quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Documentário: Stefan Bellof - Uma carreira inacabada

Documentário sobre a curta carreira de Stefan Bellof exibida pela TV alemã ARD em 1986, contando seus dias desde o Kart, passando pelo mundo dos Sport Prototipos e sua curta participação na F1. Infelizmente os vídeos não tem nenhuma legenda em inglês, o que já facilitaria para muitos.

sábado, 20 de outubro de 2012

GP do Brasil de 2007: O título de Raikkonen



Kimi Raikkonen durante os treinos de sexta em Interlagos
(Foto: Zimbio)


O GP da China, 16ª etapa do mundial de 2007, tinha sido um presente dos Deuses para Raikkonen. Lewis Hamilton, que naquele tempo era super badalado por ser um novato que chegou e destronou Fernando Alonso da McLaren, estava na ponta do campeonato e na liderança da corrida chinesa. Era uma oportunidade de ouro para Lewis: ele tinha doze pontos de vantagem sobre Fernando (107x95) e dezessete sobre Raikkonen (107x90) e isso lhe dava a chance de sair de Xangai com o título nas mãos caso vencesse a prova.

A pista molhada devido à chuva que caíra antes da corrida, forçou a todos largarem com pneus intermediários. A lembrança da pilotagem magistral de Hamilton no dilúvio em Fuji uma semana antes tinha sido reforçada nas voltas iniciais da corrida chinesa, com ele a abrir uma boa vantagem para Raikkonen. Desta vez, ao contrário da corrida do Japão, a Ferrari não errara em colocar um pneu diferente para aquela condição de pista – em Fuji, com toda aquela água na pista, eles mandaram os dois carros com pneus intermediários, enquanto todo o grid saiu com pneus biscoito para chuva forte. Desse modo, seus dois pilotos tiveram que trocá-los em uma das 15 maçantes voltas que o pelotão teve que fazer atrás do Safety Car por causa da chuva. Em condições normais, sem o Safety, a prova teria sido arruinada por inteiro. Voltando à prova da China, Hamilton estava se se distanciando de Raikkonen e quando parou nos boxes na volta 15, tinha em torno de oito segundos de vantagem. Uma boa diferença, mas Kimi continuou na pista e só parou nos boxes na volta 19. Tinha desempenhado um bom papel ao fazer boas voltas e quando voltou atrás de Lewis, a diferença não era tão grande assim. Os quatro primeiros (Lewis, Raikkonen, Massa e Alonso) tinham optado por não trocar os pneus apostando numa chuva que estava prestes a cair. Naquele momento a pista tinha um trilho bem definido em quase todo o traçado, mas com a chuva que demorava a cair, os pneus intermediários começavam a se desgastar. Devido a sua pilotagem mais bruta, Lewis começou a perder aderência dos pneus, principalmente os traseiros que já estavam gastos. Raikkonen passou a pressioná-lo e Hamilton defendeu-se como pôde, até que o finlandês assumiu a liderança na entrada da primeira curva após o inglês alargar a entrada da curva por causa dos pneus, que nitidamente já estavam na lona. Kimi passou e foi embora, enquanto que Hamilton tentava se equilibrar no que restava dos pneus. O fim da linha para o garoto prodígio da McLaren foi a entrada do box, quando ele não conseguiu segurar a escapada de frente do MP4-22 indo atolar na caixa de brita. Apesar do esforço comovente em tentar tirar o carro dali, Lewis saiu cabisbaixo e crente que o seu primeiro “Match Point” para o título estava perdido. Raikkonen venceu tranquilamente aquela corrida, seguido por Alonso e Massa. Agora os três postulantes ao título estavam próximos: Lewis tinha quatro pontos de vantagem sobre Fernando (107x103) e sete para Raikkonen (107x100). Interlagos vivenciaria, pela terceira vez consecutiva, uma decisão de mundial.


Aquele ano foi a minha quinta participação num GP do Brasil, ininterrupta desde que comecei em 2003. Trabalhei naqueles três dias no PSDP (Posto de Sinalização e Direção de Prova) e pude acompanhar, não totalmente a fundo, porque eu tinha que desempenhar o meu trabalho, a atmosfera daquela decisão. E o melhor é que estão muito frescas na minha memória aqueles dias em Interlagos. Um privilégio.
A visitação, que sempre acontece de quarta-feira, estava bem movimentada e o box mais visitado era o da McLaren. Não apenas por ter o habitual treinamento de pit-stop, que algumas equipes realizam neste
dia, mas também a esperança de ver Alonso ou Hamilton por ali. De quarta é bem raro eles aparecerem no autódromo, principalmente os superstars, que estão envolvidos em reuniões e eventos promovidos pelos patrocinadores. Mais a frente, estava a Ferrari, também fazendo o seu treino de pit-stop, mas com um número baixo de curiosos. Na quinta-feira, dia em que os pilotos aparecem no autódromo para realizarem o reconhecimento do circuito, pude ver Hamilton pela primeira vez. Ele parecia tranqüilo, bem descontraído ao lado de alguns integrantes da McLaren, sorrindo e conversando enquanto caminhava pela pista. Não vi nem Raikkonen e muito menos Alonso. Talvez já tivessem feito este reconhecimento pela manhã.

