volante da sua Lotus Climax Mark IX com Cliff Allison e obteve a segunda colocação na classe S1.1 e a 11ª posição no geral; Jack Brabham esteve presente no fim de semana, quando dividiria o Cooper Clima T39 com Jim Mayers.
Os treinos foram de domínio da Mercedes, especialmente com Moss/ Fitch, que conseguiram a pole position, mas em segundo aparecia o solitário e temido Jaguar de Hawthorn/ Tettirington. Em terceiro o Ferrari de Gendebien/ Gregory, seguido pelo Mercedes de Fangio/ Kling. As três melhores fábricas da competição dividindo as quatro primeiras colocações. Certamente, para o público que estaria presente no dia seguinte e mais a imprensa, aquele Jubileu de Ouro do Tourist Trophy tinha tudo para ser um dos melhores. Mas infelizmente não foi...
O dia da corrida amanheceu com tempo quente, mas a previsão para o momento em que a corrida se desenvolveria era de chuva. Os contratempos já começaram no treino de aquecimento, quando Gendebien sofreu um acidente e destruiu o seu Ferrari, impossibilitando a sua participação na corrida de logo mais. Masten Gregory, que dividiria a Ferrari com o belga, não ficou a pé: conseguiu uma vaga no Porsche 550 Spyder junto de Carroll Shelby e o resultado final foi a vitória na classe S1.1 e a 10ª colocação no geral.
 A largada foi feita no estilo Le Mans e Moss aproveitou bem a ocasião para fazer uma bela partida, deixando toda a confusão para trás e imprimindo um ritmo forte naquele início. Mas aquela volta inicial foi de uma carnificina total: Visconde Du Barry, um daqueles ricaços que alugavam carros de corridas para se divertir, acabou por correr com uma Mercedes 300SLR na classe S3.0 sendo o único privado daquele grupo de elite, mas a sua pilotagem era a pior possível: uma largada que atrasou um bom número de competidores, formou atrás dele um grande comboio que resultou na tragédia quando Jim Mayers (Cooper Climax) tentou ultrapassá-lo numa seção de curvas em descida. Na manobra, o inglês perdeu o controle de seu Cooper e voou de encontro a um poste de concreto onde o carro explodiu e o piloto morreu instantaneamente. Com os fiscais de pista sinalizando incansavelmente, alertando o perigo ao outros competidores, as coisas pareceram piorar quando sete carros também se acidentaram nas proximidades do local onde Mayers perdera a vida. Infelizmente Bill Smith, pilotando um Connaught, teve destino semelhante ao e Jim quando seu carro caiu sobre os destroços do Cooper. Smith morreria horas depois. Num curtíssimo espaço de tempo, cerca de duas voltas, e dois acidentes mortais no mesmo local. A sombra da tragédia de meses antes em Le Mans estava de volta em Dundrod. Du Barry continuou na prova até a 39 volta, quando foi recebeu bandeira preta por causa sua lenta condução. Segundo fiscais de pista, o Visconde chegou a estar fumando enquanto conduzia o carro...
A corrida voltou a sua “normalidade”, com o duelo entre Mercedes e Jaguar a reeditar a batalha que ambas travaram em Le Mans meses antes: uma verdadeira caça de gato e rato, onde Hawthorn, na tentativa de não deixar a Mercedes de Moss escapar, cravava voltas velozes e entre elas a melhor da corrida: 4’42’’0. Mas
Mike Hawthorn estava próximo da conquista do Tourist Trophy, quando
o motor do Jaguar o deixou na mão
(Foto: Graham Gauld)
Stirling não contava com um pneu estourado no seu Mercedes, onde a borracha passou a dechapar e danificar toda a lateral traseira direita. Moss conseguiu levar o carro ao box, onde foi reparado, mas a liderança tinha ido para as mãos da dupla da Jaguar e agora a distância era bem maior. Moss e Fitch passaram a imprimir um desempenho alucinante para descontar toda essa desvantagem. E foi neste momento que a previsão confirmou-se e toda a pista já estava tomada pela chuva. Mais um pouco de drama numa corrida caótica e traumática até ali. Na volta 35 a morte voltou rondar a prova quando Richard Mainwaring, com um Elva Climax, perdeu o controle e saiu da pista e capotou. Sem conseguir sair rapidamente de um carro em chamas, o piloto acabou por morrer ali mesmo. Uma terceira morte era demais para um evento que tinha tudo para ser o mais festivo...
A batalha entre Mercedes e Jaguar continuou pelas voltas que se seguiram, sempre com a dupla da Mercedes a cravar voltas velozes e a dupla da Jaguar a rechaçar qualquer tipo de ameaça. A vitória parecia garantida para a Jaguar quando, na volta 81, Mike Hawthorn encosta o carro com o motor quebrado. A vitória cairia no colo de Moss - a terceira dele naquele traçado - e Fitch, coroando um fim de semana perfeito para a Mercedes que ocupara as outras duas posições com Fangio/ Kling e Von Trips/ Simon. Foi um breve consolo para a fábrica alemã aquela vitória após os eventos de Sarthe.
Para o esporte, que ainda vivia com a tragédia de Le Mans, a corrida em Dundrod foi para esquecer. 


terça-feira, 15 de setembro de 2015

Foto 535: Uma curva para Mansell

A Peraltada não está mais lá. Na verdade, apenas um trecho que corta um velho campo de beisebol é que agora leva o nome da mítica curva que foi alterada ainda no ínicio da década passada, recebendo as provas da CART e ChampCar. A remodelação naquela época foi feita com duas pequenas retas que formavam um ângulo de 90° ligando a entrada da curva para a metade da mesma. Hoje, para receber a F1, a segunda pequena reta, deu lugar a um "S". Claro, para quem viu a velha Peraltada, isso é altamente broxante...
Mas ao menos os mexicanos lembraram de uma das melhores manobras de ultrapassagem da história da categoria, quando Nigel Mansell passou Gerhard Berger por fora na edição de 1990, quando ambos disputavam a segunda colocação. E isso foi um belo motivo para que os organizadores batizassem aquele trecho com o nome do "Il Leone".
Mansell tratou de relembrar a fabulosa manobra: “A notícia imediatamente trouxe à minha mente a minha inesperada manobra de ultrapassagem sobre Gerhard Berger na antiga Peraltada. Mal posso acreditar que isso foi há 25 anos, e que já se vão 23 anos da minha última vitória na pista. Tenho visto cuidadosamente o que os organizadores estão fazendo e estou muito ansioso para ver isso”
Foi uma bela lembrança e homenagem dos mexicanos para o velho Nigel, num dos melhores momentos do esporte.
Merecido.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Foto 534: Derek Warwick, Monza 1990

Da época que a velha Parabolica de Monza limitava a pista a um trecho de grama e o guard-rail e isso foi sentido na pele por Derek Warwick, quando escapou com a sua Lotus Lamborghini naquele local ao final da primeira volta batendo, capotando e deslizando alguns metros. Para a sorte do inglês ele estava um pouco distante do pelotão, o que ajudou a não ser acertado por outros.
O GP italiano foi reiniciado após a bandeira vermelha e com o seu número de voltas originais de 53 e Warwick pôde alinhar com o carro reserva, mas a sua participação terminou na volta 15 com problemas mecânicos.
Ayrton Senna venceu a prova, seguido por Alain Prost e Gerhard Berger.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

GP da Itália: Conquistando os Tiffosi

A primeira aparição de Sebastian Vettel frente aos tiffosi em Monza a serviço da Ferrari, só não foi melhor porque a vitória não aconteceu.
Desafiar o poderio da Mercedes neste atual estágio, é quase impossível e para vencê-los apenas uma quebra ou erros de estratégia e que poderiam ajudá-lo a chegar ao topo.
Mas de toda forma foi um dia sensacional para ele e a grande torcida da Ferrari. As palavras em italiano, o festejo junto da torcida e o desejo explícito em ter o GP italiano no calendário para o próximo ano, foi a chave para despertar de vez a paixão da torcida por Vettel.
Sebastian sabe muito bem como trabalhar o emocional da equipe e torcida e isso será importante para as demais temporadas na Rossa.

