terça-feira, 13 de março de 2012

Grandes Atuações: Damon Hill, Hungaroring 1997


Podemos comparar o GP da Hungria de 1997 a uma estória do conto de fadas onde a abóbora virou carruagem e voltou ao seu formato ao bater da meia noite. Mais ou menos foi assim a corrida de Damon Hill naquela tarde de 10 de agosto em Hungaroring, onde o seu desempenho, ajudado pela ótima performance dos pneus Bridgestone, foi um dos melhores da sua carreira. Mas o problema hidráulico nas últimas voltas lhe tirou uma vitória praticamente garantida.

Damon assinou o contrato com a Arrows em setembro de 1996, ainda quando estava na luta pelo mundial de 1996 pela Williams: sabendo que não ficaria no time de Frank e tendo as equipes grandes todas com sua dupla de pilotos definidas para 1997, restou a ele assinar com o time de Jackie Oliver e Tom Walkinshaw, que havia comprado parte do team em março daquele ano. Já ao final de 96, Hill estava ao volante de um Ligier JS41 comprado pela Bridgestone testando os novos compostos da marca nipônica que estrearia no ano seguinte. Os técnicos da Arrows, mais Walkinshaw, estiveram presentes durante os testes colhendo informações sobre o desempenho dos pneus e as opiniões de Damon, que ao final foram positivas. Nesse caminho de tentar levar a Arrows ao nível das equipes médio-grandes, além da contratação de Hill e do fornecimento da Bridgestone, onde ela receberia todas as atualizações antes das demais, Walkinshaw ainda arrendou um contrato com a Danka, que era uma empresa especializada em produtos para escritório e trouxe Pedro Paulo Diniz com seus cheques polpudos. Mas além da Danka outras tantas tiveram suas marcas estampadas na asa traseira do carro como a Power Horse, REMUS e outras mais durante o ano de 97.

A temporada em si não foi a das mais fáceis: foram vários os problemas enfrentados por Damon naquele ano. Quando não era o motor Yamaha que quebrava, uma colisão dava cabo da sua corrida. As classificações também não eram as melhores. Ele e Pedro Paulo Diniz tiveram uma primeira parte do cão, ao conseguir alinhar aquele Arrows A18 em posições intermediárias. As coisas pareceram melhorar quando Hill marcou o primeiro ponto da equipe ao chegar em sexto no GP da Grã-Bretanha e terminar em oitavo em Hockenheim, completando uma seqüência de quatro corridas sem quebras.

Ao se apresentarem para o GP da Hungria, eles se depararam com o primeiro confronto real entre os pneus Goodyear e Bridgestone. A temperatura do asfalto em Hungaroring era absurdamente quente naquela ocasião, o que levou Trulli (Prost) Hill e Barrichello (Stewart) a conseguirem bons tempos na sexta-feira ao marcarem a 3ª, 5ª e 7ª colocações. Detalhe especial neste treino foi Damon, que marcou o seu tempo em uma única tentativa.

Para a qualificação a temperatura do asfalto estava em torno dos 60° graus, o que ajudaria bastante os compostos japoneses. Mas rapidamente esta temperatura despencou. Michael Schumacher e Jacques Villeneuve dominaram as ações em Hungaroring conquistando a primeira fila. A surpresa era Damon, que colocara sua Arrows em terceiro nos segundos finais do treino, suplantando duas Mclarens, duas Benettons, uma Ferrari e uma Sauber. Mesmo com a temperatura não estando ideal para a performance dos pneus Bridgestone, Hill conseguiu uma volta brilhante ficando a 0’’372 da pole de Schumi. Assim como a maioria que estava presente naquele treino, Damon ficou surpreso. Mas à tarde do dia seguinte ainda reservaria muito mais a ele e a equipe.

