Pierre Gasly após a sua grande vitória em Monza (Foto: James Moy) |
É verdade que circuitos clássicos oferecem quase que sempre uma boa dose de emoções e surpresas. Tudo bem que nem sempre é assim, mas em algumas situações as coisas desenrolam de forma abrupta e mexem com o Status Quo para que o imponderável se aproprie de tal situação. O circuito de Monza, com seus quase 100 anos de existência, está no panteão daqueles locais "que escolhem seus vencedores" ao lado de seus co-irmãos Indianápolis e Le Mans, onde nem sempre o certo é dado como vencedor.
Dificilmente ninguém apostaria em Pierre Gasly hoje para ganhar em Monza e muito menos numa disputa com Carlos Sainz para ver quem ganharia seu primeiro GP na categoria. E essa aposta seria ainda mais doida se alguém dissesse que Hamilton lideraria com folga as primeiras voltas e tomaria um Stop&Go por ter entrado nos boxes quando este estava fechado após o carro de Magnussen ter parado ali próximo da entrada. Pior: que a corrida teria uma bandeira vermelha por causa do enorme acidente de Charles Leclerc após a relargada, quando perdeu o controle de sua Ferrari e bateu na Parabólica. Para a Ferrari foi mais um final de semana infernal, com ritmo muito abaixo e com seus dois pilotos ficando de fora - Vettel por problemas nos freios já nas primeiras voltas e o acidente de Charles.
A nova largada, com os carros parados, deu uma outra perpectiva com a ida de Hamilton aos boxes para pagar a sua punição - e ainda recuperar-se para chegar em sétimo, mostrando que tinha equipamento suficiente para vencer com folga em Monza. Lance Stroll parecia ser o cara do momento, mas um misto de má largada com escapa logo após a segunda partida, jogou por terra a chance de ganhar pela primeira vez na Fórmula-1. Melhor para Pierre Gasly que assumiu a liderança e conseguiu gerir bem a distância para Carlos Sainz, que ainda chega próximo, para vencer uma corrida histórica para ele e a Alpha Tauri que repetiram o feito de Vettel e Toro Rosso que venceram ali 12 anos atrás com exibição de gala. Foi também a primeira conquista de um piloto francês desde Olivier Panis, que venceu o caótico GP de Mônaco de 1996.
Para Pierre Gasly, que passou por todo aquele inferno astral, a sua conquista foi uma das melhores voltas por cima que poderia acontecer a um piloto, já iniciado no seu lendário pódio no GP do Brasil de 2019. A sua imagem, sentado no pódio, é sem dúvida de ter tirado um peso gigantesco, misturado com várias emoções e alívio. E claro, as lembranças do amigo Anthoine Hubert deve ter vindo com total força. Sem dúvida o momento mais belo desta temporada.
Se existe um jeito de calar os críticos - e seus algozes - ela foi feita da melhor forma hoje em Monza.