domingo, 6 de setembro de 2015

GP da Itália: Vitória na pista... e nos bastidores

(Foto: ESPN)
O GP da Itália não foi a melhor corrida do campeonato, mas também não foi a pior. Na média, foi como tantas outras de um campeonato que tem sido dominado de forma ampla por Lewis Hamilton. Se vocês quisessem alguma emoção, as câmeras da tv trataram de buscar as disputas intermediárias. Ali sim as disputas estavam mais animadas, mas mesmo assim não serviram para dar um ânimo maior a uma corrida que foi amplamente dominada por um cara só.
Interessante observar o passo que a Mercedes, especialmente a de Hamilton, teve hoje em Monza: o piloto inglês teve a sua disposição um novo propulsor que estava com alguns cavalos a mais que, por exemplo, Rosberg. Isso ficou claro desdes os primeiros treinos livres e a sua atuação hoje foi ainda emblemática. Nem mesmo com a evolução que a Ferrari introduziu neste seu GP caseiro, foi páreo para a Mercedes do inglês. A julgar pelo ritmo apresentado por Rosberg com uma especificação antiga, poderíamos ter tido uma corrida mais interessante em Monza e até mesmo com grandes chances de vermos a Ferrari vencer no velho circuito. Mas os alemães decidiram frear essa possibilidade mesmo antes de começar. E olha que a Ferrari conseguiu intrometer-se entre os prateados na classificação.
Sobre o ocorrido, fica a polêmica instalada: se para alguns a Mercedes (leia-se Hamilton) deveria ter sido excluída, para outros apenas uma reprimenda deveria ter sido dada sobre a polêmica dos pneus. O que eu penso é que cada um deve fazer o que bem entende. As lições do passado (Silverstone 2013) e recentemente em Spa, servem como alerta. Ignorar uma recomendação da Pirelli em relação ao uso da calibragem para certas corridas, sabendo do que pode acontecer mais adiante, fica a
cargo da equipe e se ela resolver andar com uma medição acima ou abaixo do é prescrito, ela que reponda pelo que pode acontecer com seus pilotos. Entendo que regras sejam regras e se todos concordaram com que foi dito, que seja cumprido. Mas essa é mais uma regra doida que acaba confundindo a cabeça de quem acompanha a categoria. Uma medição nos boxes, minutos antes da saída para o grid e outra já no grid, pode ajudar bastante nisso para as próximas provas.

GP da Itália: O que esperar?

Ao observar todos o treinos até aqui, fica mais do que fácil apontar uma vitória de Lewis Hamilton na corrida de Monza, mas não devemos descartar a Ferrari: mesmo que esteja ainda atrás dos carros prateados, a equipe sempre tem um trunfo na manga quando trata-se da corrida caseira, onde os tiffosi lotam o velho circuito mesmo que a equipe não esteja na melhor das fases. A primeira corrida de Vettel frente a torcida fanática, pode ser um bom impulso para que o tetra-campeão faça uma jornada bem positiva. E vale lembrar que alguns pilotos de ponta que correram no primeiro ano pela Ferrari, tiveram ótimos resultados no GP italiano: senão venceram na primeira visita, conseguiram ao menos completar o pódio.
E a largada de logo mais será importantíssima: com a presença das duas Ferraris logo a seguir, Hamilton terá que fazer uma saída bem limpa e segura, tentando rechaçar qualquer ataque que venha dos lados, afinal ele não terá a costumeira presença de Rosberg na primeira fila e isso requer uma atenção triplicada numa largada que tem uma longa reta até a primeira chicane. E olhando neste cenário, será dificil não ver um duelo entre os prateados e vermelhos pela vitória. Qualquer que seja a intromissão, até mesmo no resultado dos três primeiros no pódio, será uma grande surpresa.
E não estranhem se os hinos a serem tocados ao final do GP italiano seja aquela dobradinha que virou um grande clássico da categoria nos tempos de Michael Schumacher.
Quem entende do assunto, já matou a charada. 

sábado, 5 de setembro de 2015

Crash: Fórmula Renault 2.0 - Silverstone 2015

E as coisas estiveram bem animadas na etapa da Fórmula Renault 2.0, disputada em Silverstone.
Não bastasse a saída de pista que resultou numa decolagem, que fez o carro de Jehan Daruvala para sobre a barreira de pneus na saída da Maggots, Ferdinand Habsburg acabou voando ainda mais alto (bem alto, diga-se) ao bater na traseira de um competidor na entrada da reta principal do circuito inglês.
Os pilotos saíram bem dos dois mega acidentes.

Vídeo: O tributo da Indycar a Justin Wilson

Que belo vídeo este que a Indycar fez em memória a Justin Wilson, relembrando os grandes momentos dele desde a ChampCar até a IRL.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Foto 533: Alguns pensamentos sobre Stefan Bellof

(Foto: Dale Kistemaker/Poetic of Speed)

Existe uma aura em torno do nome e imagem de Stefan Bellof nestes últimos trinta anos. As marcas alcançadas por este alemão até a idade de 27 anos queira nas categorias de base, queira no World Sportscar Championship, onde a sua estrela brilhou intensamente e que serviu de base para a sua projeção para o mundo do motorsport, nos dá o total entendimento deste frisson que ainda resiste aos dias atuais. O seu precoce desaparecimento num dos trechos mais temíveis do esporte a motor, a Eau Rouge, quando resolveu desafiar Jacky Ickx numa manobra ousada e arriscada, ainda rende discussões sobre a sua coragem ou loucura em tentar efetuar algo que hoje, devido um pouco mais de juízo dos atuais competidores, tem sido feito com total sucesso, mas que ainda sim gera aquele frio na espinha só de ver a imagem.

Nestas três décadas de sua morte, o nome de Bellof ganhou o mesmo status de outros competidores que deixaram as pistas cedo demais e, devido a essas circunstâncias, geram muitas imaginações do que poderiam ter sido. Jovens pilotos como Guy Moll e Bernd Rosemeyer – anos trinta –, Ricardo Rodriguez – anos 60 –, Tony Brise e Tom Pryce – anos 70 – Gilles Villeneuve – anos 80 – só para citar alguns, geram muita curiosidade do que poderiam ter alcançado caso tivessem sobrevivido, num momento em que as suas carreiras começavam a florescer. Os sucessos alcançados pela Porsche no WSC no inicio dos anos 80, incluindo a sua fabulosa volta em Nurburgring no ano de 1983, naquela que foi a última aparição dos protótipos no colossal traçado, ainda rende admiração por ser o recorde oficial da pista alemã. O título mundial na categoria, conquistado em 1984, ainda sob os serviços da Porsche, coroou o talento que tão bem havia mostrado no ano anterior, ao desafiar senhores do calibre de um Jacky Ickx, Derek Bell, Hans Joachim Stuck e outros. Mas o seu desempenho na Fórmula-1, especialmente em Mônaco 1984 e Portugal 1985, em condições adversas, que é onde os pilotos mostram suas armas, é que deu ao piloto nascido em Giessen o status de grande promessa.