O domingo começou com o warm-up que teve como surpresa a quinta marca alcançada pelo Arrows de Diniz, mostrando que o carro do time inglês estava bem acertado para aquele circuito. Os pilotos que estavam calçados com Goodyear preferiram, em sua maioria, largar com pneus macios e os pilotos Bridgestone, em especial o duo da Arrows, optaram pelo composto mais duro. Debaixo do forte calor que estava fazendo em Hungaroring, aquela escolha acabou por ser a mais certa.

A largada foi tranqüila, mas Villeneuve saiu mal e quando contornou a primeira curva estava em quinto. Damon, por muito pouco, já não conquistou a liderança na primeira curva.
Após seis voltas de corrida, Schumi e Hill já estavam distantes de Irvine que vinha terceiro. Foi neste momento que o piloto alemão, que havia largado com os macios, passou a ter problemas com os pneus que estavam criando bolhas. Hill percebeu o problema enfrentado pelo seu rival e partiu com tudo, pressionando-o pelas cinco voltas seguintes. Neste momento, mais precisamente na sétima volta, Irvine já havia parado para trocar seus pneus que haviam criado... bolhas rapidamente.

Ao abrir da 11ª volta, Hill colocou por dentro na tomada da primeira curva e mesmo com Schumacher a lhe deixar pouco espaço, ele conseguiu a primeira colocação. Como era de se esperar, devido ao melhor desempenho mostrado até ali, Hill abriu vantagem sobre Michael que só parou nos boxes na volta catorze para trocar os pneus.

Damon continuou bem na dianteira da prova, aumentando a diferença para os demais. Ele parou para a troca de pneus na volta 25, uma depois de Villeneuve que vinha em segundo. Jacques, após a corrida, disse que os Goodyear estavam tão péssimos naquela prova, que após a sua primeira troca eles empolaram com menos de duas voltas de uso. O piloto inglês fez a sua segunda e última parada de box na 51ª passagem, e nesta altura ele já se encontrava com mais de 30 segundos à frente de Villeneuve.

Q
uando parecia que a Arrows, enfim, entraria para círculo das equipes vencedoras de Grandes Prêmios, o câmbio do A18 apresentou problemas na saída da chicane na penúltima volta. Hill relatou o acontecido e quando a equipe lhe pediu para passar a rodar com o carro na quinta marcha, a pressão hidráulica só o deixava engatar até a segunda. Durante a 75ª e antepenúltima volta, Hill perdeu em torno de nove segundos e a conta aumentou na penúltima passagem quando caiu mais vinte. Foi nesta ocasião que o acelerador também o deixou na mão. Jacques o passou alguns metros depois para garantir uma vitória que não deveria ter sido dele, mas sim de Damon. O piloto da Arrows ainda arrastou-se até fechar em segundo. Até o final daquele ano a Arrows voltou a marcar apenas mais dois pontos com Diniz, quando este terminou em quinto no GP de Luxemburgo. Hill ainda teve como melhor colocação, depois da Hungria, um oitavo lugar em Monza.

Damon Hill teve que esperar até o GP da Bélgica de 1998 para voltar a sentir o gosto da vitória, assim como a Bridgestone, que venceu o seu primeiro GP na Austrália com a McLaren além do primeiro título conquistado com a mesma. 

Para a Arrows a chance de vencer nunca mais apareceu e a equipe fechou as portas durante a temporada de 2002.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Vídeo: Documentário da BBC sobre o efeito solo e o Cosworth DFV

Com a proibição das saias para a temporada de 1982, as equipes britânicas tiveram que correr contra o tempo para se adequar a essa nova vida. A BBC fez um documentário sobre essa odisséia, contando desde a descoberta do efeito solo até o seu perfeito casamento com os motores Cosworth DFV, que prolongaram por alguns anos mais, a sobrevivência dos times ingleses (e claro, do próprio motor) frente aos times que possuíam Turbos.
 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Foto 70: Champanhe

Não sei em qual prova isso aconteceu, mas ao que parece Jackie Stewart espoucou a champanhe na boca e engasgou. Fora o que caiu nos olhos.