A figura de Hamilton foi a que mais apareceu no pit Lane naqueles dias. Entre a sexta e sábado era normal eu avistar o inglês conversando com os integrantes da equipe. Ele havia ganhado a simpatia do público brasileiro: era rápido, jovem, destemido, tinha peitado Fernando Alonso e o tirado do sério dentro da McLaren, virando assim o queridinho e esta simpatia aumentou ainda mais quando ele participou de uma festa na quinta a noite e repetidamente, durante um discurso, falava o nome de Senna. Isso foi motivo de aplausos calorosos. E Lewis nunca escondeu de ninguém que era um fã de Ayrton, tanto que ele fez questão de ir ao túmulo do piloto. Usar o nome de Ayrton, frente a um público que ainda o venera, foi uma bela cartada do piloto inglês que conquistou mais alguns admiradores para apoiá-lo na batalha do título. Se Lewis fazia uma social com o público paulistano, Raikkonen preferiu ficar na dele, se bem que estivesse tentado a cair na noite para comemorar o seu aniversário de 28 anos.
Como eu disse, a quinta-feira é o dia onde os astros aparecem. Reuniões com engenheiros de provas, um caminhar pelo circuito fazem parte do cronograma de qualquer piloto. E pelos relatos que soube, o mais tranqüilo de todos era... Fernando Alonso, que havia chegado mais descontraído e sorridente, bem diferente da face carrancuda e azeda que havia demonstrado semanas antes no GP da China, quando ele acusou a McLaren veemente de está-lo sabotando. Hamilton passou apressadamente e Raikkonen estava gelado, como sempre. Os três, mais Felipe Massa, participaram de uma coletiva de imprensa onde o clima continuou sereno, sem ataque por nenhuma parte. Era momento de concentrar-se para a batalha que se seguiria pelos próximos três dias.

Na sexta-feira pela manhã, por volta de 5:30, chegamos ao autódromo. Bandeirinhas, bombeiros, resgate e equipe médica são praticamente os primeiros a chegarem à pista. Mas antes disso, existe a equipe de apoio que chega uma hora antes para deixar tudo organizado nos postos de sinalização. E esse trabalho só se encerra na boca da noite de cada dia, quando jogos de bandeiras, rádios, fones de ouvido, capacetes, são contados e guardados em ordem numérica que corresponde ao posto onde trabalham os bandeirinhas. Ou seja, são 23 postos (PSDP mais os 22 postos espalhados pela pista) que precisam ter o material totalmente conferido para não haver problemas no dia seguinte. Pois bem, chegando ao autódromo sexta pela manhã, uma fina chuva nos recepciona. Só me lembro de ter soltado “Hoje vai ser foda!”, imaginando o trabalhão que seria para o pessoal de resgate a pé, que ficam expostos no tempo, para resgatar algum carro que rodasse e/ou batesse e com a chuva caindo forte. O meu primeiro GP do Brasil foi o de 2003, onde choveu na sexta, fez um sol fraquinho no sábado e caiu um dilúvio no domingo. E posto onde trabalhei? No posto 4, que fica na parte externa saída da curva do Sol e entrada da reta oposta. Quem tiver boa lembrança e viu aquela corrida, sabe bem o que aconteceu naquele pedaço. Fora a chuva que praticamente alagou o posto (ele fica próximo a um barranco e o chão do posto ficava encravado na terra, portanto a água escorria e ia para dentro) e nos forçou a abrir uma valeta com pedaços de pau para que a água escorresse. Mas a chuva daquela sexta não era tão forte para isso, mas molhou bem a pista e deixou as coisas mais interessantes.

Aproveitei a minha estadia no pit-lane para tirar umas fotos, claro. E entre elas, estas duas de Jacques
Laffite (folheando um encarte da  4 Rodas que conta a sua vitória em Interlagos 1979, que ele autografou
para mim) e também Hans Stuck, que parou uma animada conversa para que eu pudesse fotografá-lo.
Gente boa estes senhores!