Mas Bellof teria chegado ao olimpo na categoria máxima? Difícil de saber... É claro que os pensamentos é que ele tivesse chegado a um título mundial, talvez, quem sabe, pela Ferrari, com quem estava apalavrado para a temporada de 1986. Mas a impressão é que, além de travar ótimos duelos com os grandes daquela época na F1, Bellof atingisse um nível parecido ou maior até mesmo que o alcançado por Gilles Villeneuve. Pelos depoimentos de pessoas que conviveram com ele, a sua personalidade era bem parecida com a do piloto canadense: extrovertido, leal e destemido, uma mistura que cativava muito Enzo Ferrari, que viveu numa época em que os pilotos tinham a áurea de heróis e a coragem indubitável ao volante de carros sem nenhuma segurança, talhavam a imagem de semideuses pelo público. Olhando por esta ótica e analisando a carreira de Stefan desde as categorias menores, passando pelo endurance até chegar na F1, não seria de estranhar o que ele poderia ter feito com aqueles carros vermelhos. A paixão que os tiffosi teriam por ele, seria algo estratosférico e até mesmo os não tiffosi o amariam imensamente.

A certeza que fica após trinta anos de seu desaparecimento, é que Bellof teria sido um dos grandes da F1 e mesmo que o título mundial não viesse, a sua imagem seria eternizada de qualquer forma. A sua morte em Spa-Francorchamps, num ano triste para a competição, que perdera Manfred Winkelhock semanas antes na etapa de Mosport, serviu apenas para que todos seus feitos ficassem ainda mais encravados na história. Seu desaparecimento foi um duro golpe para o automobilismo alemão. E para os amantes do motorsport também.     

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Foto 532: Justin Wilson, Super Nissan World Series, Interlagos 2002


O clique do meu amigo Rubem Ferresi Jr., capturando Justin Wilson durante a volta de desaceleração em Interlagos, após a sua sensacional vitória na corrida dois da rodada dupla do Telefonica Super World Series by Nissan em dezembro de 2002 em Interlagos.

Só para terem uma idéia as duas provas – a primeira foi vencida por Franck Montagny – foram realizadas debaixo de muita chuva, sendo que a segunda foi iniciada com mais chuva intensa, mas que foi cessando rapidamente a ponto de terminar com a pista bem seca até.

Para os que viram a condução de Justin Wilson naquela tarde em Interlagos, foi umas das melhores, com o piloto britânico ultrapassando quem estivesse na frente sem tomar muito conhecimento, devido a sua pilotagem segura num terreno extremamente molhado como estava aquele dia em Interlagos.

Aquela havia sido a sua segunda conquista no autódromo paulistano, já que um ano antes vencera na etapa que a F-3000 fez como evento suporte da F1. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Foto 531: Justin

(Foto: Sportscar365.com)

(Foto: Perry Fague)
Tive a oportunidade de vê-lo apenas uma vez, exatamente em 2003 quando ele fez seu ano de estréia na Fórmula-1 pela Minardi. Naquele estacionamento que virou a curva do Sol em Interlagos, durante o chuvoso GP do Brasil daquele ano, Justin foi um dos que acabaram deixando seu carro estacionado ali, mas fora o único a não bater: rodou na curva e conseguiu controlar o carro, mas este acabou apagando e deixando o britânico à pé naquele GP.
Para quem o conheceu mais de perto, apenas para uma rápida foto, uma entrevista e/ou apenas um olá, o piloto inglês sempre foi muito solicito e atencioso. E pelas fotos que pode-se ver pela internet afora, era um pai de família bastante presente, como é o caso desta segunda que está nesta postagem. 
Infelizmente Justin se foi, não conseguindo resistir aos ferimentos na cabeça após o choque contra uma das peças do carro de Sage Karam, que havia se acidentando durante as 500 Milhas de Pocono. 
O nosso esporte é apaixonante, mas cobra um preço caríssimo e irreparável. Abençoado aquele que consegue sobreviver e continuar para contar a história. E como tantos outros que se foram, a memória de Justin Wilson será preservada e lembrada com força. 
E lá se vai mais um... Descanse em paz, Justin!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Vídeo: Guy Ligier em Le Mans, 1966

O Ford GT40 de Guy Ligier/ Bob Grossmann durante as 24 Horas de Le Mans 1966


É curto o vídeo - cerca de 2:41 minutos - onde Guy Ligier, então piloto da Ford Francesa naquela edição, partilhando com o americano Bob Grossmann o volante de um Ford GT40, mostrou um pouco do traçado de Sarthe em um carro de rua. A dupla terminaria aquela edição no 25º lugar na tabela, após abandonar a corrida por causa de problemas na ingnição.

Guy teve quatro aparições em Le Mans nos anos 60 - 1964-1967 - sendo que disputou apenas as edições de 65, 66 e 67, sem nunca ter completado nenhuma delas. Em 1968 disputaria junto de seu amigo Jo Schelesser a clássica do endurance, mas a morte de Jo em Reims, quando este corria pela Honda na Fórmula-1, acabou encerrando uma parceria que iria além das provas de endurance, já que ambos haviam adquirido uma Mclaren de F2 para a disputa do certame daquele ano.

Depois dessa perda, Ligier partiu para a construção de carros de competição onde ele entregou essa função para Michel Tetu que desenvolveu o JS1 (as iniciais JS eram em homenagem a Jo Schelesser). A estreia de seus carros se deu na edição de 1970 de Le Mans, quando dividiu o volante do JS1-Ford Cosworth com Jean Claude Andruet, mas eles nem terminariam a corrida por avaria no distribuidor.

Em 1971, com Patrick Depailler, Guy Ligier alinhou o JS3 e terminou na 13ª colocação; em 1972 ele alinhou três Ligier, mas nenhuma delas chegaram ao final; outras três foram inscritas para 1973 e apenas a Ligier JS2 de Claude Laurent/ Martial Delalande (Ligier que era de propriedade de Laurent), terminou em 19ª lugar na geral; com dois Ligier JS2 Maserati na prova de 1974, Jacques Laffite/ Alain Sepaggi conseguiram a melhor colocação da equipe em Le Mans até então, ao terminaram em 8º; a edição de 1975 poderia ter rendido a Guy Ligier uma grande desforra em Le Mans, mas infelizmente o Ligier JS2 Ford Cosworth de Jean Louis Lafosse/ Guy Chasseuil acabam em segundo, uma volta atrás do vencedor Gulf Mirage Ford conduzido por Derek Bell/ Jacky Ickx.

Com a compra da estrutura da Matra ao final de 1975, Guy Ligier transferiu todas as forças para a F1 a partir de 1976 e as provas de endurance ficaram pelo caminho.

Mas de certa forma, foram um importante alicerce para que o ex-jogador de Rugby do final dos anos 40, conseguisse construir uma das equipes mais legais do motorsport europeu e mundial.
Guy Ligier faleceu ontem aos 85 anos.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Áudio: Osmar Santos narrando o GP da Argentina de 1978

Já faz uns catorze, treze anos que passei a ouvir as transmissões da F1 pelo rádio, por entender que lá, além de você conseguir uma melhor memorização das ações da prova, também é possível colher informações que nem sempre chegam à transmissão da TV. Comecei a ouvir pela Jovem Pan, mas infelizmente a rádio paulistana deixou de transmitir as provas do mundial tem uns dois anos. Uma pena...
Recentemente descobri algo que nem sabia: Osmar Santos, um dos maiores - e talvez melhor - narradores esportivos do rádio do Brasil, também narrou provas da Fórmula-1 no início de 1978 quando a Rádio Globo passou a transmitir as corridas do mundial. Além dele nesse transmissão do GP da Argentina, estiveram presentes Castilho de Andrade (comentários) e Roberto Carmona (repórter). Ele também veio a narrar o GP do Brasil daquele ano, que foi a sua última em uma corrida.
Osmar Santos era mais popular nas narrações do futebol, principalmente com seus bordões históricos como "Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha" e "E que GOOOOOOOOOOOOOOL...".
Osmar encerrou a carreira após um grave acidente de carro em dezembro de 1994, onde a principal sequela foi a dificuldade na fala.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Vídeo: A última de Peterson, há 37 anos

E Ronnie Peterson chegava a sua última conquista na F1, numa corrida onde chuva esteve presente e que forçou até mesma a sua interrupção, devido a sua intensidade.
Ronnie liderou a prova nos dois estágios - antes e depois da interrupção - sem ter o incômodo de ninguém, nem mesmo de Mario Andretti, que abandonara a contenda na primeira parte ao colidir com Carlos Reutemann.
O pódio foi completado por Patrick Depailler e Gilles Villeneuve.
 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Documentário: Manfred Winkelhock - Vida no Limite

E aqui fica um documentário feito pela TV  alemã sobre os trinta anos da morte de Manfred Winkelhoc (Winkelhoc - Ein Leben Limit), contando a trajetória da sua carreira até o seu desaparecimento em Mosport no ano de 1985, quando estava a serviço da Porsche no Mundial de Sportscar.
O documentário foi dirigido por Phillip Somer.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Foto 530: Há 62 anos...