F1 Battles: Ayrton Senna vs Alessandro Nannini - GP da Alemanha, 1990

Após Senna fazer a sua parada para troca de pneus, Alessandro Nannini assume a liderança do GP alemão na abertura da 17ª volta. Assim começou o duelo entre os dois, com Ayrton a encurtar e Alessandro a aumetar a liderança por 16 voltas numa caça do gato contra o rato.
O piloto da Mclaren assumiu a liderança na entrada da última chicane de Hockenheim, na 33ª passagem e abriu caminho para a sua quarta vitória naquela temporada. Nannini ficou em segundo e Berger fechou em terceiro.
No minuto 9:11, Nelson Piquet aparece tomando uma cervejinha enquanto caminha de volta para os boxes após o motor Ford do seu Benetton ter abrido o bico na 23 passagem, quando estava em terceiro. Grande Nelson!

terça-feira, 6 de março de 2012

Turbo e Diesel em Le Mans: Porsche e Audi na frente

As estatísticas das 24 Horas de Le Mans apontam Porsche e Audi como as maiores vencedoras da octogenária prova de Endurance. Mas não é apenas isso. Nesse cartel de 26 vitórias, ambas mostraram o caminho das pedras para o automobilismo de competição.
Começando pela Porsche, que estreara o motor Turbo em 1974 no seu modelo Carrera RSR, teve um bom desempenho naquele ano ao conseguir um segundo lugar com Gijs Van Lennep e Herbert Müller. Após duas temporadas de desenvolvimento, a Porsche apresentou-se para a edição de 1976 com dois modelos Turbo comprimidos: um 936 destinado à Gijs Van Lennep e Jacky Ickx e um 935 para Rolf Stommelen e Manfred Schurti.
A oposição naquela prova vinha da Renault, que levou para Le Mans um Alpine 442 Turbo comprimido para o trio Jean Pierre Jabouille, Patrick Tambay e Jose Dolhem. A Renault tinha boa experiência com os motores turbo, uma vez que havia vencido o Campeonato Europeu destinado aos carros de 2 litros de 1974 com sobras.
Foi um duelo a parte entre Renault e Porsche naquela 44ª edição das 24 Horas de Le Mans. Por mais que os franceses tenham conseguido a pole position (3’33’’01) e a melhor volta (3’43’’00), todos pelas mãos de Jabouille, foi a Porsche quem saiu sorrindo ao vencer com Lennep/Ickx nesta que foi a primeira vitória de um turbo em Sarthe. Em 1977, a Porsche voltou a vencer com trio Jacky Ickx/ Hurley Haywood/ Jürgen Barth pilotando a evolução do carro vencedor de 1976, o 936/77. A Renault Levou três Alpine A442 para Sarthe e entregou para as duplas Patrick Tambay/ Jean Pierre – Jaussaud #7; Patrick Depailler/ Jacques Laffite #8; Jean Pierre Jabouille/ Derek Bell #9. Um quarto A442 foi entregue a Equipe J. Haran – H. Chaunac que teve como pilotos o trio René Arnoux/ Didier Pironi/ Guy Frequelin. Nenhum dos quatro carros compeltaram a corrida. A Renault só foi à desforra no ano seguinte, quando Didier Pironi/ Jean Pierre Jaussand levaram o Alpine A442B à única vitória da fábrica francesa em Sarthe.
Ickx, em parceria com Lennep, levou o 936 Turbo à vitória em 1976. No ano seguinte repetiu a dose ao pilotar junto de Hurley e Barth, 936/77