(Foto: Paulo Abreu)

O asfalto de Interlagos era novíssimo e tinha, aparentemente, corrigido as inúmeras ondulações que era uma queixa freqüente dos pilotos. Era normal ao final de cada de dia você ir por toda a extensão da reta dos boxes e oposta, ver o tanto de marca amarela que ficava no asfalto devido a raspagem da prancha de madeira. E o cheiro forte de madeira ficava suspenso no ar fazendo-lhe sentir que estava numa carpintaria, e não numa pista de corridas. O primeiro treino foi realizado com pista molhada e Raikkonen dominou, com Alonso no seu encalço por meio segundo. A tarde, com a pista seca, foi a vez das Mclarens dominar com Hamilton cravando o melhor tempo, seguido por Alonso, Massa e Raikkonen. Acabado a F1, entrava a Porsche Cup e depois o Trofeo Maserati, mas ainda era possível ver movimentações nos boxes com mecânicos empurrando carros pra lá e pra cá, alguns pilotos se dirigindo para reuniões. Hamilton foi um dos que passaram e me lembro que havia um grupo de cinco, ou seis caras, que estavam na velha arquibancada de frente para os boxes e que o chamaram. Era intervalo entre as categorias suporte, portanto Lewis ouviu bem quando o chamaram e acenou. Mas os torcedores deram uma bela trollada nele ao gritarem o nome de “Alonso, Alonso, Alonso...” e caírem na gargalha. O inglês recolheu o aceno rapidamente e saiu cabisbaixo, aumentado o ritmo do passo rumo ao paddock. Deve ter passado uma baita vergonha, certeza. Outro que passou e foi ovacionado foi Massa. Ele tinha crédito de sobra com a torcida naquela época por conta da sua vitória maiúscula no ano anterior. Vencer naquele ano era bem provável, mas iria depender muito de como estivesse o cenário da corrida, pois ele tinha um companheiro na disputa de um título mundial. Com os treinos livres da Porsche e Maserati se encerrando, era hora de arrumar as coisas e ir para casa repor as energias.

Mais uma vez, às 5:30 da madrugada, lá estávamos nós, mas dessa vez sem chuva e com o céu limpo, sem nenhuma nuvem. E o sol apareceu forte, mas a sombra das sete da manhã no pit-lane nos protegia agradavelmente. Todos os bandeirinhas – ou quase todos – e pessoal de resgate, médico, bombeiros, foram para os boxes fotografar os carros. É um momento legal, pois todas as equipes já estão trabalhando e boa parte dos carros fica pelo lado de fora das garagens montadinhos, esperando o momento certo para dar início ao treinamento de pit-stop. Portanto é uma sessão de fotos por nossa parte, uma vez que dentro da pista isso é quase impossível (se bem que sempre damos um jeito e fotografamos). Durante esta uma hora de visitação, um amigo meu que fala muito bem inglês, conversou com um dos mecânicos da McLaren antes que eles começassem o treinamento. Ele perguntou como estava o clima entre os pilotos e o mecânico, um homem negro e forte que era responsável pelo abastecimento, lhe disse que estava bom, mas Hamilton aparentava estar mais nervoso que Alonso. Isso até soava normal, afinal de contas o franco atirador naquele momento era o espanhol, bi-campeão do mundo, e não o garoto que o destronou com uma pilotagem arrojada e que agora estava a poucos pontos de ser campeão mundial. Era surpreendentemente engraçado, mas Fernando estava mais tranqüilo naqueles dias de GP do Brasil e a FIA, para garantir que a McLaren daria tratamento igual a suas duas estrelas, mandou o argentino Carlos Funes – delegado técnico da entidade – para ser o observador na equipe de Woking. Talvez aí estivesse a explicação para tamanho sossego de Fernando.
Com a pista devidamente montada, o terceiro treino teve o seu início e as Ferraris continuaram na ponta, tendo Massa em primeiro e Lewis em segundo. Raikkonen aparecia em terceiro e Alonso tinha sido apenas o oitavo. De toda a forma, uma briga particular entre italianos e ingleses. Intervalo longo, com mais de 2 horas. Momento dos bons para o pessoal relaxar, tirar um cochilo, ir ao posto vizinho para jogar papo fora ou ir atazanar a torcida do setor G, no final da reta oposta.  