E hoje faz 62 anos do desaparecimento do mestre dos mestres Tazio Nuvolari, na sua querida Mântua.
Na foto que encabeça o post, uma das rarissimas - senão a única - foto a cores do piloto italiano, a bordo da Cisitalia T360.

sábado, 8 de agosto de 2015

Foto 529: Jerez, 1986

O último ataque! Nigel Mansell tentando a cartada final contra Ayrton Senna, em Jerez 1986.
O final já é conhecido por todos, mas o clique é interessante ao vermos Nigel começando a se deslocar para a direita.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Vídeo: Tom Pryce, 1975

É algo totalmente raro encontrar vídeos em que seja mostrado Tom Pryce em alguma conversa ou até mesmo em entrevista. Mas, como sempre, o Youtube reserva algumas boas surpresas: uma entrevista que foi feita com o piloto galês, na altura em que ele tinha vencido a Race Of Champions de 1975 em Brands Hatch.
Neste pequeno trecho da entrevista, que dura 2:10 minutos, é que ele aborda aquela conquista no circuito inglês mostrando as suas qualidades que tinham sido bem vistas nas categorias menores.
Nota-se principalmente a sua timidez durante a entrevista, com uma fala baixa e quase inaudível, bem diferente de outro britânico que já obtinha seus sucessos na F1: James Hunt.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Vídeo: Emerson Fittipaldi, há 30 anos

E lá nas 500 Milhas de Michigan, então sétima etapa  da CART PPG Indy Car Series do longínquo ano de 28 de julho de 1985, Emerson Fittipaldi dava início a uma saga que até hoje é explorada pelos pilotos brasileiros: a sua primeira conquista em terras norte americanas foi lá mesmo no superspeedway de Michigan após ter largado em 19º e ter vencido uma corrida que terminou apenas dez carros, dos trinta que largaram.
E assim, como fizera em 1970 na F1, mal sabia que estava a trilhar mais um caminho para os pilotos daqui no motorsport do mundo. 
A porta estava mais uma vez aberta.

domingo, 26 de julho de 2015

GP da Hungria: Um bela corrida em tributo a Jules

Sebastian Vettel decidiu a sua vida logo na largada, ao superar a má partida do duo da Mercedes
Nestes quase trinta anos de GP da Hungria podemos contar nos dedos as vezes que esta corrida foi emocionante: em 2006, com a intervenção da chuva, vimos uma exibição inesquecível de Alonso e Schumacher na pista e também de Button, que acabaria por vencer o seu primeiro GP na F1. Ano passado, também com uma ajuda da chuva, vimos Daniel Ricciardo abrir caminho para a sua segunda conquista na categoria ao realizar duas ulrapassagens de mestre em Hamilton e Alonso, num dos finais mais impressionantes daquele ano. Dessa vez não teve chuva, apesar de que a previsão apontasse uma pequena possibilidade que foi rechaçada com o sol aberto e poucas nuvens.
Era bem possível que víssemos uma corrida no melhor estilo de Hungaroring, mas a fabulosa largada de Vettel e Raikkonen nos deu a impressão de que as coisas fossem bem diferentes, como acabou acontecendo: Sebastian sumiu na frente, enquanto que Raikkonen manteve uma boa distância para Rosberg que não tinha mais a presença de Hamilton que errara na primeira volta despencando para nono. Melhor cenário que este, principalmente para a Ferrari, não existia. Porém a prova não teve grandes movimentações, excetuando algumas manobras corajosas de Ricciardo que fizeram a torcida ficar de pé nas arquibancadas, mas após o acidente de Hulkenberg que fez ser acionado o Safety Car é que as coisas mudaram de figura: a atitude dos pilotos foi outra após essa intervenção e eles partiram para uma prova de sprint, onde toques e várias ultrapassagens aconteceram de forma vertiginosa. Vettel pôde até se preocupar com a proximidade de Rosberg, mas a falta de atitude por conta do conterrâneo fez com que Sebastian continuasse incólume na ponta da corrida enquanto que Nico sofria pressão de Ricciardo, até que numa tentativa de ultrapassagem deste acontecesse um toque entre eles. Daniel teve alguns danos na asa dianteira e Rosberg um furo no pneu traseiro esquerdo que o fez despencar na classificação da prova. Para quem estava prestes a conseguir a liderança do campeonato, o desfecho foi dos mais brochantes. Aliás, esta foi uma corrida para esquecer da Mercedes e muito mais pela conduta de seus pilotos na pista.
Sebastian Vettel foi impecável desde a largada até o final, conseguindo maximizar toda a vantagem que conseguira num domingo atípico, mas ele mesmo já havia alertado que essa era uma boa chance para conseguir apanhar a Mercedes. Como eu disse na sua vitória em Sepang neste ano, é nestes momentos em que um grande piloto, em posse de um carro mediano - e que fique claro, mediano dentro do mundo das equipes grandes - é que consegue mostrar do que é capaz. Não é toa que Alonso nos seus tempos de Ferrari tinha essa pecha de melhor do grid.
Falando em Alonso, a corrida que foi realizada por ele e Button hoje, entra como um ato de paciência e resistência: paciência pelo fato de galgar as posições que foram sendo deixadas por erros, punições e incidentes de outros. A resistência por conta do carro e motor Honda, que deram aos dois essa possibilidade de conseguir chegar ao final da prova e marcar um bom número de pontos. A pista favoreceu bastante, claro, mas aparenta uma boa evolução da Mclaren e Honda. As provas de Spa e Monza nos mostrarão o quanto que foi essa melhora.
A Williams ficou no meio termo: enquanto que Bottas fez uma boa prova, Massa esteve muito abaixo da média nessa etapa. O uso da asa nova por Valtteri pode ter surtido um bom efeito para ele, mesmo que não tenha andado próximo de Ferrari e Red Bull, mas foi animador. Felipe esteve perdido nessa etapa com punições para pagar e o desempenho despencando durante o certame. Dias melhores em Spa e Monza é o que todos esperam por lá.
A Red Bull fez a sua melhor apresentação da temporada e fica mais do que claro que Ricciardo e Kvyat com um carro bem balanceado, podem conseguir apresentações bem melhores. E apesar de Daniel ter ficado em terceiro, devido a troca do bico do carro, ficou claro que se tivesse passado por Rosberg teria sido uma encrenca da pesada para Vettel naquelas voltas finais.
Apesar de Carlos Sainz ter abandonado, a Toro Rosso segue com uma dupla muito promissora: os trabalhos realizados por ele e Verstappen até aqui são dignos de aplausos e o que pequeno Max chegou em quarto e por muito pouco não igualou o pódio que o pai Jos conseguiu lá mesmo em Hungaroring em 1994, quando foi terceiro com a Benetton.
Os comissários estiveram numa jornada inspirada, ao dar inúmeras punições neste GP. Que o diga Pastor Maldonado, que anotou três apenas hoje.