A Renault recuperou-se dos azares dos dois últimos anos e venceu em 78 com Pironi e Jaussaud
Passados 30 anos, a Audi apresentou à Sarthe o seu modelo R10 HDi Diesel e logo nessa sua primeira aparição, se impôs ao vencer a corrida com o trio Frank Biela/ Emanuele Pirro/ Marco Werner. O Pescarolo C60 Judd Híbrido, pilotado por Heric Hélary/ Franck Montagny/ Sebastien Loeb, fechou em segundo quatro voltas atrás do vencedor.
A Audi continou a ganhar com o seu Turbo Diesel em 2007 – quando teve a concorrência da
Peugeot, que também correu com um motor Diesel no seu modelo 908 HDi fap. Em 2008 voltaram a vencer, agora com a tecnologia Biodiesel. Após a derrota de 2009 para a Peugeot, eles ganharam em 2010 numa situação que era favorável aos Peugeots quando estes foram perdendo seus carros durante o certame, após terem dominado de forma soberba desde os treinos. Em 2011 a Audi estreou o seu R18, que também venceu a esquadra francesa da Peugeot com um carro em pista.
Este ano de 2012 a Audi correrá com quatro carros em Sarthe: dois Híbridos que são os novos R18 e-tron quattro e dois Diesel, os R18 Ultra. Sem a concorrência da Peugeot, que anunciou a sua saída, tanto do Mundial de Endurance, quanto das 24 Horas de Le Mans, a Audi estará soberana nestes dois eventos já que a Toyota, que retorna este ano com o modelo TS030 às provas de Endurance, ainda está fora de forma.
A Audi mal apresentou o seu R10 a Diesel e já cravou uma vitória em Le Mans, 2006. E deve repetir o mesmo agora em 2012, com o seu Híbrido.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Foto 69: Tom Pryce, Race Of Champions 1975

Tom Pryce foi sensacional no Race Of Champions de 1975, em Brands Hatch

Tom Pryce é um daqueles pilotos que você olha as estatísticas da F1 - ou lê algumas das inúmeras matérias que falam da sua carreira na categoria - e diz "puxa, ele era bom, mas não tem uma vitória se quer". Sim, é uma maldade do destino. Mas Pryce, com a sua pilotagem selvagem, fazendo o carro escorregar nas quatro rodas, venceu uma corrida: a Race Of Champions de 1975 disputada em Brands Hatch.

Foi a corrida onde os F-5000, dotados de maior potência, tiveram três representantes: David Purley correndo com um Chevron-Ford, Tom Belso e Ian Ashely cada um num Lola-Chevrolet. Outros dois carros que pouco frequentavam os grids da F1, estiveram presentes em Brands Hatch: o Lyncar-Ford de John Nicholson e o Safir-Ford de Tony Trimmer. O restante dos participantes era a nata da F1, com Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson, Jacky Ickx e outros. O tempo instável em Brands Hatch não atrapalhou em nada o excelente desempenho que Tom Pryce viria a ter naquele final de semana.

O domínio do piloto galês começou no classificatório, quando marcou a pole com o tempo de 1'34''9, em pista molhada. No dia da prova uma rápida nevasca atrasou o início da corrida. Quando tudo já estava resolvido, Pryce caiu de primeiro para quarto na largada perdendo posições para Ickx, Jody Scheckter e Peterson.

Por mais que Schecketer ultrapassasse Ickx, assumindo o comando da prova ao final da primeira volta, ele viu em seus retrovisores a imagem de Pryce que subira de quarto para segundo rapidamente. Tom não demorou muito para ultrapassar o sul-africano e desaparecer na frente.

O piloto da Shadow acabou por vencer a corrida após 40 voltas, chegando 30 segundos à frente de John Watson e igualando o recorde da melhor volta daquela pista para um F1, com a marca de 1'21''1. Ronnie Peterson completou o pódio.

Tom Pryce ainda teria uma chance de tentar vencer na F1, de modo oficial, quatro meses mais tarde em Silverstone quando largou da pole. Mas ao contrário de Brands, ele acidentou-se na 21ª volta ficando de fora da corrida.

domingo, 4 de março de 2012

Foto 68: Plataforma


Kimi Raikkonen, ao volante, e Juan Pablo Montoya levam a Mclaren MP4/19 por um passeio em Nurburgring, à bordo do caminhão-plataforma que transportava os carros da marca durante as corridas de F1 e Carros Sport nos anos 50.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...