A classificação começou às 14:00 horas com a sua habitual divisão em três partes, mas a que interessava mesmo é a Q3. Nenhuma surpresa aconteceu nas duas primeiras partes e três protagonistas do embate, mais Felipe Massa, passaram tranqüilamente pela Q2 que foi liderada por Raikkonen. As duas Mclarens puxaram o pelotão na saída dos boxes, tendo as duas Ferraris em seguida. A batalha pela pole era tensa, mas Felipe resolveu isso a favor da Ferrari com uma volta perfeita cravando a marca de 1’11’’931, 0’’151 mais veloz que Hamilton. A torcida veio abaixo, gritando o nome de Massa e as coisas poderiam ter sido perfeitas para os italianos caso Raikkonen não tivesse sido atrapalhado por Lewis em um momento do Q3, quando os dois se encontraram na pista e o inglês não deixou espaço suficiente para Kimi na curva Chico Landi que teve de usar a zebra de forma agressiva. Perdeu alguns décimos, mas não ligou muito para esse fato: “Não, não foi nada. Perdi poucos décimos, talvez. Lewis poderia ter feito a coisa mais fácil, mas acabou dificultando. Ele se desculpou. Essas coisas acontecem no tráfego.” Respondeu ele tranquilamente após ser perguntado se havia ficado bravo com aquele lance. Kimi tinha ficado com o terceiro lugar, logo atrás de Massa e Lewis. Alonso, quietinho, marcou o seu quarto lugar. O restante da tarde foi destinado aos treinos classificatórios da Porsche Cup e Trofeo Maserati, mas o que mais era comentado é de como seria o comportamento dos quatro primeiros na largada. Hamilton manteria a tranquilidade? Raikkonen seria o azarado de sempre? Massa venceria ou teria que ceder passagem para o finlandês? Ou Alonso daria o bote final? As respostas para estas perguntas tinham hora marcada: às 14 horas de domingo!

Todo mundo comportado: A foto oficial da Turma de 2007
(Foto: Paulo Abreu)

Seis da manhã e já estávamos em Interlagos. Meia hora mais tarde do que nos dois dias anteriores o que equivale há meia hora ou uma hora a mais de sono. Muito bom, pois quando se chega ao domingo você já está cansado pacas de todo aquele evento e para o pessoal que acha os F1 barulhentos e que com aquele barulho não se consegue dormir engana-se, pois quando chega à metade da prova o cansaço dos outros dias bate e o barulho vira “música de ninar” para nossos ouvidos. Mas aquela corrida era tensa, principalmente as primeiras voltas. Numa corrida dessas envolvendo disputa de titulo, e não digo somente com relação à F1, a atenção dos comissários de pista (bandeirinhas) tem que ser redobrada, pois um toque entre os postulantes durante uma disputa direta pode resolver a fatura para um dos dois lados. Se bem que hoje com o número quase que infindável de câmeras espalhadas pela pista, o trabalho do comissário de pista ficou relegado ao segundo plano na parte de informar a central de provas sobre o ocorrido na pista. Mas ainda sim a nossa informação ajuda muito, pois podemos reportar a ocorrência antes que as imagens cheguem à direção de provas.    

O sol estava mais forte do que no sábado e a previsão de chuva era quase nula, fato que se confirmou pelo resto da tarde sem nenhuma nuvem que trouxesse ameaça de, ao menos, uma ligeira pancada d’água. Dessa vez não houve visitação, até porque os carros estavam no parque fechado e por volta de nove da manhã eles foram retirados do box (não me lembro qual) e levados por suas respectivas equipes. A manhã foi movimentada com as duas corridas suporte da Porsche e Maserati, que foram muito boas por sinal. Com o tempo totalmente livre, desde as 10:50 da manhã, o público teve que apreciar passeios de carros de luxo até o momento em que os pilotos se dirigiram para a reta dos boxes, em cima de um caminhão aberto, para a tradicional foto de fim de ano. Foi possível ver um Massa tranqüilo, conversando animadamente com Heidfeld e Kubica; Button, Barrichello e Coulthard faziam o mesmo e na linha de trás e Rosberg, junto do estreante Nakajima, Sutil e Yamamoto, gargalhavam por alguma piada. Na linha de frente, sentados lado a lado, foi possível ver que Raikkonen, Alonso e Hamilton, não trocaram palavras. Permaneceram como estátuas. Uma pequena correção no boné de um e de outro, mãos entrelaçadas colocadas por sobre as pernas e mais nenhum movimento. O que tinha de descontração aconteceu no caminhão, com Hamilton a conversar de canto com seu amigo de longa data, Adrian Sutil; Fernando papeando alegremente com Webber, Kovalainen (estava ao lado de um estático Raikkonen), Kubica e Fisichella. O caminhão partiu para o desfile dos pilotos por todo o circuito e retornou aos boxes. Os pilotos desceram do caminhão e sumiram pelo box três, mas Hamilton era o mais assediado por fãs e imprensa junto de Felipe. Fernando e Kimi aproveitaram o embalo e desapareceram. Agora era esperar por quase uma hora e meia até a largada, e neste período apareceu um doido varrido com helicóptero que deu voou rasante na reta dos boxes e depois na oposta, levantando muita sujeira naqueles locais. Claro, um trabalhinho para os bandeirinhas em deixar a pista limpa.