Foi um bom dia este em Hungaroring. E não podia ter sido melhor esta corrida que foi um tributo à memória de Jules Bianchi. E onde quer que ele esteja certamente gostou do belo espetáculo que lhe foi oferecido.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Volta Rápida, 6 anos

Estas últimas noites tem sido bem parecidas com a do dia 23 de julho de 2009, quando, enfim, coloquei este espaço na internet, dando asas aos eternos cadernos que escrevi desde 1996. Falei sobre eles ano passado, na altura em que o blog completava cinco anos.
O Volta Rápida atingiu em maio 300.000 visualizações, outra marca importante e o caminho está sendo trilhado para os 400.000 que acredito alcançar até o fim deste ano, no mais tardar no início do próximo. Os textos tiveram uma queda de qualidade neste ano, devido alguns problemas, mas espero que neste segundo semestre volte a minha disposição e atenção volte ao normal. 
Mesmo que alguns problemas tenham atrapalhado, fiquei muito feliz com o trabalho nas 24 Horas de Le Mans deste ano, acompanhando boa parte da prova e tentando como podia, levar informações para a galera. E o reconhecimento de um trabalho apenas amador, tem sido recompensador e isso me deixa feliz. 
Como sempre, agradecer a todos que compartilham deste espaço em vossos blogues e também aqueles que acessam todo dia, ou quase todo dia, para ler os meus devaneios. Meu muito obrigado. 
Este foi apenas um texto rápido - como tem sido boa parte dos demais, uma postura que adotei ano passado - e espero que estejamos todos por mais seis anos acompanhando o bom e velho automobilismo e este espaço aqui. 
E vamos para mais seis anos de Volta Rápida!
Obrigado! :) 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Foto 528: Adieu, Jules !


Desde as inúmeras manifestações de carinho condolências, passando pela enorme presença dos nomes da atual e velha F1, foi extremamente emotivo o adeus à Jules Bianchi hoje em Nice.
Procurei pinçar estas duas charges (em primeiro plano a do CireBox e em segundo a do SpeedyHedz) onde ele é recebido pelos grandes que já se foram. Duas belas imagens, sem dúvida.
A mensagem de Mauro Bianchi, avô de Jules, onde ele agradece todas as mensagens de apoio, é de grande elegância e respeito para aqueles que aprenderam a admirar o jovem francês e que acompanharam toda essa agonia pelos nove meses em que ele esteve em coma: "Eu e toda a minha família estamos muito tocados pela simpatia e pelo apoio marcante vindo de todos os cantos do mundo. É bastante impressionante e permite-nos medir como Jules marcou a sua presença no mundo automobilístico... e mais além!
Nós nos esforçamos para responder a todas as mensagens que nos ajudam tanto a suportar a nossa dor, mas diante de um tal afluxo, é quase impossível atender a todos... sem esquecer de alguns!
Para as pessoas que enviaram uma mensagem e não tiveram uma resposta imediata, quero apresentar aqui a minha gratidão e os agradecimentos pessoais a todos aqueles provenientes de toda a nossa família"

Para as demais gerações que nunca presenciaram uma morte na F1, só lhes digo que preservem bem a memória de Jules. Não façam grandes exageros, a ponto de colocá-lo num altar no mesmo nível de grandes lendas do esporte, até porque não sabemos até onde ele poderia chegar - já que Luca de Montezemolo disse que ele poderia ser o sucessor de Raikkonen já à partir de 2016 na Ferrari. Mas procurem sempre lembrar dele com carinho, como mais um que, infelizmente, desapareceu fazendo o que mais gostava de fazer. 

sábado, 18 de julho de 2015

Foto 527: Jules


Não é fácil lidar com a morte e muito menos escrever sobre. Durante estes nove meses em que Jules esteve internado, foram poucas as divulgações sobre o seu estado de saúde e quando saía algo na imprensa, o sentimento era que a qualquer momento a notícia de sua passagem viria à tona. E foi o caso de ontem, quando a família divulgou o falecimento do piloto francês.
Todo aquele sentimento de raiva em relação ao acontecido em Suzuka, virá novamente: os questionamentos em relação ao procedimento adotado naquela altura, serão jogados novamente na mesa de discussões das regras para as próximas temporadas. Um descuido - seguido de ignorância pelos homens da FIA, FOM e organizadores do GP japonês - vitimaram mais um piloto que ainda buscava seu lugar ao sol da categoria. Que este desaparecimento precoce de Jules, como tantos outros que aconteceram na F1 e em outras categorias, sirva de alerta. Para os demais que sempre reclamaram do excesso de zelo da categoria em largar com SC e ficar por 15, 20 voltas e depois, mesmo que houvesse uma acidente simples que nem seria necessário a entrada do mesmo e os caras vão lá e o acionam, pensem bem quando mandarem bala xingando a categoria e chamando os pilotos de "bundões". Foi de um erro em não mandar o SC para pista, que muitos achariam naquela ocasião em exagero, que originou o acidente do francês.
Enfim, para nós fãs deste esporte, restará apenas relembrar a sua rápida passagem por aqui. E o melhor mesmo é sempre lembrar de seu feito maior na categoria que foi levar a Marussia aos seus dois únicos pontos conquistados em Mônaco, ano passado.
E como tantos outros que perderam a vida fazendo o que mais gostava, não deixemos que seja esquecido pelos anos seguintes.
Até mais, Jules!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pole Lap: Juan Pablo Montoya, Silverstone 2002

Fazia um bom tempo que estava atrás deste vídeo, até que agora conseguiram disponibilizá-lo no youtube: a pole de Juan Pablo Montoya para o GP da Grã-Bretanha de 2002.
As lembranças ainda são bem claras por minha parte: as Ferrari tinha até então a primeira fila, com Barrichello seguido por Michael Schumacher. Para o time vermelho a marca já estava garantida, mas poucos observaram a última tentativa de Montoya naqueles segundos finais: o piloto colombiano teve um pequeno atraso no primeiro setor, recuperou-se de forma rápida no segundo setor e no final cravou uma pole inesperada, cerca de 34 centésimos de vantagem sobre Rubens.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Vídeo: Duas belas largadas

Quando vi a largada de Massa, lembrei imediatamente de uma que foi feita por Gilles Villeneuve no GP do Brasil de 1980.
Claro, guardada devidas proporções de época e dirigibilidade dos carros, mas foram duas ótimas largadas.
Abaixo, as largadas seguidas pelos melhores momentos de ambas as provas.

GP da Grã-Bretanha 2015

Essa é a segunda vez que uso um canal de áudio para colocar a minha opinião sobre um evento. A primeira e única, até então, tinha sido no treino de classificação para o GP da Espanha de 2014.
Portanto, desculpem por alguma baboseira que eu tenha falado no áudio.
Espero que gostem!

domingo, 21 de junho de 2015

Crash: Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, Red Bull Ring 2015

E neste vídeo amador, fica claro a perda de controle de Raikkonen praticamente em linha reta e o azar (mais um) de Alonso, ao tentar passar o finlandês no local onde acabou por ser acertado.
A imagem é impressionante e ainda bem que os danos foram apenas materiais para os dois decanos da categoria.