A largada para o título: Raikkonen já havia deixado Hamilton para trás
(Foto: F1 Fan)

Faltando trinta, vinte minutos, o box foi aberto para o alinhamento. Corre corre por parte das equipes para levar os equipamentos para o grid e os carros já estavam rodando pela pista. Com todos eles no grid, foi possível ver alguns pilotos se dirigindo ao banheiro para o último “pit-stop”. Hamilton passou sisudo com seu pai o acompanhando, com passos firmes e sem olhar para os lados. E foi assim também na volta. Alonso e Kimi passaram que quase lado a lado, sem trocar palavras e na volta, o espanhol foi o primeiro a passar.

O sinal de cinco minutos restantes para que todos esvaziem o grid começa a tocar. A cada apagar de uma luz vermelha, é um minuto a menos e uma buzina (como aquelas de caminhões) é tocada. Com o grid vazio, o sinal é dado para a volta de apresentação. Neste momento o Claudio, comissário responsável pelo painel eletrônico de onde é acionada as luzes de largada e representante da direção de provas da FIA, mais Charlie Whiting, diretor de provas da FIA, já estavam no PSDP e conversavam entre eles. Os carros chegam e logo se alojam nos seus lugares de largada. A cada carro que para nos colchetes, a respiração e o batimento cardíaco aumenta e isso não é exclusividade dos pilotos. Nós bandeirinhas, principalmente na hora da largada, entramos numa grande tensão porque, afinal de contas, aquele é o momento mais tenso da corrida onde pode acontecer qualquer acidente de grandes proporções. Conforme Charlie apertou uma dos botões, as luzes vermelhas foram acendendo uma a uma e os motores subindo os giros, formando um barulho brutal. Assim que as cinco luzes apagaram, por dois segundos os giros baixaram. A largada foi dada. Raikkonen foi esperto e pulou na frente de Hamilton, que parecia estar pregado na sua posição. O finlandês chegou a emparelhar com Massa na entrada do “S”, mas teve que recolher o carro bruscamente que o forçou a tourear o Ferrari depois de uma pequena escapada de traseira. Lewis estava na sua cola e parece não ter visto que Fernando se colocava do lado de fora na descida do “S” e efetuando a ultrapassagem na entrada da curva do sol. Hamilton havia perdido duas posições em poucos metros e as coisas ficariam piores quando ele tentou passar Alonso por fora na curva Chico Landi e escapado, despencando mais outras quatro posições. A primeira volta terminava com Massa em primeiro, Raikkonen na sua cola e Alonso em terceiro. Hamilton aparecia em oitavo. Uma volta desastrosa para o novato e esperançosa para Raikkonen e Alonso.

E Yamamoto resolveu a brincadeira com uma "voadora" em Fisichella, no início da segunda volta
(Foto: F1Fan)

Apesar de uma pancada que Fisichella levara do Spyker de Sakon Yamamoto, forçando o abandono de ambos, a corrida foi tranqüila até a oitava volta quando foi visto um dos Mclarens lento na descida do lago. Imaginava-se que fosse Alonso, mas a verdade é que tratava-se de Hamilton que lutava loucamente com os inúmeros botões do volante. O carro tinha entrado em ponto morto e pelas repetições da câmera on-board, parece que Lewis acionada o botão sem querer forçando o carro a entrar naquele modo. Mais tarde soube que a McLaren tinha inspecionado o câmbio do carro do britânico pela manhã de domingo, para achar o problema que forçava a caixa de marchas a entrar naquela situação. Mas parece que nada tinha sido resolvido, apesar de que falavam que estava tudo em ordem. Porém agora eles viam seu pupilo despencar dez posições e perder quase que trinta segundos, até conseguir botar o carro para funcionar corretamente. O que estava ruim tinha ficado ainda pior. E na frente continuava a guerra de nervos entre Massa-Raikkonen-Alonso.

E assim a prova continua, até depois da primeira rodada de pit-stops que ainda deixa as três primeiras colocações como antes. Hamilton vinha lutando bravamente pelas posições intermediárias e já estava próximo dos dez primeiros. Ainda era pouco. Ele precisava chegar pelo menos em quinto, contanto que continuasse aquela formação, para garantir o seu título. Na volta 31, com toda aquela tensão dentro da pista, foi possível ver uma entrada desastrosa de Kazuki Nakajima, que derrubou alguns mecânicos da Williams na hora de pit-stop. Mas ao menos ninguém saiu machucado seriamente, e o filho de Satoru pôde voltar para corrida e duelar com Coulthard e fazê-lo rodar na entrada do “S” do Senna quando o veterano escocês tentou passá-lo.

Felipe estava mais tranqüilo. Tinha cerca de três ou quatro segundos de diferença para Kimi, mas uma escapa em um ponto do circuito o fez perder dois segundos e isso possibilitou a chegada do finlandês. Alonso estava bem distante, mais de 20 segundos de desvantagem. Parecia desinteressado, relaxado. Estava curtindo a prova enquanto que Hamilton fazia o que podia para entrar na casa dos oito primeiros.

A volta 50 foi decisiva. Massa entrou nos boxes e fez a sua parada e volta em segundo. Duas voltas depois é vez de Alonso ir ao pit e voltar em terceiro. E Raikkonen? Este ficou na pista e cravou voltas velozes, que lhe deram a primeira colocação quando ele voltou da sua parada na volta 53. A Ferrari tinha feito o seu jogo de equipe de um modo mais sutil, sem nenhuma canalhice. E naquele momento o jogo era aceitável: Hamilton estava em oitavo, Alonso era um peso morto na terceira colocação, mas Kimi precisava subir para o primeiro lugar para garantir o seu título. Apesar do burburinho do final da corrida, onde os poucos rebeldes queriam crucificar a Ferrari por mais um jogo de equipe, a maioria acabou por concordar com o acontecido. Ah, mas ainda tinha uma corrida pela frente. Eram dezoito voltas agonizantes que aumentavam a tensão a cada passagem de Rosberg e Kubica, que lutavam desenfreadamente pela quarta colocação desde a volta 39. A batalha dos dois foi belíssima, mas para os torcedores da Ferrari aquilo era uma tortura. Um enrosco dos dois, seguido de abandono, daria a Lewis a possibilidade de subir para quinto (tinha herdado a sétima colocação após uma parada de box de Trulli) e assegurar seu mundial. Mas isso não aconteceu.

Momentos pós vitória: a comemoração de Raikkonen, a faixa da Ferrari e o pódio,
com Alonso sorrindo feito uma criança e Raikkonen normal, como se nada tivesse acontecido

(Fotos: Paulo Abreu)

Raikkonen seguiu forte com sua Ferrari. Faltando três voltas, um aglomerado de pessoas da Ferrari apareceu nos boxes com uma faixa “Orgoglio Ferrari” e se encaminhou para o parque fechado, montado com grades em frente ao box 1. Kimi venceu a prova, seguido rapidamente de Massa que o escoltou por aquelas dezoito voltas finais. Um tempo depois passou Alonso, que parece ter festejado. Rosberg e Kubica apareceram em seguida lutando pela quarta posição; Heidfeld foi sexto e Hamilton passou em sétimo e gentilmente agradeceu os aplausos do público e Trulli fechou em oitavo. Finalmente Kimi era campeão, por uma diferença de um ponto sobre o duo da McLaren que terminaram empatados em 109 pontos. Um desfecho surpreendente.

Kimi estacionou seu carro e saiu, vibrando ao seu modo: sem muito entusiasmo. Recebeu os cumprimentos de Massa, Alonso e depois de Hamilton. No pódio foi possível ver que Alonso parecia o mais feliz, sempre sorridente, enquanto que Massa não esboçou nenhum sorriso e Kimi continuou gelado, como se nada tivesse acontecido. Receberam seus troféus, espocaram a champanhe beberam e seguiram para a sala de imprensa. Após os festejos, as coisas ficaram tensas quando souberam que Williams e BMW estavam sendo investigadas por irregularidade na gasolina. Segundo os comissários técnicos, o combustível colocado nos tanques estaria abaixo da temperatura permitida por regulamento que é de até 10 graus Celsius abaixo da temperatura ambiente. Ou seja, caso fossem punidas, Rosberg, Kubica, Heidfeld e Nakajima corriam o risco de serem desclassificados. Desse modo, Lewis herdaria a quarta colocação com a desclassificações de Rosberg (4º), Kubica (5º) e Heidfeld (6º) e o título cairia no seu colo. Mas nada foi atribuído as equipes e assim o título de Raikkonen se manteve.