GP da Áustria: Fazendo apenas o básico

(Foto: Autosport)
Nico Rosberg é um cara subestimado. A sua pilotagem não é tão vistosa como de outros pilotos top, sempre deixa as pessoas a duvidar se ele é capaz, ou não, de conseguir o sucesso com mais freqüência. Talvez não se lembrem de suas ótimas provas, principalmente aquelas onde ele soube aproveitar-se bem dos problemas enfrentados por Lewis Hamilton, para cravar uma vitória e colecionar os pontos que eram importantes para o andamento do mundial. A temporada de 2014 ficou muito marcada mais pelos seus erros nas provas finais – e o incidente com Lewis na Bélgica – do que pela sua velocidade que é, talvez, o seu único trunfo e isso ficou claro principalmente nas classificações da temporada passada. Mas como vale é o resultado final, a última impressão é a que ficou.
Este ano tem sido crítico para Rosberg tentar algo nas classificações. Nas voltas em que ele tenta superar Hamilton, sempre acontece um erro para atrapalhá-lo. Descontando em Barcelona, onde ele foi soberano, cometeu erros em Monte Carlo, Montreal e agora no Red Bull Ring, quando passou reto na última curva quando estava prestes a tomar a pole de Lewis. O carro ficou parado na brita e o piloto alemão voltou a pé para os boxes.
Se beneficiando de uma largada bem melhor que Hamilton, Nico conseguiu repetir o que fizera brilhantemente em Barcelona: cravou voltas extremamente melhores que o seu companheiro e apenas passou a administrar a vantagem para Lewis, sem nunca receber ameaça. Relaxou um pouco na parte final da corrida ao deixá-lo chegar mais perto, mas com a punição de cinco segundos que seria acrescida ao tempo de Hamilton, devido a queima da faixa branca na saída do box, Rosberg estava mais relaxado do que nunca para se dar esse luxo. O reconhecimento do bom trabalho dele por Lewis, só mostra o quanto ele estava acima dos demais nesse fim de semana.
Nico Rosberg tem a estirpe de um Damon Hill: não é brilhante, mas é veloz. Faz o básico e isso acaba gerando um pouco a implicância dos que não vêem nele um piloto sem aquela aura de campeão do mundo. Mas assim como Hill, faz o “feijão com arroz” para manter-se vivo entre os demais e com o carro que tem, ainda pode guardar as suas reservas para tentar algo mais ousado.
Apesar de não ter apresentado uma pilotagem que arrancasse aplausos unânimes talvez um dia essa oportunidade chegue, mas por enquanto ele vai fazendo o básico para continuar na luta pelo seu primeiro título mundial. Se vai conquistar, é outra história, mas já é bastante para um cara que muitos acreditavam que nem iria fazer frente a Lewis neste ano. E tem conseguido.

Sobre a corrida


Foi uma boa corrida até. É claro que sempre se espera um pouco mais de ação, mas com toda a preocupação em torno da economia de combustível, as primeiras voltas sempre se tornam mais amarradas por conta disso. Mas não foi o que Rosberg fez parecer ao conseguir uma largada bem melhor que Hamilton e sumir na frente, cravando tempos de volta bem superiores que qualquer e se tomando uma boa distância de seu companheiro. Com poucas voltas, o duo da Mercedes possuía toda a reta dos boxes de vantagem sobre Sebastian Vettel. Impossível não dizer o tamanho da lavada que mais uma vez eles deram na concorrência, mas a impressão é que por mais que a Ferrari melhore seu carro e motor, os alemães têm uma (boa) reserva para tirar. Mas isso é apenas quando é preciso, como foi o caso de hoje: é como se tivessem deixado a Ferrari se divertir nos treinos livres, e tomando o brinquedo da mão deles no domingo.
Sebastian Vettel estava se encaminhando bem para mais um pódio, mas o erro no pit stop, quando um mecânico não conseguiu encaixar rapidamente o pneu traseiro direito, o fez perder a terceira colocação para Felipe Massa. A caça implacável de Vettel sobre o brasileiro nas voltas finais foi um dos melhores momentos do ano, mas Felipe estava num bom dia e conseguia tracionar melhor seu Williams nas saídas de curvas, principalmente naquelas onde davam acesso aos setores para o uso do DRS, e isso dificultava demais a vida de Sebastian que não teve uma chance real de ultrapassagem.
Por falar em duelos, Maldonado teve dois momentos bem tensos na prova onde poderia ter tido um daqueles acidentes cinematográficos, ao quase escapar com seu Lotus após a primeira curva e pouco tempo depois ter feito uma manobra assustadora que fez o seu carro balançar totalmente: estes dois lances foram em momentos que ele procurava ultrapassar Max Verstappen na luta pela sétima colocação. Ele conseguiu exatamente na segunda vez, onde precisou de uma habilidade acima da média para segurar o carro. Na sequência, com o Lotus devidamente alinhado, passou por Max que errara a freada. Apesar da tensão na manobra – e por saber que era Maldonado quem estava na jogada –, as coisas deram certo. Felipe Nasr também teve boa atuação, que tinha sido demonstrada desde os treinos, mas o Sauber não é melhor dos carros e piloto brasileiro acabou ficando em 11ª. Ao menos seus desempenhos têm sido muito bons, até.
Talvez muito inspirado na sua conquista em Le Mans, Hulkenberg fez a sua melhor corrida até aqui nesta temporada ao conseguir um ritmo satisfatório a ponto de andar entre os primeiros por toda a prova, perdendo a posição para Bottas. Apesar a comoção da maioria pós vitória em Le Mans, onde todos aclamavam – e aclamam – para que ele consiga uma equipe de ponta já para o ano que vem, basta lembrar que o trabalho que Hulkenberg precisa fazer para conquistar tal espaço, precisa ser feito dentro da F1. Lá fora ele demonstrou, sim, que é um dos melhores, mas a vitória não foi apenas dele.
Sobre Kimi Raikkonen e McLaren, as coisas chegam a dar pena, confesso: enquanto que o finlandês teve o seu segundo dissabor, ao ver o carro destracionar praticamente em linha reta e causar um acidente que poderia ter machucado ele e Alonso, a McLaren continua com a nuvem negra acompanhando ela a todo o momento: já não bastassem os problemas nos treinos que jogaram seus dois pilotos para a última fila, ainda teve o acidente que tirou Alonso da corrida logo na primeira volta e o abandono de Button após ele ter pagado o drive through ainda recorrente as posições restantes da punição que levou.
O único sinal que não aparenta ter fim para aqueles lados, é o término da draga que eles se meteram.

  

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Vídeo: Testes de pré-temporada, 1982

Provavelmente este documentário tenha sido algum especial para a TV francesa sobre os preparativos para o Mundial de Fórmula-1 de 1982, que contava com a volta de Niki Lauda pela Mclaren e a possibilidade de uma conquista francesa naquele ano.
Acredito que este vídeo seja mais extenso, mas ao menos é um bom registro de uma época em que a F1 se importava pouco com o luxo e mais com as corridas.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Vídeo: Sobre a 17ª da Porsche em Le Mans

E a Porsche mandando bem mais uma vez. Agora neste vídeo tributo, onde o passado glorioso é lembrado e o presente exaltado.
E que venham mais vitórias. Sempre!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Foto 526: 45 anos depois...


Duas fotos separadas por 45 anos: na primeira foto, os festejos da conquista de Hans Hermann e Richard Attwood na edição de 1970 das 24 Horas de Le Mans onde a Porsche alcançou pela primeira vez a vitória na geral com o Porsche 917K.
Passados 45 anos, Nico Hulkenberg, Earl Bamber e Nick Tandy, repetiram o feito com o 919 Hybrid após um ano do retorno da Porsche ao endurance na classe principal e 16 anos depois da última conquista da marca em Sarthe.
Coincidentemente estas duas conquistas emblemáticas da Porsche se deram exatamente neste 14 de junho. Comemorações em dobro para a fábrica de Stuttgart. 

83ª 24 Horas de Le Mans: E os donos da casa voltaram

Me recordo de uma frase dita por Tony Kanaan durante uma matéria que foi exibida antes das 500 Milhas de Indianápolis deste ano, onde ele dizia que “que aquela pista tinha vida própria. Ela escolhia quem deveria vencer naquele ano”. De certa forma ele tem razão: quantas foram as vezes que vimos um piloto estar com a vitória garantida no Brickyard e simplesmente por um problema mecânico ou acidente, perdê-la? Foram muitas até. Acho que essas pistas míticas, como é o caso de Indianápolis, costumam pregar essas peças tendo a participação ativa dos “deuses do automobilismo” na escolha de quem deve receber todas às glórias da conquista. A pista de Sarthe, a exemplo de sua “irmã mais velha”, tem esse dom de nos surpreender.
Olhando friamente esta edição, quem poderia apostar algo num trio em que dois deles visitavam a pista francesa pela primeira vez? Certamente as apostas repousavam sobre os mais velhos: o Porsche #18, com aquela fabulosa pole feita por Neel Jani, nos deixava com a dúvida se aquele desempenho ultra veloz poderia repetir-se em algum estágio de um certamente tão longo e cheio de armadilhas que é esta prova; o outro Porsche #17, o vermelho que remete ao legendário 917K de 1970, o primeiro Porsche a vencer na geral em Le Mans, carregava a experiência do ano anterior e um vencedor da prova (Timo Bernhard). Por outro lado, o favoritismo da Audi era forte, principalmente por conta do carro #7 com a trinca atual vencedora (Marcel Fässler/ André Lotterer/ Benoit Tréluyer). Toyota, a atual campeã do mundo apresentava-se abaixo da média e a Nissan... bem, as condições do seu novo protótipo são bem criticas descartando qualquer chance de lutar por algo melhor. Ou seja, a luta dar-se-ia entre as duas fábricas alemãs.
A classificação tinha sido um show a parte por conta da Porsche: simplesmente três carros tomando conta das três primeiras posições, dando a entender que criariam uma “barreira” a qual a Audi e os demais pretendentes deveriam transpor caso quisessem assumir a liderança. A volta de Neel Jani tinha sido mágica: cravando um tempo absurdamente veloz (3’16’’8), a melhor para esta era dos LMP1 em Sarthe e uma das melhores de todos os tempos do traçado, entrando para o top 10 deste quesito. Os outros dois Porsches acompanharam o ritmo e fizeram bons tempos, a ponto de apenas administrarem essas marcas na quinta-feira. Isso deu a Porsche a tranquilidade de trabalhar no ritmo de prova, testando alguns stints para a corrida. A Audi pouco se aproximara, mas a carta na manga para os dois de corrida já estava guardada, que era puramente estratégia baseada nos pneus, cujo trunfo deste R18 e-ttron Quattro é na economia dos
pneus frente a sua co-irmã. E tinha sido isso, aliado a erros de estratégia da Porsche e pilotagem de seus pilotos, que garantiram os dois sucessos para fábrica das quatro argolas nas duas corridas iniciais. Se para uma sobrava a manha de Sarthe, para a outra restava apenas a fabulosa história que tinha sido construída sobre as suas 16 vitórias anteriores. A Porsche tinha que dar uma resposta a si própria: recuperar-se de erros que tinham roubado deles vitórias em Silverstone e Spa, era uma questão de honra e Le Mans é um palco perfeito para este tipo de situação.
A corrida estava a ser um clássico do endurance: enquanto que a Porsche dominava as ações com o #17 e #18, a Audi subia com seu ataque em “bloco”, com o #7, #8 e #9 a atacar o #19 e superá-lo rapidamente. Conforme as horas foram passando, ficava claro que o #17 da Porsche parecia ser o mais tarimbado para guiar a equipe ao triunfo, e essa idéia se reforçou quando a Audi começou a enfrentar seus primeiros problemas: enquanto que o #7 voltava aos boxes alguns giros depois de seu pit-stop para trocar um pneu furado, num momento que estava prestes a assumir a liderança, o #8 acabou acidentando-se na parte de Indianápolis num trecho que deveria estar em bandeira amarela (slow zone) e que os comissários se atrapalharam ao sinalizar com a verde. Com os carros – em boa parte os GTs – desacelerando, Duval passou por uma Ferrari por fora e bateu de frente, danificando totalmente a dianteira. O carro foi levado aos boxes e alguns minutos depois, devolvido à pista, mas com a prova totalmente comprometida.
O período de Safety Car foi importante para que os carros se juntassem e ao dar a relargada, o duelo entre o Porsche #17 e o Audi #9 levantou a torcida nas arquibancadas com uma disputa visceral entre estes dois carros. Para Filipe Albuquerque, no comando do Audi #9, foi um momento brilhante: aproveitando-se bem do vácuo do #17, conseguiu quebrar naquele momento o recorde de melhor volta para aquela pista que já durava 44 anos, e que pertencia à Jackie Oliver. Mais tarde esse recorde voltaria a ser quebrado pelo Audi
#7 com Lotterer ao volante, ao descer dos 3’17”6 de Albuquerque para 3’17”4. Infelizmente problemas mecânicos e outros contratempos tirariam qualquer chance destes dois Audis de vencer: o #9 teve problemas com seu sistema híbrido e viu suas chances caírem por terra; para o #7, a carenagem solta também atrasou bastante o passo deste trio que tentava o seu quarto triunfo em Sarthe. De se elogiar sempre a pilotagem de André Lotterer, que desde um bom tempo tem se mostrado o melhor piloto de endurance do momento. A tocada limpa e precisa, entremeada com velocidade pura e cadenciamento – quando é preciso – tem sido a alma desse trio, sinceramente. O trabalho do trio do Audi #9 também precisa ser elogiado ao máximo, ainda mais Filipe Albuquerque com uma pilotagem muito precisa. Não foi de se estranhar a alta expectativa que foi criada em torno deles neste terceiro carro, especialmente montado para Le Mans, pois o ritmo estava excelente e tinham boas chances de disputar e sair com a vitória.
A Porsche também teve lá os seus problemas: o #17 parecia intocável e num passo firme para abrir caminho em meio aos retardatários e isso foi o que acabou matando as chances deste trio, quando Webber fez uma ultrapassagem em bandeira amarela e teve que pagar um penalty que o jogou um pouco para trás na classificação. Enquanto isso, o #18 enfrentava problemas – aparentemente de freios – que fez o carro escapar duas vezes para fora da pista e deixar as coisas complicadas para aquele trio. A surpresa para a Porsche foi o #19 ter um ritmo excepcional em todas as fases da prova: enquanto que o gêmeo #17 e #18 travava duelos contra os três Audis, este ficava apenas acompanhando de perto sem nunca perder contato com os ponteiros, esperando exatamente a sua vez na corrida. Quando assumiu a liderança ainda na nona hora, eles não largaram mais e entrando numa zona mais fria que é a noite e madrugada, igualaram a batalha com a Audi em consumo de pneus e isso deixou seus pilotos mais à vontade para ditar o ritmo. O trio mandou a bota – especialmente Earl Bamber no meio da madrugada – que deixou o #19 em boa condição de administrar a vantagem e apenas responder quando fosse preciso. Os problemas na carenagem do Audi #7 os deixou ainda mais perto da vitória, principalmente por estarem
levando uma volta de vantagem sobre o #17 e três sobre o #7. Apenas um desastre tiraria essa conquista. Restou apenas a Nico Hulkenberg assumir o comando e guiar o carro de forma imaculada a uma vitória inédita para os três.
Em relação aos japoneses, coube apenas a decepção: a Toyota nem foi sombra do desempenho que fez ano passado ao fechar em sexto e oitavo (#2 e #1) com oito e nove voltas, respectivamente, de desvantagem para o vencedor. Vencer neste ano, somente com um golpe de muita sorte. A Nissan largou com seus três carros e nenhum completou, nesta que foi um dos maiores papelões da história recente da prova. Despejar altas doses de dinheiro e não desenvolver um protótipo de forma decente para ao menos andar com dignidade próxima as outras fábricas, foi de jogar o nome da Nissan na lama e pisotear.
Para a Rebellion, que estreou seu R-One nesta corrida, foi uma prova mais que tranqüila, pois a ByKolles não ofereceu nenhuma resistência a equipe suíça que venceu entre as particulares na LMP1.