Para nós bandeirinhas, era mais um GP do Brasil de F1 que terminava. Agora era hora de guardar as coisas, contar as novas histórias, trocar fotos e por aí vai. Mais um ano se passaria e Interlagos viveria momentos mais tensos e emocionantes do que o de 2007.

(Foto: F1 Fan)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Foto 119: Confecção







Trabalho artesanal no lendário escudo que é cravado nos carros da Porsche. Não é a toa que quando algum proprietário o perde no autódromo de Interlagos, ou em qualquer outro desse Brasil, durante algum track day. os caras fcam doidos à procura: o emblema é uma jóia!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Revista Speed, Edição 4

A quarta edição da Revista Speed trás este mês 80 páginas dedicadas a F1 e ao Endurance. Paulo Alexandre Teixeira, com a sua coluna "O Grande Circo", fala sobre o momento de baixa audiência das corridas de F1 aqui no Brasil. Além da desta coluna, ele fala também sobre os 35 anos da chegada de Gilles Villeneuve na F1 e os relatos do GP do Canadá de 1977, disputado em Mosport, onde também ele reservou um texto sobre James Hunt que resolveu dar um soco num fiscal de pista exatamente nesta corrida.
O mundial 2012 de F1 tem o seu espaço, onde Daniel Machado disseca as corridas da fase asiática que deu ao campeonato uma reviravolta à favor de Sebastian Vettel e Red Bull.
Bruno Mendonça e Patricia Sayuri escreveram sobre a etapa brasileira do WEC, que foi disputada em setembro. Enquanto que Bruno falou sobre a magistral primeira vitória dos japoneses no campeonato, Patricia esteve por dentro do evento trazendo a sua visão sobre esta primeira corrida do Mundial de Endurance sob a chancela da FIA. E o Bruno ainda escreveu sobre a carreira de Wurz, dos seus tempos de F1 até os atuais, onde ele divide o belo Toyota TS30 Hybrid com Nicolas Lapierre.
Não esquecemos, claro, de Alessandro Zanardi e Sid Watkins. O italiano emocionou e fez história em Brands Hatch, aos levar 3 medalhas paralímpicas nas provas de Handycycling da Paralímpiada de Londres. Bruno Mendonça escreveu sobre Sid Watkins, que faleceu no dia 12 de setembro.
Além do texto de Zanardi, eu também assinei o texto que conta a trajetória do primeiro e único título de Raul Boesel no Mundial de Marcas, a bordo do belo Jaguar XJR-8, que completou 25 anos no mês passado.
Pois bem, com essa apresentação, deixo com vocês o link da revista e desejo-lhe boa leitura!

http://speedrevista.wordpress.com/

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vídeo: Australian Grand Prix, 1981

Uma corrida que contou com a presença de ases como Nelson Piquet (recém campeão do mundo de F1), Alan Jones (campeão de 1980 da F1), Jacques Laffite, Geoff Brabham, Larry Perkins, Roberto Pupo Moreno enfrentando os melhores pilotos da Austrália, como Alfredo Constanzo, John Bowe, Bruce Allison e outros válido para o campeonato de Fórmula Pacific, uma versão da Fórmula Atlantic.
Os carros que foram utilizados naquela prova eram os Ralt RT4 e RT3 (que eram a maioria), Tiga FA81, Kaditcha P2, March 77B, Toleman TA860 e um Birrana 273. Já os motores, em sua maioria, eram os Ford BDA e um Toyota - que equipava o Toleman de Peter Williamson - e um Volkswagen - no Ralt de Lucio Cesario - é que erm os únicos não Ford na pista. Os motores eram quatro cilindros de 1600cc .
A corrida foi disputada no dia 8 de novembro no circuito de Calder Park, que fica em Melbourne. A pole foi de Roberto Moreno, com a marca de 39s02 e ele dividiu a primeira fila com Alan Jones. Nelson Piquet aparecia em terceiro e Jacques Laffite em sexto:
A corrida foi disputada em 100 voltas e Moreno acabou por vencê-la, com o tempo de 1h39min02s. Nelson Piquet fechou em segundo e Geoff Brabham em terceiro. Alan Jones abandonou com problemas de motor na volta 95 e Laffite na volta 45, por vazamento de óleo.

E abaixo fica os vídeos da corrida:

GP da Coréia do Sul: Vettel assume o controle. E talvez não a largará mais


Psy e a bandeirada para o novo líder do Mundial de Pilotos
(Foto: Tumblr)

A evolução do RB 08 teve a sua melhor tradução nesse GP da Coréia do Sul, disputado no último domingo. Uma dobradinha na classificação sem problemas, mas com os personagens trocados, tendo Webber na pole e Vettel em segundo; uma largada tranqüila para eles, mas agressiva por parte de Sebastian que resolveu a sua vida ao ultrapassar Mark na virada da primeira curva e suportar o assédio do australiano pela longa reta para continuar na liderança, que não foi perdida em nenhum momento da corrida. Enquanto isso Mark brincava de gato e rato com Alonso: quando o espanhol ameaçava uma reação, com voltas velozes, Webber respondia com outra melhor ainda.
E enquanto que o duo da Red Bull deitava e rolava na pista coreana, seus rivais tinham os mais variados problemas: Button foi limado logo após a largada, após um toque de Kobayashi, que quebrou a roda dianteira direita; Alonso terminou em terceiro, mas com o pneu dianteiro direito totalmente desgastado devido à carga de força que é submetido pela natureza anti-horário do circuito e Hamilton, que poderia fazer alguma sombra aos rubros taurinos, teve problemas na suspensão traseira que o fez despencar na classificação e lutar com Pérez pela décima colocação, carregando um pedaço de grama sintética (ou carpete) que se desprendeu de uma das curvas. Sem dúvida um final de semana para ser esquecido, principalmente pela McLaren.
Faltando quatro etapas para o fim do Mundial, Vettel aparece no topo da tabela com seis pontos de diferença sobre Alonso, que liderou boa parte do campeonato. Esperar por alguma reação da Ferrari para estas corridas será impossível: o time parou no tempo e as melhorias que foram levadas para Cingapura de nada adiantaram, tanto que o túnel de vento passou a ser o culpado pela estagnação técnica que os vermelhos estão enfrentando. A verdade é que enquanto os carros dos três times estiveram parelhos, foi possível ver Alonso se destacar com mais freqüência, enquanto que Vettel e Hamilton tinham os mais variados problemas em seus carros. Mas o ressurgimento de McLaren e Red Bull, posteriormente, deixou a Rossa com as calças na mão e sem nenhum poder de reação que pudesse dar a Fernando a chance de reagir nestas últimas corridas. Já a Red Bull, vive dias de grande felicidade: três vitórias consecutivas com duas atuações fortes de Vettel, que não deu chances a ninguém repetindo o mesmo que cansou de fazer ano passado. E a tendência que isso aumente ainda mais, já que para o GP da India novas evoluções devem ser aplicadas no RB 08 e o domínio tende a ser ainda mais forte. E a McLaren, que colecionou uma porção de azares nas últimas corridas, ainda respira alguma chance nos dois mundiais apesar de estarem bem distantes e a base disso é o espírito de luta de Hamilton, que foi elogiado por Martin Whitmarsh após briga intensa do inglês para salvar um ponto na corrida frente à pressão de Pérez. Mas caso consigam resolver os problemas nos carros, é uma equipe que pode incomodar a Red Bull e lhe tirar alguns pontos.
Mas o certo, neste momento, é que a Red Bull, junto de Vettel, estão em outro nível, bem parecido com aquele de 2011. E sendo assim, dificilmente o título escapará das mãos de Sebastian. O terceiro consecutivo do trio Newey-Red Bull-Vettel.

sábado, 13 de outubro de 2012

Vídeo: As provas do Touring Car Masters em Bathurst

Confesso que estou gostando cada vez mais dessa categoria que reune máquinas maravilhosas que fizeram parte do automobilismo, principalmente nas décadas de 60 e 70. O Touring Car Masters faz parte do final de semana da Supecar V8 australiana e os grids são cheios e as provas super disputadas. E aqui vai um breve resumo dessa categoria que existe desde 2007 e que teve sua sétima rodada tripla dispuata semana passada em Mount Panorama.
São duas categorias A e B: na A correm os carros acima de 5101cc e na B veículos abaixo de 5100cc. São oito etapas, todas com rodadas triplas e a pontuação vai do primeiro (que recebe 60 pts) ao 30º colocado (que marca 1), mas claramente divido entre as duas categorias. O piloto que marcar mais pontos na soma geral do fim de semana, é declarado o vencedor. Os grids são cheios, com cerca de 30 carros largando em cada final de semana. Mais informações sobre a categoria é só acessar o site: http://www.touringcarmasters.com.au/index.html
E vamos aos vídeos da corridas 1 e 3 da semana passada, onde Brad Tilley e Jonh Bowe terminaram empatados na pontuação final dividindo, assim, a vitória em Bathurst.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...