As outras categorias

LMP2

A KCMG dominou amplamente aquela classe, sendo que desde a segunda hora eles assumiram a liderança e não largaram mais. Nicolas Lapierre/ Richard Bradley/ Matthew Howson deram à KCMG a primeira vitória em Le Mans nesta classe e particularmente, para Lapierre, foi a desforra após ter sido dispensado pela Toyota ano passado, tirando dele a chance de ganhar o campeonato junto de Davidson/ Buemi. Ainda tendo visto que o desempenho da Toyota foi bem pífio, o prazer desta sua conquista deve ter sido ainda maior.
A segunda colocação foi da Jota Sport, que enfrentou problemas de câmbio no inicio do certame, conseguiu uma bela recuperação devido, especialmente, a pilotagem de Mitch Evans e Oliver Turvey para abrir caminho na parte final e conseguir o pódio frente ao #26 da G-Drive e o #48 da Murphy Motorsport.
A única equipe que parecia ainda com ritmo para dar combate ao carro da KCMG era o #46 da Thiriet, mas este acabou sendo acertado pelo Aston Martin #99 (com Fernando Rees ao volante) e ficando de fora.

LMGTE-PRO

As disputas nessa classe são sempre o grande atrativo, e neste ano não foi diferente: Ferrari, Corvette e Aston Martin estiveram numa luta brutal pelas primeiras posições e que foram decididas através dos problemas e acidentes que iam tirando os carros de linha.
Para a Corvette acabou sendo uma prova recompensadora após a perca do #63 nos treinos, após o acidente de Jan Magnussen que impossibilitou os reparos no carro. Apesar de um início bem tímido, o trio formado por Oliver Gavin/ Tommy Milner/ Jordan Taylor, foram subindo na classificação aos poucos e os problemas com os rivais mais diretos ajudaram bastante a conseguir uma importante e gratificante vitória para eles e Corvette, que não vencia desde 2011.
A Ferrari perdeu uma corrida que poderia ter sido dela, não fosse os inúmeros problemas que rondaram os #51 e #71 da AF Corse. Enquanto que o #51 se viu envolvido no enrosco do Audi #8 fazendo com que ele fosse ao boxe reparar os danos, voltando bem trás dos seus rivais, o #71 estava em grande forma ao disputar diretamente com a Aston e Corvette a dianteira da prova, mas problemas no motor de arranque atrasaram suas pretensões. Mas a Ferrari tinha ganho um fôlego com o retorno do #51 à disputa e com chances de ameaçar a Corvette, mas problemas com o câmbio forçaram a saída momentânea de Gianmaria Bruni/ Toni Villander/ Giancarlo Fisichella da prova, conseguindo voltar para terminar em terceiro. A segunda posição acabou para a outra Ferrari #71 de Davide Rigon/ James Calado/ Olivier Beretta, numa boa recuperação do trio.
Para a Aston Martin, que estava com ótimas chances de vencer nessa classe, restou apenas a desilusão de ver seus três ficarem de fora por problemas mecânicos - #95 e #97 – e o #99, que estava na disputa direta, ter se acidentado quando Rees estava para ser dobrado pelo #46 da LMP2.
Os Porsches do Team Manthey foram verdadeiros coadjuvantes nesta edição, sem ter lutado pela liderança em momento algum. Enquanto que o #92 foi limado da prova logo no início por uma quebra de motor, o #91 ainda tinha esperanças de beliscar um pódio, mas um vazamento de óleo tirou essa chance deles.

LMGTE-AM

Apesar da forte oposição vindo da Ferrari #72 da SMP Racing, não era de duvidar muito que a vitória não escaparia das mãos do trio Pedro Lamy/ Paul Dalla Lana/ Mathias Lauda. Porém, quando faltavam menos de 50 minutos para o fim, Dalla Lana acabou escapando e batendo forte na curva chicane Ford e tirando a chance de vez de vitória. Coube ao trio do Ferrari #72 – Victor Shaytar/ Andrea Bertolini/ Aleksey Basov vencer a prova.
A segunda colocação ficou com a Dempsey-Proton Racing com seu Porsche #77, guiado por Patrick Dempsey/ Patrick Long/ Marco Seefried, nesta que foi a melhor colocação da equipe em Le Mans.
E a terceira foi da Ferrari #83 da AF Corse com François Perrodo/ Emmanuel Collard/ Rui Águas.

Mais um grande dia para a história de Le Mans

Sem dúvida foi outro grande dia para os inúmeros acontecimentos que já entraram para história dessa grande prova. Um ano após o seu retorno a classe principal, a Porsche nos brindou com uma vitória irretocável de um trio que nem estava entre os favoritos para a conquista dessa corrida. Foi o primeiro carro não diesel a vencer em Sarthe em dez anos.
Por outro lado, ter convivido com a desconfiança da maioria em torno da sua confiabilidade, foi um verdadeiro cala a boca com toda força e competência que é normal de uma equipe alemã. As lágrimas do diretor da Porsche e dos outros integrantes, assim como de Nico Hulkenberg, traduzem e muito todo o trabalho que foi feito até aquele momento. Para a Porsche, um desafio e tanto com este projeto do 919 Hybrid e para os pilotos, uma conquista histórica, particularmente falando.
Enquanto que Nick Tandy era o mais experiente dos três com duas participações em Le Mans, Earl Bamber era um bicampeão da Porsche Super Cup Ásia e assim como Nico Hulkenberg, fazia o seu debut na maior prova de endurance do mundo. As prestações que estes três tiveram a bordo do 919 Hybrid #19 foi de um primor altíssimo: seguraram bem o ritmo no início da prova, ganharam posições conforme os da frente iam tendo problemas e assumiram a liderança no meio da noite para não largar mais, sempre com velocidade pura por parte dos três. Foi um trabalho recompensado com uma inédita conquista para os três: Bamber e Hulkenberg tornaram-se os primeiros pilotos a vencerem as 24 Horas de Le Mans logo na sua estréia – o último tinha sido Aurent Aiello em 1998 com a... Porsche, exatamente na última conquista da marca. E Nico foi o primeiro piloto da F1 em atividade a vencer a prova desde a conquista de Johnny Herbert e Bertrand Gachot na vitória pela Mazda em 1992. Para a Porsche foi a 17ª conquista em Sarthe e no mesmo dia que completa outra data importante para o time de Stuttgart: há 45 anos eles chegavam a primeira vitória no geral em Sarthe, com o 917K de Hans Hermann/ Richard Attwood. Melhor dia para esta conquista, não existe.
A Porsche retoma as chaves de casa e agora é uma forte ameaça ao império conquistado pela Audi nos últimos anos.

Habemus duelo!  

sábado, 13 de junho de 2015

Foto 525: Doze horas depois

E já passamos da metade da prova - faz um tempo já - e a Porsche continua com o seu #19 na liderança da prova, agora conduzido por Earl Bamber. A diferença deles para o segundo, o Audi #9, é de 41 segundos. Mas o carro da Audi deve parar em breve nos boxes e o #7 deve subir, e a sua desvantagem neste momento para o líder é de mais 1 minuto.
Ainda temos um pouco mais de onze horas de corrida, mas aos poucos as coisas começam a se desenhar para um final eletrizante.

92ª 24 Horas de Le Mans - Uma Epopéia em La Sarthe

A segunda da Ferrari após o seu retorno à La Sarthe (Foto: Ferrari Hypercar/ X) Começar um texto sobre algo tão fantástico não é das melhore...